CENTRO CULTURAL FAROL

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Transcrição:

CENTRO CULTURAL FAROL Paulo Ricardo Francisco Lopes Centro Universitário Toledo Araçatuba 2015

Paulo Ricardo Francisco Lopes CENTRO CULTURAL FAROL Centro Universitário Toledo Araçatuba 2015

Paulo Ricardo Francisco Lopes CENTRO CULTURAL FAROL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Toledo sob a orientação do Prof. Esp. Sergio Ballassoni. Centro Universitário Toledo Araçatuba 2015

COMISSÃO EXAMINADORA Prof. Esp. Sergio Carlos Ballassoni Centro Universitário Toledo Prof. Ms. Ana Paula Cabral Sader Centro Universitário Toledo Vivian Pontes Arquiteta e Urbanista Araçatuba, 08 de dezembro de 2015.

Aos meus pais, Nadir e Sergio, e meu brother, Pedro, que me apoiaram até aqui e sempre demostraram votos de confiança, obrigado por cada palavra, olhar e abraço oferecido no decorrer da vida, e a todas as pessoas que serão beneficiadas pelo projeto.

Agradecimentos Agradeço a Deus pelo dom da vida e por toda a paciência, sabedoria, força e gratidão que Ele me presenteou ao longo da caminhada. Aos meus amigos da vida, Paola Tiemy, Douglas Henrique, Cris Corti, Tiago Paia e Giseli Kayahara que me apoiaram a realizar mais essa etapa da vida. A toda a equipe do meu trabalho, a equipe Manga Rosa que cobriu meus horários quando eu precisei faltar ou sair mais cedo do serviço para finalizar os projetos ou estudar para as provas. Ao Centro Universitário Toledo e a coordenadora do curso de Arquitetura e Urbanismo professora e mestre Ana Paula Cabral Sader pela coragem e determinação ao dar inicio ao curso e tornaló reconhecido não só pelo MEC, mas pela sociedade também. Ao meu orientador professor especialista Sergio Ballassoni por toda a atenção ao ouvir minhas ideias e complementalás de modo a tornar o projeto mais belo e humano, e a todos os professores que a cada semestre nos preenchiam com conhecimento e expectativas de nos tornarmos os melhores arquitetos e urbanistas possíveis, e em especial ao professores Zago, César e Fábio, pelos ensinamentos e saberes sempre bem vindos para o melhor desenvolvimento do projetar. Aos meus amigos e parceiros, Annanda Novaes, Karen Gisely, Caroline Nascimento, Maiara Cristina, Matheus Marthinelli, Bruno Coquetti, Daniel Poleto, Fernando Batalha, Rayana Oliveira, Jennifer Talita, Cassiana Freitas, Talita Carli e Andressa Grassi que lutaram durante todos esses anos junto comigo e com muito esforço vencemos mais essa batalha, valeu a pena galera.

A beleza por si mesma é uma coisa que não existe praticamente. Existe enquanto é, porque existe por um período histórico, depois muda o gosto. E quando é uma coisa imprescindivelmente ligada à coletividade, é bonita porque serve e continua a viver. Lina Bo Bardi

RESUMO O presente projeto a ser desenvolvido visa à construção de um Centro Cultural na cidade de Guararapes SP. Este projeto arquitetônico oferecerá a todos os habitantes um espaço multicultural, de entretenimento e aprendizagem artística e cultural, ou seja, um espaço onde se possa aprender diferentes linguagens artísticas como teatro, dança, música, desenho, pintura e fotografia, além de ser um local que proporcione o convívio entre as pessoas e seja referência para apresentações e apreciações artísticas. Palavras-chave: Cultura, Arte, Marquise, Centro Cultural e Áreas de Convivência.

ABSTRACT This project being developed aims to build a cultural center in the city of Guararapes - SP. This architectural project will offer all residents a multicultural space, entertainment and artistic and cultural learning, is a space where you can learn different art forms such as theater, dance, music, drawing, painting and photography, as well as being a place which provides the interaction between people and be a reference for presentations and artistic assessments. Keywords: Culture, Art, Awning, Cultural Center and Living Areas.

Lista de ilustrações Figura 1 - Localização de Guararapes no Estado de São Paulo...25 Figura 2 Vista frontal do terreno...30 Figura 3 Vista frontal do terreno...30 Figura 4 Vista superior do terreno...31 Figura 5 Uso e ocupação do solo...31 Figura 6 Topografia do terreno...32 Figura 7 Parte do terreno e rodoviária ao fundo no centro da imagem...32 Figura 8 - Fachada Projeto Cidade das Artes...36 Figura 9 Escadarias e a grande varanda...37 Figura 10 Interior da Grande Sala do Projeto Cidade das Artes...37 Figura 11 Fachada Frontal do Teatro Municipal de Itapeva...38 Figura 12 Vista Interna do Foyer...39 Figura 13 Antiga fábrica de tambores restaurada e os três blocos de concreto aparente - Sesc Pompeia...40 Figura 14 Vista Interna da área de convivência...41 Figura 15 Setorização do projeto no terreno...48 Figura 16 Volumetria do Centro Cultural Farol...49 Figura 17 Fluxograma do bloco da prática e teoria...50 Figura 18 Crianças tocando violinos em apresentação...51

