TIJOLOS DE SOLO-CIMENTO PRODUZIDOS COM RESÍDUOS DE CONCRETO

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Transcrição:

TIJOLOS DE SOLO-CIMENTO PRODUZIDOS COM RESÍDUOS DE CONCRETO Thaís Do Rosário 1 Carlos Eduardo Nunes Torrescasana 2 Resumo: Diante do contexto atual de preservação do meio ambiente e de reaproveitamento de resíduos, estudos que visam materiais e técnicas de construção alternativas vêm ganhando maior espaço e destacando-se no setor da construção civil. Este trabalho tem por objetivo analisar a eficiência e a viabilidade da produção de tijolos de solo-cimento com adição de resíduos de concreto. Para tal, foram estudadas seis dosagens de solo, resíduo de concreto e cimento. Inicialmente foram realizados ensaios de retração linear e ensaios de caracterização geotécnica do solo natural e das dosagens utilizadas. Após os ensaios foram confeccionados tijolos com solo natural, 10% e 12% de cimento em relação a massa de solo; tijolos com solo natural, 40% de resíduo em relação a massa de solo, 10% e 12% de cimento em relação a massa da mistura solo-resíduo e tijolos com solo natural, 60% de resíduo em relação a massa de solo, 10% e 12% de cimento em relação a massa da mistura solo-resíduo. Aos 14 e 28 dias de idade foram realizados ensaios de resistência à compressão, e aos 28 dias foi realizado o ensaio de absorção de água dos tijolos. Com posse dos resultados obtidos nos ensaios de resistência a compressão, absorção de água dos tijolos e nos ensaios de caracterização do solo, observou-se que o solo estudado não apresenta as características necessárias para a produção de tijolos de solo cimento. Da mesma maneira, as quantidades de resíduo incorporado ao solo não foram suficientes para alcançar a viabilidade técnica dos tijolos de solo cimento. Apesar dos tijolos produzidos não terem atingido os valores de resistência a compressão e absorção de água exigidos pela NBR 10834(1994), a adição do resíduo de concreto ao solo melhorou significativamente as características do mesmo, e consequentemente a resistência e absorção de água dos tijolos produzidos. Palavras-chave: Concreto. Resíduo. Solo-cimento. 1. Introdução A necessidade de preservar o meio ambiente, aliada a escassez de recursos naturais, vem fazendo com que o setor da construção civil busque o desenvolvimento de novos materiais e técnicas voltados para o conceito de sustentabilidade. O reaproveitamento de resíduos e a redução no desperdício de materiais são fundamentais nesse setor, uma vez que além de produzir uma grande quantidade de resíduos, a construção civil também consome um grande percentual dos recursos naturais extraídos do planeta. Vários trabalhos envolvendo a reciclagem de resíduos vêm sendo realizados, e a grande maioria destes apresenta resultados favoráveis referentes ao aproveitamento dos resíduos gerados na construção civil, sendo que uma grande parte do aproveitamento pode ser realizada dentro do próprio setor. 1 Acadêmica do Curso de Engenharia Civil, Universidade Comunitária da Região de Chapecó, e-mail: staoei@unochapeco.edu.br 2 Mestre em Engenharia Civil, Universidade Comunitária da Região de Chapecó, e-mail: ctorres@unochapeco.edu.br

