A V ALIAÇÃO DO POTENCIAL POLUIDOR DA INDÚSTRIA GALVÂNICA: PROPOSTAS PARA A RECUPERAÇÃO DE METAIS E DESTINAÇÃO ADEQUADA DE RESÍDUOS.



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463 XX!l ENTMME I VIl MSHMT- Ouro Preto-MG, novembro 2007. A V ALIAÇÃO DO POTENCIAL POLUIDOR DA INDÚSTRIA GALVÂNICA: PROPOSTAS PARA A RECUPERAÇÃO DE METAIS E DESTINAÇÃO ADEQUADA DE RESÍDUOS. Jeancth S. Benedctto 1, Ana Cláudia Q. Ladeira 1, Marcelo B. Mansur 2, Sônia Denise F. Rocha 3, Dimitri Bruno A. Pereira 1, Márcia Romanelli 4 1 Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear, CDTN, Rua Professor Mário Werneck, s/n, Campus da UFMG, Pampulha, 30123-970, Belo Horizonte, MG. 2 Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da UFMG. 3 Departamento de Engenharia de Minas da UFMG. 4 Fundação do Meio Ambiente de Minas Gerais, FEAM. E-mails: jsb(àkdt n. br, acq ](à)cdtn. br, marcelo.mansur@demet.u fmg. br, sdrocha@demin.ufmg.br, dimitribruno(àj,yahoo.com.br, marciar@feam.br RESUMO O objetivo deste trabalho consistiu na aplicação de arranjos produtivos locais ao setor de galvanoplastia, n~ que tange aos efluentes e resíduos gerados por empresas de pequeno e médio porte. O estudo engloba duas partes principais, uma voltada para a gestão dos resíduos, e outra focada no tratamento dos mesmos. Com relação ao primeiro ponto, diversas empresas do setor industrial foram convidadas a participar do arranjo produtivo local, que também teve a participação de instituições como FIEMG e Secretarias do Meio Ambiente dos municípios de Betim e Contagem, MG. Foram abordadas práticas para a redução da geração de resíduos, segregação de efluentes, etc, bem como experiências positivas por algumas empresas que foram compartilhadas aos empresários participantes do arranjo. Com relação ao segundo ponto, fez-se a caracterização de diversas lamas geradas nos processos atuais de tratamento adotados pelas empresas e, ainda, um estudo da separação zinco-ferro por extração por solventes, em escala laboratorial, de modo a tratar o efluente gerado recuperando os metais que seriam perdidos na lama gerada no tratamento convencional por precipitação. PALAVRAS CHAVE: Efluentes de galvanoplastia; recuperação de zinco; redução de impacto ambiental. ABSTRACT The aim of this work is the application of local productive nets for the galvanic industrial sector on the regard of the effluents and residues generated by small and medium size companies. The study has two main parts, one is focused on the managemenl field and other is more technical focused on the treatment of such residues. With regard of the first part of the project, severa! companies were invited to join the local productive net, as well as institutes such as FIEMG and Secretaries of Environment of Betim and Contagem, MG. Methods aiming to reduce the generation of residues, segregation of effluents, and so on, were discussed and successful experiences were shared between lhe participanls from industry. With regard of the second part of the project, severa! sludges from industrial treatment plants were characterized and an alternative treatment based on the solvent extraction operation was proposed to both treat the water and recycle metais that would be lost by precipitation. KEY-WORDS: hot-dip galvanizing effluents, zinc recovery, environmental.

