UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA LUIZ DE QUEIROZ DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DO SOLO LSO 526 Adubos e Adubação ADUBOS FLUIDOS E ADUBAÇÃO FOLIAR Prof. Dr. Rafael Otto Piracicaba, SP 02 e 03 de maio de 2019
ADUBAÇÃO FLUIDA - ADUBAÇÃO FOLIAR - ADUBAÇÃO VIA SOLO - FERTIRRIGAÇÃO OU GOTEJO SUBSUPERFICIAL
Adubação Foliar 1) Conceito Fornecimento de nutrientes para as plantas na forma de pulverização, aproveitando a capacidade de absorção pelas folhas. 2) Motivação - Baixa disponibilidade via solo ( ph) - perdas por lixiviação e adsorção - Rápida absorção - Sinergismo com a adubação via solo
Mecanismo de absorção foliar Poros Cutícula Epiderme Superior Parênquima Paliçádico Parênquima do tecido vascular Cutícula Estômatos Rachaduras Tricomas Três vias de absorção: Cutícula Rachaduras e imperfeições cuticulares Estômatos e tricomas Fonte: Fernandez et al. (2015) Tecidos Vasculares Tamanho de um poro cuticular: 2 a 5 nanômetros Tamanho de um estômato (comprimento): 1.000-50.000 nanômetros
Absorção foliar Penetração cuticular Compartim. celulares metabolicam. ativos Redistribuição Utilização do nutriente Transporte a longa distância no xilema Redistribuição no floema Fonte: Marschner, 2012
Mobilidade de redistribuição dos elementos na planta Altamente Móveis Parcialmente Imóveis móveis móveis N P S Ca K Cl Zn B* Na Mg Cu Mn Fe Mo Ordem decrescente de translocação dentro da coluna *Redistribuição do B depende da cultura. Pode ser móvel em determinadas plantas na forma de polióis (manitol, sorbitol)
Legislação para Fertilizantes com Micronutrientes Fertilizantes Foliar e fertirrigação Solo Teor solúvel em água Teor total Extratores Mínimo 60 % Instrução Normativa n.º 39 08/08/18 Para suspensão concentrada (óxidos, carbonatos e hidróxidos), pode-se declarar o teor total! Ác. Cítrico 2% B Co Fe Mo Ni Zn CNA + água (relação 1:1) Cu Mn
FONTES DE MICRONUTRIENTES VIA FOLIAR Sais Quelatos Fosfitos Legislação Suspensões Óxidos? concentradas Hidróxidos Carbonatos
Mn adequate 10-6 M Mn deficiency 10-7 M Mn deficiency Mn deficiency + Foliar MnSO 4 + Foliar MnCO 3 Absorção foliar de fontes insolúveis é questionável. Fonte: Migliavacca & Otto (2018)
Sais vs Quelatos Zn Zn QUELATO Zn ++ Zn
FERTILIZANTE + GLIFOSATO Fosfito de Mn Nitrato de Mn
Alguns trabalhos mostram que produtos quelatizados demoram mais para serem absorvidos, devido ao tamanho da molécula metal-quelato Concentração de Mn no pecíolo MnSO4 Mn Quelato 0 10 20 30 40 50 Tempo (Horas)
Sais Solúveis Quelatos/Fosfitos Suspensões Concentradas Micronizadas Vantagens Desvantagens Vantagens Desvantagens Vantagens Desvantagens - Baixo custo - Dificuldade de mistura - Facilidade de mistura - Custo Elevado - Alta Concentração / Volume - Absorção muito lenta - Absorção Rápida - Fitotoxidez - Baixa Adsorção na CTC foliar - Absorção moderada - Facilidade de mistura - Baixa Concentração / Volume - Baixa Concentração / Volume - Adsorção na CTC foliar
Surfactantes - Reduzem tensão superficial - Melhoram espalhamento sobre a superfície da folha Umectantes - Aumentam a absorção de nutrientes ao aumentar o tempo de secagem dos fertilizantes Água Água + surfactante Fonte: Fernandez, 2011
Efeito do horário de aplicação do adubo foliar na cultura da soja Horas do dia Produtividade (kg/ha) Índice 8:00 2.350 114 11:00 2.180 106 14:00 2.060 100 18:00 2.550 124 Fonte: ROSOLEM, 1986 Com o ar mais úmido, aumenta-se a flexibilidade da cutícula, aumentando o tamanho dos poros Fonte: Marschner, 2012
Ânion acompanhante Cl - NO 3 - > SO 4-2 > H 2 PO 4 - Decresce a absorção
Efeito de fontes de zinco na absorção do nutriente pelo cafeeiro Fontes de Zinco Zn folhas (ppm) Índice Testemunha 13 46 Sulfato de zinco 28 100 Cloreto de zinco 56 200 Nitrato de zinco 43 154 Sulfato de Zn + KCl 39 139 Fonte: Adaptado de Garcia e Salgado (1981)
