Efeito da Laserterapia de Baixa Potência AsGaAl 830nm no Tratamento da Lombalgia Crônica Natanael Teixeira Alves de Sousa Graduando em Fisioterapia pela Faculdade de Minas - FAMINAS, End. Rua Carlos Pinto N 70 apt 103, centro, viçosa - MG, CEP: 36570-000, e-mail: natanasousa@hotmail.com Cristiane Pereira de Oliveira Estudante de Economia Doméstica e Bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Extensão da Universidade Federal de Viçosa. End. Av. Ph Rolfs, Campus Universitário, Alojamento novo, apt 532 Viçosa MG CEP: 36570-000, e-mail: crist22po@hotmail.com Fabiano de Sousa Barbosa Graduado em Fisioterapia, Mestre em Biologia Molecular e Estrutura pela UFV- Universidade Federal de Viçosa, End. Rua Farmacêutico Álvaro de Castro, N 127, apt 104, Barra, Muriaé - MG, CEP: 36880-000, e-mail: fabianosb@faminas.edu.br APRESENTAÇÃO A dor lombar crônica pode ser causada por doenças inflamatórias, neoplásicas, debilidade muscular, sinais de degeneração da coluna ou dos discos intervertebrais entre outras (BRAZIL, 2001). Normalmente sua causa associa-se a acometimentos degenerativos ou traumáticos no disco intervertebral ou no corpo vertebral, provocados por elevada sobrecarga nas atividades laborais, inatividade física, fatores psicológicos, flexibilidade e força reduzida, obesidade e fumo (POLITO et al., 2003 ). Devido a este fato, os distúrbios do
sistema musculoesquelético têm recebido maior atenção por parte de pesquisadores na relação saúde-emprego, devido aos altos custos e o impacto na qualidade de vida do trabalhador (CARVALHO; ALEXANDRE, 2006). O laser de baixa intensidade é uma modalidade terapêutica eletromagnética relativamente nova, obtida a partir de um mecanismo especial de emissão, que o fisioterapeuta pode usufruir para o tratamento de seus pacientes (ORTIZ et al., 2001). Há algum tempo, estudos têm expressado sobre a interação e influência entre radiações eletromagnéticas, como o laser, em sistemas biológicos, como tecido, organelas e células isoladas, no tratamento de enfermidades com o objetivo principal de diminuição de processos inflamatórios e dolorosos, bem como, de cicatrização e reparação tecidual (BAXTER, 1997). O objetivo do presente estudo foi identificar os possíveis benefícios da laserterapia de baixa potência no tratamento de lombalgia crônica. REFERÊNCIAL TEÓRICO Segundo a Organização Mundial de Saúde, 80% da população mundial já tiveram ou terá, pelo menos, duas crises de lombalgia durante a vida (BRAZIL et al., 2001; BRÉDER et al., 2006). Em países industrializados, a lombalgia é a principal causa de incapacidade laboral dos indivíduos com menos de 45 anos e sua prevalência é estimada em 70% (IMAMURA et al., 2001; SILVA et al., 2004) Sua incidência equipara-se em homens e mulheres, onde estas se queixam mais de dor após 60 anos (BRÉDER et al., 2006). A obtenção de equilíbrio nas estruturas que compõem a pilastra de sustentação humana (coluna vertebral), evitando quadros dolorosos a ela relacionados, não se constitui em tarefa fácil, devido principalmente às constantes mudanças de posturas realizadas diariamente pelo homem, expondo sua estrutura morfofuncional a uma série de agravos (TOSCANO; EGYPTO, 2001). Um desequilíbrio mecânico das estruturas da coluna vertebral atua como fator nocivo sobre elas mesmas. Todas as estruturas que compõem a unidade anátomo-funcional do segmento lombar apresentam inervação nociceptiva, com exceção do núcleo pulposo e de algumas fibras do anel fibroso (CECIN et al., 1991).
Sucintamente, podemos definir a lombalgia como sendo um sintoma referido na altura da cintura pélvica, podendo ocasionar proporções grandiosas. O seu diagnóstico pode ser considerado simples, pois geralmente o quadro clínico da lombalgia é constituído por dor, incapacidade de se movimentar e trabalhar (BERNARD, 1993). O termo LASER é uma abreviatura do inglês: Light Amplification by stimulated Emission of Radiantion que significa Amplificação da Luz por Emissão Estimulada e Radiação, sendo este o principio em que foi baseada sua criação. Ele constitui-se em uma radiação eletromagnética específica obtida a partir de um mecanismo especial de emissão, em que determinada substância é estimulada a emitir radiação, a partir do fornecimento de energia aos seus átomos (KITCHEN, 2003; LOW; REED, 2001). O fenômeno físico da emissão estimulada de radiação foi postulado por Albert Einstein em 1916. No entanto, o ímpeto para o descobrimento dos diferentes tipos de laser, se deu em 1958, quando Townes e Schawlow propuseram um modelo para o desenvolvimento de um laser propriamente dito (ORTIZ et al., 2001). Os lasers terapêuticos mais usados na pratica clinica e laboratorial encontram-se em uma faixa espectral variada entre o visível e infravermelho, com destaque para o de Hélioneônio (He-Ne), na faixa visível, e os de arseneto de gálio (Ga-As) e arseneto de gálio e alumínio (Ga-Al-As), também denominados de semicondutores ou diódico, com emissão na faixa do infravermelho ou visível. O intervalo espectral mais utilizado se encontra entre os comprimentos de onda de 630 e 130 nm (nanômetro), constituindo a chamada janela terapêutica para tecidos biológicos (BAXTER, 1997; KITCHEN, 2003; ORTIZ; BRASILEIRO, 2004). A ação do laser de baixa intensidade (LLLT) sobre o tecido está relacionada à possibilidade desta terapia inibir o aparecimento de fatores quimiotáxicos nos estágios iniciais da inflamação, de interferir nos efeitos dos mediadores químicos induzidos pela inflamação e inibir a síntese das prostaglandinas (CAMPANA et. al.,1999). O efeito analgésico justifica-se, pelo caráter antiinflamatório, por interferência na mensagem elétrica, pelo estímulo à liberação de ß-endorfina, por evitar a redução do limiar de excitabilidade dos receptores dolorosos, pela eliminação de substâncias algógenas e pelo equilíbrio energético local (VEÇOSO, 1993).