464 Jeaneth S. Benedctto, Ana Cláudia Q. Ladeira, Marcelo l3. Mansur, Sônia Denise F. Rocha, Dimitri I3runo A. Pereira, Múrcia Romanclli L INTRODUÇÃO O tratamento de resíduos e/ou efluentes industriais envolve um custo que pode ser significativo principalmente para empresas de pequeno e médio porte. Para diminuir tais custos, uma prática industrial baseada nos princípios de redução de emissões na fonte, reaproveitamento, segregação de efluentes e reciclagem deve sempre orientar as ações de operações e processos (Produção Mais Limpa). Assim, pode-se reduzir a quantidade de efluentes gerada, bem como a complexidade na composição dos mesmos, o que facilita seu tratamento. Mesmo assim, algum efluente será sempre gerado e este deverá, portanto, ser tratado. Em Minas Gerais, as empresas cfetuam o tratamento de seus efluentes tendo como meta atingir os padrões de lançamento de efluentes líquidos vigentes no estado e definidos pela Deliberação Nonnativa COPAM IO/S6. Na região de I3etim/Contagcm, cujo sistema de esgotamento sanitúrio é concessão da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA), as empresas podem optar por lançar os efluentes líquidos na rede pública coletora de esgotos para encaminhamento às estações de tratamento da concessionúria, desde que sejam atendidos os padrões de lançamento estabelecidos internamente pela COPASA. Para tal, é necessário que os efluentes sejam tratados previamente antes do descarte na rede colctora. O método de tratamento mais comumente usado na indústria para a remoção de metais pesados presentes em efluentes aquosos é a precipitação química (Schugerl e outros, 1996: Csicsovszki e outros, 2002). De uma maneira geral, os metais pesados precipitam sob a fonna de hidróxidos via adição de uma solução caústica ou cal hidratada, até que se atinja um valor de ph correspondente à solubilidade mínima do metal especifico. Este método é comumente utilizado nas indústrias devido ao baixo custo envolvido, bem como simplicidade operacional. Uma vez atingido o ph de precipitação do metal, o precipitado fonna uma lama de composição geralmente complexa a depender das espécies metálicas presentes no efluente, fazendo com que a reutilização da lama nem sempre seja viável economicamente (Bernardes e outros, 2002). Neste caso, se esta for enquadrada como resíduo Classe I - Perigoso, a lama gerada no tratamento do efluente deve ser acondicionada em local adequado para evitar contaminação do meio ambiente. Além da remoção de metais, a técnica de precipitação também é utilizada na remoção de fosfatos, sulfatos e outras espécies, sob a forma de sais insolúveis em meio aquoso. De qualquer fonna, tem-se que esta técnica possibilita o tratamento da solução aquosa, porém pode ser gerada uma quantidade elevada de lama, com conseqüente custo de seu acondicionamento. Além disso, a operação envolve o consumo de agente precipitante que também pode ser significativo, bem como a perda do valor metálico presente no efluente que poderia ser reutilizado. Algumas técnicas disponíveis para tratar efluentes líquidos podem lhes conferir condições de reciclagem total ao processo, porém apresentam custos mais elevados e isto pode ser um agravante. É o caso de operações com membranas, por exemplo, como osmose reversa e ultrafiltração (Tomaszewska e outros, 2001; Habert e outros, 2006). Assim, técnicas de separação clássicas como a extraçào por solventes e a adsorção química podem se mostrar métodos de tratamento potenciais. Nestes casos, visa-se não somente o tratamento do efluente no que tange à recuperação da água, mas, principalmente, a reutilização do valor metálico presente no efluente como subproduto a ser vendido ou utili zado no própl'io processo industrial, a um custo relativamente menor. É neste contexto que se insere o presente trabalho, que pretende propor soluções para o tratamento dos efluentes gerados pelas atividades do setor de galvanoplastia. É importante comentar que este trabalho é parte de um projeto aprovado pela FAPEMIG (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais) denominado de APL - Arranjo Produtivo Local - Base Mineral. Este se insere em uma linha de pesquisa com contexto altamente tecnológico, no qual se espera a aplicação dos resultados a curto e médio prazo. Nesta modalidade de apoio é fundamental que os resultados da pesquisa se estendam para um segmento industrial de pequenas e médias empresas, instaladas preferencialmente em uma mesma região, podendo ser transferido o conhecimento para outras indústrias do setor. Desta forma, para se obter uma interação técnica efetiva com as empresas do setor de galvanoplastia, a equipe de trabalho formada pelas instituições executoras (CDTN, UFMG e FEAM) contou com o apoio da FIEMG e Secretarias do Meio Ambiente dos municípios de Betim e Contagem, regiões onde se concentram a grande parte das indústrias galvânicas no estado de Minas Gerais. A parceria estabelecida entre estas instituições foi fundamental, no sentido de elaborar um planejamento de uma forma mais abrangente e efetiva que levasse soluções tecnológicas viáveis para a pequena e média indústria, em sintonia com a filosofia do Arranjo Produtivo Local. 2. METODOLOGIA Uma vez constituído o grupo de trabalho para apoio ao projeto, foram realizadas v1s1tas técnicas em diversas empresas de galvanoplastia situadas na região da grande Belo Horizonte, MG. Durante as visitas, as informações