Os resíduos da construção e demolição (RCD) constituem-se de materiais como restos de brita e areia, argamassas, concretos, materiais cerâmicos, madeira, metais, papéis, plásticos, tijolos, fios entre outros. De acordo com Ângulo et al. (2005), a fração de materiais de origem mineral como concretos e argamassas representam a maior quantidade da massa de RCD produzida pela construção civil (em torno de 90%). Em virtude da escassez de recursos naturais, de um destino adequado aos resíduos da construção e demolição, da necessidade de preservar o meio ambiente e visando a sustentabilidade, se faz necessário o desenvolvimento de materiais alternativos e o aproveitamento dos resíduos produzidos pelo setor da construção civil. No contexto de materiais alternativos pode-se destacar o tijolo de solo-cimento. O tijolo de solo-cimento é um material cuja maior parte da matéria prima é constituída de solo, acrescida de cimento e água. Esse tijolo é produzido por prensagem, ganhando resistência sem a necessidade de queima, o que faz dele uma boa opção quando se tem como meta a preservação do meio ambiente. O tijolo de solo-cimento apresenta um processo construtivo simples, não necessita de mão de obra especializada, utiliza máquinas simples, de pequeno porte e baixo custo. Sua principal matéria prima é abundante, de fácil obtenção e baixo custo. Na produção do tijolo de solo-cimento não são usadas fontes de energia provenientes da degradação do meio ambiente, nem gerados efluentes que possam causar danos ao mesmo. Em vista disso o tijolo de solo cimento pode ser dito ecológico. Segundo Silva (2005) apesar da grande diversidade de solos existentes, não é todo tipo de solo que pode ser usado para confecção do solo-cimento, sendo importante fazer a escolha correta da granulometria do solo a ser usado. O solo deve apresentar algumas características básicas, como ser facilmente desagregável e manter uma proporção adequada de tamanho entre os grãos. Conforme o CEPED (1984), todos os tipos de solo apresentam uma melhoria das suas propriedades mecânicas quando são misturados com o cimento e compactados. Porém, existem limitações quanto ao uso de alguns tipos de solo, tanto por questões de trabalhabilidade, como de consumo de cimento, ou seja, razões técnicas e econômicas. Quanto a granulometria, os solos arenosos são os mais adequados para a produção do solo-cimento, sendo da granulometria e da uniformidade dos grãos que depende o consumo do cimento. O acréscimo de silte e

argila, ou de grãos de tamanhos muito uniformes, resultam em um consumo elevado de cimento. Diferentemente, a existência de grãos maiores, areia grossa e pedregulhos e benéfica, sendo que estes servem de enchimento, reduzindo a quantidade de cimento para aglomerar os grãos de granulometria menor. Porém, um teor mínimo da fração fina de solos se faz necessária, uma vez que a resistência inicial do solo-cimento compactado é devida a coesão da fração fina do solo compactado. De acordo com alguns autores quando não se dispõe de um solo que apresente as características ideais para a produção do tijolo de solo cimento, podese obter de um material apropriado através da mistura de diferentes tipos de solo. Outra possibilidade para a obtenção de um solo adequado é realizar a adição de areia grossa, no entanto, de forma que o resultado seja favorável não só tecnicamente, mas também economicamente. Alguns tipos de resíduos gerados na construção civil, como o concreto e argamassa, quando triturados podem chegar a uma granulometria semelhante a uma areia grossa. De acordo com alguns trabalhos realizados, esses resíduos podem ser acrescidos ao tijolo de solo-cimento, melhorando significativamente algumas características do mesmo. O presente trabalho refere-se à produção de tijolos de solo-cimento com adição de resíduos de concreto. A adição de resíduo tem o intuito de melhorar as propriedades dos tijolos de solo-cimento, uma vez que para confecção destes foi utilizado solo coletado na cidade de Chapecó SC, o qual não apresenta condições necessárias para um solo-cimento de qualidade. 2. Materiais e métodos 2.1 Materiais utilizados Para realização deste trabalho foram utilizados os seguintes materiais: -Solo: utilizou-se para a realização desta pesquisa solo obtido no Bairro Jardim América na cidade de Chapecó (região Oeste de Santa Catarina). As características do solo foram determinadas através de ensaios de caracterização no laboratório de engenharia civil da Unochapecó. -Cimento: foi utilizado Cimento Portland composto CP II Z-32, pois este tipo de cimento é bastante utilizado e comercializado na região Oeste do estado.

-Água: para a realização dos ensaios de caracterização foi utilizada água potável proveniente de poço artesiano da universidade, e para a confecção dos tijolos utilizou-se água proveniente do abastecimento público da cidade de Chapecó. -Resíduos de concreto: foram utilizados resíduos de concreto coletados em uma fábrica de blocos, pavers e telhas de concreto, localizada na cidade de Chapecó - SC. Foram usados os resíduos gerados durante a fabricação das peças de concreto. Como o resíduo apresentava uma granulometria próxima da desejada, após a coleta, apenas uma pequena parte foi passada por processo manual de trituração. O resíduo foi passado na peneira de malha 4,8 mm, pois a NBR 1033(1989) cita que 100% do material utilizado para a confecção de tijolos de solo-cimento deve passar nesta peneira. O resíduo utilizado ficou com aspecto semelhante a uma areia industrial. 2.2 Dosagens Foram estudadas para a produção dos tijolos seis dosagens, sendo estas compostas por: -Solo natural e 10% de cimento em relação a massa de solo; -Solo natural e 12% de cimento em relação a massa de solo; -Solo natural, 40% de resíduo em relação a massa de solo e 10% de cimento em relação a massa da mistura solo-resíduo; -Solo natural, 40% de resíduo em relação a massa de solo e 12% de cimento em relação a massa da mistura solo-resíduo; -Solo natural, 60% de resíduo em relação a massa de solo e 10% de cimento em relação a massa da mistura solo-resíduo; -Solo natural, 60% de resíduo em relação a massa de solo e 12% de cimento em relação a massa da mistura solo-resíduo. 2.3 Ensaios de caracterização A caracterização do solo, do resíduo e das misturas foi realizada em conformidade com as Normas Brasileiras pertinentes. O solo usado para os ensaios foi preparado de acordo com os procedimentos descritos na NBR 6457 (1986) - Amostras de solo - Preparação para ensaios de compactação e ensaios de caracterização e na Norma DNER-ME 041/94 Solos-preparação de amostras para ensaios de caracterização. Foram realizados os seguintes ensaios:

