APELAÇÃO A Apelação está regulada no CPC do art. 513 ao art. 521, sendo o recurso cabível da sentença, seja ela terminativa (sem julgamento do mérito, de regra art. 267) seja ela definitiva (com julgamento do mérito, de regra art. 269). Requisitos: - Adequação - Preparo - Tempestividade - Cabimento O art. 513 do CPC assim preceitua: Da sentença caberá apelação. Neste contexto, sob a análise dos atos processuais do juiz, a apelação caberá somente do ato processual qualificada como sentença, sendo esta, atualmente, disciplinada pelos arts. 267 e 269 do CPC. Igualmente, como todos os outros recursos estará submetida ao juízo de admissibilidade (conhecimento/ não conhecimento), antes de adentrar propriamente no mérito. A apelação é o recurso por excelência, de cognição ampla (...). Esta ampla cognição permite que se impugne a ilegalidade ou a injustiça da sentença, bem como propicia o reexame de toda a prova produzida no processo. 1 Assim, ataca-se tanto o error in judicando como o error in procedendo, reforma ou invalidação da sentença. 2 Requisitos: Conforme art. 514 do CPC, deverá ser interposta por petição escrita dirigida ao juiz e deverá conter: a) Os nomes e a qualificação das partes; b) Os fundamentos de fato e de direito (as razões são interpostas juntamente com a petição de interposição); c) O pedido de nova decisão. (reforma ou invalidação) Importa referir que a interposição do recurso será feita no juízo a quo (requer o recebimento, processamento e remessa ao Tribunal), sendo o pedido de nova decisão para o juízo ad quem. O recurso sem assinatura de advogado não é inexistente, devendo, nas instâncias, ser propiciada à parte a oportunidade de sanar a irregularidade (STJ 4ª. T., REsp 142.022-SC, rel. Min. Sálvio de Figueiredo) Súmula 115 do STJ: Na instância especial é inexistente recurso interposto por advogado sem procuração nos autos 1 Nelson Nery Junior. 2 Sentença é o pronunciamento do juiz que contém uma das matérias do CPC 267 ou 269 e que, ao mesmo tempo, extingue o processo ou a fase de conhecimento no primeiro grau de jurisdição Nelson Nery Junior. 1
Efeito Devolutivo: Disciplinado no art. 515 do CPC, o recurso de apelação devolve ao tribunal toda a matéria efetivamente impugnada. Ocorre que o recurso pode ser total ou parcial. Na regra, não poderá o órgão ad quem (Tribunal) piorar a situação do Apelante e tampouco melhorar a sentença naquilo que não foi impugnado. Tantum devolutum quantum apellatum. Devolve a matéria a ser impugnada na sua extensão, entretanto, nela o Tribunal joga-se na profundidade. Art. 515 do CPC 1º Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que a sentença não as tenha julgado por inteiro. 2º Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais. Exemplo, o réu alega pagamento e prescrição da dívida, ou seja, duas causas de extinção da obrigação; o juiz entende ter havido prescrição e nem examina a questão do pagamento; havendo apelação, o tribunal pode decidir sobre a existência ou não do pagamento. Exemplo, o autor promove ação requerendo a declaração do pagamento, a retida de órgão de cadastro de restrição de crédito e o arbitramento de indenização a título de danos morais, sendo a ação julgada improcedente por entender o juiz que não foi comprovado o pagamento. Interposto o recurso de apelação, poderá o Tribunal reconhecer o pagamento, determinar a retirada dos órgão de restrição de crédito (cadastro dos devedores), bem como arbitrar valor a títulos de danos morais. 3º Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito (art. 267), o tribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento. Disposição interessante já analisada quando abordado a matéria de princípios fundamentais dos recursos. Poderá o Tribunal se a causa estiver madura, julgar desde já o mérito, não sendo infringência ao duplo grau de jurisdição. Efetividade e economia processual. Processual Civil. Embargos de Terceiro. Indeferimento da inicial. Apelação. Julgamento de Mérito. Art. 515, 3º, do CPC. Impossibilidade. 