unesp JABOTICABAL Programa Coleta de Óleos de Fritura



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unesp JABOTICABAL Programa Coleta de Óleos de Fritura

Desde maio de 2004 o LADETEL USP / RP desenvolve o projeto de reciclagem de óleo de fritura. O óleo de fritura usado é recolhido e enviado ao LADETEL / USP RP para ser transformado em biodiesel. Lugar de óleo de cozinha usado não é na pia. EQUIPE RESPONSÁVEL Esta reciclagem é uma das ações do projeto biodiesel Brasil que visa a transformação deste resíduo em combustível. Além de entupir as redes de esgoto, o óleo pode impermeabilizar o solo e as margens dos rios, piorando ainda mais o quadro de enchentes. (Você sabia que 1 litro de óleo polui cerca de 10.000 litros de água limpa?) Faça sua parte Prof. Dr. Miguel J. Dabdoub Coordenador do Projeto Biodiesel Brasil - USP/RP Daniel Armelim Bortoleto Coordenador do Projeto Biodiesel em Casa e nas Escolas Vinicius Demacq Sellani Editoria Gráfica e Divulgação Márcia Alexandra Rampin Controles e Revisão Cássio Pedro da Silva Apoio e Logística O projeto contribui para uma pesquisa científica e para a limpeza de nossa cidade. Coloque o óleo usado numa garrafa plástica e entregue na sua escola ou postos de troca.

óleos e gorduras A conscientização popular da importância de um destino adequado aos óleos vegetais residuais, conciliando com implantação do Biodiesel na matriz energética brasileira, é o objetivo do LADETEL (Laboratório de desenvolvimento de tecnologias limpas) e da USP de Ribeirão Preto. Frota da Companhia. de Bebidas Ipiranga (B5-5% de Biodiesel) O biodiesel é o futuro substituto do óleo diesel e o Brasil, com seu enorme potencial agrícola e sua agrodiversidade, além de ser o maior produtor de etanol do mundo, poderá assumir a liderança mundial também com o biodiesel. Nesta perspectiva, contamos com a parceria da Educação, das donas de casa e de todas as instituições com responsabilidade ambiental, devido aos objetivos comuns, entre eles a preservação do ambiente, que acontecerá com informações pertinentes, conscientização e mudança de comportamento. Óleos e gorduras são definidos como substâncias insolúveis (não se misturam) em água, de origem vegetal ou animal constituídas de triglicerídeos, que são formados da condensação entre glicerol e ácidos graxos. Segundo a resolução nº 20/77 do CNNPA (Conselho Nacional de Normas e Padrões para Alimentos) a diferença entre óleos e gorduras, é o estado físico (sólido ou liquido) em que se encontram abaixo da temperatura de 20ºC. Quando o estado é sólido em uma temperatura de até 20ºC é classificado como gordura. As gorduras encontram-se no estado sólido pela constituição química dos ácidos graxos formadores dos triglicerídeos que são saturados, isto é, não apresentam duplas ligações, resultando em estruturas lineares aumentando a superfície de contato entre as moléculas favorecendo uma maior interação intermolecular, denominada força de van der Waals, aumentando o ponto de fusão que é a temperatura da passagem do estado sólido para o líquido. 8 1

As cadeias de ácidos graxos representam 95% da composição dos triglicerídeos, e além de serem determinantes na classificação entre óleos e gorduras, são responsáveis pela diversificação entre os óleos vegetais. Os ácidos graxos diferem basicamente um do outro pelo comprimento da cadeia constituída por átomos de carbono e hidrogênio, pelo número e posição das duplas ligações e são classificados de acordo com estes parâmetros. ANP (Agência nacional do Petróleo), entidade responsável por todos os combustíveis consumidos no país, e comprovando, através de um amplo programa de testes envolvendo tratores (VALTRA), 140 caminhões da frota da Coca Cola (Volkswagen), veículos de passeio (Peugeot e Citroen) assim como veículos, máquinas e motores Off Road da maior mineradora de ouro do país a RPM (Rio Paracatu Mineração). A grande dimensão territorial brasileira possibilita o cultivo de uma enorme variedade de oleaginosas, cada uma com suas particularidades, onde se adaptam em diferentes regiões do país. Peugeot 206 (B30-30% de Biodiesel) Ônibus circular da USP de Ribeirão (B30-30% de Biodiesel) Figura 1: Oleaginosas predominantes para cada região do país Citroen Xsara Picasso (B30-30% de Biodiesel) Trator Valtra sendo abastecido (B20-20% de Biodiesel) 2 7