465 XXII ENTMME I VII MSHMT- Ouro Preto-MG, novembro 2007. foram registradas em um questionário técnico padrão. Também foram coletadas amostras dos efluentes e resíduos gerados, em pontos distintos na linha de produção, a fim de caracterizá-los. Na oportunidade, foram estabelecidas parcerias para a realização de ati v idades técnicas, de forma a criar um modelo para as demais empresas do setor. Uma unidade industrial de galvanoplastia que representasse uma referência de aplicação de tecnologia mais limpa foi adotada para servir de modelo. Uma vez contatado o setor industrial da região, fez-se, em seguida, uma reunião com representantes das indústrias de galvanoplastia e representantes dos órgãos ambientais de Betim e Contagem, no auditório da CI EMG, em Contagem, para a exposição do arranjo produtivo local aos diversos interessados. Os trabalhos técnicos de investigação das amostras coletadas foram realizados nos laboratórios do CDTN e UFMG, e compreenderam duas etapas principais: (I) caracterização das amostras dos diversos efluentes e resíduos coletados mediante a aplicação de metodologias padrões de anúlise e classificação dos resíduos galvânicos, e (2) proposição de um método de tratamento para o efluente típico gerado no processo industrial. O método de extração por solventes foi adotado para o tratamento do efluente típico, tendo sido definidas as condições operacionais visando recuperar zinco contido nos efluentes gerados em processos de tratamento de superfícies por zincagcm a quente. Os seguintes extratantcs foram investigados para separar zinco de ferro: TBP (trifosfato de butila), Cyanex 272 [ácido bis(2,4,4-trimetilpentil) fosfínico], Cyanex 301 [ácido bis(2,4,4-trimetilpentil) ditiofosfínico] e Cyanex 302 [ácido bis(2,4,4-trimetilpcntil) monotiofosfínico). Os extratantes foram diluídos em diluente alifático comercial Exxsol D-80. Após a seleção dos extratantes mais adequados, avaliou-se o efeito da acidez da fase aquosa e da concentração de extratante na etapa de extrnção seletiva de zinco contido no efluente. Em seguida, fez o estudo da re-extração de zinco. O método de McCabe-Thiele foi usado na determinação do número de estágios teóricos de separação, visando estabelecer condições de tratamento em escala piloto, à ser realizado futuramente. No presente estudo, os experimentos foram realizados em escala de bancada, contactando-se um dado volume das fases aquosa e orgánica em um béquer. As fases foram agitadas mecanicamente por até 20 minutos, tempo suficiente para a obtenção do equilíbrio líquido-líquido. Após a separação das fases, a solução aquosa foi encaminhada para análise química por absorção atômica para a quantificação dos metais presentes. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO A seguir, são apresentados os resultados obtidos no estudo de caracterização dos resíduos gerados pelas empresas após o tratamento dos seus etluentes por precipitação química e, em seguida, do estudo da separação zinco-ferro contido no efluente industrial que é encaminhado ao tratamento utilizando-se a técnica de extração por solventes. 3.1. Classificação dos resíduos Os efluentes líquidos gerados na indústria de galvanoplastia são, em princípio, soluções com elevada concentração de sais, phs extremos e presença de metais perigosos à saúde e ao meio ambiente e, por isso, não podem ser descartados diretamente nos cursos de úgua. Faz-se necessário, portanto, realizar um tratamento prévio, o qual visa colocá-los dentro das especificações do COPAM I 0/86. Para o enquadramento do efluente ao descarte, após algumas etapas de tratamento, são gerados novos resíduos, a maior parte deles proveniente de tratamentos por precipitação química. Nas indústrias de galvanoplastia, a precipitação de metais e correção do ph são as medidas mais comumente utilizadas devido ao custo relativamente baixo deste tipo de operação. A lama resultante é secada para que possa ser armazenada cm barris e tambores para, então, ser descartada. Devido aos elevados custos de transporte e disposição dessas lamas, ocorre o acúmulo de tambores cm depósitos nas empresas, diminuindo sua área disponível para ampliações, estoque e área de trabalho. A quantidade de lama gerada é tanta e os custos de seu descarte são tão altos que a maior parte das empresas possui estocadas dezenas de toneladas de resíduo aguardando destinação. Devido à presença de alguns metais, estas lamas são classificadas como resíduos PERIGOSOS (CLASSE I) e devem ser destinados a ATERROS CLASSE I. Esse tipo de medida envolve uma série de custos as empresas do ramo que superam, a princípio, os custos da ilegalidade. Além de não existirem muitos aterros CLASSE I, sem contar que os que ainda existem encontram-se distantes dos pólos produtores (alto custo no transporte), existe a responsabi I idade perpétua pelo passivo ambiental de todo o resíduo descartado nesses aterros. Diante da pressão de órgãos de fiscalização como a FEAM (Fundação Estadual de Meio Ambiente), surgiu um grande problema para as empresas desse ramo: o que fazer com estes resíduos.