1. Nos casos de extinção do processo sem julgamento de mérito (art. 267), o tribunal pode julgar desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento. 2. Indeferida a petição inicial (art.295, II, c/c o art. 267, I), não pode o Tribunal, ao reformar a sentença, julgar, desde logo, o mérito da causa, tendo em vista a ausência de citação do demandado. 3. Recurso especial a que se dá provimento (STJ, REsp 691488/RS, 1ª. T. Rel. Min. Teori Albino Zavascki) 4º Constatando a ocorrência de nulidade sanável, o tribunal poderá determinar a realização ou renovação do ato processual, intimadas as partes; cumprida a diligência, sempre que possível prosseguirá o julgamento da apelação. Aplicação do sistema das nulidades processuais, por exemplo, assinatura do advogado na peça. O art. 516, continuando a disciplina do recurso de apelação, estabelece que ficam também submetidas ao tribunal as questões anteriores a sentença, ainda não decididas. No entender de grande parte da doutrina é norma desnecessária, já que o art. 515, 1º já estabelece este poder ao órgão ad quem. 2
Questões de fato não invocadas Admitidas em grau de apelação somente por motivo de força maior Art. 517 As questões de fato, não propostas no juízo inferior, poderão ser suscitadas na apelação, se a parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de força maior. As partes não podem na apelação modificar pedido ou causa de pedir. Novos fatos (documentos novos) poderão ser alegados se provada a força maior, devendo a parte provar no momento da argüição. Deve ser respeitado o contraditório. A proibição de inovar inclui, também, a proibição de juntada de novos documentos a respeito de fatos que foram ou poderiam ter sido alegados no primeiro grau de jurisdição. Somente se permite a juntada, no procedimento de apelação, de novos documentos que se refiram a fatos e direitos supervenientes. 3 Processamento da Apelação Art. 518. Interposta a apelação, o juiz, declarando os efeitos em que a recebe, mandará dar vista ao apelado para responder. Apelação interposta no juízo prolator da sentença. Juízo de admissibilidade provisório, a admissibilidade é revista pelo Tribunal, sendo este o competente para a admissibilidade. Como vimos da inadmissibilidade da apelação, bem como dos efeitos de recebimento (efeito devolutivo e suspensivo) cabe agravo de instrumento. A resposta referida no artigo trata-se das contra-razões de apelação, tendo como prazo 15 dias, o mesmo da interposição. Como não se trata de agravo de instrumento, mas de recurso que repousará nos próprios autos não há necessidade de juntada de cópia de documento e tampouco da certidão da intimação, pois o prazo poderá ser verificado nos próprios autos. Ainda, não sendo exigível prova da intimação, a apelação pode ser interposta desde a ciência inequívoca, ainda que sem a publicação oficial ou intimação expressa. Interessante ressaltar que do juízo positivo de recebimento da apelação não cabe qualquer recurso, em especial agravo de instrumento, isto porque a matéria será argüida nas contra-razões. Assim, uma apelação intempestiva que é recebida, não cabe recurso, sendo alegada a intempestividade e o não conhecimento como preliminar nas contra-razões. 1º O juiz não receberá o recurso de apelação quando a sentença estiver em conformidade com súmula do Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal. É a atual súmula impeditiva de recurso, já comentada no item do duplo grau de jurisdição, atacável por agravo de instrumento. 2º Apresentada a resposta, é facultado ao juiz, em cinco (5) dias, o reexame dos pressupostos de admissibilidade do recurso. Referimos que do julgamento positivo de admissibilidade não cabe recurso, entretanto, a lei confere ao juiz a possibilidade de retratação após a análise das contra-razões. 3 Nelson Nery Junior. 3
