PROPOSTA DE UM PLANO CEFALOMÉTRICO

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Transcrição:

Trabalho original PROPOSTA DE UM PLANO CEFALOMÉTRICO NA AVALIAÇÃO DA RELAÇÃO ÂNTERO-POSTERIOR ENTRE A MAXILA E A MANDÍBULA ORTOPESQUISA A CEPHALOMETRIC PLANE PROPOSAL IN THE ANTEROPOSTERIOR JAW RELATIONSHIP ASSESSMENT EWALDO LUIZ DE ANDRADE* CLÁUDIO FRÓES DE FREITAS** RESUMO Os métodos mais divulgados na literatura para a avaliação da relação ântero-posterior entre a maxila e a mandíbula, receberam considerações. Alguns utilizavam pontos cefalométricos em estruturas anatômicas longe da região avaliada (ângulo ANB), outros como a avaliação 1-3 apresentavam variação no plano oclusal; vários métodos 4,5 utilizavam grande número pontos cefalométricos com uma complexa técnica de traçado. Para facilitar esta avaliação, propusemos a utilização do plano PmA, com projeção ortogonal apenas do ponto B, para que somente com três pontos fosse possível alcançar uma confiável avaliação da relação ântero-posterior entre a maxila e a mandíbula. Para a comparação entre a avaliação com o plano PmA (PlanUSP), com os ângulos ANB e Faba e também com as avaliações e Tpi, foram criadas variáveis quantitativas e qualitativas; a correlação linear foi pesquisada com o Coeficiente de Correlação Linear de Pearson e com o Coeficiente de Correlação Intraclasse (ICC), utilizando-se de variáveis quantitativas (0 a 100); e com o Índice Kappa para as medidas categorizadas (qualitativas); em uma amostra com 80 indivíduos, sendo 46 Classe I e 34 Classe II de Angle. Com a análise estatística obtivemos significativa correlação entre a avaliação PlanUSP e as outras medidas e avaliações pesquisadas, tanto para indivíduos Classe I quanto Classe II de Angle. Concluímos que a avaliação PlanUSP mostrou ser um método com significativa correlação e homogeneidade com as medidas dos ângulos ANB e Faba e com os métodos e TPi, na avaliação da relação ântero-posterior entre a maxila e a mandíbula. Unitermos - Ortodontia; Radiologia; Plano cefalométrico. ABSTRACT The most published methods, for the anteroposterior jaw relationship appraisal, have got consideration. Some of them used cephalometric points in the anatomical structures far from the evaluated area (ANB angle), others as the appraisal got instability and alteration of the occlusal plane and some others like MMº Bisector plane and ProjUSP evaluation used many cephalometric points and a complex cephalometric tracing technique. The aim of this paper is making easier the assessment of the anteroposterior jaw relationship by using the PmA plane with perpendicular drawing from just point B, with only a 3 point way, that may get possible a reliable anteroposterior jaw relationship assessment. The correlation among the PlanUSP appraisal and the ANB and Faba angles and the and TPi appraisals was researched with a sample of 80 subjects (46 Class I and 34 Class II). The statistical analysis showed a signifi cant correlation between the PlanUSP appraisal and the others measurements and evaluations researched, as if Class I or Class II subjects. Conclusion: The PlanUSP appraisal showed to be a method with a signifi cant correlation and homogeneity with the ANB and Faba angles measurements and the and TPi methods for the anteroposterior jaw relationship assessments. Key Words - Orthodontics; Radiology; Cephalometric Plane. * Professor adjunto de Ortodontia da UnG; Mestre e Doutor pela Fousp. ** Professor associado de Radiologia da Fousp. Recebido em dez/2008 - Aprovado em fev/2009 OrtodontiaSPO 2009;42(1):23-30 103