466 Jeaneth S. I3enedetto, Ana Cláudia Q. Ladeira, Marcelo B. Mansur, Sônia Denise F. Rocha, Dimitri Bruno A. Pereira, Márcia Romanelli Uma alternativa aos RESÍDUOS PERIGOSOS (CLASSE I) é convertê-los a RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS (CLASSE li A). Na verdade a minimização da produção de RESÍDUOS PERIGOSOS (CLASSE I) proporciona um alto ganho econômico para as empresas de galvanoplastia. Como vantagens para os RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS (CLASSE 11), podem-se citar: (I) há um maior número de ATERROS CLASSE li; (2) os custos de transporte são menores, pois estão mais próximos dos pólos produtivos e se trata de resíduos de menor grau de risco; (3) O passivo ambiental é menor, uma vez que os riscos inerentes aos resíduos serão menores; (4) o custo da destinação por quilo de resíduo é mais barato se comparado aos RESÍDUOS PERIGOS (CLASSE L); e (5) os impactos ao meio ambiente são menores devido à presença em pequena escala de substâncias perigosas. Para a realização do trabalho foram selecionadas 7 amostras de resíduos de empresas distintas geradas após o tratamento dos efluentes industriais. Através das análises por fluorescência de raios-x, foi possível selecionar os principais metais que constituíam as amostras e, em seguida, tais elementos foram quantificados mediante análises químicas por absorção atômica. A composição em tennos de metais presentes nos resíduos industriais de tratamento (lamas) analisados no presente estudo é mostrada na Tabela I. Tabela I: Composição metálica dos resíduos gerados no tratamento dos efluentes gerados por algumas empresas do setor de galvanoplstia localizados na grande Belo Horizonte, MG. RESÍDUOS Empresa E- Lama Fosfatização Empresa F- Lama Fosfatização Empresa A- Lama Fosfatização Empresa O - Lodo Empresa E- Lodo Industrial Galvânico Empresa F - Resíduo Banho de Zinco ELEMENTOS C r Mn Fe Cu Ni Zn AI l mg/g mg/g mg/g mg/g mg/g mg/g m_&g_ 1,1 0,2 196,4 <LO <LO 47,2 0,3 0,7 0,2 166,3 <LO 0, 1 45,6 0,2 J 0,8 0,5 135,7 <LO 0,8 148,5 0,6 92,4 0,6 75, 1 0,2 <LO 286,7 10.2 1 26,9 <LO 135,2 <LO <LO I 39,1 6,3 16,4 3,5 338,2 0,2 O, I 225,4 0,4 Empresa F - Resíduo ETE 86,2 12,4 134,0 2,7 0,5 980,0 18,3 <LO: abaixo do índice de detecção do equipamento usado para a análise. De acordo com os resultados mostrados na Tabela I, verifica-se a predominância dos elementos ferro e zinco nos resíduos avaliados, bem como cromo em alguns resíduos. Apesar de serem classificados como RESÍDUOS PERIGOSOS (CLASSE 1), a caracterização de alguns resíduos de galvanoplastia, juntamente com ensaios de estabilidade das amostras realizados de acordo com as normas ABNT NBR I 0004 e I 005, mostraram que a maioria dos resíduos se enquadra em RESÍDUOS NÃO PERIGOSOS (CLASSE 11), pois os elementos avaliados, dentre eles arsênio, bário, cádmio, chumbo, cromo total, fluoreto, mercúrio, prata, selênio, se mostraram ausentes ou dentro dos limites estabelecidos pelas normas. Apenas duas amostras (empresas O e