UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA FACULDADE DE GESTÃO DE NEGÓCIOS CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS



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Transcrição:

UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA FACULDADE DE GESTÃO DE NEGÓCIOS CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS EVIDENCIAÇÃO DOS INSTRUMENTOS FINANCEIROS DERIVATIVOS E HEDGE ACCOUNTING. SALATIEL VIEIRA DE OLIVEIRA JUNIOR Piracicaba, SP. 2011

SALATIEL VIEIRA DE OLIVEIRA JUNIOR EVIDENCIAÇÃO DOS INSTRUMENTOS FINANCEIROS DERIVATIVOS E HEDGE ACCOUNTING. Monografia apresentada em cumprimento às exigências curriculares do Curso de Graduação em Ciências Contábeis da Faculdade de Gestão e Negócios da Universidade Metodista de Piracicaba, área de concentração em Contabilidade Geral, Aplicada e Mercado de Capitais. Orientadora: Profa. Ms. Maria José de C. Machado Piracicaba, SP. 2011

SALATIEL VIEIRA DE OLIVEIRA JUNIOR EVIDENCIAÇÃO DOS INSTRUMENTOS FINANCEIROS DERIVATIVOS E HEDGE ACCOUNTING. Monografia julgada adequada para aprovação na disciplina Monografia II do Curso de Ciências Contábeis da Faculdade de Gestão e Negócios da Universidade Metodista de Piracicaba Profa. Ms. Miltes Angelita Machuca Martins Coordenadora do Curso Componentes da banca: Presidente: Profa. Ms. Maria José de C. Machado Prof(a). Ms. Prof(a). Ms. Piracicaba, 04 de novembro de 2011.

Dedico este trabalho a Deus pela razão da minha existência, a minha esposa pelo grande apoio e ajuda em todos os momentos e aos professores que ajudaram na minha formação.

AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus que deu forças para viver e concluir não somente este trabalho, mas na conclusão dos meus estudos e todas as conquistas profissionais pela formação acadêmica que Ele me proporcionou. A minha amada esposa Janaína que sempre me apoiou e incentivou aos estudos, sempre paciente, compreensiva e que foi presente de Deus por ela estar ao meu lado e viver comigo. Ao meu pai que hoje não está entre nós e que foi grande responsável pela minha educação e que sempre me apoiou e incentivou na minha felicidade e nas minhas decisões. Ao meu amigo e mestre professor Geraldo Romanini que apoiou e incentivou em meus estudos e com quem tive o prazer de não somente ser seu aluno, mas de trabalhar e aprender ainda mais, onde dispunha do seu tempo para me atender. A minha orientadora professora Maria José de C. Machado pela paciência e dedicação para auxílio da conclusão deste trabalho. A coordenadora do curso de Ciências Contábeis professora Miltes A. M. Machuca que apoiou e se dedicou aos meus estudos e de todos os alunos do curso. A todos os professores que passaram pela trajetória da minha vida pelos ensinamentos, pela paciência e pela dedicação de passar todo o seu conhecimento e que tirei de grande a proveito e que são responsáveis pela minha formação. A todos os amigos que fiz durante o curso pela amizade, apoio, trabalho em grupo, das ideias e do conhecimento durante esses quatro anos. Sem vocês não seria divertido o curso. A todos que me ajudaram nesta trajetória o meu grande agradecimento.

Então vi que a sabedoria é mais excelente do que a estultícia, quanto a luz é mais excelente do que as trevas Eclesiastes 2:13

RESUMO O objetivo deste trabalho é de verificar se as instituições de capital aberto estão evidenciando as informações referentes aos derivativos e de hedge accounting nas demonstrações financeiras 2010 conforme as normas de contabilidade atuais. A metodologia de pesquisa foi à escolha de forma intencional de uma empresa de capital aberto para realização de análise documental das demonstrações financeiras de 2010. O objetivo da análise foi comparar o que a Instrução 475 da CVM e o CPC 40 exigem como divulgação obrigatória e o que efetivamente a empresa divulgou. A análise mostrou que a Companhia selecionada evidencia de forma estabelecida pela norma com exceção de não demonstrar de forma clara os hedges de fluxo de caixa de quando ocorreram e quando que afetaram o resultado. Demonstra além do exigido pela norma os objetivos de gerenciamento de riscos, a política de uso de derivativos e a política de apuração do valor justo. Também apresenta pela análise financeira que os ganhos ou perdas não representam de forma significativa o resultado da empresa, com isso utilizado os derivativos de forma adequada no gerenciamento de risco. Palavras-chaves: derivativos; instrumentos financeiros; evidenciação.

LISTA DE QUADROS Quadro 1: Comparação entre contratos a termo e contratos futuros... 23 Quadro 2: Direitos e Obrigações nos Contratos de Opções... 24 Quadro 3: Mensuração subsequente dos instrumentos financeiros... 37 Quadro 4: Comparativo entre o CPC 40 com a divulgação da Gerdau S.A.... 57 Quadro 5: Contratos de Derivativos em dólar futuro em milhares de dólares e reais....... 66 Quadro 6: Contrato de Derivativos em Swap em milhares de dólares e reais.67 Quadro 7: Resumo valores dos Contratos de Derivativos e Reconhecimento dos Resultados em milhares de dólares e reais.... 67 Quadro 8: Contas do Ativo da Gerdau S.A.... 68 Quadro 9: Contas do Passivo da Gerdau S.A.... 68 Quadro 10: Contas Demonstração do Resultado da Gerdau S.A.... 69 Quadro 11: Índices de desempenho Gerdau S.A.... 69