INTRODUÇÃO No tratamento das más-oclusões dentárias, o diagnóstico e o planejamento dependem muito da avaliação de como os maxilares se relacionam. Atualmente pode-se avaliar a provável relação ântero-posterior, utilizando-se das telerradiografias em norma lateral com análises de diversos autores, mas que em muitos casos não concluem o mesmo diagnóstico. O objetivo desta pesquisa foi propor e validar um novo plano cefalométrico na avaliação da relação ântero-posterior entre a maxila e a mandíbula. Com a ideia de utilizar pontos ou planos cefalométricos próximos dos maxilares, o que não acontecia com o ponto N e a linha SN, um autor 1-3 indicou o plano oclusal e outro autor 6 o plano biespinal (ANS-PNS) para serem feitas as projeções ortogonais dos pontos A e B sobre estes planos, no intuito de avaliar a relação ântero-posterior entre as bases. Em 2006 enfatizou-se 7 que uma maior inclinação do plano oclusal impedia uma correlação entre e o ângulo ANB. Continuando com a ideia de melhor avaliar o relacionamento ântero-posterior entre os maxilares utilizando estruturas próximas ou englobando as bases apicais, pesquisadores 5 propuseram a Projeção USP, sem a interferência negativa de qualquer referência cefalométrica fora das duas citadas bases apicais. Para esclarecer se o ângulo ANB seria menos confiável que, TPi e o plano biespinal 6, sendo estas últimas estruturas próximas das bases apicais, foram comparados 8-9 os quatro métodos e concluíram que nenhum é totalmente confiável, sendo o TPi o método que mais coincidiu com o laudo dos observadores (em seu trabalho), vindo a confrontar com outros resultados 10, nos quais, comparando as medidas ANB com, AF-BF e ADPI, concluiu-se que estas últimas não eram mais confiáveis que o ângulo ANB. O do perfil facial tem sido valorizado 11, e é de extrema importância no diagnóstico e no desenvolvimento do plano de tratamento, tanto ortodôntico, quanto ortopédico e ortognático, e sua classifi cação depende muito da relação ântero-posterior entre a maxila e mandíbula. Pesquisadores 8-9 concluíram que os ângulos Faba e ANB, dentro de cinco métodos avaliados, eram os mais indicados para indivíduos com a cor da pele amarela (raça mongoloide) indicando a necessidade de mais estudos com a relação ântero-posterior na diversidade de etnias dentro de nossa espécie. MATERIAL E MÉTODOS Material O material foi constituído de 80 telerradiografias em norma lateral, em oclusão habitual, obtidas de indivíduos brasileiros, leucodermas, sendo 40 do gênero feminino e 40 do gênero masculino, com idades entre 13 a 18 anos de idade carpal e com os dentes segundos molares permanentes irrompidos e em oclusão. A amostra foi dividida em dois grupos a seguir: Grupo 1 (46 telerradiografias) Critérios de inclusão: telerradiografias de indivíduos leucodermas, com relação molar de Classe I de Angle, idade entre 13 e 18 anos, boa relação aparente entre a maxila e a mandíbula. Portadores de um ângulo ANB entre 0,5 e 3,5. Dentição permanente com os segundos molares em oclusão. Critérios de exclusão: Classes II e III de Angle, ausência de algum dente permanente. Mordida cruzada e mordida aberta. Apinhamento dentário severo. Grupo 2 (34 telerradiografias) Critérios de inclusão: telerradiografias de indivíduos leucodermas, com relação molar de Classe II de Angle, idade entre 13 e 18 anos, relação incorreta positiva entre a maxila e a mandíbula, onde a mandíbula esteja retruída em relação à maxila. Portadores de um ângulo ANB maior que 3,5. Dentição permanente com os segundos molares em oclusão. Critérios de exclusão: Classes I e III de Angle, ausência de algum dente permanente. Mordida cruzada e mordida aberta. Métodos Foram utilizadas as normas técnicas de obtenção de telerradiografias preconizadas em 1931 16 e o traçado sugerido em 1998 14. Para o desenho anatômico foram traçados as estruturas ósseas anatômicas, os dentes incisivos, molares, pré-molares e o perfil mole. Foram identificados nas telerradiografias os pontos cefalométricos: N, S, A, B, ENA, ENP, Po, Or, T, Pi, Pm. O Ponto Pm foi determinado pelo prolongamento inferior da imagem da fissura pterigomaxilar cruzando com a imagem da linha biespinal. As linhas e os planos utilizados foram o Plano de Frankfurt, Plano Oclusal 3, Plano Palatino, Plano TPi e o Plano PmA (sugestão do autor), plano este que passa pelo ponto Pm (formado pelo prolongamento inferior da imagem da fissura pteri- 104 OrtodontiaSPO 2009;42(1):23-30

