PROVA ESCRITA DIREITO PENAL E DIREITO PROCESSUAL PENAL VIA PROFISSIONAL GRELHA DE CORRECÇÃO

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ROVA ESCRITA DE DIREITO ENAL E DIREITO ROCESSUAL ENAL VIA ROFISSIONAL GRELHA DE CORRECÇÃO 35.º CURSO DE FORMAÇÃO ARA OS TRIBUNAIS JUDICIAIS Elaboração do Acórdão (20 valores) 1. Relatório e saneamento - (0,5 valores) - referência à acusação do M e forma do processo comum colectivo - identificação dos arguidos - menção aos crimes imputados aos arguidos, reincidência e pena acessória de acordo com os factos constantes da acusação (mera indicação dos tipos legais e disposições aplicáveis porque considerados em substância na fundamentação) - referência à contestação do arguido António e síntese da argumentação - inexistência de contestação do arguido Carlos - inexistência de questões prévias e nulidades - referência à realização de julgamento com observância do formalismo legal 2. Fundamentação 2.1. Factos provados/não provados e respectiva motivação (2 valores) 1

Tem-se por correta a resposta que dê por provados os factos constantes da acusação e cuja fundamentação não se limite a uma mera enumeração generalista dos documentos e depoimento testemunhal, mas reflita uma análise criteriosa e conjugada da prova indicada. Referência aos factos provados/não provados da contestação do arguido António e que não sejam a mera negação de factos dados como provados na sua formulação positiva ou que sejam conclusivos. Factos /N Doc./autos Test./Dec. 2.1.1 Acusação 1 10 2 a 18, 20 a 27 e 30 a 33 Daniela (4) 19 8 28, 29 Jacinto (5) Terêncio (6) 34 e 35 9, 11 e 12 2.1.2 Contestação 7 N 11 12 2.1.3 Condições pessoais e antecedentes (a acrescentar) N N CRC (12 e 13) Dec. Arguidos Relatórios sociais(11) 2.2. Enquadramento jurídico-penal (8 valores) 2

Fundamentação concreta da subsunção dos factos dados como provados aos tipos de ilícitos em causa, os quais devem ser corretamente identificados 2.2.1. factos relativos ao transporte de Esperança (1 valor) Cód. enal A e C - crime de rapto, em co-autoria - art.s 14º, n.º 1, 26º e 161º, n.º 1, al. b) do 2.2.2. - factos relativos ao teste de virgindade (2,5 valores) A e C crime de violação agravado, em co-autoria - art.s 14º, n.º 1, 26º, 28º, n.º 1, 164º, n.º 1, al. b) e 177º, n.º 1, al. a) do Cód. enal [art.º 177º n.º 4] Embora se defenda que o teste de virgindade é, efectivamente, violação, poderá o candidato defender, com argumentos válidos, que se trata de ofensa à integridade física qualificada, p. e p. pelos art.ºs 14º, n.º 1, 26º, 28º, n.º 1 e 145º, n.º 1, al. a) e 2, com referência ao art.º 132º, n.º 2, als. a), e) e f) 2.2.3. - factos relativos à união e festa (2,5 valores) Cód. enal A e C crime de casamento forçado em co-autoria - 14º, n.º 1, 26º e 154º-B do 2.2.4. - factos relativos à noite de núpcias (2 valores) A e C - crime de violação agravada na forma tentada, em co-autoria, punível como coacção sexual consumada em consumpção impura art.sº 14º, n.º 1, 22º, n.ºs 1 e 2, 28º, n.º 1, 164º, n.º 1, al. a), 163º, n.º 1 e 177º, n.º 1, al. a), todos do Cód. enal [art.º 177º n.º 4] considerando: - referência aos bens jurídicos protegidos para cada tipo - referência aos elementos objectivos para cada tipo 3

- forma de (com)participação - referência aos elementos subjectivos para cada tipo - subsunção fáctico-jurídica concretizada - discussão da existência de reincidência do co-arguido António - possibilidade/adequação da condenação do co-arguido António em pena acessória - consideração e afastamento dos argumentos da defesa (não existência de casamento, desistência na violação/coacção sexual e erro sobre a ilicitude) 2.3. Escolha e determinação da medida concreta da pena (7 valores) Determinação sucinta da pena parcelar a aplicar por cada um dos crimes cometidos e da pena única adequada a) Descrição dos fatos concretos que integram os critérios constantes dos artigos 40º, 70º e 71º, nº 2 do C, considerando também os CRC e RS; b) determinação concreta de cada uma das penas individuais; c) correcção na aplicação do instituto reincidência no caso de ser adequável ao co-arguido António e respetivo cálculo das penas art. 75º e 76º do C; d) correção da elaboração do cúmulo jurídico art. 77º do C; e) aplicação da pena acessória de inibição das responsabilidades parentais art. 69º-C n.º 3 do Cód. enal. 3. Decisão art. 374, nº 3, do Cód. roc. enal (1,5 valores) - condenação de A e C nas penas singulares, acessória e em cúmulo jurídico com indicação das disposições legais; - condenação em custas de A e C; - recolha de amostras de ADN (art.º 8º n.º 2 da Lei n.º 5/2008, de 12.02); - apreciação do estatuto coactivo (art.º 213º n.º 1 al. b) do Cód. roc. Civil) 4

4. Estrutura lógico-formal do Acórdão, poder de síntese e clareza evidenciada na argumentação, bem como a rigor patenteado na linguagem técnico-jurídica: (1 valor) v.g. relatório enunciação dos factos provados e não provados fundamentação de facto e de Direito escolha e determinação da medida da pena decisão Obs. Face a alguns dos crimes cometidos e à idade da vítima, a mesma é especialmente vulnerável. Assim sendo, haveria sempre lugar à aplicação do disposto no artigo 82.º-A do C, excepto nos casos em que a vítima a tal expressamente se opuser artigo 16/2 do Estatuto da Vítima. No entanto estaria esse arbitramento sujeito a contraditório, elementos que o enunciado não refere. Em qualquer caso e caso algum candidato fixe indemnização deverá ser valorado positivamente. 5