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO... 10 2 MERCADO FINANCEIRO... 16 2.1 Instrumentos financeiros não derivativos... 17 2.1.1 Títulos públicos federais... 17 2.1.2 Títulos de dívida privados... 17 2.1.3 Ações... 18 2.1.4 Fundo de investimentos... 19 2.2 Instrumentos financeiros derivativos... 19 2.2.1 Contratos futuros e a termo... 22 2.2.2 Opções... 23 2.2.3 Swaps... 24 3 GERENCIAMENTO DE RISCO... 25 3.1 Uso de Instrumentos Financeiros e Derivativos no Gerenciamento de Risco... 26 4 CONTABILIZAÇÃO E EVIDENCIAÇÃO DOS INSTRUMENTOS FINANCEIROS DERIVATIVOS NAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS... 29 4.1 Conceitos sobre os instrumentos financeiros... 30 4.2 Conceitos sobre avaliação dos instrumentos financeiros... 31 4.2.1 Valor Justo... 31 4.2.2 Custo amortizado... 32 4.2.3 Custos de transação... 33 4.3 Classificação dos instrumentos financeiros... 33 4.3.1 Ativos ou Passivos financeiros mensurados ao valor justo por meio de resultado (VJPR):... 34 4.3.2 Mantidos até o vencimento (MAV)... 35 4.3.3 Empréstimo e recebíveis (E&R)... 35 4.3.4 Disponíveis para venda (DPV)... 36 4.3.5 Passivos mensurados pelo custo amortizado (PCMA)... 36 4.4 Mensuração Inicial dos Instrumentos Financeiros... 37 4.5 Mensuração subsequente dos instrumentos financeiros... 37 4.6 Classificação e mensuração dos instrumentos financeiros derivativos denominados como hedge accounting... 38

4.6.1 Instrumentos de hedge... 38 4.6.2 Objeto de Hedge... 39 4.6.3 Qualificação do Hedge Accounting... 39 4.6.4 Classificação do Hedge Accounting... 40 4.6.4.1 Hedge de valor justo... 40 4.6.4.2 Hedge de fluxo de caixa... 41 4.6.4.3 Hedge de investimento no exterior... 41 4.7 Evidenciação dos Instrumentos Financeiros e do Hedge Accounting... 42 4.7.1 Balanço Patrimonial... 42 4.7.2 Demonstração do resultado e demonstração do resultado abrangente (Patrimônio Líquido)... 45 4.7.3 Outras Divulgações... 46 4.7.3.1 Políticas Contábeis... 46 4.7.3.2 Contabilização de hedge... 47 4.7.3.3 Divulgação sobre o Valor Justo... 48 4.7.3.4 Natureza e extensão dos riscos decorrentes de instrumentos financeiros... 50 5 ANÁLISE DOS DADOS... 55 5.1 Análise das Demonstrações do Resultado e dos Outros Resultados Abrangentes (Patrimônio Líquido)... 58 5.2 Políticas Contábeis... 59 5.3 Contabilização do hedge... 59 5.4 Divulgação sobre a Mensuração do Valor Justo... 60 5.5 Divulgação sobre Natureza e Extensão dos Riscos Decorrentes de Instrumentos Financeiros... 61 5.5.1 Risco de Crédito... 61 5.5.2 Risco de Liquidez... 62 5.5.3 Risco de Mercado... 62 5.5.4 Análise de Sensibilidade diante dos riscos... 63 5.6 Outras Divulgações sobre os Derivativos... 65 5.7 Análise Financeira sobre os Derivativos... 65 6 CONCLUSÃO... 70 REFEFÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 72 APÊNDICE A... 76

1 INTRODUÇÃO A procura de investimentos no mercado financeiro tem se desenvolvido de uma forma muito ampla no Brasil. Neste mercado é necessário que o investidor tenha conhecimento de todos os riscos e oportunidade de ganhos para uma escolha adequada do investimento. Um desses instrumentos que ajudam o investidor a compreender os riscos de investimentos são as demonstrações financeiras. Nelas devem ser evidenciadas todas as informações para que o investidor tome decisão correta de investimento. O que acontecia é que nem todas essas informações estavam evidenciadas nas demonstrações financeiras, devido à falta de uma força de regra ou lei (DARÓS, 2005). As informações que não tinham obrigatoriedade de serem evidenciadas nas demonstrações financeiras eram os instrumentos financeiros, mais propriamente os denominados derivativos. Com a Lei 11.638/2007 que altera a Lei 6.404/1976 no Artigo 183, inciso I (BRASIL, 2007) determina que os valores devam ser avaliados pela sua intenção de uso. Antes da Lei, eram obrigadas as sociedades anônimas a demonstrar detalhes somente em Notas Explicativas conforme Instrução Normativa 235 da CVM (COMISSÃO DE VALORES MOBILIÁRIOS, 1995). O mercado de derivativos surgiu em 1972 nos EUA e conforme o mercado foi se modernizado e evoluindo, em função da globalização, a demanda pelos instrumentos derivativos aumentou consideravelmente (PINHEIRO, 2001). No primeiro momento do surgimento dos derivativos, essas operações foram consideradas itens fora do balanço (DE ZEN; YATABE; DE CARVALHO, 2006). A partir de 1986, o FASB (Financial Accounting Standards Board), entidade que regulamenta a contabilidade nos Estados Unidos, iniciou um estudo para contabilização dessas operações. Somente em 1998, com a publicação do SFAS 1 1 Statement of Financial Accounting Standars

11 133 Accounting for derivatives intrumensts and hedging actives, documento que regulamenta essas operações nos Estados Unidos, chegou-se à conclusão de sua evidenciação nos demonstrativos contábeis (DE ZEN; YATABE; DE CARVALHO, 2006). Em 1999, a IASB (International Accounting Standards Board) emitiu a IAS 2 39 Financial instruments: recognition and measurement relatando sobre essas operações (DARÓS; BORBA, 2005). No Brasil, com a participação do país como membro da IASB e a alteração da Lei 6.404/1976 pela Lei 11.638/2007, foi criada o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) que emite pronunciamentos sobre a adequação da nova Lei com o IASB através de opiniões e debates de seus membros para que haja a convergência das normas brasileiras de contabilidade com as internacionais. Logo quando a Lei foi criada, o CPC emitiu o pronunciamento técnico CPC 14 e que atualmente não tem mais validade, agora em vigor o CPC 38, CPC 39 e CPC 40. Devido à crise, todos os tipos de investimentos sofreram perdas, inclusive sobre os derivativos. Pinheiro (2001, p. 156) diz: Os derivativos, quando usados corretamente, oferecem maneiras novas e positivas para as empresas administrarem e reduzirem os riscos financeiros. Contudo, quando usados incorretamente, os derivativos oferecem maneiras novas e negativas às empresas de aumentarem os riscos financeiros e realizarem altos prejuízos. Algumas empresas brasileiras em 2008, com capital aberto nas bolsas de valores, sofreram grandes prejuízos devido à aplicação em derivativos. Com esse acontecimento, ficou demonstrado que essas empresas estavam buscando ganhos com exposição de risco não inerente ao negócio delas. Isto demonstrava que havia a necessidade de uma norma acerca sobre o tratamento e evidenciação sobre os derivativos. Problematização No ano de 2008, o mundo sofre a crise financeira iniciada nos Estados Unidos com o calote das hipotecas, que eram financiadas pelos bancos que sofreram perdas bilionárias e outros chegaram a quebrar (A CRISE, 2009). Houve a 2 International Accounting Standard