Preparo Art. 519. Provando o apelante justo impedimento, o juiz relevará a pena de deserção, fixando-lhe prazo para efetuar o preparo. Parágrafo único. A decisão referida neste artigo será irrecorrível, cabendo ao tribunal apreciar-lhe a legitimidade. Requisito extrínseco a admissibilidade dos recursos. Diferença entre inexistência do preparo e insuficiência do preparo que dá a possibilidade de complementação em 5 dias, art. 511, 2º. Justo impedimento está previsto no art. 183, 1º do CPC e é considerado como o evento imprevisto, alheio à vontade da parte e que a impediu de praticar o ato por si ou por mandatário. A doutrina defende ser aplicável o justo impedimento não somente à apelação mas a todos os recursos. Efeitos da Apelação Na regra, a apelação é recebida no duplo efeito, devolutivo e suspensivo. Devolutivo porque devolve à matéria impugnada ao tribunal e suspensivo, pois suspende a eficácia da sentença. Lembre-se, obstar a formação da coisa julgada (efeito de todo recurso) não se confunde com a eficácia da sentença. Excepcionalmente o recurso será recebido somente no efeito devolutivo, não suspendendo, portanto, os efeitos da sentença podem ser caso de execução provisória da sentença, nos termos do art. 475-O do CPC. Art. 520. A apelação será recebida em seu efeito devolutivo e suspensivo. Será, no entanto, recebida só no efeito devolutivo, quando interposta de sentença que: I homologar a divisão e demarcação; II condenar à prestação de alimentos; IV decidir o processo cautelar; V rejeitar liminarmente embargos à execução ou julgá-los improcedentes; VI julgar procedente o pedido de instituição de arbitragem. VII confirmar a antecipação dos efeitos da tutela. Art. 521. Recebida a apelação em ambos os efeitos, o juiz não poderá inovar no processo, recebida só no efeito devolutivo, o apelado poderá promover, desde logo, a execução provisória da sentença, extraindo a respectiva carta. Se a sentença decide, ao mesmo tempo, a ação cautelar e a ação principal, a apelação suspenderá os efeitos da decisão relativa à ação principal e terá eficácia meramente devolutiva no que respeita ao processo cautelar (STJ, 1ª. T., RESp 297.426-PR, rel. Min. Gomes de Barros) OBSERVAR O MÉTODO: 1º PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO 2º RAZÕES DA APELAÇÃO 4
Peça Prático-profissional JUDICIAL João Carvalho e Maria da Luz, casados, residentes em Belo Horizonte - MG, ajuizaram ação de usucapião, afirmando, em síntese, que mantêm a posse mansa e pacífica do imóvel descrito na exordial. O terreno está situado entre outros 2 imóveis de propriedade dos Demandantes, tendo sido antes utilizado pela Rede Ferroviária Federal SA, enquanto serviu à estrada de ferro. Afirmaram que, acrescidas todas as posses, a área do imóvel objeto da ação foi utilizada pelos proprietários dos imóveis vizinhos por aproximadamente 30 anos. Fundamentaram a sua pretensão na legislação civil, requerendo que fosse reconhecido e declarado, em seu favor, o domínio exercido sobre a área usucapida, a fim de que fosse viabilizada a transcrição no registro imobiliário. A ação que tramitou na 1ª Vara Federal de Belo Horizonte MG, foi julgada procedente, tendo sido reconhecida e declarada em favor dos Autores a aquisição do domínio do imóvel objeto da ação. Mova a peça cabível na defesa dos interesses da União Federal, sabendo que: - o imóvel objeto da ação integrava a faixa de domínio da ferrovia e pertencia à Rede Ferroviária Federal SA; - a Rede Ferroviária Federal S.A. entrou em liquidação extrajudicial a partir de 7/12/1999, conforme dispõe o Decreto no 3.277, de 7 de dezembro de 1999, regulamentado pela Lei no 9.491, de 9 de setembro de 1997, e na Resolução no 12, de 11 de novembro de 1999, do Conselho Nacional de Desestatização. Com isso o patrimônio da RFFSA voltou a fazer parte da União, conforme dispôs o art. 23 da Lei no 8.029/1 990: "A União sucederá a entidade, que venha a ser extinta ou dissolvida, nos seus direitos e obrigações decorrentes de norma legal, ato administrativo ou contrato bem assim nas demais obrigações pecuniárias". - A União Federal foi intimada da sentença na data de 03 de agosto de 2012 (sexta-feira) e você deve protocolar a peça no último dia do prazo. 5