F) apresentaram o elemento cromo fora da especificação para os ensaios de estabilidade e, portanto, foram consideradas resíduos perigosos CLASSE 1. Neste caso, acredita-se que a presença elevada deste elemento no resíduo se deve a mistura de linhas de processos contaminadas com outras linhas que não contém o elemento. Outra fonte de contaminação dos resíduos seria a ocorrência de re-trabalhos, onde a peça já revestida com cromo apresenta alguma não conformidade e retorna ao circuito contaminando grande parte dos fluxos. Sendo assim, sugere-se qu e as empresas estabeleçam um processo de segregação através da criação de uma linha específica para o rc-trabalho e também evitarem a mistura das linhas que são direcionadas para o tratamento dos elluentes. A caracterização dos resíduos deve ser estimulada às empresas afim de que, com base nos laudos, seja possível a comprovação do enquadramento na CLASSE II ou identificar os elementos que caracterizam seus resíduos como PERIGOSOS (CLASSE I) tentando recuperá-los ou substituí-los no processo por elementos menos tóxicos, de modo a diminuir a quantidade de resíduo PERIGOSO (CLASSE I) gerado. I

467 XXII ENTMME I VI! MSHMT - Ouro Preto-MG, novembro 2007. 3.2. Estudo da separação zinco/ferro presente cm efluente de zincagcm a quente Uma mudança importante na filosofia do tratamento de efluentes do setor de galvanoplastia compreenderia tratar o efluente visando não somente o descarte da água, mas recuperar ou reutilizar, também, o metal contido no mesmo. Neste sentido, e com base no estudo de caracterização realizado previamente, aplicou-se a técnica de extração por solventes na separação seletiva de zinco em detrimento do ferro, presentes cm efluentes gerados na indústria de galvanização de zinco a quente. Estes efluentes são normalmente constituídos de soluções aquosas clorídricas bastante ácidas (cm torno de 2 M), com concentrações variadas de metais a depender da operação industrial. Assim, fez-se a caracterização em termos da concentração dos metais ferro e zinco contidos em efluentes gerados em diferentes pontos do processo produtivo de galvanização a quente (tanques de decapagem, banhos, passivação, etc). O efluente selecionado para tratamento por exlração por solventes foi o efluente gerado no tanque de ácido exausto, de natureza clorídrica, e com concentrações elevadas de zinco e ferro, em torno de 30 g/l e 200 g/ L, respectivamente, além da presença de cromo (XO mg/l). As anúlises químicas mostraram, ainda, que o ferro encontra-se predominantemente sob a forma reduzida (acima de 96 %), ou seja, Fc(Il). Após a seleção do efluente, estudou-se comparativamente o desempenho de diferentes extratantes comerciais ácidos derivados substituídos do úcido fosfínico (Cyanex 272, Cyanex 301 e Cyanex 302), além de um ex tratante neutro (TI3P ou trifosfato de butila) cm diferentes condições operacionais de ph do efluente. Curvas típicas de extração de zinco e ferro com TBP são mostradas na Figura I, enquanto que a extração dos