12 chamada crise de confiança, sendo que os investidores tiraram o seu dinheiro de circulação e assim estagnando a economia mundial, inclusive no Brasil. Devido a fuga de capitais, no caso do Brasil, fez que o Real sofresse forte desvalorização frente ao dólar. Empresas como a Sadia (Samora, 2010) tiveram grandes aplicações em derivativos cambiais. Com isso, algumas empresas tiveram grandes prejuízos não por causa da sua atividade, mas sim devido às aplicações em derivativos. Lopes, Galdi e Lima (2009, p. 98) destacam que a crise do mercado bancário internacional e as perdas consideráveis aumentaram a atenção às operações em relação aos derivativos. A obrigação da publicação dos instrumentos financeiros conforme a Lei 11.638/2007 e a crise financeira mundial se deram no mesmo ano de 2008. O artigo publicado por Darós e Borba (2005), antes da Lei 11.638/2007, aponta um estudo sobre as empresas brasileiras que evidenciavam os instrumentos financeiros derivativos em suas notas explicativas conforme a Instrução Normativa 235 da CVM. Concluiu o artigo na época que na maioria das companhias pesquisadas não foi evidenciado esses instrumentos de acordo com IN 235 da CVM. Com a adoção do Brasil ás normas internacionais de contabilidade, Lopes, Galdi e Lima (2009, p. 97) indica que o Pronunciamento Técnico CPC 14 Instrumentos Financeiros: Reconhecimento, Mensuração e Evidenciação, tem como por objetivo:... (i) estabelecer os principais conceitos relativos ao reconhecimento e mensuração dos ativos e passivos financeiros e (ii) esclarecer o tratamento contábil preconizado pela Lei n 11.638/07 e pela M edida Provisória n 449/09 (transformada na Lei n 11.941/09). Conforme Lopes, Galdi e Lima (2009, p. 97-98), a CVM emitiu a Deliberação n 566/2008 aprovando o Pronunciamento Técnico CPC 14. Com isso nova Instrução CVM n 475 revogou e substituiu a In strução Normativa n 275 devido a mudança da Lei n 6.404/76. Devido a compl exidade e da extensão e a adoção das normas internacionais de contabilidade no Brasil, Lopes, Galdi e Lima (2009, p. 97) destacam a atenção de preparadores, reguladores, analistas e acionista, visto que esses instrumentos podem acarretar grandes riscos para as empresas. O Pronunciamento Técnico CPC 14, já foi substituído pelos

13 Pronunciamentos Técnicos CPC 38 (Reconhecimento e Mensuração), 39 (Apresentação) e 40 (Evidenciação). Esses Pronunciamentos são bem mais extensos que o CPC 14 e que deverão ser adotados nas Demonstrações Financeiras das instituições no ano de 2010. Os pronunciamentos contábeis e a Instrução da CVM buscam maior transparência na contabilização e evidenciação desses instrumentos, inclusive na diferenciação de classificação, tipo e intenção do instrumento. Esta norma obriga a diferenciar principalmente os instrumentos de trading (negociação) ou hedge (proteção). Este trabalho vem contribuir ao esclarecimento da seguinte questão: as instituições de capital aberto evidenciaram informações referentes aos derivativos nas demonstrações financeiras de 2010 conforme o pronunciamento técnico CPC 40 e da Instrução CVM n.º 475? Objetivo O objetivo deste trabalho é verificar se a Companhia Gerdau S.A., uma instituição de capital aberto, evidenciou as informações referente aos derivativos nas demonstrações financeiras de 2010 de acordo com o pronunciamento técnico CPC 40 e da Instrução CVM n.º 475. Objetivos Específicos a) Analisar as Demonstrações Financeiras de 2010 Consolidadas da Companhia Gerdau S.A., uma instituição de capital aberto e que é negociada na BMF&Bovespa, sobre a evidenciação dos instrumentos financeiros derivativos. b) Verificar se a Companhia seguiu o pronunciamento técnico CPC 40 Instrumentos Financeiros: Evidenciação e da Instrução CVM n.º 475. Justificativa A obrigação da evidenciação dos Instrumentos Financeiros foi devido à convergência da Contabilidade Brasileira aos dos padrões internacionais, em que essa evidenciação não era comum na contabilidade no Brasil (DE ZEN; YATABE; DE CARVALHO, 2006). Essa adequação foi para melhor evidenciação dos

14 negócios da empresa. Segundo Lopes, Galdi e Lima (2009) a classificação dos instrumentos financeiros pelo conceito de valor justo, inclusive os derivativos, tem sido utilizado há mais de uma década nas normas emitidas pelo FASB e pelo IASB. As adequações estão sendo realizadas pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC, 2010). Nos últimos anos o volume de negócios com derivativos tem aumentado significamente no mundo conforme Saito e Schiozer (2007). Para Darós e Borba (2005) os derivativos são largamente comercializados no mercado financeiro internacional, inclusive no Brasil. As empresas de Sociedade Anônima deverão se adequar a essas normas e por isso é de grande importância este trabalho para que possa esclarecer o assunto, inclusive sobre Instrumentos Financeiros Derivativos, já que são práticas de grande complexidade e extensas. As operações referentes aos derivativos são de grande risco se não forem administradas corretamente, como caso das empresas que obtiveram grandes prejuízos no ano de 2008 devido a essas aplicações. Esta pesquisa pode ajudar a analisar como as empresas de capital aberto estão evidenciando os instrumentos financeiros e se estão demonstrando conforme as normas contábeis e da CVM de forma clara, ajudando o investidor a compreender as aplicações, as necessidades e se demonstram em suas notas explicativas a política de gerenciamento de risco através dos derivativos. Que este trabalho possa a ajudar aos interessados a propor outras discussões do assunto já que é de grande importância devido não somente por sua exigência legal, mas de melhor compreensão do assunto. Metodologia Visto que o objetivo deste trabalho é de verificar se a Companhia Gerdau S.A. evidenciou os instrumentos financeiros derivativos nas demonstrações financeiras do ano de 2010 conforme as normas vigentes, adotou-se os seguintes procedimentos de pesquisa, conforme metodologia proposta por Beuren (2009): a) Pesquisa bibliográfica, que irá aprofundar sobre o assunto de instrumentos financeiros derivativos e não-derivativos e gerenciamento de risco e dos pronunciamentos pelo CPC, e de como deve ser atualmente, inclusive a sua contabilização. A pesquisa bibliográfica, conforme Cervo e Bervian apud Beuren