-Limite de liquidez: DNER-ME 122/94(Determinação do limite de liquidez método de referência e método expedito). -Limite de plasticidade: DNER-ME 082/94(Determinação do limite de plasticidade). -Massa específica dos sólidos: DNER-ME 093/94 (Solos- Determinação da densidade real). - Análise granulométrica de solos: para determinação do tamanho dos grãos e suas respectivas porcentagens de ocorrência, realizou-se os ensaios conforme as especificações da norma NBR 7181 (1984) Análise Granulométrica. Para a realização deste ensaio também foi consultada a norma DNER-ME 051/94 (Solos - Análise Granulométrica). Para determinação da granulometria do resíduo foi realizada apenas a etapa do peneiramento. -Ensaio de compactação: para o ensaio de compactação foi utilizada a NBR 7182 (1986) - Ensaios de compactação. Utilizou-se nos ensaios realizados a energia de compactação Proctor Normal. Sendo assim, foram utilizados o soquete e o cilindro pequenos, e o solo compactado em três camadas, sendo em cada uma destas aplicados 26 golpes. O ensaio foi realizado sem reuso de material, sobre amostras preparadas com secagem previa até a umidade higroscópica. 2.4 Retração linear A avaliação da retração linear do solo natural e das composições foi feita a partir do ensaio de retração seguindo o método sugerido pelo CEPED (1984) e também por Beraldo e Myrrha (2003). Para realização desse ensaio o solo foi umedecido até alcançar uma consistência plástica (semelhante a uma argamassa de assentamento), e então colocado dentro de uma caixa de madeira com 60,0 cm de comprimento, 8,5 cm de largura e 3,5 cm de altura. Inicialmente foi aplicada uma demão de óleo mineral na caixa; posteriormente colocou-se o material no interior da mesma e feita realização do adensamento manual. Na sequência o material foi colocado à sombra em local nivelado aonde permaneceu em repouso durante sete dias. Após, realizou-se com auxilio de um paquímetro as leituras da retração do solo no sentido do comprimento da caixa.

2.5 Fabricação dos tijolos Para fabricação dos tijolos inicialmente fez-se a coleta, transporte e a secagem do solo ao ar livre. Após, o solo foi peneirado (peneira de malha 4,8mm) e armazenado. Na sequência, foram separadas as quantidades referentes a cada uma das dosagens. Para tal os materiais foram pesados, armazenados em sacos estanques e estes identificados. Determinou-se as umidades dos materiais e a partir dos valores obtidos nos ensaios de compactação, foram então definidas as quantidades de água necessárias para alcançar a umidade ótima das misturas para a moldagem dos tijolos. Os tijolos foram produzidos em uma pequena fábrica localizada no Bairro Efapi na cidade de Chapecó - SC, sendo que a mesma encontrava-se desativada. Para produção dos tijolos foi utilizada uma prensa hidráulica modelo ECO PREMIUM 2600 CH. Foram produzidos tijolos com 25 cm de comprimento, 12,5cm de largura e alturas que variaram de 6,25 cm até 7,0 cm em função das diferentes dosagens e granulometria dos materiais utilizados. Os tijolos foram confeccionados e curados conforme a NBR 10833 - Fabricação de tijolo maciço e bloco vazado de solo-cimento com utilização de prensa hidráulica. Inicialmente realizou-se a mistura seca (esta foi feita manualmente) até homogeneização dos materiais, na sequência a mistura foi colocada em uma betoneira e feita a adição da água. Após a homogeneização dos materiais a mistura foi colocada na prensa e os tijolos moldados. Após a moldagem, os tijolos foram armazenados em palets de madeira identificados, em local coberto, fechado e nivelado, bem como foram separados de acordo com sua respectiva dosagem. Durante sete dias realizou-se a cura úmida dos mesmos, sendo que estes permaneceram no local da moldagem. Sete dias depois da confecção, os tijolos foram transportados e armazenados no laboratório de engenharia civil onde permaneceram até a realização dos ensaios. 2.6 Resistência a compressão Devido aos tijolos serem vazados, depois de confeccionados e curados os mesmos foram rompidos de acordo com a NBR 10836(1994) - Bloco vazado de solo cimento sem função estrutural- Determinação da resistência à compressão e da