que constituem a biosfera, ou seja, o ambiente em que se desenvolvem os fenômenos biológicos. A fotossíntese, é a primeira etapa do ciclo do carbono, onde as partes verdes das plantas absorvem o dióxido de carbono atmosférico e o fazem reagir com a água utilizando-se da luz solar e da presença de clorofila para formar compostos de carbono, que vão constituir a própria estrutura dos vegetais, com liberação de oxigênio. Esse gás, que passa ao ar, é utilizado na respiração de bactérias e animais, responsáveis pelo desprendimento de dióxido de carbono novamente na atmosfera encerrando o ciclo. O grande diferencial do Biodiesel produzido pelo LADETEL frente aos demais do mundo é o fato de ser utilizado etanol, o álcool da cana de açúcar, no lugar do Metanol um outro álcool que é de origem fóssil. Desta maneira, todas as matérias primas de produção do Biodiesel vêm da flora, entrando em perfeita harmonia com o ciclo do carbono e do oxigênio. O objetivo do LADETEL é a conciliação da coleta de óleos residuais, um extraordinário projeto ambiental, à implantação deste estratégico biocombustível na matriz energética brasileira, utilizando o óleo coletado para produzir um Biodiesel de qualidade certificada pela óleos virgens e residuais A soja representa hoje a maior parte do volume de óleos vegetais produzidos no Brasil devido ao processamento da farinha com alto valor agregado destinada para alimentação e para a exportação. O óleo de algodão, assim como a soja, é um subproduto, e está em segundo lugar na produção nacional devido ao consumo da fibra pela indústria têxtil. As demais oleaginosas representam um percentual de 1% do volume total de óleos produzidos. Hoje no Brasil, parte do óleo vegetal residual do consumo humano é destinado a fabricação de sabões, entretanto, a maior parte é descartado na rede de esgotos, um crime ambiental inadmissível. A pequena solubilidade dos óleos vegetais na água constitui um fator negativo no que se refere à sua degradação em unidades de tratamento de despejos por processos biológicos e, quando presentes em mananciais utilizados para abastecimento público, causam problemas no tratamento da água. A presença deste material, além de acarretar problemas de origem estética, diminui a área de contato entre a superfície da água e o ar atmosférico impedindo a transferência do oxigênio da atmosfera para a água, e também os óleos e graxas em seu processo de decomposição, reduzem o oxigênio dissolvido elevando a DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio), causando alteração no ecossistema aquático. 6 3

biodiesel A DBO é normalmente considerada como a quantidade de oxigênio consumido durante um determinado período de tempo, numa temperatura de incubação específica. Um baixo teor de oxigênio dissolvido nas águas é fatal para a vida que é comprometida diretamente quando jogamos um óleo vegetal na pia da cozinha. Figura 2: Poluição causada nos rios Um destino inteligente para o óleo vegetal usado proposto pelo LADETEL (Laboratório de Desenvolvimento de Tecnologias Limpas), é sua conversão em Biodiesel através de uma reação química denominada TRANSESTERIFICAÇÃO. Faça sua parte O projeto contribui para uma pesquisa científica e para a limpeza de nossa cidade. Coloque o óleo usado numa garrafa plástica e entregue na sua escola ou postos de troca. A DBO de uma água é a quantidade de oxigênio necessária para oxidar a matéria orgânica por decomposição microbiana aeróbia para uma forma inirgânica estável. O Biodiesel é um biocombustível 100 % renovável e alternativo ao diesel derivado do petróleo. É feito a partir da reação química (transesterificação) entre óleos vegetais (virgens ou de fritura) e álcool proveniente da cana de açúcar (chamado etanol) ou do metanol (álcool proveniente do gás natural ou petróleo). O Biodiesel pode ser usado em qualquer motor diesel sem alterações na parte mecânica, não havendo perda de potência e rendimento. Assim como os motores chamados Flex Fuel, que são movidos tanto a gasolina quanto a álcool, os motores diesel podem usar tanto óleo diesel quanto biodiesel, ou a mistura dos dois em qualquer proporção. Em sua fase inicial o Programa Nacional de Produção e uso do biodiesel lançado pelo Governo Federal (2005) prevê que o biodiesel, será utilizado na proporção de 2%, misturado em todo óleo diesel comercializado no país. Um baixo percentual, mas equivalente a 800 milhões de litros por ano que representa um benefício importante na balança comercial brasileira, visto que o Brasil importa parte do óleo diesel que consome. A implantação deste combustível na matriz energética brasileira resultará em um impacto ambiental enorme por que além de dar um destino adequado aos óleos residuais, sua utilização na frota de veículos brasileira reduzirá drasticamente a emissão de gases poluentes como o dióxido de carbono responsável pelo efeito estufa além de eliminar completamente o enxofre, um dos principais vilões da chuva ácida. Os ciclos do carbono e do oxigênio na natureza são processos fundamentais na transformação constante das substâncias orgânicas 4 5