gomaxilar cruzando com a imagem da linha biespinal) e o ponto A na maxila. Linha NA, linha NB e linha AB (Figura 1). Figura 1 Ilustração do plano PmA com a localização do ponto Pm. As análises empregadas para a comparação dos casos foram: 1. (Ângulo ANB) 12-13 - Figura 2. 2. (Avaliação ) 3 - Figura 3. 3. (Plano TPi) 14 - Figura 4. 4. Ângulo Faba 8-9,15 (O ângulo Faba foi determinado pelo cruzamento do Plano de Frankfort e a linha AB) Figura 5. 5. PlanUSP (sugestão do autor). Utilizamos a distância, em milímetros, entre o ponto A e a projeção ortogonal do ponto B sobre o plano PmA, que chamamos de ponto BB. Sempre que a projeção BB se localizou a posterior (à esquerda) do ponto A, sobre o plano PmA, o valor foi considerado como positivo. Da mesma maneira, quando o ponto BB se localizou a frente (à direita) do ponto A, o valor foi considerado negativo (Figura 6). Com a amostra grupo 1, de indivíduos Classe I de Angle e boa relação entre as bases apicais maxila e mandíbula, procuramos encontrar um valor médio para a medida A-BB, se existia diferença estatística entre os gêneros e a comparação estatística entre as análises de Riedel, Jacobson, Lino, PlanUSP e o ângulo FABA. Com a amostra do grupo 2, de indivíduos Classe II de Angle e relação incorreta positiva, entre a maxila e a mandíbula, onde a mandíbula esteja retruída em relação à maxila, foi realizada a comparação estatística entre as análises de Riedel, Jacobson, Lino, PlanUSP e o ângulo FABA. Análise estatística O objetivo da análise foi comparar as medidas obtidas através de uma nova técnica (PlanUSP) com quatro outras ORTOPESQUISA Figura 2 Ilustração do ângulo ANB. Figura 3 Ilustração da avaliação com o Plano Oclusal. Figura 4 Ilustração da avaliação com o plano TPi. Figura 5 Ilustração do ângulo Faba. Figura 6 Ilustração da Avaliação PlanUSP. OrtodontiaSPO 2009;42(1):23-30 105

técnicas já existentes (ANB, Faba, e TPI). Para este fim o estudo foi realizado em três partes: Considerando todos os pacientes. Considerando os pacientes Classe I de Angle. Considerando os pacientes Classe II de Angle. RESULTADOS TPI Análise estatística para toda a amostra Faba 85 85 45,0 53,3 44,2 53,1 22,1 22,3 0 0 100 100 Estatística descritiva para a totalidade dos pacientes 1.1 Variáveis qualitativas (Tabelas 1, 2 e 3) PlanUSP (0 a 100%) 85 42,0 39,9 21,1 0 100 1.2 Variáveis quantitativas (Tabela 4) Coeficiente de correlação linear Para a avaliação a seguir foi feita uma análise de correlação para verificar se havia alguma correlação linear entre TABELA 1 - GÊNERO TABELA 3 - IDADE CARPAL (ANOS) diversas técnicas e a PlanUSP. Para observar a correlação Feminino 40 50 13 43 53,8 Masculino Total 40 80 50 100 14 15 15 12 18,8 15 entre as variáveis quantitativas (0 a 100) foi utilizado o coeficiente de Pearson. Os resultados dos coeficientes de 16 7 8,8 correlação estão apresentados a seguir, onde pode-se observar forte correlação linear de PlanUSP com todas as outras TABELA 2 - CLASSIFI- CAÇÃO DE ANGLE 17 2 2,5 18 1 1,3 técnicas (Tabela 6). Classe I 46 57,5 Total 80 100 Classe II 34 42,5 TABELA 6 - COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO DE PEARSON Total 80 100 ANB TPI Faba PlanUSP TABELA 4 - IDADE CARPAL (ANOS) Idade (anos) 80 13,9 13 1,21 13 18 Análise estatística Para o estudo a seguir algumas variáveis foram