absorção de água. Os ensaios de resistência a compressão foram realizados aos 14 e aos 28 dias de idade dos tijolos. Para realização do ensaio inicialmente identificou-se os tijolos; na seqüência foram obtidas as medidas de largura e comprimento dos mesmos para determinação da área de trabalho, para o cálculo da resistência dos tijolos. Devido aos tijolos apresentarem uma saliência (encaixes) foi necessário retirar as mesmas, para então fazer o capeamento (para o capeamento utilizou-se enxofre). Os tijolos identificados, medidos e capeados foram então colocados em um tanque de água, aonde permaneceram por 24h. Decorridas às 24h os tijolos foram retirados do banho e as suas superfícies foram levemente secas. Posteriormente, os mesmos foram submetidos ao ensaio de compressão. 2.7 Absorção de água A mesma norma usada para o ensaio de resistência a compressão foi utilizada para realização de ensaio de absorção de água dos tijolos. Este ensaio foi realizado aos 28 dias de idade, sendo os resultados expressos em porcentagem. Para realização deste ensaio inicialmente identificou-se os tijolos e na seqüência colocou-se os mesmos em uma estufa para a secagem (até constância de massa). Estando os tijolos secos, os mesmos foram retirados da estufa e pesados para obtenção da massa (M1). Na seqüência, os mesmos foram imersos em um tanque de água, aonde permaneceram por 24h. Depois de decorridas 24h os tijolos foram retirados da imersão e pesados para obtenção da massa saturada (M2). 3. Resultados e discussões 3.1. Limites de consistência Na tabela 01 são apresentados os valores obtidos nos ensaios de limite de liquidez e limite de plasticidade. Tabela 01: Limites de consistência Material LL (%) LP (%) IP (%) solo natural 62,4 40,5 21,9 Solo + 40% resíduo 48,5 28,6 19,9 Solo + 60% resíduo 46,6 26,4 20,2 Observando a Tabela 01 nota-se que a adição do resíduo diminuiu significativamente os limites de consistência do solo natural, podendo esse

comportamento melhorar as características do produto final. No entanto, de acordo com a NBR 10833(1989), um solo com boas condições para a produção de tijolos de solo cimento deveria apresentar um limite de liquidez 45% e um índice de plasticidade 18%. Tanto o solo natural, como o solo com as porcentagens de resíduo adicionadas não atenderam essa condição. 3.2 Massa específica dos sólidos Na Tabela 02 é possível observar os valores da massa específica dos sólidos (relação entre a massa dos sólidos e o volume ocupado por estes) do solo natural e das dosagens estudadas. Tabela 02: Massa específica dos sólidos Material ρs(g/cm³) Solo natural 2,796 Solo + 40% resíduo 2,727 Solo + 60% resíduo 2,733 De acordo com Bueno e Vilar (1980) a massa específica dos sólidos pode ser tomada como 2,67 g/cm³ para solos arenosos, e de 2,75 a 2,90g/cm³ para solos argilosos. 3.3 Análise granulométrica de solos Tendo como referência a escala granulométrica da ABNT, com base nos ensaios de análise granulométrica foram definidas as porcentagens dos materiais constituintes dos solos analisados (Tabela 03). Tabela 03: Caracterização das amostras Material Argila (%) Silte (%) Areia fina (%) Areia média (%) Areia grossa (%) Pedregulho (%) Solo natural 87,00 10,5 1,1 1,1 0,3 0,00 Solo + 40% de resíduo 50 15,8 10,3 13,2 3,8 6,9 Solo + 60% de resíduo 34,3 24,6 6,6 15,1 7,00 12,4 Resíduo de concreto 0,00 0,00 8,00 24,6 16,0 51,4 Com base na caracterização pode-se classificar os solos como: Solo natural: argila siltosa com vestígios de areia. Solo + 40% de resíduo: argila arenosa siltosa com vestígios de pedregulho Solo + 60% de resíduo: argila arenosa com pouco de silte e pedregulho Resíduo de concreto: pedregulho arenoso.

