INFORME TÉCNICO VACINA CONTRA A RAIVA CANINA E FELINA INTRODUÇÃO As campanhas de vacinação contra a raiva em cães e gatos foram suspensas em 2010, devido à ocorrência de reações adversas temporalmente associadas à administração do imunobiológico distribuído pelo Ministério da Saúde. No momento, o Ministério da Saúde está viabilizando a aquisição de uma determinada quantidade de vacina para vacinação de cães e gatos em bloqueio de focos de raiva nessas espécies e outras estratégias especiais na Região Nordeste do país, onde persiste a transmissão de raiva humana pela variante canina do vírus rábico. Os municípios do Estado de São Paulo devem aguardar informações mais precisas para o planejamento de suas atividades em campanhas ou na rotina de vacinação contra a raiva em cães e gatos. Para que a Coordenação do Programa de Controle da Raiva /Instituto Pasteur pudesse contar com um mínimo de doses, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, ainda em 2010, resolveu adquirir cerca de 30 mil doses de vacina contra a raiva de cães e gatos. Somente agora essas doses estão disponíveis e foram estabelecidos procedimentos técnicos para a utilização. A distribuição será exclusivamente para uso em bloqueios de focos nos quais ficar evidente o risco de infecção de animais das espécies canina e felina. A vacinação de cães e gatos na área de foco deve ser realizada após a investigação epidemiológica do foco. As doses de vacina são para utilização em cães e gatos, conforme a necessidade de bloqueios de focos, frente a casos de raiva em cães e gatos, herbívoros, morcegos de quaisquer espécies e outros animais silvestres. CARACTERÍSTICAS DA VACINA, DOSE, VIA DE ADMINISTRAÇÃO, CONSERVAÇÃO Nome comercial: RABIFFA Laboratório produtor: MERIAL México, S.A. de CV. Apresentação Frascos com 20 doses
Composição Componentes: A vacina é constituída pelo vírus da raiva cepa PR-11-PM (origem Pasteur), é produzida em linhagem de cultivo celular estável (NIL-2), inativada pela betapropiolactona. O adjuvante é o hidróxido de alumínio a 25% e o conservante é o Timerosal (1:10.000 partes). Dose A dose é de um ml (1 ml) por animal, independente se cão ou gato, do tamanho, do sexo, da idade ou do peso. Via de administração É recomendada a administração por via subcutânea (SC) ou intramuscular (IM). Conservação Conservar na embalagem original. A vacina deve ser mantida sob refrigeração entre 2 e 8 C. A temperatura de conservação da vacina deve ser mantida mesmo durante as atividades de campo. Não congelar. Evitar a exposição à luz solar. Respeitar rigorosamente o prazo de validade indicado pelo fabricante. Cuidados especiais Agitar o frasco, tornando o conteúdo homogêneo, antes da aspiração de cada dose. As doses devem ser aspiradas uma a uma, sem que seja mantida uma agulha na rolha do frasco, pois a densidade da borracha assegura o fechamento da tampa sem riscos de contaminação. Após a aspiração, aplicar a dose de vacina imediatamente. Utilizar os frascos abertos da vacina o mais rápido possível. Como é uma vacina líquida contendo Timerosal, as doses do frasco aberto que não forem esgotadas de imediato, devem ser mantidas à temperatura adequada até por, no máximo, 6 horas.