Figura 19 Fotografia Transformando pessoas em pinturas...51 Figura 20 Ballet na 3º idade...51 Figura 21 Fluxograma do Teatro Farol...52 Figura 22 Rampas de acesso ao teatro Farol...53 Figura 23 Tipologia dos pilares que sustentam a marquise...54 Figura 24 Fluxograma do bloco da interação e exposição...55 Figura 25 Brises horizontais de concreto na fachada principal...56 Figura 26 Fluxograma do bloco de administrar e cuidar...58 Figura 27 Pátio aberto com árvores...59 Figura 28 - Grama-amendoim...60 Figura 29 - Grama-esmeralda...60 Figura 30 - Ipê-roxo...61 Figura 31 - Cássia-imperial...61 Figura 32 - Flamboyanzinho-vermelho...62 Figura 33 - Jasmim-manga...62 Figura 34 - Flores do jasmim-manga...63

SUMÁRIO INTRODUÇÃO...21 3.3 Sesc Pompeia, São Paulo - SP...40 1 - CIDADE DE GUARARAPES 4 - O PROJETO 1.1 Aspectos Históricos...24 1.2 Aspectos Demográficos...25 1.3 Aspectos Econômicos...26 4.1 Justificativa...44 4.2 Objetivo...46 4.3 Proposta...48 1.4 Aspectos Físicos...27 5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS 2 - LOCAL DO PROJETO 6 - REFERÊNCIAS 2.1 Recorte Espacial...30 7 - PRANCHAS 3 - REFERÊNCIAS DE PROJETO 3.1 Cidade das Artes, Rio de Janeiro - RJ...36 3.2 Teatro Municipal de Itapeva - SP...38

23 INTRODUÇÃO Um centro cultural é um espaço arquitetônico contemporâneo destinado à apresentação de manifestações culturais das mais diversas modalidades. Neste contexto, o projeto a ser desenvolvido será construção de um Centro Cultural na cidade de Guararapes SP. Esta proposta busca fomentar a arte e suas mais variadas expressões e linguagens, através da construção de um espaço onde se aprende, se ensina, se encanta e onde há uma vasta troca de experiências e vivencias entre pessoas de todas as idades. Uma vez que arte abre o olhar das pessoas para novos horizontes, propiciando que elas se conheçam e descubram mais de si próprios e da sociedade a qual estão inseridas, conhecendo suas raízes culturais e as expandindo. Este projeto tem como publico alvo crianças, adolescentes e jovens que de alguma forma possam se interessar em descobrir a arte como forma de expressão e formação, ou seja, descobrir suas habilidades e se aprofundar naquilo que lhe ofereça bem estar e prazer, um local onde se possa aprender diferentes linguagens artísticas como teatro, música, artesanato, dança, fotografia, desenho e pintura. Neste contexto, o projeto recebe título de Centro Cultural Farol, pois da mesma maneira que as embarcações seguem como referência os faróis durante a sua jornada no mar, o Centro Cultural Farol fomentará a formação de cidadãos críticos, refletindo diretamente na preservação e disseminação da cultura através da arte, suas expressões e manifestações.

1 - CIDADE DE GUARARAPES

26 1.1 Aspectos Históricos Os irmãos mineiros Joaquim, Priciliano e Antônio Pinto de Oliveira, adquiriram terras situadas entre os córregos Frutal e Jacaré em 1908, dando início a história de Guararapes. Segundo o site Portal do Município de Guararapes, Após a construção da estrada de Aguapeí Tietê, realizada por Manuel Bento da Cruz, em 1920 ocorreu a chegada de algumas famílias. Os irmãos resolveram lotear sua propriedade em 1927, quem assumiu a tarefa foi a Companhia Paulista de Colonização Ltda. A doação para que se formasse patrimônio ocorreu em 1928 e com o avanço da Estrada de Ferro do Noroeste do Brasil, foi feito o projeto para a construção de uma estação em terras dos irmãos Pinto de Oliveira, onde o Engenheiro Mário Barroso Ramos foi o responsável pelo projeto de arruamento e loteamento. Foi escolhido o dia 08 de dezembro de 1928 como data oficial de fundação da cidade, adotando por Padroeira, Nossa Senhora Imaculada Conceição. A cidade foi denominada como Frutal, devido à abundância de jabuticabeiras na região. Devido à elevação do patrimônio à categoria de Distrito de Paz no município e comarca de Araçatuba, o então Departamento das Municipalidades mudou o nome da cidade para Guararapes. Logo o Distrito é elevado a Município, por intermédio da Lei Estadual nº 2833, de 05 de janeiro de 1937, emancipando-se politicamente de Araçatuba. Hoje Guararapes é uma cidade moderna que recebe pessoas de todos os lugares, atraídos pela fertilidade de suas terras e suas indústrias, seguindo sempre em busca de desenvolvimento para melhorar as condições de vida de sua população.