criadas e suas descritivas serão apresentadas a seguir. Variáveis qualitativas: Para a análise de concordância foi feita a seguinte classificação em três grupos para todas as técnicas: valores baixos, valores normais e valores altos. Estas classificações foram realizadas de acordo com tercis, de forma que em cada grupo (alto, normal e baixo) contivesse aproximadamente 33% dos pacientes. Variáveis quantitativas: Para a comparação se os valores e as variabilidades das técnicas eram semelhantes foram realizadas padronizações dos valores de cada técnica, de forma que os valores obtidos em cada uma das técnicas variassem de 0 a 100. As descritivas para as padronizações das técnicas estão apresentadas a seguir (Tabela 5). TABELA 5 - VALORES PADRONIZADOS ANB Mínimo 85 36,8 30,0 24,1 0 100 85 39,5 36,3 21,4 0 100 0,81 1 TPI 0,82 0,78 1 Faba -0,83-0,77-0,76 1 PlanUSP 0,85 0,76 0,87-0,81 1 Máximo Coeficiente de Correlação Intraclasse ICC Também foi calculado valor do Coeficiente de Correlação Intraclasse (ICC), que avalia a homogeneidade (ou a concordância) entre as duas medidas quantitativas. Pelos resultados abaixo pode-se observar forte homogeneidade entre PlanUSP e as demais técnicas (Tabela 7). TABELA 7 - COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO INTRACLASSE (ICC) ANB TPI Faba PlanUSP 0,774 1 TPI 0,752 0,775 1 Faba -0,626-0,688-0,714 1 PlanUSP 0,781 0,757-0,87 0,753 1 106 OrtodontiaSPO 2009;42(1):23-30

Comparação entre as medidas utilizando as variáveis padronizadas A comparação entre as técnicas utilizando as medidas padronizadas (de 0 a 100) foi avaliada descritivamente através dos valores da tabela abaixo. Pode-se observar que as técnicas que apresentaram menor variabilidade nas medidas foram ainda PlanUSP e agora também Faba. A maior variabilidade aparece para ANB e (Tabela 8, Gráfico 1). TABELA 10 - IDADE CARPAL (ANOS) 13 25 54,3 14 8 17,4 15 9 19,6 16 3 6,5 17 1 2,2 Total 46 100 Variáveis quantitativas (Tabelas 11 e 12) ORTOPESQUISA TABELA 8 - VARIÁVEIS PADRONIZADAS ANB TPI Faba PlanUSP Mínimo Máximo 79 35,8 30,0 23,9 0 100,0 79 46,3 43,5 24,9 0 100,0 79 44,5 44,2 22,0 0 100,0 78 53,7 53,1 21,6 0 100,0 79 43,3 41,4 21,2 0 100,0 GRÁFICO 1 - BOX-PLOT COM AS VARIÁVEIS PADRONIZADAS TABELA 11 - IDADE CARPAL (ANOS) Idade anos) 46 13,9 13 1,09 13 17 TABELA 12 - VARIÁVEIS QUANTITATIVAS ANB 45 2,34 2,5 0,91 0,5 3,5 45-1,55-1,5 2,07-5,7 2 TPI 45-2,96-2,5 2,37-8 1,5 PlanUSP 45-0,05 0 2,26-5 4 Faba 45 84,52 84 3,46 78 92,5 Análise Estatística Coeficiente de correlação linear Para a avaliação a seguir foi feita uma análise de correlação através do coeficiente de Pearson. Os resultados dos coeficientes de correlação estão apresentados a seguir Tabela 13). TABELA 13 - COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO DE PEARSON ANB TPI Faba PlanUSP 0,44 1 TPI 0,42 0,71 1 Faba -0,61-0,51-0,44 1 PlanUSP 0,45 0,61 0,62-0,59 1 Análise Estatística para pacientes Classe I de Angle Análise estatística descritiva para os pacientes Classe I Variáveis qualitativas (Tabelas 9 e 10) TABELA 9 - GÊNERO Feminino 21 45,7 Masculino 25 54,3 Total 46 100 Coeficiente de Correlação Intraclasse ICC Avaliando o grau de homogeneidade (ou a concordância) entre as medidas, os resultados dos coeficientes são apresentados a seguir (Tabela 14). TABELA 14 - COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO INTRACLASSE (ICC) ANB TPI FABA PlanUSP 0,326 1 TPI 0,282 0,706 1 Faba -0,301-0,452-0,411 1 PlanUSP 0,310 0,604 0,621-0,539 1 OrtodontiaSPO 2009;42(1):23-30 107