Desprezar o produto se forem observados grumos ou partículas estranhas. Todos os produtos não utilizados ou restos do produto devem ser descartados de acordo com a legislação vigente. Esquemas de vacinação Por ser uma ação de Saúde Pública, fica mantida a recomendação de administrar a vacina em cães e gatos a partir dos três meses de idade. Administrar a vacina somente em cães e gatos expostos ao risco da infecção rábica pela possibilidade de interação com o caso(s) positivo(s) para raiva. Imunogenicidade e eficácia A Organização Mundial da Saúde (1992) refere que as vacinas de cultivo celular para a prevenção de raiva em cães e gatos são de alta imunogenicidade e eficácia. Por esta razão, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo está fornecendo este tipo de imunobiológico. Contra-indicações Animais com hipersensibilidade conhecida a qualquer componente da mesma. Animais que apresentem estado febril grave e agudo, sobretudo para que sinais e sintomas da doença em curso não sejam atribuídos ou confundidos com possíveis eventos adversos da vacina. Eventos adversos Como ocorre com outros imunobiológicos, a vacina contra a raiva de cães e gatos pode causar algumas reações indesejáveis. Eventos adversos locais: dor, rubor, edema, endurecimento e hipersensibilidade. Eventos adversos sistêmicos: há relatos de febre, irritabilidade, sonolência ou comprometimento do sono, anorexia, diarréia e vômitos. A maioria dos eventos adversos ocorrem nos primeiros dias após a vacinação, principalmente no dia da aplicação, podendo ocorrer em até 3 a 6 dias. A maioria dos casos relatados apresentou boa evolução. Orientar os proprietários sobre a possível formação de nódulo inflamatório no local da aplicação da vacina e os cuidados recomendados pela área Clínica da Medicina-Veterinária.
Estabelecer um fluxo de atendimento para retornos, orientações e informações, caso ocorram reações adversas à vacina. Notificar eventos adversos temporalmente associados à administração da vacina, conforme o documento Definições e Notificações de Evento Adverso temporalmente associados à Vacinação contra a Raiva Animal, da Secretaria de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde (Anexo 1). As notificações devem ser feitas via on line no formulário FORMSUS, disponível no site do MS: http://formsus.datasus.gov.br/site/formulario.phd?id_aplicacao=4878. Como o Sistema FORMSUS é federal, imprimir o formulário e encaminhar cópia para o Instituto Pasteur, por fax (11) 3289-0831 ou escanear o formulário e enviar pelo email: pasteur@pasteur.saude.sp.gov.br Procedimentos para uso da vacina contra a raiva em cães e gatos adquirida pela SES SP. Ao receber o resultado laboratorial de um caso positivo para a raiva, o município deve realizar a investigação epidemiológica do foco de raiva, preferencialmente em até 72 horas após essa notificação. Encaminhar o relatório do inquérito de foco de raiva, por intermédio do GVE, para o Instituto Pasteur, com a máxima brevidade. No caso de raiva em herbívoros ou morcegos hematófagos, entrar em contato com o Escritório de Defesa Sanitária Animal (EDA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA), para que todas as ações sejam realizadas de comum acordo, desde a investigação epidemiológica do foco. Estimar o numero de doses de vacina contra a raiva para administração em cães e gatos, baseado no grau de risco a que estiverem expostos. O bloqueio de foco deverá ser realizado, preferencialmente em até sete dias do momento da notificação do caso positivo para a raiva ou com a maior brevidade possível. Observações 1. Esse quantitativo de cerca de 30 mil doses representa apenas 0,4% da necessidade de vacina contra a raiva de cães e gatos para o Estado de São Paulo.
2. Como cada frasco de vacina contem 20 doses, realizar bem o planejamento das ações de vacinação para que não haja desperdício. 3. As vacinas ficarão armazenadas no CDL e serão liberadas pelo Instituto Pasteur, após análise e aprovação do relatório de investigação do foco. 4. A administração das vacinas contra a raiva em cães e gatos é restrita para bloqueios de focos. Qualquer outra indicação de vacinação, não especificada no presente documento, será objeto de estudo e decisão. 5. Nos casos positivos de raiva, ocorridos no final de 2010 e início de 2011, recomenda-se reavaliação para fins de bloqueio de foco. São Paulo, 03 de março de 2011 Elaborado por: Neide Yumie Takaoka Ivanete Kotait Maria de Lourdes A. B. Reichmann Tereza Mitiko Omoto Colaboração: Clélia Aranda Adriana Maria Lopes Vieira
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