metais com os extratantes ácidos Cyanex 272, Cyanex 301 e Cyanex 302 são mostrados na Figura 2(a), 2(b) e 2(c), respectivamente. Independentemente do extratante estudado, verifica-se que zinco é preferencialmente extraído em detrimento do Fc(ll). Tal comportamento seria inverso caso o ferro estivesse presente no efluente sob a fôrma oxidada Fe(lll) (Cierpiszewski e outros, 2002). Este resultado é interessante do ponto de vista operacional: (I) menores quantidades de extratanle são requeridas, já que z inco encontra-se em menor quantidade relativa ao ferro, e (2) menores custos para redução de ferro são necessários uma vez que quase todo o ferro encontra-se na forma reduzida. 100 + Fe 50% TBP Zn 50% TBP 90 -<>-Fe 100% TBP 80 c 70 õi ~ 60 E Cll "O 50.... o ro 40 O> <ti... x 30 I....... I... w 20 j 10 o 0,5 1.5 2 2.5 3 Razão volumétrica de fases 0/A Figura I. Curvas de extração de zinco e ferro com o extratante TBP para diferentes razões volumétricas orgânico/aquoso (O/A) e diferentes concentrações de extratante (pi-i :::: 0,5~0,7). A curva apresentada para o TBP (vide Figura I) mostra o efeito da concentração de TBP e da relação de fases Orgânica/ Aquosa na separação seletiva de zinco em detrimento do ferro (ph ajustado para a faixa de 0,5-1,0). Melhores separações são obtidas quando maiores quantidades de TBP são usadas, tanto em lermos de concentração quanto em termos de relações de fases. Já para os reagentes da família Cyanex, verifica-se uma forte dependência com a acidez do meio (vide Figura 2). Comparando-se os resultados obtidos, tem-se que os extratantes TBP (Figura I) c Cyanex 301 (Figura 2b) apresentam elevados desempenhos para extração seletiva de zinco frente ao ferro em meios bastante úcidos (ph < I). Com relação à re-extração de zinco com estes reagentes, tem-se que meios bastante ácidos são necessários para efetuar a operação com Cyanex 301 (extrações de zinco entre 47% e 95"/., para concentrações de HCl variando entre 1 a 5 M). Já com TBP, água ou mesmo soluções levemente ácidas (ph em torno de 6-7) se mostraram adequadas. A re-extração, contudo, não se mostrou seletiva....

468 Jeaneth S. Benedetto, Ana Cláudia Q. Ladeira, Marcelo B. Mansur, Sônia Denise F. Rocha, Dimitri Bruno A. 100 Pereira, Márcia Romanelli 90 1 (a) Cyanex 272 --zn ~ 80 L - 0o Fe ftj 70 Gi -o Cr E 60 - Cll "' o 50 110.. ~ 40 ;n 30 20.o 10 - -- -/' o 10 - - - - - - - -o. '0-::.., / l------~~~--------~6~~----~~~------------ 1 c LJ. 0,1 [H ) (M) 0,01 0,001 100 ' 9o I ~ 80 ~ 70 Cll E Cll 60 I "' o 50 ; I "" o. I ~ 40 - w >< 30-20 (b) Cyanex 301 --zn - 0o Fe - Cr ------0 10 [)... -.o- - - - - q,o$':-*-ol,i-- _.,...--...--- o i """ 10 1 O, 1 0,01 0,001 [H ) (M) 30 r - --~-- - ---- ------ -- 1 25 - (c) Cyanex 302 --zn ~ ftj 20 - Gi E ~ 15l 110 o. ~ 10 ~ ;n J o l 10 ~ - 0o Fe - Cr -.a. --?~:-:.--- - - - - o(] 1 [H ) (M) 0,1 Figura 2. Curvas de extração de zinco, ferro e cromo com os extratantes (a) Cyanex 272, (b) Cyanex 301 e (c) Cyanex 302 (concentração de ex tratante = I,5 M).