Comparação entre as medidas utilizando as variáveis padronizadas A comparação entre as técnicas utilizando as medidas padronizadas (de 0 a 100) foi avaliada descritivamente através dos valores da Tabela 14, e do box-plot (Tabela 15, Gráfico 2). TABELA 15 - VARIÁVEIS PADRONIZADAS ANB TPI Faba PlanUSP 45 61,3 66,7 30,4 0 100,0 45 53,9 54,5 26,8 0 100,0 45 53,0 57,9 24,9 0 100,0 45 45,0 41,4 23,9 0 100,0 45 55,0 55,6 25,2 0 100,0 GRÁFICO 2 - BOX-PLOT PARA PACIENTES CLASSE I DE ANGLE TABELA 16 - GÊNERO TABELA 17 - IDADE CARPAL (ANOS) Feminino 19 55,9 13 18 52,9 Masculino 15 44,1 14 7 20,6 Total 34 100 15 3 8,8 16 4 11,8 17 1 2,9 18 1 2,9 Total 34 100 Variáveis quantitativas (Tabelas 18 e 19) TABELA 18 - IDADE CARPAL (ANOS) Idade (anos) 34 14,0 13,0 1,4 13,0 18,0 TABELA 19 - VARIÁVEIS QUANTITATIVAS ANB 34 6,4 6,1 1,66 3,8 10,5 34 2,9 2,95 2,82-2,2 7,4 TPI 34 2,41 2,3 2,59-4,5 8,5 PlanUSP 34 5,46 4,95 2,42-0,5 11,9 Faba 33 76,58 77,5 3,64 68 86,5 Análise Estatística Coeficiente de correlação linear Para a avaliação a seguir foi feita uma análise de correlação através do coeficiente de Pearson. Os resultados dos coeficientes de correlação estão apresentados a seguir onde pode-se observar que houve forte correlação linear de PlanUSP com ANB e TPI (Tabela 20). Comparação das medidas entre os gêneros Na comparação a seguir utilizando foi o t de Student, considerando um nível de significância de 5%. Pelos resultados, pode-se observar que apenas houve diferença entre os gêneros em relação ao ângulo ANB (p<0,05), indicando que, em média, os pacientes do gênero feminino apresentaram valores maiores do ângulo ANB. Análise Estatística para pacientes Classe II Estatística descritiva para os pacientes Classe II Variáveis qualitativas (Tabelas 16 e 17) TABELA 20 - COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO DE PEARSON ANB TPI Faba PlanUSP 0,706 1 TPI 0,644 0,433 1 Faba -0,547-0,567-0,510 1 PlanUSP 0,707 0,431 0,797-0,520 1 Coeficiente de Correlação Intraclasse ICC Avaliando o grau de homogeneidade (ou a concordância) entre as medidas, os resultados dos coeficientes apresentados a seguir também apontaram homogeneidade entre PlanUSP com ANB e TPI (Tabela 21). 108 OrtodontiaSPO 2009;42(1):23-30

TABELA 21 - COEFICIENTE DE CORRELAÇÃO INTRACLASSE (ICC) ANB TPI Faba PlanUSP 0,618 1 TPI 0,586 0,432 1 Faba -0,411-0,551-0,510 1 PlanUSP 0,660 0,426 0,795-0,484 1 Comparação entre as medidas utilizando as variáveis padronizadas A comparação entre as técnicas utilizando as medidas padronizadas (de 0 a 100) foi avaliada descritivamente através dos valores da tabela abaixo e dos gráficos de perfil e boxplot. Através dos resultados abaixo e dos gráficos pode-se observar que para este grupo de pacientes houve indicações de que, em média, os valores para e TPI eram maiores do que as demais técnicas. Observa-se também que as técnicas que apresentaram maior variabilidade nas medidas foram ainda ANB e, sendo esta última a maior variabilidade. As demais técnicas apresentaram variabilidades menores e semelhantes entre si (Tabela 22). TABELA 22 - VARIÁVEIS PADRONIZADAS ANB 34,0 38,8 34,3 24,8 0,0 100,0 34,0 53,1 53,6 29,3 0,0 100,0 TPI 34,0 53,2 52,3 19,9 0,0 100,0 Faba 33,0 46,4 51,4 19,7 0,0 100,0 PlanUSP 34,0 48,0 44,0 19,5 0,0 100,0 Concordância entre as medidas categorizadas Através da avaliação do índice Kappa, observou-se que houve uma concordância relativamente alta entre PlanUSP e TPI. A concordância entre PlanUSP e ANB não pode ser avaliada. Comparação entre das medidas entre os gêneros Variáveis quantitativas Na comparação entre os gêneros foi utilizado o teste t - Student, considerando um nível de significância de 5%. Pelos resultados, pode-se observar que não houve diferença entre os gêneros para nenhuma das técnicas (p>0,05). Cálculo do erro Para o cálculo do erro na obtenção das medidas cefalométricas foram, após 90 dias, traçadas novamente pelo mesmo operador dez telerradiografias e obtidas 50 medidas cefalométricas. Estas 50 medidas foram comparadas com as 50 medidas originais com o auxílio do programa