27 1.2 Aspectos Demográficos Localizado no interior do estado de São Paulo, o município de Guararapes (Figura 1) é formado por habitantes das mais variadas origens e nacionalidades, num total de aproximadamente 30.000 habitantes e com uma densidade demográfica de 28,59 habitantes por quilômetro quadrado. Com um traçado urbano peculiar, em formato de um tabuleiro de xadrez, com ruas retas e quarteirões quadrangulares. Figura 1: Localização de Guararapes no Estado de São Paulo. Fonte: www.wikipedia.org/guararape/saopaulo_municip_guararapes (2006).

28 1.3 Aspectos Econômicos Formada por indústrias sulco alcooleiras, fábricas de cadeiras e demais móveis. Segundo o site Portal do Município de Guararapes, a cidade possui ainda, cerca de 700 pequenas e microempresas que juntas empregam diretamente cerca de 2.000 pessoas. Nos últimos cinco anos, como indica o site supracitado, o PIB (Produto Interno Bruto) de Guararapes saltou de R$ 520 milhões para R$ 812 milhões.

29 1.4 Aspectos Físicos Guararapes ocupa uma área de 959,1km². É delimitada pelos municípios de: Araçatuba, Bento de Abreu, Gabriel Monteiro, Piacatú, Rubiácea, Salmourão e Valparaíso. A cidade faz parte dos 15 componentes da microrregião da Alta Noroeste de Araçatuba. De acordo com o site Portal do Município de Guararapes A sede municipal, a 398 metros de altitude, tem sua posição geográfica definida pelas seguintes coordenadas: 21 16 35 de latitude sul e 50 37 00 de longitude W, Gr. Fica a 493 quilômetros da capital estadual rumo ONO. Entre os cursos de água, o Rio Feio ou Aguapeí, os Ribeirões Jangada e Bálsamo, os Córregos Azul, da Divisa, Barra Grande, 9 de Abril, Borboleta, Três Pontes, Frutal, Nascente, Jacarécatinga, Areia Branca, Aracanguá, Corredeira e Sergipe, formando uma rede que enriquece o solo e possibilita a construção de açudes e represas para uso das propriedades agrícolas. Na composição do solo predomina o latos solo vermelho-escuro, fase arenosa. O espigão mestre Tietê-Feio em Aguapeí, divide o município ao meio e separa as águas em direções opostas encaminhando-as, de um lado para a bacia do Tietê. Formam-se lagoas em quase todas as nascentes dos principais rios e afluentes. Clima quente, de inverno seco, indo de setembro a março à época normal das chuvas.

2 LOCAL DO PROJETO

32 2.1 Recorte Espacial O espaço escolhido para implantação do Centro Cultural localiza-se na Avenida Júlio Prestes, no centro da cidade de Guararapes, estado de São Paulo, Brasil. Com 13.400 metros², o terreno já foi muito utilizado por parques de diversão e circos, porém nos últimos anos outros espaços na cidade foram sendo utilizados por essas empresas de entretenimento e diversão, deixando esse grande espaço em desuso (Figuras 2 e 3). Figura 2 Vista frontal do terreno Figura 3 Vista frontal do terreno Fonte: www.google.com.br/maps (2012). Fonte: www.google.com.br/maps (2012).

33 Casas residências e algumas lojas do comércio compõem o entorno dessa área, além da rodoviária e da estação ferroviária que se encontram ao lado do terreno e da linha do trem localizada ao fundo (Figuras 4 e 5). Figura 4 Vista superior do terreno Figura 5 Uso e ocupação do solo Fonte: Elaborado pelo autor (2015). Fonte: Elaborado pelo autor (2015).

34 Assim como boa parte da cidade de Guararapes, a topografia do terreno é plana, isso favorece bastante o uso das bicicletas nas ruas da cidade, seja para ir trabalhar, ir à escola ou como um momento de lazer; há apenas um pequeno desnível em uma parte do terreno e ali será construído um dos blocos do Centro Cultural, o Teatro Farol (Figura 6). Em toda a cidade, por enquanto existe apenas um único prédio com mais de cinco pavimentos que fica localizado a dois quilômetros de distância do terreno aonde será projetado o centro cultural. Outros dois prédios estão começando a ser construídos logo na entrada da cidade e nesse caso a distância é maior ainda, dessa forma os ventos e os raios solares fluem com grande liberdade pela cidade, inclusive no local escolhido para o projeto, pois o gabarito de altura da cidade é baixo (Figura 7). Figura 6 Topografia do terreno Figura 7 Parte do terreno e rodoviária ao fundo no centro da imagem Fonte: Google Earth (2015). Fonte: Autor (2015).

Sou músico, e o músico é meio mágico também, só que sem truques, sem esconder nada. Quando pego um instrumento sinto que estou flutuando. Tem horas que nem sinto os pés no chão. Hermeto Pascoal

3 - REFERÊNCIAS DE PROJETO

38 3.1 Cidade das Artes, Rio de Janeiro - RJ Dentro desse contexto, o projeto Cidade das Artes do arquiteto Christian de Portzamparc, situado no Bairro da Tijuca no Rio de Janeiro e realizado entre 2002 e 2013, serve como grande referência no tipo de concreto aparente utilizado, além de ser uma obra extremamente poética e encantadora (Figura 8). A Cidade das Artes reúne em seu edifício uma sala de concertos única no mundo, que pode se converter em sala de ópera e em teatro, uma sala de música clássica e de música popular, salas de cinema, de dança, de ensaio, áreas de exposição, restaurantes e uma midiateca, um projeto conhecido como uma casa com uma enorme varanda onde as pessoas são acolhidas pela arte e pela arquitetura a qualquer momento do dia e podem observar os horizontes ao seu redor (Figura 9). Figura 8 - Fachada Projeto Cidade das Artes Fonte: http://www.archdaily.com.br (2013).