15 (2009, p. 86), busca conhecer e analisar contribuições em pesquisas científicas já realizadas em um determinado assunto, tema ou problema; b) Pesquisa documental nas Demonstrações Financeiras do ano de 2010 da Gerdau S.A. e consolidadas, que possuí suas ações negociadas na BMF&Bovespa. A seleção desta Companhia foi de forma intencional levando em consideração os riscos de mercado que a obrigue a usar instrumentos derivativos para hedge (proteção). A pesquisa documental, conforme Beuren (2009, p. 89), baseia-se em materiais que ainda não receberam um tratamento analítico ou que podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa. c) O objetivo da análise será de verificar se a Companhia está evidenciando em suas Demonstrações Financeiras do ano de 2010 os instrumentos financeiros de acordo com o CPC 40 e a Instrução CVM n.º 475. Serão analisadas as seguintes demonstrações: Balanço Patrimonial, Demonstração de Resultado, Demonstração dos Outros Resultados Abrangentes, Notas Explicativas e Parecer dos Auditores.

16 2 MERCADO FINANCEIRO Para Lopes, Galdi e Lima (2009, p. 7) o Mercado Financeiro é composto por agentes e instrumentos para atender as necessidades de captação e aplicação de recursos, conforme os interesses de cada agente. Pinheiro (2001, p. 34) define que o Mercado Financeiro é composto por três grupos de participantes: empresas, famílias e governo. Esses grupos, conforme Pinheiro, podem assumir a condição de vendedores ou compradores, dependendo da sua necessidade. O Mercado Financeiro se diferencia com os mercados de bens duráveis ou de bens de consumo (PINHEIRO, 2001). É composto por ativos financeiros, que são títulos emitidos pelos agentes deficitários e que necessitam de recursos financeiros para financiamento. Estes estão divididos em três grupos distintos: títulos de renda fixa e variável, títulos patrimoniais e títulos derivativos. No Mercado Financeiro, existem os agentes superavitários (condição de vendedor de recursos) e agentes deficitários (condição de compradores de recursos), conforme Pinheiro (2001). Lopes, Galdi e Lima (2009) destacam a importância do Mercado Financeiro sobre as transferências de recursos entre agentes superavitários e deficitários. Esses mecanismos, conforme Lopes, Galdi e Lima (2009), possibilita a capacidade de consumo presente e futura e que sejam reinvestidos em atividades produtivas e assim impulsionado o desenvolvimento econômico. Os instrumentos financeiros são produtos decorrentes do Mercado Financeiro. Lopes, Galdi e Lima (2009, p. 14), salientam a preocupação na definição de um instrumento financeiro devido a complexidade e ao dinamismo dessas operações. Lopes, Galdi e Lima (2009, p. 14) definem um instrumento financeiro:...decorre de um contrato entre duas ou mais partes interessadas em realizar determinada transação de transferência de recursos. Contrato,

17 nessas definições, é um acordo mútuo entre duas ou mais partes que gere claras conseqüências econômicas e que as partes tenham pouca, se tiverem, discricionariedade para evitá-lo, normalmente porque o acordo é requerido a ser cumprido com base em alguma lei. Instrumento financeiro é um contrato que gera um ativo financeiro para um agente em contrapartida para outro agente um passivo financeiro ou título patrimonial (LOPES; GALDI; LIMA, 2009). Os ativos financeiros podem ser definidos como dinheiro, aplicações em depósitos bancários, recebíveis, investimentos em títulos de dívida e entre outros. Já os passivos financeiros, como exemplo, são contas a pagar, duplicatas a pagar, empréstimos obtidos e títulos emitidos. Exemplos de títulos patrimoniais são participações em entidades representadas em quotas em empresas limitadas e ações em empresas de sociedade anônima. No mercado financeiro brasileiro, os instrumentos financeiros são divididos em duas categorias: não derivativos e derivativos. 2.1 Instrumentos financeiros não derivativos Os instrumentos financeiros não derivativos são divididos nas seguintes categorias, conforme Lopes, Galdi e Lima (2009): 2.1.1 Títulos públicos federais São títulos de dívida emitidos pela União Federal para financiamento de suas atividades para aplicação na educação, saúde e investimentos em infraestrutura no Brasil. Esses títulos são populares devidos: Elevadas taxas de juros praticadas no Brasil; Alta liquidez e; Investimento de menor risco. Lopes, Galdi e Lima (2009, p. 17) relatam que por excesso de caixa, falta de investimentos mais rentáveis, minimização de riscos e outros são os motivos da procura desses títulos. As taxas de juros praticados por esses títulos são referencia para cálculos de custo de oportunidade de projetos e financiamentos. 2.1.2 Títulos de dívida privados São títulos de dívida emitidos pelas instituições privadas que buscam recursos para investimentos para atividades operacionais, projetos,

18 suprimento de capital de giro e outras mais. Lopes, Galdi e Lima (2009, p. 25) destacam as mais importantes: Debêntures: são títulos de dívida privados de médio e longo prazo onde seus detentores possuem direitos e garantias conforme os seus contratos. Elas podem ser públicas (sendo necessário registro na CVM) ou privadas. A vantagem dos emissores é que os juros pagos aos detentores podem ser deduzidos como despesas financeiras para abatimento de impostos e enquanto os dividendos, no caso de ações, não podem ser deduzidos. Notas Promissórias: são conhecidas também como commercial papers. São títulos de dívidas de curto prazo para pagamento aos seus detentores. A vantagem e a diferença das debêntures é agilidade da emissão. São usados normalmente para financiamento de capital de giro dos seus emissores. Eurobonds e títulos de dívidas emitidas no exterior: são captações de recursos obtidos no exterior. A vantagem desses títulos são a desburocratização e as taxas competitivas em relação do mercado financeiro nacional. Certificado de depósito bancário (CDB): são títulos emitidos pelos bancos para captação de recursos dos mesmos e vendidos ao público. 2.1.3 Ações Ações são títulos negociáveis de participação de uma entidade privada, isto é, uma empresa ou grupo empresarial. Lopes, Galdi e Lima (2009, p. 36) definem... representam a menor parcela do capital social de uma sociedade anônima. Já Pinheiro (2001, p. 111) relata que...representam parte do capital social de uma sociedade econômica, que confere ao seu possuidor o direito de participação de resultados da mesma. Os detentores destes títulos são chamados de acionistas. As ações são divididas em parcelas. O número dessas parcelas é que determina o quanto de participação este acionista representa nesta empresa, emissora desse título. O que leva o investidor a compra desses títulos são as remunerações de dividendos, isto é, o resultado que estas empresas podem oferecer aos seus investidores. Existe também a figura, no caso do Brasil, a remuneração de juros sobre o capital próprio que somente se diferencia pela tributação em relação aos dividendos. O outro