469 XX!l ENTMME I VIl MSHMT- Ouro Preto-MG, novembro 2007. É importante salientar que o TBP é um reagente já empregado comercialmente, enquanto que o Cyanex 30 I pode apresentar problemas de estabilidade química. Por outro lado, a quantidade de TBP requerida para efetuar uma separação equivalente é relativamente maior, além da eventual solvatação do reagente com água. Assim, o uso de um ou outro extratante apresenta vantagens e desvantagens que requerem uma avaliação detalhada. De qualquer forma, a aplicação do método de McCabe-Thiele evidenciou a possibilidade de extração seletiva de zinco em poucos estágios para ambos os extratantes. Assim, para a continuação do projeto, optou-se por empregar o TBP como extratante para os ensaios em escala piloto, a serem realizados futuramente, tendo em vista que o TBP apresenta algumas vantagens importantes para a implementação do processo industrial como disponibilidade comercial e estabilidade química. Este estudo será conduzido em colunas pulsadas em escala piloto. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os ganhos do projeto não são apenas de cunho técnico, mas principalmente em termos de gestão operacional, visando minimizar a geração de resíduos e efluentes perigosos em um setor industrial que necessita de apoio técnico neste sentido. Assim, algumas considerações finais são apresentadas com base na experiência adquirida com a execução do trabalho: No estudo de avaliação dos resíduos da indústria galvânica, segundo os procedimentos padrões estabelecidos pelos órgãos ambientais, foram identificados 5 resíduos considerados como CLASSE I que se enquadram como resíduo CLASSE II. Esta informação é de suma importância para o empresário do setor já que pode significar uma redução de custos de transporte e segregação, bem como minimização de danos ao meio ambiente. Nas visitas realizadas em algumas indústrias galvânicas de pequeno e médio porte foram discutidas possíveis melhorias que poderiam ser implementadas relativas ao lay out da fábrica com os responsáveis de empresas interessadas, no sentido de propor uma forma de segregação seletiva de efluentes contaminados com cromo, minimizando assim a geração de efluentes tóxicos, classe I. Algumas indústrias galvânicas já estão implementando pequenas melhorias no seu processo, o que certamente levarão à redução de insumos e dos resíduos gerados. Os experimentos por extração por solventes mostraram que o processo é tecnicamente viável, com elevados rendimentos de recuperação de zinco e, capaz de reduzir a emissão de metais tóxicos ao meio ambiente. O uso desta técnica permitiria recuperar ferro e zinco, que seriam subprodutos do processo e não lama a ser destinada a aterros. A otimização da operação por extração por solventes em escala piloto é objeto da próxima etapa do projeto. Os resultados analíticos das amostras coletadas durante as visitas e apresentados no corpo deste trabalho (realizadas nos laboratórios do CDTN e da UFMG) foram enviados para as indústrias visitadas a fim de checagem dos valores de controle, de modo a permitir uma discussão dos possíveis danos ao meio ambiente e propostas de minimização dos impactos gerados. 5. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem o apoio financeiro da FAPEMIG, na modalidade de APL- Arranjo Produtivo Local, para a realização de todo o trabalho. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Bernardes A. M., Níquel C.L.V., Schianetz K., Soares M.R.K., Santos, M.K., Schneider V.E. Manual de Orientações Básicas para a Minimização de Efluentes e Resíduos na Indústria Galvânica, 80 p. Rio Grande do Sul, Brasil, 2000. COPAM, Conselho Estadual de Política Ambiental. Deliberação Normativa COPAM no I O, de 16 de dezembro de 1986, 18 p., Minas Gerais, Brasil, 1986.

470 Jeaneth S. Benedetto, Ana Cláudia Q. Ladeira, Marcelo 8. Mansur, Sônia Denise F. Rocha, Dimitri Bruno A. Pereira, Márcia Romanelli Cierpiszewski, R., Miesiac, I., Regei-Rosocka, M., Sastre, A.M., Szymanowski, J., Remova! of zinc(ll) from spent hydrochloric acid solutions from zinc hot galvanizing plants, Ind. Eng. Chem. Res., 41, 598-603, 2002. Habert, A. C., Borges, C. P., Nóbrega, R. Processos de Separação por Membranas, 180 p., Editora E-papers, Brasil. Norma ABNT NBR 10004:2004- Associação Brasileira de Normas Técnicas- Resíduos Sólidos. Norma ABNT NBR 10005:2004- Associação Brasileira de Normas Técnicas- Resíduos Sólidos. Schugerl, K., Burmaster, T., Gudorf, M., Selective extractive recovery of metais from heavy-metal-hydroxy sludges of a pickling pl ant and galvanic processing. ln: Shallcross, 0., Paimin, R., Prvcic, L. (Eds.),!SEC 96, vol. 2, University of Melbourne Publisher, Parkville, Australia, pp. 1549-1552, 1996. Tomaszewska, M., Gryta, M., Morawski, A.W., Recovery of hydrochloric acid from metal pickling solutions by membrane distillation. Separation and Puriflcation Technology, 22-23, 591-600, 200 I.