Pode-se perceber pelos valores apresentados na Tabela 03 e pela caracterização que o solo utilizado é um solo argiloso e que a adição do resíduo muda significativamente a sua granulometria. No entanto, apesar das mudanças ocorridas na granulometria, esta ainda não está de acordo com as recomendações granulométricas ideais para confecção do solo cimento feitas por algumas bibliografias. De acordo com o CEPED (1894), por exemplo, a granulometria ideal para composição do solo cimento deve conter menos de 20% de argila, 10 a 55% de silte mais argila, e de 45 a 90% de areia. 3.4 Ensaio de compactação Na Tabela 04 é possível observar os valores obtidos nos ensaios de compactação. Tabela 04: Resultados da compactação Dosagem W(ot) Umidade ótima (%) ρd max Massa específica seca máxima(g/cm³) Solo natural 33,8 1,360 Solo + 10% cimento 30,6 1,370 Solo + 12% cimento 31,8 1,386 Solo + 40% resíduo+ 10% cimento 25,8 1,568 Solo + 40% resíduo+ 12% cimento 25,4 1,553 Solo + 60% resíduo+ 10% cimento 24,2 1,602 Solo + 60% resíduo+ 12% cimento 23,2 1,613 Analisando a Tabela 04 pode-se observar que os valores de umidade ótima apresentaram em todas as composições analisadas uma redução em função do incremento dos resíduos. Da mesma forma, nota-se que a massa específica seca máxima aumentou em função da adição do resíduo. Esse comportamento indica que o material apresentou-se mais compacto, e isto significa que houve uma melhor acomodação dos grãos (fator de empacotamento) no processo de compactação. Logo, a tendência, é a de se obter materiais de maior resistência e também com uma menor absorção de umidade.

3.5 Retração linear linear. Na Tabela 05 são apresentados os valores obtidos nos ensaios de retração Tabela 05: Retração linear Material Retração linear (mm) Solo natural 32 Solo + 40% de resíduo 23,5 Solo+ 60% de resíduo 23,3 Todos os ensaios de retração realizados apresentaram duas fendas na parte central da amostra, e os valores de retração total em cada traço foram superiores a 20 mm. De acordo com o CEPED (1984), para ser viável para a confecção de solocimento, a soma da fendas existentes entre as paredes da caixa e a amostra de solo deve ser inferior a 20 mm, bem como a amostra não deve apresentar nenhuma fenda transversal na parte central da caixa. Desta forma, tanto o solo natural como o solo com os percentuais de resíduo adicionados neste trabalho, não seriam apropriados para a confecção do solocimento. No entanto, nota-se que com a adição do resíduo houve uma diminuição considerável nos valores de retração do solo. Isso significa que em virtude da incorporação dos resíduos há uma tendência de redução da retração por secagem. 3.6 Resistência a compressão Na Tabela 06 são apresentadas as resistências médias referentes aos 14 e aos 28 dias de idade dos tijolos. Tabela 06: Resistência a compressão média dos tijolos Resistência média Dosagem (MPa) 14 dias 28 dias Solo+10%cimento 0,59 0,63 Solo+12%cimento 1,42 1,00 Solo+40% resíduo +10%cimento 1,69 1,20 Solo+40% resíduo +12%cimento 1,17 1,09 Solo+60% resíduo +10%cimento 1,46 1,44 Solo+60% resíduo +12%cimento 1,71 1,50 Analisando a Tabela 06 observa-se um aumento de resistência com a incorporação do resíduo de concreto no solo. Esse aumento foi significativo principalmente nos tijolos de solo e 10% de cimento. Com a adição de resíduo, os