19 interesse dos investidores referente as ações é o ganho de capital, isto é, vender suas ações pelo valor maior do que investido inicialmente. Os riscos destes investimentos segundo Lopes, Galdi e Lima (2009) são: Prejuízos acumulados da empresa, não havendo assim a distribuição de dividendos; Preços cotados abaixo do que foi investido inicialmente e; Dissolução (default) da empresa. As ações podem ser negociadas em capital fechado e aberto. No capital fechado são negociados somente para um grupo de interesse, praticamente da mesma forma que uma empresa de sociedade limitada, mas de legislação diferente. Já no capital aberto, as ações são negociadas nas bolsas de valores, no caso brasileiro, na BM&F Bovespa e emitidos em ações ordinárias e preferenciais. Pinheiro (2001, p. 111) esclarece o que são ações ordinárias e preferenciais: Ações ordinárias são os que dão direitos na participação da administração da sociedade empresária, significando que têm direito a voto; Ações preferenciais são os que dão direito aos privilégios, por exemplo, de recebimento preferencial de dividendos e rentabilidade e entre outros. Em troca não têm direito a voto nas decisões da empresa. 2.1.4 Fundo de investimentos São fundos constituídos por um grupo de investidores, sendo deliberado por um administrador. Conforme Lopes, Galdi e Lima (2009, p. 38) esses fundos são constituídos em forma de condomínio e que têm um objetivo comum. Neste grupo podem estar pessoas físicas e jurídicas e possibilita uma diversificação de vários investimentos já apresentados acima para melhorar o nível de risco e retorno. A administração deste fundo é realizada por pessoas jurídicas autorizadas pela CVM e que geralmente são bancos ou entidades para específico fim. 2.2 Instrumentos financeiros derivativos Lopes, Galdi e Lima (2009, p. 38) dizem que o instrumento financeiro derivativo surgiu devido a necessidade de diminuir incertezas referente a

20 determinada atividade e que passou a ser fundamental sua utilização no moderno gerenciamento de risco. Afirma que esses instrumentos passaram a ser utilizados como hedge e especulação. Em sua evolução histórica, Lopes, Galdi e Lima (2009, p. 39) relatam que a criação de derivativos está relacionada à sazonalidade dos produtos agrícolas. Enquanto a colheita se concentrava em certo período do ano, o consumo era constante o ano todo pelas indústrias e demais consumidores. A criação dos derivativos serviu para diminuir as incertezas de preços de uma plantação de hoje que será comercializada futuramente. Lopes, Galdi e Lima (2009, p.21) relatam que as primeiras bolsas organizadas que negociavam mercadorias no futuro surgiram no Japão por volta do século XVIII no ano de 1730. Silva Neto (2002, p. 20) diz que o arroz, além de ser usado como alimento básico, era usado como facilitador de trocas, quase-moedas. Vários preços foram estabelecidos através do arroz. O problema que devido ao local produzido, quantidade, problemas de colheitas e outros fatores os preços não tinham estabilidade, com isso causando incertezas neste mercado. Um comerciante, começou a perceber esses efeitos e começou a comercializar essa commodity (mercadoria) em vários pontos através de bandeira, que era a diferenciação de preços em cada região, e assim monitorando o preço. O mercado surgiu então mais especificamente em Osaka com a Bolsa de Arroz de Osaka. Para facilitar a negociação eram levados somente amostra de arroz nesta bolsa, mostrando a qualidade do arroz a ser colhido (SILVA NETO, 2002, p. 21). Com isso eram negociados contratos longos sem a entrega da mercadoria e nem do dinheiro, mas somente do preço e quantidades acordadas no futuro. Com isso o comprador garantia a compra sem o risco que a cotação do arroz fosse alta no momento da realização da compra. As bolsas americanas foram as primeiras a lançar contratos futuros de ativos financeiros (SILVA NETO, 2002, p. 13). Os derivativos se diferenciam dos outros instrumentos financeiros pela variação de preços dos ativos negociados no mercado financeiro. Lopes, Galdi e Lima (2009, p.16) dizem que um derivativo é um instrumento financeiro com as seguintes características: a) seu valor se altera em resposta às mudanças de uma taxa de juros especificada, do preço de um instrumento financeiro, do preço de commodities, de taxas de câmbio, de um índice de preços ou taxa, de rating

21 de crédito ou índice de crédito, ou outras variáveis, selecionadas no caso de variáveis não financeiras não relacionadas a uma parte do contrato; b) não requer investimento inicial líquido ou requer um investimento inicial líquido que é menor do que seria necessário no caso de outros contratos com respostas similares às mudanças nos fatores de mercado; e c) será liquidado em data futura. Para Pinheiro (2001, p. 155) são... contratos cujos valores e características de negociação estão vinculados aos ativos que lhes servem de referência, ou seja, são ativos financeiros que dependem (ou derivam) de valores de outras variáveis básicas. Com o desenvolvimento deste mercado, Silva Neto (2002) diz que este levou à especialização de seus participantes conforme o relacionamento do produto: a) Hedger: o objetivo deste participante é de proteger o preço de um produto, recebíveis em outra moeda ou com taxa de juros variáveis e de um ativo financeiro, tanto na venda como na compra. A expectativa é de que se houver uma variação muito grande de preço, é de que este agente não sofra grandes perdas, mas que em contrapartida poderá não ter grandes ganhos, já que contratado, deverá devolver os ganhos acima do preço acertado. É importante destacar para a classificação de um hedge (garantia de preço) é de verificar se os contratos representam o bem a ser protegido, caso contrário esse participante não poderá ser caracterizado como hedger; b) Especulador: o papel deste participante é contrário a um hedger, ele assume os riscos. A expectativa é de que entre a variação dos preços e o contrato de preço futuro, ele pode obter ganhos pelos riscos não assumidos pelo hedger. Para Silva Neto (2002), ele é responsável pela formação futura dos preços por assumir os riscos, buscando o maior número de informações sobre o bem negociado e sua expectativas futuras sobre o comportamento dos preços; c) Arbitrador: São agentes que regulam os preços a vista com o futuro através de operações concomitantemente nestes dois segmentos. Um exemplo de Silva Neto (2002) é quando o mercado tem a informação de que um preço no futuro está caro e que há ganhos sem riscos no futuro. O arbitrador, para equilibrar o preço, compra este ativo no mercado a vista, fazendo o preço subir, e vende mais contratos futuros para que baixe o valor, até encontrar um equilíbrio