Estudos mostram que o LLLT corresponde aos níveis de energia absorvida nos citocromos e porfirinas dentro da mitocôndria e membrana celular, produzindo uma pequena quantidade de oxigênio dentro da célula, acelerando em um curto prazo a glicólise e a oxidação fosforilativa e em longo prazo a transcrição e a replicação do DNA (KARU, 1988). METODOLOGIA Compuseram a amostra deste estudo 10 indivíduos de ambos os sexos com diagnóstico clínico de lombalgia crônica há mais de 10 anos e com idade média de 60 ± 2 anos, majoritariamente aposentados, do sexo feminino e desprovidos de alterações concomitantes e/ ou qualquer tratamento referente à lombalgia. Os componentes desta amostra faziam parte da fila de espera por atendimento fisioterapeutico do SUS no Hospital São Paulo, localizado na cidade de Muriaé - MG. O instrumento de avaliação foi a escala analógica de dor, com graduação numérica de 0 a 10, onde o participante relatava sua dor no exato momento da aplicação da terapia laser no primeiro, no terceiro e no quinto dia de tratamento. Os indivíduos foram divididos aleatoriamente, em dois grupos. O grupo I (N= 5) foi irradiado durante 5 dias ininterruptos e o grupo II (N= 5) submetido à irradiação de forma intercalada a cada 48 horas, totalizando 3 aplicações. O aparelho gerador de laser utilizado neste experimento foi o Arseneto de Gálio Alumínio de 830nm com intensidade 4J/cm 2. Todos os participantes assinaram ao termo de consentimento livre e esclarecido.
RESULTADOS O grupo I apresentou inicialmente média de 9 pontos na escala analógica de dor, passadas três sessões a média dolorosa decresceu para 6.25 pontos o que corresponde a uma redução de 30% da dor, ao final do tratamento a média apontada foi de 4,25 pontos, correspondendo a 52,8% de redução da dor. O grupo II apresentou média de 6.75 pontos no início do tratamento. Na segunda sessão, após 48h, a média da dor regrediu para 5.75 pontos, o que corresponde a uma melhora de 14,8% da dor. Ao término do tratamento a média da dor era de 4.5 pontos o que equivale a 33,4% na redução da dor. Alguns autores relataram os efeitos benefícios da aplicação laser em patologias inflamatórias, sugerindo vantagens terapêuticas comparadas aos placebos e a outros tratamentos (BASFORD, 1989; BASFORD, 1993; BASFORD, 1995; KITCHEN; PARTRIDGE, 1991). Ferreira et al. (2005) compararam a laserterapia e a terapia medicamentosa com o antiinflamatório naproxeno sódico (550 mg) no tratamento de pacientes com tendinite bicipital e do músculo supra-espinhoso e observaram melhora significativa da dor, mobilidade e função dos pacientes tratados com o laser (As-Ga) quando comparados com o tratamento medicamentoso. Brosseau et al. (2000) estudaram a terapia laser em pacientes com artrite reumatóide e observaram 70% de redução da dor em relação ao placebo e aumento de 1,3 cm de flexibilidade. A laserterapia tem sido utilizada no tratamento de doenças inflamatórias, principalmente aquelas que acomentem o sistema musculoesquelético, como a lombalgia crônica (BROSSEAU; WELLS; MARCHAND, 2005 GUR; COSUT; SARAC, 2003). As vantagens terapêuticas da terapia com laser têm sido reportadas por vários autores. O laser é indicado no tratamento de artrite reumatóide com moderador da dor e do edema ao contrario do que preconiza os padrões do estudo através de revisão de literatura (Cochrane review) sobre os efeitos clínicos do laser realizados (BROSSEAU; WELLS; MARCHAND, 2005).
CONCLUSÃO A partir das condições experimentais descritas observamos que o grupo I alcançou maior redução do quadro álgico quando comparado ao grupo II. A partir da análise dos dados obtidos, pode-se sugerir que às aplicações diárias de laserterapia proporcionam maiores efeito analgésico em relação às aplicações intercaladas no tratamento de lombalgia. Sendo a terapia laser uma nova abordagem no tratamento de dores lombares. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARFORD, J. R. Low-energy laser therapy: controversies and new research findings. Lasers Surg. Med, v. 9 p. 1-5, 1989. BARFORD, J. R. Laser therapy: scientific basis and clinical role. Orthopaedics, v. 16, n. 5: 541-547, 1993. BARFORD, J. R. Low intensity laser therapy: still not an established clinical tool. Lasers Surg. Med, v. 16 p. 331-342, 1995. BAXTER, G. D. Therapeutic lasers: theory and practice. United States of America: Ed. Churchill Livingstone, 1997. BERNARD C. Lombalgia e lombociatalgias em medicina ocupacional. Revista Brasileira de Medicina. 1993; 50:3-9. BRAZIL, A. V.; et al. Diagnóstico e Tratamento das Lombalgias e Lombociatalgias.São Paulo: Cecin HA, 2001.
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