tijolos com 10% de cimento tiveram suas resistências dobradas, sendo que nos 14 dias com 60% de resíduo a resistência chegou a ser 2,68 vezes maior. No entanto, de acordo com a NBR10834(1994), a amostra ensaiada deve apresentar aos 28 dias de idade, uma média dos valores de resistência à compressão igual ou maior que 2,0 MPa, e valores individuais iguais ou maiores que 1,7MPa. Através da Tabela 06 é possível observar que nenhuma das dosagens estudadas alcançou os valores estabelecidos pela norma. Analisando a Figura 1, nota-se que na maior parte das dosagens estudadas apresentou maior resistência aos 14dias que aos 28dias de idade. A seguir são apresentados trabalhos que apresentaram comportamentos semelhantes e citados os possíveis motivos para esse resultado. Figura 01: Evolução da resistência dos tijolos No trabalho realizado por Milani (2005), utilizando tijolos de solo-cimento com adição de casca de arroz, ocorreu um comportamento semelhante. Neste trabalho foram feitos os ensaios de compressão dos tijolos aos 07; 28 e 60 dias, sendo que parte dos traços estudados tiveram uma redução de resistência dos 07 para os 28 dias. No entanto, aos 60 dias as resistências apresentaram-se superiores. Ferreira, Gobo e Cunha (2008), utilizaram em sua pesquisa casca de arroz e de braquiária para a confecção dos tijolos de solo-cimento. Neste trabalho também houve uma redução de resistência dos tijolos com o tempo. Foram realizados ensaios 07; 28; 56; 91 e 182 dias, sendo que na idade de 91 dias alguns traços estudados apresentaram valores de resistência menores que aqueles observados

nos 56 dias. O mesmo ocorreu em um dos traços na idade de 56dias em relação aos 28 dias. Os autores justificam esse comportamento pelas variações ambientais de temperatura e umidade relativa do ar, ocorridas durante o processo de armazenagem dos tijolos. Realizando o ensaio aos 28 dias, notou-se que ao manipular os tijolos suas arestas se desagregavam facilmente, assim como ao colocar os mesmos na água ocorria a formação de bolhas, indicando que os mesmos encontravam-se bastante secos. Portanto, esse comportamento na resistência a compressão dos tijolos pode ter sido influenciado pelas variações de temperatura e de pela umidade relativa do ar ocorrida no armazenamento dos tijolos. Em função do comportamento apresentado pela evolução das resistências e dos resultados observados nos dois trabalhos citados acima, ensaiou-se dois tijolos de cada um dos traços que tiveram suas resistências reduzidas aos 28 dias (Tabela 07), para analisar o comportamento com o passar dos dias. Tabela 07: Resistência aos 35 dias. Dosagem Resistência aos 35 dias (MPA) Tijolo 01 Tijolo 02 Média Solo+12%cimento 1,32 0,95 1,14 Solo+40% resíduo +10%cimento 1,40 1,54 1,47 Solo+40% resíduo +12%cimento 1,07 0,93 1,00 Solo+60% resíduo +10%cimento 1,92 1,71 1,82 Solo+60% resíduo +12%cimento 2,02 1,57 1,80 Comparando-se a Tabela 06 com a Tabela 07, percebe-se que com exceção da dosagem de Solo+40% resíduo + 12% de cimento, as demais dosagens tiveram suas resistências aumentadas aos 35 dias em relação aos 28 dias. As resistências médias das dosagens com 60% de resíduo foram maiores aos 35 dias do que aos 14 dias. Esse comportamento indica que as reações químicas ocorridas no cimento, melhoram as propriedades mecânicas ao longo do tempo. 3.7 Absorção de água dos tijolos. Na Tabela 08 são apresentados os valores obtidos no ensaio de absorção

Tabela 08: Absorção de água dos tijolos Traço Absorção (%) Solo+10%cimento 33,62 Solo+12%cimento 30,58 Solo+40% resíduo +10%cimento 24,33 Solo+40% resíduo +12%cimento 23,32 Solo+60% resíduo +10%cimento 22,60 Solo+60% resíduo +12%cimento 25,01 A NBR 10834(1994) prescreve que a média dos valores de absorção de água deve ser menor ou igual a 20%, e os valores individuais iguais ou menores que 22%, aos 28 dias. Através da Tabela 08 percebe-se que nenhuma das dosagens estudadas esta de acordo com a Norma. Também é possível observar pela Tabela 08, que a adição do resíduo ao solo reduziu de maneira significativa a absorção de água dos tijolos. Comparando-se o solo com 10% de cimento, com o solo com adição de 60% de resíduo é observada uma redução de 11,02% de absorção de água nos tijolos. 4. Considerações Com o término desta pesquisa, tendo como base os resultados obtidos nos ensaios de resistência a compressão e absorção de água dos tijolos, e os resultados encontrados com os ensaios de caracterização do solo, observou-se que o solo estudado não apresenta as características necessárias para a produção de tijolos de solo cimento. Da mesma maneira, observou-se que as quantidades de resíduo (40% e 60%) incorporado ao solo não foram suficientes para alcançar a viabilidade técnica dos tijolos de solo-cimento. Apesar de nenhuma das dosagens dos tijolos produzidos ter atingido os valores de resistência a compressão e absorção de água prescritos pela NBR 10834(1994), a adição do resíduo de concreto ao solo melhorou significativamente as características do mesmo. A melhora nas propriedades do solo estudado, proporcionada pela adição do resíduo pode ser observada ainda nos ensaios de caracterização. Essa melhora teve como conseqüência um aumento na resistência e a uma redução na absorção de água dos tijolos. Em função dos resultados obtidos na realização da pesquisa, os resíduos de concreto mostram-se uma boa alternativa para melhorar as características dos