22 entre o a vista e o futuro. Estes agentes são geralmente grandes bancos que possuem uma fonte de financiamento barato e baixo custo operacional. d) Market maker: são especialistas em determinados produtos e papéis e que gozam de redução de custos operacionais e possuem preferência de qualquer negócio, mas que em contrapartida, deverão oferecer preços de compra e venda em que se especializaram. São normalmente banco ou corretoras que operam em determinado mercado. Segue os produtos e contratos mais usados de derivativos no mercado financeiro. 2.2.1 Contratos futuros e a termo Os contratos futuros e a termo são praticamente de mesmas características. Esses contratos garantem que os preços dos ativos em negociação permanecem em um valor determinado em uma data futura, garantindo que as variações desses preços no mercado não afetem a negociação para entrega em data futura (LOPES; GALDI; LIMA, 2009). Os contratos a termo estabelece o preço no futuro, a quantidade da mercadoria, a qualidade e o vencimento, sendo que o vendedor fica na posição de vendido e o comprador na de comprado, fixando o seu preço. Conforme Silva Neto (2002), as bolsas perceberam que os contratos a termo eram difíceis de serem negociadas, já que cada contrato era diferente e tinham suas características próprias. Com a necessidade de negociação, foram criados os contratos futuros, padronizando os limites de qualidade, quantidade e prazos, facilitando assim a negociação desses antes de seu vencimento. Para Lopes, Galdi e Lima (2009, p. 44) a padronização desses contratos para contratos futuros, facilitou a liquidez desses contratos, havendo a transferência de risco garantindo maior a presença desses especuladores. Como mencionado no item anterior, é necessário à presença desses especuladores para que este assuma o risco do item protegido do hedger. A principal diferença entre os contratos a termo e os contratos futuros é a existência de ajuste diário e não é necessária a entrega da mercadoria para estes últimos. A seguir um quadro comparativo elaborado por Lopes, Galdi e Lima (2009, p. 44):

Quadro 1: Comparação entre contratos a termo e contratos futuros Características Futuros A termo Objetivo Proteção contra variações nos preços e especulação sem que haja na maioria das vezes Proteção contra variações nos preços, normalmente com entrega do produto contratado transferência das mercadorias Negociabilidade Podem ser negociados antes Não são negociados do vencimento Responsabilidade Câmara de Compensação Partes contratantes Qualidade/Quantidade Estabelecido pela Bolsa Estabelecido pelas partes Local de Negociação Bolsa de Futuros Estabelecido pelas partes Sistema de Garantias Sempre haverá garantias Nem sempre existirão Vencimentos Estabelecidos pela Bolsa de Futuros Normalmente negociados pelas partes Participantes Qualquer pessoa física ou Produtores ou consumidores jurídica Ajuste Diários No vencimento Variações nos Preços Diárias Não muda o valor do contrato Porte dos Participantes Pequenos, médios e grandes Grandes Credibilidade Fonte: Lopes, Galdi e Lima (2009, p. 44) Não é necessário dar comprovação de boa situação creditícia É normalmente exigido um alto padrão de crédito 23 2.2.2 Opções Silva Neto (2002, p. 87) define que Opção... é um instrumento que dá a seu titular, ou comprador, um direito futuro sobre algo, mas não uma obrigação; e a seu vendedor, uma obrigação futura, caso solicitado pelo comprador da opção. A diferença das opções com os contratos futuros é que no primeiro a obrigação da liquidação entre as partes, já o segundo, o titular detém o direito de exercer ou não compra ou a venda do título (LOPES; GALDI; LIMA, 2009). Nas negociações de opções, o titular, o que busca o direito de comprar ou vender em data futura, deverá pagar pelo um prêmio ao lançador, vendedor da opção que o obriga a vender ou comprar caso o titular queira exercer esse direito. Os contratos de opções são: opções de compras (calls) e opções de vendas (puts). Segue o quadro explicativo elaborado por Lopes, Galdi e Lima (2009, p. 75):

Quadro 2: Direitos e Obrigações nos Contratos de Opções Opção Posição Call Titular Direito de comprar o ativoobjeto pelo strike Lançador Obrigação de vender o ativoobjeto pelo strike, se exercido Fonte: Lopes, Galdi e Lima (2009, p. 75). Put 24 Direito de vender o ativo-objeto pelo strike Obrigação de comprar o ativoobjeto pelo strike, se exercido As Bolsas, conforme Silva Neto (2009, p. 88), criaram um sistema de classificação em que um contrato de opção deverá ter. Deverá conter o ativo objeto, prazo de vencimento, que é a data que poderá ser exercido o direito de compra e venda, e preço de exercício, isto é, o preço futuro da opção que poderá ser exercida. 2.2.3 Swaps Em sua tradução, swap significa troca. Silva Neto (2002, p. 70) define...um contrato de derivativo por meio do qual as partes trocam fluxo financeiro de uma operação sem trocar o principal. Lopes, Galdi e Lima (2009, p. 85)... é uma estratégia financeira em que dois agentes concordam em trocar fluxos futuros de caixa de uma forma preestabelecida. Os contratos de swaps surgiram na década de 80 em que se trocavam o principal mais os juros em uma moeda pelo principal mais os juros em outra moeda e assim diminuindo os riscos nas flutuações de câmbio nos mercados futuros. Hoje geralmente são negociados trocas de taxa de juros fixas por flutuantes e vice-versa (LOPES; GALDI; LIMA, 2009).