BioEstat 3.0. Foi utilizado o teste t -Student, com a obtenção de t = 0,0638 para amostras pareadas. Concluímos não haver diferença estatisticamente significante entre as duas amostras. DISCUSSÃO Com as críticas ao ângulo,3,6,17-18, quanto a distância do ponto N das estruturas a serem avaliadas (maxila e mandíbula) e a variação para anterior ou posterior deste ponto cefalométrico 5 ; com as dúvidas quanto a variação do plano oclusal na avaliação 7,15 ; ou a dificuldade em localizar a tuberosidade maxilar na avaliação TPi; e a complexidade de execução da análise ProjUSP e outras como a APDI, introduzimos a avaliação PlanUSP, que utiliza somente três pontos cefalométricos, com o plano PmA incorporado à maxila e paralelo ao corpo da mandíbula, necessitando apenas projetar ortogonalmente o ponto B a esse plano. Foi calculado valor do Coeficiente de Correlação Intraclasse (ICC), que avalia a homogeneidade (ou a concordância). Pelos resultados pode-se observar forte homogeneidade entre o PlanUSP e as demais técnicas. Também no Gráfico 1 observamos forte correlação linear entre as técnicas. A comparação entre as técnicas utilizando as medidas padronizadas (de 0 a 100) foi realizada descritivamente. Nos resultados da Tabela 8 e do Gráfico 1, observou-se que as técnicas que apresentaram menor variabilidade nas medidas eram ainda o PlanUSP e agora também Faba. A maior variabilidade apareceu para ANB e. Utilizando medidas categorizadas com a avaliação do índice Kappa, observou-se que havia concordância entre as outras técnicas e o PlanUSP (p<0,05), exceto entre Faba e o PlanUSP, porém com relativo grau de concordância. A melhor concordância se deu entre ANB e o PlanUSP. No grupo de pacientes Classe I de Angle, a diferença entre gêneros foi encontrada apenas para o ângulo ANB, utilizando variáveis quantitativas, com gênero feminino apresentando valores maiores para o ângulo ANB. Avaliando o grupo Classe I de Angle, que pelos critérios de inclusão e exclusão, muito se aproxima de uma amostra com oclusão normal, exceto pela presença de pequenos ORTOPESQUISA OrtodontiaSPO 2009;42(1):23-30 109

apinhamentos dentários na região anterior, observou-se na análise descritiva (Tabela 12), um valor médio para o PlanUSP de -0,05 mm, isto é, com a projeção ortogonal do ponto B coincidindo sobre o ponto A. Nesse mesmo grupo Classe I de Angle, o valor médio encontrado para o ângulo ANB, foi de 2,34 com um desvio, pequeno, de 0,91, valores muito próximos aos 2,77 para crianças e 2,04 para adultos encontrados na literatura em 1952 13. O mesmo aconteceu com o valor encontrado para Avaliação (-1,55), próximo dos valores encontrados em 1988 3. Neste grupo Classe I de Angle, encontramos melhor correlação tanto linear quanto intraclasse, entre o PlanUSP, e TPi. A comparação entre as técnicas, utilizando as medidas padronizadas (de 0 a 100), foram avaliadas descritivamente. Através dos resultados na Tabela 15 e do Gráfico 2, observamos que para este grupo de pacientes há indicações de que, em média, os valores para ANB eram maiores do que as demais técnicas. Observou-se também que as técnicas que apresentaram menor variabilidade nas medidas foram ainda TPI e Faba. A maior variabilidade apareceu para ANB. Observamos na Tabela 12, para o grupo Classe I de Angle, portadores de uma boa relação ântero-posterior entre a maxila e a mandíbula, que o valor médio encontrado para o PanUSP foi 0,05 com uma mediana de 0, isto é, com a projeção do ponto B sobre o plano PmA coincidindo com o ponto A, facilitando a interpretação do diagnóstico no indivíduo a ser avaliado. Na comparação entre os gêneros, nas diversas técnicas, dentre deste grupo Classe I, utilizando variáveis quantitativas, com o t -Student, apenas houve diferença entre os gêneros em relação ao ANB (p<0,05), indicando que, em média, os pacientes do gênero feminino apresentaram valores maiores do ângulo ANB, isto é, mandíbulas menores em relação às maxilas. Na análise descritiva para o grupo de pacientes Classe II de Angle, encontramos para a avaliação PlanUSP, valores positivos (Tabela 19), com uma média de 5,46 mm, isto é, com mandíbula retruída em relação à maxila, compatível com um facial de Classe II. O mesmo acontecendo para o ângulo ANB (com 6,4 ), (com quase 3 mm), TPi também aumentado (2,41 mm), e Faba (76,58 ) mostrando um perfil facial convexo com quase 8 de diferença em relação ao grupo Classe I de Angle. Observamos, então, que todas as medidas avaliadas estavam compatíveis com as características da amostra (Classe II) estudada. Analisando neste grupo Classe II, o Coeficiente de Correlação Linear (Tabela 20), observamos que houve forte correlação do PlanUSP com ANB e TPI. Também, avaliando o grau de homogeneidade (ou a concordância) entre as medidas, os resultados dos coeficientes apontaram homogeneidade entre PlanUSP com ANB e TPI (Tabela 21). A comparação entre as técnicas, neste grupo Classe II, utilizando as medidas padronizadas (de 0 a 100), avaliando descritivamente, através dos valores da Tabela 22, observamos que para este grupo de pacientes, as técnicas que apresentaram maior variabilidade nas medidas são ANB (24,8) e, sendo esta última a maior variabilidade (29,3). PlanUSP (19,5), TPi (19,9) e Faba (19,7) apresentaram variabilidades menores e semelhantes entre si. Na comparação das medidas quanto ao gênero, com variáveis quantitativas, não encontramos diferenças em nenhuma das técnicas avaliadas neste grupo Classe II de Angle. A posição e a relação entre as partes do complexo maxilofacial mandibular são mutáveis, portanto nos fazem pensar que da mesma forma que propusermos este novo plano cefalométrico, com certeza, no futuro próximo, novos planos embasados em novas tecnologias virão permitir uma maior fidedignidade nas mensurações, em particular no estudo da relação ântero-posterior em diferentes más-oclusões, em diferentes intervalos etários e por que não dizer em distintos grupos étnicos. Caso 1: paciente do grupo Classe I de Angle Paciente do gênero feminino, com 13 anos de idade carpal, com boa relação aparente entre a maxila e a mandíbula, com um perfil facial de 11 5 1, Classe I de Angle, com apenas falta de espaço para os dentes 13 e 43 (Figuras 7, 8 e 9 - Tabela 23). Figura 7 Paciente (Caso 1) com bom facial. 110 OrtodontiaSPO 2009;42(1):23-30

ORTOPESQUISA Figura 11 Imagens intrabucais do paciente (Caso 2) do grupo Classe II de Angle. Figura 8 Fotos intrabucais da paciente (Caso 1). Figura 9 Telerradiografi a do paciente (Caso 1) com o valor de PlaUSP = -0,3 indicando uma boa relação ânteroposterior entre a maxila e a mandíbula. TABELA 23 - VALORES ENCONTRADOS PARA A PACIENTE (CASO 1) Medida Valores encontrados ANB 2,5º -3 mm TPi -4 mm PlanUsp -0,3 mm Faba 82,5º Caso 2: paciente do grupo Classe II de Angle Paciente do gênero masculino, com 15 anos de idade carpal, com mandíbula retruída em relação à maxila, apresentando um perfil facial (convexo) de 11 2 e Classe II de Angle (Figuras 10, 11 e 12 - Tabela 24 do Caso 2). Figura 12 Telerradiografi a do paciente (Caso 2) com o traçado PlanUSP. TABELA 24 - VALORES ENCONTRADOS PARA A PACIENTE (CASO 2) Medida Valores encontrados ANB 7,2 º 7,4 mm TPi 1 mm PlanUsp 7,5 mm Faba 73 º Caso 3: paciente do Grupo Classe III de Angle Paciente do gênero feminino, com 17 anos de idade, com mandíbula protruída em relação à maxila, apresentando um perfil facial (côncavo) de 11 3 e Classe III de Angle (Figuras 13, 14 e 15 - Tabela 24 do Caso 3). Figura 10 Paciente (Caso 2) do grupo Classe II de Angle. Figura 13 Foto da paciente (Caso 3). OrtodontiaSPO 2009;42(1):23-30 111