solos, visando a produção do solo-cimento. Apesar de nenhuma das dosagens estudadas ter atingido as exigências das normas pertinentes, os tijolos com a adição de resíduo tiveram suas resistências dobradas e uma redução de até mais de 10% na absorção de água. A aplicação dos resíduos de concreto destaca-se principalmente pelo aproveitamento do mesmo, que tem como conseqüência a preservação do meio ambiente. Referências ÂNGULO, Sérgio C. et al. Aperfeiçoamento da reciclagem da fração mineral dos resíduos de construção e demolição - Uso em concretos. Disponível em: http://www.reciclagem.pcc.usp.br/ftp/apr-rcd_angulo%20et%20al.pdf. Acesso em: 02 de setembro de 2010. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6457: Amostra de solo Preparação para ensaios de compactação e ensaios de caracterização. Rio de Janeiro, 1986. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10834: Bloco vazado de solo-cimento sem função estrutural. Rio de Janeiro, 1994. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10836: Bloco vazado de solo-cimento sem função estrutural-determinação da resistência a compressão e da absorção de água. Rio de Janeiro, 1994. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10833: Fabricação de tijolo maciço e bloco vazado de solo-cimento com a utilização de prensa hidráulica. Rio de Janeiro, 1989. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7181: Solo Análise granulométrica. Rio de Janeiro, 1984. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7182: Solo Ensaio de compactação. Rio de Janeiro, 1986. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10833: Tijolo maciço de solo-cimento. Rio de Janeiro, 1984. BERALDO, Antonio Ludovico; MYRRHA, Marco Aurélio de Lima. Tecnologias e materiais alternativos de construção. Campinas: UNICAMP, 2003. CENTRO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO. Manual de construção com solo-cimento. 3. ed. atual. São Paulo: ABCP, 1984. DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM. DNER-ME 051. Solos análise granulométrica.1994.

DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM. DNER-ME 093. Solos - determinação da densidade real. 1994. DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM. DNER-ME 122. Solos - determinação do limite de liquidez - método de referência e método expedito..1994 DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM. DNER-ME 082. Solos - determinação do limite de plasticidade. 1994. DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM. DNER-ME 041. Solos - preparação de amostras para ensaios de caracterização. 1994. FERREIRA, Regis de C. GOBO, Júlio C. da C. CUNHA, Ananda H. N. Incorporação de casca de arroz e de braquiária e seu efeitos nas propriedades físicas e mecânicas de tijolos de solo-cimento. Eng. Agríc., Jaboticabal, v.28, n.1, p.1-11, jan./mar. 2008. Disponível em: http:// www.scielo.br/pdf/eagri/v28n1/a01v28n1.pdf. Acessado em 27 de maio de 2011. MILANI. Ana Paula da Silva. Avaliação físico-mecânica de tijolos de solocimento e de solo-cal adicionados de casca de arroz. 2005.131 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola na área de concentração em Construções Rurais e Ambiência) Engenharia Agrícola da Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2005. Disponível em: http://cutter.unicamp.br/document/?code=vtls000347884. Acesso em: 27 de agosto de 2010. SILVA, Sandra Regina. Tijolos de solo-cimento reforçado com serragem de madeira. 2005.219 f.dissertação (Mestrado em Engenharia de estruturas)- Escola de Engenharia, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2005. Disponível em: http://www.pos.dees.ufmg.br/dissertacoes/167.pdf. Acesso em: 07 de setembro de 2010.