25 3 GERENCIAMENTO DE RISCO Gerenciamento de Risco é a gestão em que se busca minimizar ou até anular os riscos em que um negócio ou investimento sofrem para uma possível dissolução ou prejuízo. Duarte Junior (2011) define que qualquer operação financeira está sujeito ao risco é desdobrado em quatro grandes grupos: risco de mercado, risco operacional, risco de crédito e risco legal. Abaixo estão a definições por Duarte Junior (2011) os grupos de riscos: O Risco de Mercado são os comportamentos de preços dos ativos. O Risco Operacional está ligado à capacidade técnica e administrativa dos gestores, controle e sistemas na eficiência destes. Risco de Crédito é a capacidade de pagamentos e honra aos compromissos assumidos. Risco Legal é a capacidade de um contrato ou acordo estar amparado pela Lei. Kimura (2005) argumenta que devido às diversificações dos mercados, as organizações empresariais estão mais expostas aos diversos fatores de riscos. Observa que no mundo real, a prática da gestão de riscos gera valor e que programas de gestão de risco evitam endividamento excessivo ou que proteja a liquidez das empresas. Um exemplo onde está associado a gestão de risco é o mercado de agronegócios. Bignotto (2004, p. 26) relata que essas organizações estão expostas a frequentes exposições nas oscilações de produção, qualidade e preço. Um dos meios utilizados para proteção de preço, que pode ser definido com o termo em inglês como hegde, são os contratos de mercado futuro, denominado como derivativos.

26 Silva Neto (2002) defende a implantação de uma gestão de risco que deve estabelecer limites, definir procedimentos, sendo a principal ferramenta para um profundo controle e conhecimento das exposições geradas pelas suas operações. Esse controle deverá ser transparente que é somente possível por um sistema de mensuração de risco eficiente, documentado e com atribuições muito bem definidas. Recomenda Silva Neto (2002) que o acompanhamento de uma auditoria interna é fundamental e deverá ser completa, desde sua concepção, determinação, cumprimento de objetivos, fórmulas e procedimento usados. 3.1 Uso de Instrumentos Financeiros e Derivativos no Gerenciamento de Risco Conforme Saito (2005), ha um crescimento considerável no volume de negócios referente aos derivativos. Stulz apud Saito (2005) diz que o gerenciamento de risco é de grande importância para distribuição de probabilidades de resultado e assim diminuindo grandes prejuízos caso haja. Conforme Silva Neto (2002), os instrumentos de derivativos já foram as causas de perdas astronômicas de bilhões de dólares. Essas perdas são devidas, na maioria dos casos, ao mau gerenciamento de risco envolvendo os derivativos. Lopes, Galdi e Lima (2009, p. 262) argumentam que o controle gerencial em relação aos derivativos tem recebido uma atenção muito especial, pela retrospectiva histórica e alguns anos recentemente, devido aos problemas decorrentes na utilização desses instrumentos. São questionáveis os motivos que levaram essas instituições internacionalmente respeitadas a sofrer perdas significativas. Lopes, Galdi Lima (2009, p. 263) salientam que existem diferenças básicas no desenvolvimento de controle interno de derivativos em relação às operações da empresa e que podem ser resumidas da seguinte forma: Velocidade das operações: devido a facilidade nas negociações, a alta liquidez e valores que podem ser negociados até maior que o montante do patrimônio líquido em questão de minutos, as informações somente dos relatórios contábeis de periodicidade mensal não são suficientes. Deverá ser feito um acompanhamento das informações várias vezes no mesmo dia conforme a organização em questão e das operações que estão sendo realizadas;

27 Grau de alavancagem: operações com derivativos alavancam um volume enorme de recursos com desembolsos iniciais pequenos. Devido a isso, o risco de prejuízos é muito grande em relação dos valores investidos. Quanto maior a probabilidade de prejuízo, mais atenção do controle organizacional em acompanhar esse processo conforme comentado no item anterior; Complexidade das operações: a compreensão dos mecanismos do funcionamento dos derivativos e afins não é tão simples já que modernos mecanismos de precificação e de desenvolvimento das estratégias operacionais envolve um instrumental quantitativo que deverá ser compreendido pelo controle interno e controladoria. No gerenciamento de risco, as empresas buscam no mercado financeiro, conforme já mencionado, os derivativos para proteção de qualidade, prazo e preço, assim protegendo sua empresa de oscilações, denominado como hedge. Saito (2005) realizou uma pesquisa para testar a hipótese se os gestores brasileiros utilizam os derivativos com o propósito principal de gerenciar riscos e não com fins especulativos. A pesquisa apresentou que os brasileiros utilizam derivativos principalmente de proteger a empresas de riscos, conforme questionários enviados e respondidos por estas empresas, mas que embora a maioria das empresas remunerem seus gestores pelos resultados podendo levar a desincentivar estes tal comportamento por parte destes gestores. O mercado presenciou que com a crise americana de 2008, as empresas brasileiras obtiveram grandes prejuízos em relação ao uso de derivativos. Para Lopes, Galdi e Lima (2009, p. 264) era difundida nessas empresas que devido ao fato de não realizarem operações relevantes com derivativos, não necessitavam de controle adequado. Se é ou não relevante possui um subjetividade enorme devido à alavancagem envolvida, como uma operação de opção lançada que pode causar mais prejuízos à uma indústria do que todas as atividades de sua planta de produção. Silva Neto (2002), diz sobre o sistema de gerenciamento de risco referente aos derivativos que: O objetivo principal do sistema é assegurar que as operações, posições, concessão de crédito, assim como os produtos derivativos desenvolvidos

pela instituição não ultrapassem determinados níveis de risco que comprometam a sanidade financeira da instituição. 28 Conforme Lopes, Galdi e Lima (2009, p. 264) é importante a criação de um ambiente de controle onde pode abordar o controle de suas atividades e de que maneira esta identifica os riscos. Deverá ter um compromisso organizacional de toda empresa como o pessoal da alta administração, gerentes, comitês de auditoria, controle de riscos e outras mais. Se não houver este envolvimento, como responsabilidades bem definidas, dificilmente este ambiente de controle sairá do papel. O primeiro passo se uma empresa começa a trabalhar com derivativos é que todos que trabalharão e cuidarão deste aspecto como os operadores, gestores, controllers, financeiro entre outros tenha o conhecimento completo e profundo dessas operações. Deverá ocorrer também a identificação dos riscos referente ao posicionamento e ativos que a empresa possuí.