Critérios de recomendação Análise Química do solo Diagnose Foliar Diagnose Visual Exigência nutricional das culturas
Via foliar Sojas precoces e médias Estádios Mn Zn Cu Co Mo Mg g ha-1 SOJA V4 150 65-4 40 - V8 150 65 25 - - 250 R2 150 70 25 - - 300 TOTAL 450 200 50 4 40 550 S/A AGRO INDUSTRIAL ELDORADO, 2017
Uso de micronutrientes em Soja Tratamentos Produção de grãos Produção relativa (kg ha -1 ) (%) Controle 2.247 b 1 100 MnSO 4 4H 2 O (350 g ha -1 ) foliar 2.821 a 125 MnSO 4 4H 2 O (200 g ha -1 ) foliar 2.769 a 123 Quelato Cl - (200 g ha -1 ) foliar 2.782 a 124 Quelato NO 3- (200 g ha -1 ) foliar 2.788 a 124 Quelato SO 2-4 (200 g ha -1 ) foliar 2.827 a 126 Mancozeb (200 g ha -1 ) foliar 2.659 ab 118 MnSO 4 4H 2 O (4.000 g ha -1 ) solo 2.499 ab 111 Oxisulfato Mn (4.000 g ha -1 ) solo 2.526 ab 112 Valor de F 4,73** C.V. (%) 6,83 Foliar (200g) >>> Solo (4000 g) 20x Fonte: Silva e Vitti, 2000
Via foliar - Milho Estádio Mn Zn Cu Mo Mg* g ha-1 V4 50 60-30 150 V8 100 60 25 30 150 Pré Pendoamento 100-25 0 300 Pós Pendoamento - - 25-300 TOTAL 250 120 75 60 900 S/A AGRO INDUSTRIAL ELDORADO, 2017.
Via foliar - Algodão Micronutriente Dose por aplicação Aplicações Época kg ha -1 Mn 0,240 Zn 0,400 Cu 0,024 DAE 3x 45-70 B 0,060 Mo 0,060 2x 45-60 Fonte: VITTI, 2004. Agropecuária Peteers 1) Sem deficiência evidente: Três a quatro pulverizações foliares de 0,10 a 0,15 kg ha -1 de B por vez. 2) Com sintomas de deficiência: Pulverizações foliares: 5 à 8 vezes de 0,10 a 0,15 kg ha -1 de B por vez. Tendo como fonte mais indicada: Octaborato de sódio. Fonte: RAIJ et al, 1996.
O segmento de Nutrição Foliar, Micronutrientes e Bioestimulantes é o que mais cresce no mercado de fertilizantes Crescimento anual de 50% 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 Fonte: Yara Brasil, 2018
Conclusões: adubação foliar Adubação foliar visa complementar adubação via solo, sendo mais utilizada para micronutrientes Faz mais sentido utilizar nutrientes que são móveis ou parcialmente móveis. Boro melhor via solo. Parcelamento da adubação foliar faz sentido Historicamente fontes solúveis foram utilizadas para adubação foliar Mudança na legislação irá permitir utilização de fontes insolúveis (óxidos, carbonatos), porém eficácia da absorção foliar destas fontes não foi elucidada
Fonte: G.H. Korndorfer.
PRINCIPAIS FÓRMULAS DE ADUBOS FLUÍDOS
COMO CALCULAR A DOSE DE ADUBOS FLUIDOS? Exemplo para aplicação de 150 kg/ha N nas formas de URAN ou Ureia Liquida Uran (32-0-0, d = 1,33 g/ml) Ureia liquida (20-0-0, d = 0,92 g/ml) Uran 150/0,32 = 470 kg/ha Uran d = m/v 1,33 = 470/V 1,33 V = 470 V = 470/1,33 V = 350 L/ha Ureia liquida 150/0,20 = 750 kg/ha Ureia liq. d = m/v 0,92 = 750/V 0,92 V = 750 V = 750/0,92 V = 815 L/ha
Exemplo de fábrica de adubo fluido Foto: G.H. Korndorfer.
PEDERNEIRAS (AJIFER L-60 L) Garantias: Nitrogênio Total (N): 6,0% Enxofre (S): 3,0% Carbono Orgânico Total (COT): 3,0% Natureza Física: fluído Densidade: 1,16 g/cm3 1. Laranjal Paulista/SP 2. Pederneiras/SP 3. Limeira/SP 4. Valparaíso/SP VALPARAÍSO (AJIFER L40 ) Garantias: Nitrogênio Total (N): 4,0 % Enxofre (S): 2,0% Carbono Orgânico Total (COT): 3,0% Natureza física: fluído Densidade: 1,11 g/cm3
VINHAÇA CONCENTRADA
Conclusões: adubação fluida Nos Estados unidos, cerca de 40% dos fertilizantes são na forma fluida (amônia, UAN, soluções nitrogenadas) No Brasil, adubação fluida representa menos do que 5% do total de fertilizantes consumidos Porém, o mercado de adubos fluidos está crescendo, especialmente em regiões próximas às unidades produtoras Adubação fluida tem crescido em: cana-de-açúcar, café, citros e eucalipto Mudança de paradigma para melhorar aceitação pelo produtor: vantagens são inquestionáveis
OBRIGADO! Prof. Dr. Rafael Otto E-mail: rotto@usp.br