39 Para os visitantes, ou melhor, para os habitantes desses espaços é elaborada uma programação fascinante todos os dias, sempre está acontecendo algo nas salas desse centro cultural, por exemplo, peças de teatro, mostras como a de Rui de Oliveira traços de uma história ou concertos com o alemão Daniel Muller-Schott, um jovem violoncelista, um dos melhores do mundo de sua geração. A arte se torna algo natural e espontâneo na rotina das pessoas, e esse contato com ela só pode resultar em coisas boas, é alimento para os sonhos e para a alma (Figura 10). Figura 9 Escadarias e a grande varanda Figura 10 Interior da Grande Sala do Projeto Cidade das Artes Fonte: http://www.cidadedasartes.org/programacao/interna/218 (2015). Fonte: http://www.ideafixa.com/cidade-das-artes/ (2014).

40 3.2 Teatro Municipal de Itapeva SP Um concurso foi realizado para a escolha de um projeto arquitetônico de teatro para a cidade de Itapeva, o projeto vencedor foi do arquiteto Yuri Vital e sua equipe. Um vão de 28 metros de largura logo na entrada do edifício nos mostra a expressividade de sua arquitetura (Figura 11). A leveza é um item marcante na estrutura que compõe o teatro, as paredes externas apoiam-se unicamente sobre quatro pontos: sendo dois no espelho d água, e os outros dois no urdimento. A lâmina de cobertura do conjunto contém o sistema de aquecimento solar, e onde também possibilita iluminação natural no interior da edificação (exceto no auditório) graças as aberturas zenitais. Figura 11 Fachada Frontal do Teatro Municipal de Itapeva Fonte: http://www.concursosdeprojeto.org (2009).

41 Além de conter um excelente auditório, onde o público poderá assistir diversos musicais, espetáculos e peças teatrais, possibilitando vivenciar e experimentar uma parte do que a arte e a cultura podem oferecer, o projeto também abriga um espaçoso foyer para que artistas possam expor suas obras para todas as pessoas e que elas possam compreende-las da maneira que mais lhe cabem (Figura 12). Dentro da proposta existe também a intenção de implantar o cine retro, onde através de uma grande tela, as pessoas poderão assistir o que estiver sendo exibido dentro de seus carros, no estacionamento do teatro, onde existe uma declividade que favorecerá uma boa visão para a tela. Figura 12 Vista Interna do Foyer Fonte: http://www.concursosdeprojeto.org (2009).

42 3.3 Sesc Pompeia, São Paulo SP Lina Bo Bardi depois de algum tempo sem fazer arquitetura, devido a opressão que sofria da ditadura, foi convidada para projetar uma unidade do Sesc para a cidade de São Paulo, o conceito não se baseava em apenas criar um centro cultural e desportivo, mas também locais de lazer e integração, uma cidadela. O Sesc Pompeia possui quadras esportivas, piscina, restaurante, espaços de exposições, ateliês, anfiteatro, espaços para leitura e várias outras atividades, em sua programação são estipulados cerca de 120 atrações musicais ou teatrais por mês, por ano 1,25 milhão de pessoas passam por suas passarelas e decks abertos ao céu de São Paulo (Figura 13). Turistas ficam encantados pela beleza dos espaços e por descobrirem que boa parte do que acontece ali no âmbito cultural e esportivo é gratuito, é para todos. Figura 13 Antiga fábrica de tambores restaurada e os três blocos de concreto aparente - Sesc Pompeia Fonte: http://www.pedrokok.com.br/en/2008/05/sesc-pompeia/ (2015).

43 A área de convivência do Sesc é um dos poucos exemplos de praças públicas cobertas de São Paulo, um outro exemplo seria a extensa marquise do Parque Ibirapuera; segundo Lina, esse espaço foi projetado para que as pessoas possam tirar uma soneca, ler um livro ou simplesmente colocar o papo em dia, é um ambiente onde elas se sentem acolhidas (Figura 14). Figura 14 Vista Interna da área de convivência Fonte: http://www.herancacultural.com/blog/wp-content/uploads/2013/06/ DSCN0159.jpg (2013).