29 4 CONTABILIZAÇÃO E EVIDENCIAÇÃO DOS INSTRUMENTOS FINANCEIROS DERIVATIVOS NAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS A contabilização e a evidenciação dos instrumentos financeiros se tornou muito importante para gestores e investidores. Para Darós e Borba (2005) o objetivo da Contabilidade é de gerar informações e essa tarefa tem se tornado cada vez mais complexa nos últimos anos devido, principalmente, ao desenvolvimento e volatilidade do sistema financeiro. A complexidade tem aumentado devido a sua sofisticação de cálculos e com isso despertado atenção para o seu reconhecimento e mensuração na situação patrimonial e evidenciá-los de maneira correta. Os derivativos eram tratados como itens fora do balanço. Em 1986, o orgão normativo de contabilidade dos Estados Unidos, o FASB, iniciou um projeto para incluir essas operações no balanço (DE ZEN; YATABE; DE CARVALHO, 2006). O trabalho somente ficou concluído no ano de 1998 com SFAS 133, Accounting for Derivatives Instruments and Hedging Activites, documento que regulamenta a contabilização e evidenciação dessas operações daquele país. O IASB, orgão regulamentador das normas internacionais de contabilidade, emitiu o IAS 39, Financial Instruments: Recognition and Measurent em 1998 e que produziu efeitos em 2011. O IAS 39, IAS 32 e IFRS 7 estão sendo substituídos pelo IFRS 9, Financial Instruments e que serão obrigatórios nas demonstrações financeiras a partir do ano de 2013. No Brasil, conforme Lopes, Galdi e Lima (2009), o reconhecimento, mensuração e evidenciação de instrumentos financeiros e derivativos iniciou-se a partir da alteração da Lei 6.404/76 através da Lei 11.638/07, que teve o seu texto alterado pela Medida Provisória 449/08 e que logo transformada em Lei 11.941/09. O objetivo desta Lei era possibilitar a convergência das normas brasileiras de contabilidade às normas internacionais de contabilidade, já que o Brasil é membro da IFRS.

30 O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) surgiu a partir da união de esforços e comunhão de objetivos das seguintes entidades: ABRASCA, APIMEC NACIONAL, BOVESPA, Conselho Federal de Contabilidade, FIPECAFI e IBRACON. O objetivo do CPC é de emitir pronunciamentos técnicos sobre procedimentos de contabilidade e divulgação dessas informações, visando à centralização e padronização, inclusive a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais. A convergência das Normas Brasileiras de Contabilidade às Normas Internacionais de Contabilidade ocorrem quando são aprovadas pelo Conselho do CPC e pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC). Os Pronunciamentos Contábeis são transformados em Normas Brasileiras de Contabilidade com a sigla NBC TG com o número correspondente ao CPC. Por exemplo, o CPC 38, aprovada pelo CFC, se transforma em NBC TG 38. O CPC emitiu o pronunciamento técnico CPC 14, específico sobre os instrumentos financeiros desde a mudança da Lei. O CPC 14 foi substituído pelos pronunciamentos CPC 38, CPC 39 e CPC 40, que correspondem as normas internacionais IAS 32, IAS 39 e IFRS 7. 4.1 Conceitos sobre os instrumentos financeiros O CPC 39 apresenta alguns conceitos importantes sobre os instrumentos financeiros, conforme demonstrados a seguir: Instrumento Financeiro:...é qualquer contrato que dê origem a um ativo financeiro para a entidade e a um passivo financeiro ou instrumento patrimonial para outra entidade... Ativo Financeiro:... é qualquer ativo que seja: (a) caixa; (b) instrumento patrimonial de outra entidade; (b) direito contratual (i) de receber caixa ou outro ativo financeiro de outra entidade ou (ii) de troca de ativos financeiros ou passivos financeiros com outra entidade sob condições potencialmente favoráveis para entidade; (d) um contrato que seja ou possa vir a ser liquidado por instrumentos patrimoniais da própria entidade... Passivo Financeiro:... é qualquer passivo que seja : (a) uma obrigação contratual de (i) entregar caixa ou outro ativo financeiro a uma entidade ou (ii) trocar ativos

31 financeiros ou passivos financeiros com outra entidade sob condições que são potencialmente desfavoráveis para a entidade e (b) contrato que será ou poderá ser liquidado por instrumentos patrimoniais da própria entidade. Instrumento patrimonial:... é qualquer contrato que evidencie uma participação nos ativos de uma entidade após a dedução de todos os seus passivos. 4.2 Conceitos sobre avaliação dos instrumentos financeiros Conforme Lopes, Galdi e Lima (2009), as normas contábeis em relação aos instrumentos financeiros apresentam alguns conceitos sobre a avaliação destes. Os conceitos estão apresentados a seguir. 4.2.1 Valor Justo O conceito do valor justo pode ser definido como...montante pelo qual um determinado item poderia ser transacionado entre participantes dispostos e conhecedores do assunto, numa transação sem favorecimento... conforme tradução sugerida de Indícibus e Martins (2007) do livro Insights into IFRS, editado pela KPMG. O CPC 39 define valor justo como... montante pelo qual um ativo poderia ser trocado, ou um passivo liquidado, entre partes com conhecimento do negócio e interesse em realiza-lo, em uma transação em que não há favorecidos. A avaliação dos ativos e passivos pelo custo histórico são utilizados desde o uso das partidas dobradas na contabilidade (INDÍCIBUS E MARTINS, 2007) e que a utilização do valor justo nas avaliações patrimoniais levam a subjetividade dos valores e passam por cima sobre as formas tradicionais de avaliação. O termo conceitual de valor justo poderia ser o valor de mercado (INDÍCIBUS E MARTINS, 2007), mas essa diferenciação é importante já que o valor de mercado poderá não existir para um determinado ativo e assim atribuindo o conceito o valor justo tanto para os itens com cotação no mercado ou não. Conforme Lopes, Galdi e Lima (2009), a determinação do valor justo deverá ser complexa quando o ativo não é transacionado em um mercado ativo ou até os preços de negociação possam estar distorcidos. Indícibus e Martins (2007) relacionam em seu artigo os ativos e passivos, conforme as normas de contabilidade, que podem ser mensurados pelo valor justo conforme a seguir: