CONTROLE BIOLÓGICO DE ÁCAROS FITÓFAGOS COM ÁCAROS PREDADORES NO BRASIL
O CONTROLE BIOLÓGICO COM ÁCAROS PREDADORES É BASEADO NO USO DE ESPÉCIES DA FAMÍLIA PHYTOSEIIDAE, PREDADORES EFICIENTES DE ÁCAROS-PRAGA. Neoseiulus californicus Typhlodromalus limonicus Phytoseiulus macropilis Fotos: Roberto Nicastro
Controle Biológico de Panonychus ulmi
Sintomas causados por P. ulmi Bronzeamento de folhas de macieira
Panonychus ulmi - Ovos de diapausa
Neoseiulus californicus é utilizado no controle biológico do ácaro-vermelho da macieira, Panonychus ulmi, em Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com grande sucesso
Panonychus ulmi e predador Neoseiulus californicus
Neoseiulus californicus *Ocorre em regiões semitropicais e temperadas da América do Sul, do sul da Califórnia e do sul da Europa. *Nos Estados Unidos, tem sido liberado para o controle de tetraniquídeos em uma grande diversidade de culturas, incluindo morango, maçã, hortelã e pelo menos cinco espécies de plantas ornamentais.
Estufa de criação do ácaro predador Neoseiulus californicus Ácaro-rajado serve de alimento para N. californicus
Estufa de criação do ácaro predador Neoseiulus californicus
Monteiro (2002) Em 1992/93 outubro a dezembro: liberação de predadores em 82 ha da variedade Gala e 46 ha da variedade Fuji janeiro a abril: 8.800.000 predadores, sendo 40 ha de Gala e 64 ha de Fuji.
1993/94 e 1994/95 Houve uma ocorrência natural de Neoseiulus californicus Foi possível reduzir a produção de predadores em 70% com liberação em áreas problemas, por ex. na beira de estrada (por causa da poeira).
Neoseiulus californicus apresenta uma resistência maior a condições ambientais desfavoráveis e a acaricidas, em comparação com outras espécies de Phytoseiidae. Em macieira sobrevive ao inverno do RS e SC permanecendo na área de um ano para o outro. Apresenta resistência aos acaricidas propargito, flufenoxurom, fenpropatrina, cihexatina, clorfenapir e azadiractina.
Efeito do controle biológico do ácaro vermelho da macieira, Panonychus ulmi, com o predador Neoseiulus californicus sobre o uso de acaricidas. Fraiburgo, Santa Catarina.
Laboratório de Manejo Integrado de Pragas (LAMIP): A partir de 1992 foi implantado um modelo de controle biológico aplicado para Panonychus ulmi em macieira, baseado na criação de Neoseiulus californicus. Desde 1995, as empresas produtoras de maçãs de Fraiburgo (SC,) utilizam esta técnica, o que reduziu cerca de 90% dos custos com acaricidas. A área é superior a 7.000 ha (março de 2007). Atualmente há 3 biofábricas em Fraiburgo (SC) para a multiplicação de N. californicus e 1 na Lapa (PR).
CONTROLE BIOLÓGICO DO ÁCARO-RAJADO Tetranychus urticae KOCH EM MORANGUEIRO
0,5 mm
Roberto Lomba Nicastro
Roberto Lomba Nicastro
Foto: Miguel Michereff
Fotos: Miguel Michereff Figura 1. Folhas de morangueiro infestadas com o ácaro-rajado, Tetranychus urticae. A-B sintomas típicos do ataque inicial da praga; C planta coberta por teias do ácaro-rajado e D fêmea adulta do ácaro-rajado.
Roberto Lomba Nicastro
Roberto Lomba Nicastro
CONTROLE SEMPRE FOI FEITO COM ACARICIDAS COM GRANDE RISCO DE CONTAMINAÇÃO DOS FRUTOS
Roberto Lomba Nicastro
Roberto Lomba Nicastro
A SELEÇÃO DE INDIVÍDUOS RESISTENTES EM POPULAÇÕES DE Tetranychus urticae DEVIDO À APLICAÇÃO INTENSIVA DE ACARICIDAS É EXTREMAMENTE FREQUENTE
Nicastro (2009)
Resistência já constatada em populações de Tetranychus urticae coletadas em cultura de morango para: abamectina (alta resistência) clorfenapir (resistência estável) propargito (frequência de 40-60%) espiromesifeno (frequência de 30%) etoxazole (frequência de 30%) fempiroximato clofentezina SATO, M.E. (2013) comunicação pessoal
Controle biológico com ácaros predadores Duas espécies da Família Phytoseiidae: Phytoseiulus macropilis (Banks) Neoseiulus californicus (McGregor)
CLASSIFICAÇÃO DOS ÁCAROS DA FAMÍLIA PHYTOSEIIDAE DE ACORDO COM O TIPO DE ALIMENTAÇÃO TIPO I: PREDADORES ESPECIALIZADOS Subtipo I-a: predadores especializados de Tetranychus spp. Representado só por Phytoseiulus spp. Alto potencial para aumento da população; rapidamente atingem a fase adulta e apresentam alta fecundidade. Alto consumo da presa.
TIPO II: PREDADORES SELETIVOS DE TETRANYCHIDAE Gêneros: Galendromus Neoseiulus (N. fallacis; N. californicus) Typhlodromus rickeri Embora possam predar facilmente tetraniquídeos de pouca teia, têm preferência por Tetranychus spp. Algumas espécies podem predar ácaros de outras famílias: Tarsonemidae, Eriophyidae, Tydeidae.
Vantagens e desvantagens dos tipos I e II
Phytoseiulus macropilis especialista em Tetranychus spp. Exerce uma grande predação sobre o ácaro rajado e morre ou migra para outros locais na falta da presa. É sensível a acaricidas. Deve ser usado para populações mais elevadas do ácaro rajado.
Neoseiulus californicus alimenta-se de várias espécies mas tem preferência por aquelas do gênero Tetranychus. Menor capacidade de predação do ácaro-rajado, mas pode permanecer na área com alimento alternativo. É resistente a alguns acaricidas como propargito e azadiractina. Para ser eficiente deve ser liberado no início da infestação.
MONITORAMENTO DO ÁCARO-RAJADO Na fase vegetativa da cultura, inspecionar semanalmente a área à procura dos sintomas iniciais. Na fase de produção, a atividade de colheita permite o exame diário das plantas. Folíolos com sintomas devem ser examinados com uma lupa de 20X de aumento.
Planta sadia de moranguei
Danos da infestação de ácaro rajado
Sintomas iniciais da infestação de ácaro rajado
Fotos: Miguel Michereff Figura 1. Folhas de morangueiro infestadas com o ácaro-rajado, Tetranychus urticae. A-B sintomas típicos do ataque inicial da praga; C planta coberta por teias do ácaro-rajado e D fêmea adulta do ácaro-rajado.
Monitoramento do ácaro-rajado na cultura do morangueiro utilizando-se lupa com vinte vezes de aumento. Foto: Rafael Luis Philippus.
Liberação dos predadores: -monitoramento correto para detectar reboleiras; -aplicação no início da infestação, nas reboleiras; -com 2 a 3 ácaros-rajados por folíolo de morangueiro Acima de 5 ácaros/folíolo é inviável para Neoseiulus californicus.
Com infestação alta de Tetranychus urticae é possível aplicar um acaricida seletivo para diminuir a população, por exemplo o propargito ou a azadiractina, e depois liberar Neoseiulus californicus. Phytoseiulus persimilis não deve ser associado com acaricidas porque é um ácaro mais suscetível.
NO BRASIL É POSSÍVEL ADQUIRIR DE EMPRESAS PRODUTORAS: Phytoseiulus macropilis e Neoseiulus californicus para controle do ácaro rajado Neoseiulus barkeri para controle do ácaro branco
PROMIP - www.promip.agr.br Neoseiulus californicus e Phytoseiulus macropilis para controle de ácaro-rajado Tetranychus urticae em roseira, gérbera e morangueiro Comercialização (Embalagens aprovadas pelo MAPA) *Frasco de polipropileno com 500, 1.000, 5.000 e 10.000 ácaros predadores em vermiculita ou casca de arroz. *Sachê de TNT com 200 a 1.000 ácaros predadores.
MUNICÍPIO DE TOCOS DO MOJI/MG
TEMPO DE PRATELEIRA DEPENDENDO DA FORMA DE PRODUÇÃO PODE SER DE 7 A 45 DIAS
É POSSÍVEL A PRODUÇÃO DE ÁCAROS PREDADORES PELO PRODUTOR 1. Feijão ou feijão-de-porco em potes ou sacos plásticos 2.Infestar com ácaro-rajado 3.Quando houver uma alta infestação, colocar o ácaro predador 4.O ácaro predador pode ser coletado em áreas de cultivo de morangueiro onde é provável que ocorram naturalmente 5.Quando a população do ácaro-rajado for baixa e a do predador estiver alta é o momento de liberar no campo
Estufa de criação do ácaro predador Neoseiulus californicus Ácaro-rajado serve de alimento para N. californicus
TIPO III: GENERALISTAS Phytoseius, Iphiseiodes,Typhlodromus; Amblyseius; Neoseiulus (parte) Predam várias espécies de gêneros e famílias diferentes. Algumas espécies podem predar tripes e mosca-branca. Podem se alimentar de pólen e exsudatos de plantas. TIPO IV: GENERALISTAS COM USO DE PÓLEN Euseius spp. (200 espécies), Iphiseius, Iphiseiodes Espécies polífagas; Potencial reprodutivo é maior com pólen em muitas espécies. Aumento populacional pode ser correlacionado mais com liberação de pólen do que com a presença da presa. Potencial reprodutivo médio.
TIPOS III E IV São ácaros importantes no manejo de pragas em diferentes culturas. Para sua manutenção nas áreas devem ser adotadas medidas de proteção. Iphiseiodes zuluagai e Euseius spp.
Iphiseiodes zuluagai Euseius spp. Parra, Oliveira, Pinto (2003)
O gênero Euseius é muito comum no Brasil, onde ocorrem: Euseius citrifolius Euseius concordis Euseius alatus, entre outros Essas espécies são referidas como ácaro pera e ocorrem com frequencia e abundância na cultura de citros Euseius citrifolius é a espécie da família Phytoseiidae mais frequente e abundante em cultura de seringueira, onde é relatado predando o ácaro-vermelho, Tenuipalpus heveae
Euseius citrifolius Tenuipalpus heveae Foto: Maressa P. Casali
Número de ovos e ácaros predados 16 14 12 10 8 6 4 2 0 ovos larvas ninfas adultos 24 horas 48 horas 72 horas Fases de T. heveae Número médio de ovos e ácaros de Tenuipalpus heveae predados por fêmeas adultas de Euseius citrifolius durante 24, 48 e 72 h. Ilha Solteira SP, 2005. Monteverde (2006)
Neoseiulus barkeri No Brasil está sendo comercializado para controle: ácaro branco Polyphagotarsonemus latus e várias espécies de tripes Culturas: berinjela, pimentão, pimenta, tomate, feijão, algodão, morango, mamão, uva, pinhãomanso, ornamentais, outras. http://www.youtube.com/watch?v=owjwfyrutcw&lr=1
Relação predador/presa de 1:10 Martins, Venzon, Rodríguez-Cruz (2013) Fitoseídeos no controle do ácaro-branco em pimentamalagueta
Relação predador/presa de 1:10 Martins, Venzon, Rodríguez-Cruz (2013) Fitoseídeos no controle do ácaro-branco em pimenta-malagueta