Figura 14 Fotos intrabucais do paciente (Caso 3). TABELA 24 - VALORES ENCONTRADOS PARA A PACIENTE (CASO 3) Medida Valores encontrados,4º -1,6 mm TPi -3,7 mm PlanUsp -5,3 mm Faba 85 º CONCLUSÃO A avaliação PlanUSP foi um método com boa correlação e homogeneidade com as medidas dos ângulos ANB e Faba e com os métodos e TPi, na avaliação da relação ânteroposterior entre a maxila e a mandíbula em indivíduos Classes I e II de Angle. Os mesmos estudos em indivíduos Classe III de Angle estão sendo realizados. Figura 15 Telerradiografi a do paciente (Caso 3) com o traçado PlanUSP. Endereço para correspondência: Ewaldo Luiz de Andrade Av. Brigadeiro Faria Lima, 2.152 - Conj. 1e e 1d 01451-000 - São Paulo - SP Tel.: (11) 3031-5922 / 3812-2139 ewaldolu@usp.br Referências 1. Jacobson A. The appraisal of jaw disharmony. St. Louis: Am J Orthod 1975;67(2):125-38. 2. Jacobson A. Application of the appraisal. St. Louis: Am J Orthod 1976;23. Jacobson A. Up date on the appraisal. Appleton: Angle Orthod 1988;58:205-18. 4. Hall-Scott J. The maxillary-mandibular planes angle (MM ) bisector: A new reference plane for anteroposterior measurement of the dental bases. St. Louis: Am J Orthod 1994;105(6):583-91. 5. Sato-Tsuji, A.M. Avaliação da projeção USP, uma nova dimensão cefalométrica de interesse ortodôntico. Tese (Mestrado) Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo; 1993. 6. Ferrazzini G. Critical evaluation of the ANB angle. St. Louis: Am J Orthod 1976;69(6):620-6. 7. Del Santo Jr M. Influence of occlusal plane inclination on ANB and assessment of anteroposterior jaw relationships. St. Louis: Am J Orthod 2006;129(5):641-8. 8. Andrade EL. Estudo cefalométrico da relação ântero-posterior entre a maxila e a mandíbula em indivíduos da cor amarela. [Tese de Mestrado] Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo; 2003. 9. Andrade EL, Freitas CF. Estudo cefalométrico da relação ânteroposterior entre a maxila e a mandíbula em indivíduos da cor amarela. São Paulo: Rev Paul Odontol 2004;26(6):9-14. 10. Oktay HA. Comparison of ANB,, AF-BF, and ADPI measurements. St. Louis: Am J Orthod Dentofacial Orthop 1991;99(2):122-8. 11. Capelozza Filho L. Diagnóstico em Ortodontia. Maringá: Dental Press; 2004. 12. Riedel RA. A cephalometric roentgenographic study of the relation of the maxilla and associated parts to the cranial base in normal and malocclusion of the teeth. [Tese Master of Science]. Chicago: Northwestern University Dental School; 1948. 13. Riedel RA. The relation of maxillary structures to cranium in malocclusion and in normal occlusion. Angle Orthod 1952;22(3):142-5. 14. Lino AP. Análise cefalométrica de referência incisal superior. In: Souza LCM. Cirurgia ortognática e ortodontia. São Paulo: Editora Santos; 1998. p.67-77. 15. Chang H. Assessment of anteroposterior jaw relationship. St. Louis: Am J Orthod 1987;91(2):117-22. 16. Broadbent BH. A new x-ray technique and its application to Orthodontia. Angle Orthod. Appleton 1931;1:45-66. 17. Marques JS, Siqueira VCV. Estudo das alterações do ponto B durante o tratamento ortodôntico. Maringá: R Dental Press Ortodon Ortop Facial 2007;12(3):136-45. 18. Rickets RM. A foundation for cephalometric communication. St. Louis: Am J Orthod 1960;46(5):330-57. 19. Interlandi S, Sato-Tsuji A. As bases cefalométricas da Projeção USP ( ProjUSP ) na relação sagital dos maxilares. In:. Ortodontia: bases para a iniciação. São Paulo: Artes Médicas; 1999. p.224-37. 20. Karlsen AT, Krogstad O. Morphology and growth in convex profile facial patterns: A longitudinal study. Appleton: Angle Orthod 1999;69(4):334-44. 21. Kase M, Andrade EL. Relação ântero-posterior das bases apicais: maxila e mandíbula. São Paulo: Rev Paul Odontol 2001;23(4):32-6. 112 OrtodontiaSPO 2009;42(1):23-30