4 - O PROJETO

46 4.1 Justificativa A arte tem o poder de transformar e ampliar o olhar do indivíduo, despertando o seu melhor conteúdo, fazendo transparecer a sua verdadeira essência, lhe mostrando a sua importância como agente transformador de uma sociedade através de sua expressão e ação. Nesse pressuposto arte não é apenas algo básico, mas fundamental na formação cultural de um país que se desenvolve. Arte não é enfeite. Arte é cognição, é profissão, é uma forma diferente de interpretar o mundo e agir sobre a realidade. Por meio da Arte é possível desenvolver a percepção e a imaginação, apreender a realidade do meio ambiente, desenvolver a capacidade crítica, permitindo ao indivíduo analisar a realidade percebida e desenvolver a criatividade de maneira a mudar a realidade que foi analisada. (BARBOSA, 2003, p.18). Nesse contexto, os Referenciais Curriculares Nacionais de Arte (1997 p. 15), discorre que: A educação em arte propicia o desenvolvimento do pensamento artístico, que caracteriza um modo particular de dar sentido às experiências das pessoas: por meio dele, o aluno amplia a sensibilidade, a percepção, a reflexão e a imaginação. Aprender arte envolve, basicamente, fazer trabalhos artísticos, apreciar e refletir sobre eles. Envolve, também, conhecer, apreciar e refletir sobre as formas da natureza e sobre as produções artísticas individuais e coletivas de distintas culturas e épocas. Em contrapartida, atualmente, em diversas perspectivas sociais vemos o mundo contemporâneo transformar os anseios e projetos da juventude em uma rede complexa de massificações e automatismo de informações, não abrindo espaço para as pessoas desempenharem suas habilidades artísticas. A cultura e arte muitas vezes são deixadas de lado e cada vez menos valorizadas. Diante dos pressupostos, ao pensar o desenvolvimento significativo de uma sociedade é imprescindível admitir que todo e qualquer tipo de movimento artístico, pode ajudar a diminuir a criminalidade, a capacitar os cidadãos para o mercado de trabalho, e a desenvolver conhecimentos e habilidades criticas e reflexivas. Se o Estado não é produtor de cultura nem instrumento para seu consumo, que relação pode ele ter com ela? Pode concebê-la como um direito do cidadão e, assim, assegurar às pessoas o direito de acesso às obras culturais produzidas, particularmente o direito de fruí-las, de criar as obras, ou seja, produzi-las, e o de participar das decisões sobre as políticas culturais (Chauí, 2008).

47 Este projeto arquitetônico vem oferecer principalmente a crianças e adolescentes a oportunidade de se aproximarem da fruição artística, objetivando a arte e suas linguagens como forma de expressão onde valores e sentimentos são traduzidos em cores, traços e formas, movimentos, danças, teatros, etc. Pois, segundo Margarida Serrão (1999 p. 23): Num país com imensas desigualdades e contradições, a educação se apresenta como um fator de esperança e transformação para a sociedade, não apenas permitindo o acesso ao conhecimento, à participação, mas propiciando condições para que o indivíduo construa sua cidadania. Transformando a vida desse cidadão, as pessoas ao seu redor como família, amigos e a própria comunidade, espelham- -se naquela pessoa como modelo de vida e também serão transformados com o tempo e com a troca de experiências.

48 4.2 Objetivo Este projeto arquitetônico tem como finalidade revitalizar um espaço no centro da cidade de Guararapes-SP, incorporando a cultura local a uma nova dinâmica artístico-cultural, que objetiva o desenvolvimento de novas experiências de aprendizado, fomentando a valorização da cultura e da arte como modo de expressão e alicerce para o desenvolvimento da sociedade guararapense. Também visa desenvolver ações artísticas, culturais, sociais e pedagógicas que contribuam para a formação de cidadãos ativos, críticos e reflexivos, através da fruição artística, promovendo assim, a inclusão social e cultural de crianças e adolescentes em situação de risco, bem como de roda a comunidade local.

Fotografar é acima da arte de escrever imagens com luz. É eternizar momentos, sorrisos e lágrimas, maneira de expressar o que se vê ou sente. Vinícius Aguiar - Fotógrafo

50 4.3 Proposta O acesso à cultura exige um ambiente comunitário favorável à inserção cultural do indivíduo e grupos pela riqueza dos encontros culturais proporcionados. Dessa maneira propõe-se a construção de um Centro Cultural, ou seja, um espaço onde se possa aprender diferentes linguagens artísticas como teatro, dança, música, desenho, pintura e fotografia, além de ser um local de referencia para apresentações e apreciações artísticas. O Centro Cultural Farol é um projeto arquitetônico composto de quatro blocos sendo eles: o Bloco da Interação e Exposição, o Teatro Farol, o Bloco da Prática e Teoria e o Bloco de Administrar e Cuidar. Esses blocos são interligados por uma marquise, e ocupam um total de 4.317m² construídos (Figura 15). Os espaços não edificados atuarão como pátios abertos com jardins, bancos, árvores e caminhos feitos com grama ou pavers drenantes para as pessoas andarem livremente. Figura 15 Setorização do projeto no terreno Fonte: Elaborado pelo autor (2015).

51 Foram realizados recuos de 13 metros de largura nos quatro lados do terreno, para preservar árvores de médio e pequeno porte já existentes no local do projeto; implantar um estacionamento descoberto para automóveis, motos e bicicletas; melhorar e pavimentar um caminho já existente utilizado por pedestre e ciclistas que liga a Rua Borma até o Terminal Rodoviário; por questões de segurança, pois a linha do trem ativa passa bem no fundo terreno e evitar que o Centro Cultural invadisse a privacidade dos terrenos que ficam ao seu entorno, devido sua escala (Figura 16). Figura 16 Volumetria do Centro Cultural Farol Fonte: Elaborado pelo autor (2015). Os materiais que serão utilizados em grande parte do projeto será o vidro temperado nas janelas com esquadrias de alumínio; o concreto aparente será o material das paredes e lajes dos quatro blocos, da marquise e dos pilares; placas acústicas com alumínio perfurado e espuma - forradas de tecido serão utilizadas na sala de espetáculo do teatro Farol; brises horizontais de concreto; as calçadas de pavers drenantes para facilitar o escoamento d água no solo e garantir um caminhar seguro pelos caminhos e o nas edificações o chão de concreto polido.

52 Bloco da Prática e Teoria Um pátio coberto com iluminação zenital faz a ligação das salas de ensaios, oficina, sanitários e ateliê com a marquise central (Figura 17). Nesses ambientes serão desenvolvidas diversas atividades que atenderam desde crianças até pessoas da terceira idade. Figura 17 Fluxograma do bloco da prática e teoria Fonte: Elaborado pelo autor (2015). Para proporcionar um ambiente com conforto térmico e bem iluminado todas as salas desse bloco terão grandes aberturas de janelas em uma de suas faces, e serão os brises horizontais de concreto que instalados a frente dessas janelas de vidro, irão controlar a entrada dos raios solares e do vento.

53 A intenção é que a sala de ensaio de música, ensaio de dança, de teatro, de desenho e todas as outras, sejam espaços ocupados o dia todo, de segunda a segunda, para o desenvolvimento de alguma atividade artística cultural. Entre essas atividades haverá aula de ballet, oficinas de pintura com lápis de cor, giz de cera e canetinhas; aulas para aprender a tocar violão, teclado, flauta, guitarra e diversos outros instrumentos; confecções de artesanato, aulas de forró entre outras atividades. Enfim, serão locais que abrigão subsídios para a nossa essência e bem viver cultural (Figuras 18 a 20). Figura 19 Fotografia Transformando pessoas em pinturas Figura 18 Crianças tocando violinos em apresentação Fonte: http://blogs.ne10.uol.com.br/social1/2012/07/07/orquestra-de-criancasconquista-a-fenearte/ (2012). Figura 20 Ballet na 3º idade Fonte: http://misturaurbana.com/wp-content/uploads/2013/03/real-peoplepaintings-pessoas-reais-pinturas-desafio-criativo-41.jpg (2013). Fonte: https://www.redesul.com.br/noticias/show/noticia/20382-idosas-decarlos-barbosa-aprendem-ballet-classico-depois-dos-60 (2010).

54 Teatro Farol Guararapes há anos atrás possuía um teatro/cinema bem ao lado da igreja matriz. Nele já foram apresentadas diversas peças e filmes para a população que sempre que tinha a oportunidade de prestigiar ações culturais. A comunidade guararapense fazia a sua parte e frequentava com ânimo esse espaço, porém por ser uma construção bem antiga e por não ter recebido devido cuidado e restauração, hoje o local se encontra interditado, pois seu telhado ameaça cair sobre as poltronas da sala de espetáculo, onde o antigo piso de madeira também não apresenta bom estado. Com a intenção de resgatar esses bons momentos vividos por boa parte dos guararapenses e dar aos mais novos uma chance de prestigiar e fomentar a magia e o encanto através de expressões e composições artísticas vivas, foi elaborado o Teatro Farol, além das peças, shows, concertos que virão de outras cidades para se apresentar aqui, foi de extrema importância pensar em um bom local para os próprios alunos do Centro Cultural apresentarem para a família, amigos e população o que eles irão aprender no bloco da prática e teoria (Figura 21). Figura 21 Fluxograma do Teatro Farol Fonte: Elaborado pelo autor (2015).

55 O teatro foi projetado com a capacidade para 402 pessoas sentadas, sendo 3% dos lugares, reservados para portadores de necessidades especiais na primeira e última fileira e outros 3% reservados para pessoas obesas, onde as poltronas um pouco maiores estão distribuídas por toda a sala de espetáculos. Devido a curva de visibilidade das fileiras de poltrona, o nível do foyer do teatro ficou com um altura de 2,37m a princípio, porém como nessa parte do terreno existe um desnível, foi possível realizar um aterramento de todo o teatro à 90cm do chão, portanto para ter acesso ao foyer que está elevado agora apenas à 1,47m será necessário a utilização de uma escadaria projetada bem no centro da entrada para o teatro, ou utilizar o sistema de rampas que esta localizado no lado de fora, na lateral do edifício, onde também foi projetada uma marquise para proteger as pessoas nos dias de sol intenso ou chuva (Figura 22). Figura 22 - Rampas de acesso ao teatro Farol Fonte: Elaborado pelo autor (2015). A sala de espetáculos possui um total de seis saídas de emergência com portas corta fogo estrategicamente posicionadas para facilitar a evacuação do espaço o mais rápido possível em caso de acidente.

56 Marquise A principal função da marquise é fazer a ligação entre os blocos. Ela possui uma extensão de 105 metros que perpassa o terreno todo, e por isso, além de conectar os outros edifícios e tornar o centro cultural uma única composição, um só elemento, atua como um local de passagem para pedestres entre as ruas Júlio Prestes e Borma a qualquer momento do dia ou da noite. Não possui grades nem portões de fechamento, é bem aberta e iluminada. Foram elaboradas duas tipologias de pilares para a sustentação da marquise. O primeiro e mais simples é um retângulo com 3m de comprimento, por 30cm de largura e 5m de altura. Sua função também consiste em proteger as pessoas do sol. O segundo tipo de pilar, já um pouco mais elaborado, contém recortes no centro onde foi projetado um confortável banco com 2,40m de comprimento, por 60cm de largura e 50cm de altura (Figura 23). Através desses recortes criados nos pilares e nos espaçamentos entre eles, formam-se molduras por toda a extensão da marquise; e são as pessoas que irão compor as paisagens dentro desses enquadramentos, nos instantes que por ali caminharem ou sentadas para uma boa conversa. Figura 23 Tipologia dos pilares que sustentam a marquise Fonte: Elaborado pelo autor (2015).

57 Bloco da Interação e Exposição O bloco da interação e exposição abriga espaços que dialogam entre si permitindo assim a interação das pessoas. No mesmo ambiente da recepção temos uma área de convivência coberta, com poltronas e sofás espalhados para melhor acolher o público. Ao lado há uma área de exposição com 180 m² para receber exposições de pinturas, trabalhos artesanais e esculturas artísticas de vários profissionais da cidade e da região (Figura 24). Esse espaço possui um pé direito duplo 6 metros de altura possibilitando a organização e a curadoria um ambiente de trabalho alto e ideal para usarem a criatividade. Figura 24 Fluxograma do bloco da interação e exposição Fonte: Elaborado pelo autor (2015).

58 Brises de concreto, também utilizados no bloco da prática e teoria, revestirão uma das quatro fachadas dessa edificação, dessa forma marcando com linhas horizontais a fachada principal que fica voltada para a Avenida Júlio Prestes, onde abriga uma parte da recepção, os sanitários e a área de exposição, que poderá ser uma expansão da área de convivência quando não estiver sendo utilizada (Figura 25). Figura 25 Brises horizontais de concreto na fachada principal Fonte: Elaborado pelo autor (2015).

59 Nesse mesmo bloco temos uma cafeteria interligada a um pátio coberto contendo mesas e cadeiras e uma livraria com duas paredes todas de vidro para servir como vitrine e atrair a atenção das pessoas para adentrar o seu interior. A livraria será um espaço com 80m², e será uma semente de cultura plantada na cidade que não abriga nenhuma livraria em seu comércio. Um espaço de leitura, pois as pessoas poderão pegar qualquer livro das estantes e começar a ler ali mesmo nas cadeiras e poltronas projetadas para o local. O pátio coberto conectado a cafeteria, será ponto de encontro entre os usuários do centro cultural, uma área de alimentação para o público de forma geral ou um ambiente de espera para as pessoas que irão pegar o ônibus na rodoviária, localizada bem ao lado do terreno do projeto. Nós podemos definir a dança como expressão de sentimentos através da movimentação. Ana Botafogo

60 Bloco de Administrar e Cuidar Como o próprio nome já diz essa edificação será responsável em abrigar todo o setor da administração, contendo os escritórios do diretor e dos funcionários que cuidarão de todo o funcionamento do Centro Cultural Farol; sala de reuniões para serem decididas programações, eventos, palestras e cursos; sala de monitoramento, além dos guardas, será instalado um sistema de câmeras para garantir a segurança do público; uma sala dos professores com copa, sanitários e almoxarifado (Figura 26). Próximos a essa ala estão localizados o depósito, para armazenamento dos instrumentos musicais e outros objetos, as salas técnicas e o castelo d água, uma caixa d água feita de concreto e com altura de 13 metros, que abastecerá toda a demanda do Centro Cultural. Figura 26 Fluxograma do bloco de administrar e cuidar Fonte: Elaborado pelo autor (2015).

61 Pátios Abertos Entre os blocos foram projetados extensos pátios abertos contendo vários tipos de árvores, plantas, gramado, bancos e esculturas; com o propósito de que esses espaços públicos sejam utilizados pela sociedade em momentos de lazer, como um piquenique com a família, uma roda de bate papo com os amigos, diversas situações onde as pessoas possam entrar em contato com o vento, o cantar dos pássaros e as sombras das árvores, e perceber as coisas simples e belas da vida (Figura 27). Figura 27 Pátio aberto com árvores Fonte: Elaborado pelo autor (2015).

62 O paisagismo será composto pelas seguintes espécies de gramas e árvores (Figuras 28 a 34): Figura 28 - Grama-amendoim Figura 29 - Grama-esmeralda Fonte: http://gramagrama.net/tipos-de-grama/grama-amendoim (2011). A grama-amendoim forma um denso colchão verde apresentando uma textura bem diferente e com delicadas flores amarelas. Apesar de não ser resistente ao pisoteio, possui rápido rebroto e não necessita das podas periódicas. Essa espécie de grama deve ser cultivada a pleno sol ou meia sombra e por ser uma excelente forração, será plantada ao redor das árvores espalhadas pelos pátios do Centro Cultural. Fonte: http://jardimflordoleste.com.br/tipos-de-grama-e-indicacoes/ (2012). A Grama Esmeralda possui folhas macias, estreitas e médias, são resistentes ao pisoteio e em geral possuem cor verde- -esmeralda. Além da grande beleza, ela forma um tapete de grama perfeito pelo entrelaçamento dos estolões com as folhas. Por ser uma grama mais rústica, deve ser cultivada a pleno sol e em solos férteis, e será implantada em boa parte dos pátios abertos e no entorno das edificações do Centro Cultural.

63 Figura 30 - Ipê-roxo Figura 31 - Cássia-imperial Fonte: https://riquezanatural.com.br/blog/ipe-roxo-futuramente-sera-um- -forte-aliado-contra-o-cancer/ (2015). Fonte: https://www.pinterest.com/pin/486248090990941001/ (2014). O ipê-roxo possui uma bela floração e atrai polinizadores, como abelhas e beija-flores, mesmo ficando pouco tempo florido durante o ano, os dias em que ele esta com a copa repleta de cor, são momentos muito admiráveis. A cássia-imperial também conhecida como chuva-de-ouro possui a copa arredondada, com um diâmetro de 4 a 5 metros, mesmo quando não esta florida, suas folhas compõem uma agradável sombra. É considerada uma árvore ornamental decídua, devido sua floração espetacular, com belos cachos pendentes de flores douradas.

64 Figura 32 - Flamboyanzinho-vermelho Figura 33 - Jasmim-manga Fonte: https://www.flickr.com/photos/flaviocb/6211709514/in/photostream/ (2011). Fonte: http://servishplumajang.work/tag/plumeria-jasmim-manga (2013). O flamboyanzinho apresenta sua floração nas estações da primavera e no verão, e na maioria dos casos suas flores possuem tons vermelhos ou vermelho-alaranjadas. É um espetáculo de cores e sensações. O jasmim-manga é uma árvore encantadora, suas flores são muito belas e perfumadas. Seu caule e ramos são bastante robustos e apresentam uma seiva leitosa e tóxica se ingerida. As folhas geralmente caem no outono-inverno e são grandes, largas e brilhantes. A floração começa no fim do inverno e permanece por toda a primavera, com a sucessiva

65 Figura 34 - Flores do jasmim-manga Fonte: http://www.jardimcor.com/catalogo-de-especies/plumeria-rubra/ (2013).

5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para algumas pessoas, a arte e cultura são encontradas de outras maneiras, o futebol é uma delas, o importante é que todos possam sentir em si mesmos, os benefícios de fazer algo que os tirem de sua zona de conforto, algo que elas façam por paixão e em busca de sensações, liberdade e bem estar, estando totalmente conscientes nesses bons momentos. Portanto, a proposta aqui apresentada se faz como um elemento fundamental para o desenvolvimento e inclusão cultural e artística da cidade de Guararapes, buscando fomentar a arte e suas mais variadas expressões e linguagens, através da construção de um espaço onde se aprenda, se ensina, se encanta e onde há uma vasta troca de experiências e vivências entre pessoas de todas as idades. 69

6 - REFERÊNCIAS

72 ABREU, Jose A. : The El Sistem music revolution. Disponível em < http://www.youtube.com/watch?v=uintr2qx-tu>. Acesso em: 07 outubro 2014. ARCHDAILY, Cidade Das Artes / Christian de Portzamparc. Disponível em <http://www.archdaily.com.br/br/01-158494/cidade-das-artes-christian-de-portzamparc>. Acesso em: 01 outubro 2014. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais /PCN: Arte Brasília: MEC/SEF,1997. p. 15 Chaui, Marilena. Cultura e democracia. Em: Crítica y emancipación: Revista latinoamericana de Ciencias Sociales. Año 1, no. 1 (jun. 2008- ). Buenos Aires: CLACSO, 2008-. ISSN 1999-8104. Disponível em: http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/ar/libros/secret/cye/cye3s2a.pdf CONCURSOS DE PROJETOS, Teatro Municipal de Itapeva SP / Yuri Vital. Disponivel em < http://concursosdeprojeto.org/2009/11/22/teatro-municipal-itapeva-01/> Acesso em: 22 maio 2015. FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17ª ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1987. MAPS, Google. Disponível em www.google.com.br/maps/. Acesso em: 10 outubro 2014. PORTAL DO MUNICÍPIO DE GUARARAPES disponível http:// guararapes.municipios.sp.gov.br/portal/site/municipios/menuitem.cbb5d738487b2b7eb1249cc5e2308ca0/?vgnextoid=c0282bff789a3210vgnvcm1000004c03c80arcrd&vgnextfmt=defau lt Acessado em 04/06/2015 SERRÃO, Margarida. Aprendendo a ser e a conviver. 2º ed. São Paulo: FTD,1999.

7 - PRANCHAS