Avaliação de genótipos de milho híbrido, Três de Maio, RS, 2015/16

Documentos relacionados
Avaliação de adaptabilidade de milhos de polinização aberta, Independência, RS, 2015/16

Avaliação de variedades sintéticas de milho em três ambientes do Rio Grande do Sul. Introdução

ADENSAMENTO DE SEMEADURA EM TRIGO NO SUL DO BRASIL

RESPOSTA DE HÍBRIDOS DE MILHO AO NITROGÊNIO EM COBERTURA

AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO DE CULTIVARES DE MILHO EM FUNÇÃO DA DENSIDADE DE SEMEADURA, NO MUNÍCIPIO DE SINOP-MT

DESEMPENHO DE NOVAS CULTIVARES DE CICLO PRECOCE DE MILHO EM SANTA MARIA 1

AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO DE CULTIVARES DE MILHO SAFRINHA NO MUNICÍPIO DE SINOP-MT

BOLETIM TÉCNICO nº 19/2017

Caraterísticas agronômicas de híbridos experimentais e comerciais de milho em diferentes densidades populacionais.

ÍNDICE DE ESPIGAS DE DOIS HÍBRIDOS DE MILHO EM QUATRO POPULAÇÕES DE PLANTAS E TRÊS ÉPOCAS DE SEMEADURA NA SAFRINHA

Arranjo espacial de plantas em diferentes cultivares de milho

Gessi Ceccon, Giovani Rossi, Marianne Sales Abrão, (3) (4) Rodrigo Neuhaus e Oscar Pereira Colman

COMPORTAMENTO AGRONÔMICO DE CULTIVARES DE TRIGO NO MUNICÍPIO DE MUZAMBINHO MG

ENSAIO ESTADUAL DE SORGO SILAGEIRO 2015/2016

Desempenho de cultivares de milho indicadas para cultivo no Rio Grande do Sul na safra

Produtividade de variedades de milho de polinização aberta no RS

BOLETIM TÉCNICO nº 16/2017

Adaptabilidade e Estabilidade de Cultivares de Milho na Região Norte Fluminense

Avaliação de Cultivares de Milho na Região Central de Minas Geraisp. Palavras-chave: Zea mays, rendimento de grãos, produção de matéria seca, silagem

Leonardo Henrique Duarte de Paula 1 ; Rodrigo de Paula Crisóstomo 1 ; Fábio Pereira Dias 2

l«x Seminário Nacional

INFLUÊNCIA DE BORDADURA NAS LATERAIS E NAS EXTREMIDADES DE FILEIRAS DE MILHO NA PRECISÃO EXPERIMENTAL 1

INTERFERÊNCIA DA VELOCIDADE E DOSES DE POTÁSSIO NA LINHA DE SEMEADURA NA CULTURA DO MILHO

Avaliação de Doses e Fontes de Nitrogênio e Enxofre em Cobertura na Cultura do Milho em Plantio Direto

BOLETIM TÉCNICO 2015/16

Avaliação de cultivares de milho com e sem pendão visando a produção de minimilho na região Norte do estado de Minas Gerais 1

DESEMPENHO DE CULTIVARES DE MILHO DE BAIXO CUSTO DE SEMENTES NA SAFRINHA 2016

DESEMPENHO DE MILHO SAFRINHA EM DUAS ÉPOCAS DE SEMEADURA E POPULAÇÕES DE PLANTAS, EM DOURADOS, MS

RESULTADOS DO ENSAIO NACIONAL DE MILHO EM CONDIÇÕES DE SAFRINHA, EM MATO GROSSO DO SUL, 2008

Rendimento e caraterísticas agronômicas de soja em sistemas de produção com integração lavoura-pecuária e diferentes manejos de solo

Avaliação da performance agronômica do híbrido de milho BRS 1001 no RS

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

COMPETIÇÃO DE GENÓTIPOS DE MAMONEIRA NO PERÍODO OUTONO-INVERNO EM ITAOCARA, RJ*

Comportamento de genótipos de canola em Maringá em 2003

INTERAÇÃO ENTRE NICOSULFURON E ATRAZINE NO CONTROLE DE SOJA TIGUERA EM MILHO SAFRINHA CONSORCIADO COM BRAQUIÁRIA

XXIX CONGRESSO NACIONAL DE MILHO E SORGO - Águas de Lindóia - 26 a 30 de Agosto de 2012

PRODUTIVIDADE AGRÍCOLA DO MILHO HÍBRIDO AG7088 VT PRO3 CULTIVADO SOB DIFERENTES DOSES DE NITROGÊNIO

ADENSAMENTO DE MAMONEIRA EM CONDIÇÕES DE SEQUEIRO EM MISSÃO VELHA, CE

Avaliação de aspectos produtivos de diferentes cultivares de soja para região de Machado-MG RESUMO

PRODUÇÃO DE CULTIVARES DE AZEVÉM NO EXTREMO OESTE CATARINENSE. Palavras-chave: Lolium multiflorum L., Produção de leite, Pastagem de inverno.

BOLETIM TÉCNICO nº 15/2017

431 - AVALIAÇÃO DE VARIEDADES DE MILHO EM DIFERENTES DENSIDADES DE PLANTIO EM SISTEMA ORGÂNICO DE PRODUÇÃO

CORRELAÇÃO ENTRE AS VARIÁVEIS MORFOLÓGICAS E DE PRODUÇÃO NA CULTURA DO MILHO

AVALIAÇÃO DE CULTIVARES E ÉPOCAS DE SEMEADURA DE MILHO SAFRINHA NA REGIÃO DE RIO VERDE (GO)

AVALIAÇÃO DE CULTIVARES DE MILHO CRIOULAS PARA A PRODUÇÃO DE SILAGEM NO MUNICÍPIO DE ARAQUARI - SC

DESEMPENHO AGRONÔMICO DE GIRASSOL EM SAFRINHA DE 2005 NO CERRADO NO PLANALTO CENTRAL

Resposta de Cultivares de Milho a Variação de Espaçamento Entrelinhas.

EVOLUÇÃO DO CONSÓRCIO MILHO-BRAQUIÁRIA, EM DOURADOS, MATO GROSSO DO SUL

BOLETIM TÉCNICO 2015/16

ANÁLISE DIALÉLICA DE LINHAGENS DE MILHO FORRAGEIRO PARA CARACTERES AGRONÔMICOS E DE QUALIDADE BROMATOLÓGICA

DESEMPENHO DE UMA SEMEADORA-ADUBADORA UTILIZANDO UM SISTEMA DE DEPOSIÇÃO DE SEMENTES POR FITA.

Avaliação de Cultivares de Sorgo Granífero para Indicação no Estado do Rio Grande do Sul Safra 2012/13

Avaliação de Híbridos de Milho do Programa de Melhoramento Genético do DBI/UFLA

RENDIMENTO DA CULTURA DO MILHO COM DIFERENTES FONTES NITROGENADAS EM COBERTURA SOB PLANTIO DIRETO

Avaliação Preliminar de Híbridos Triplos de Milho Visando Consumo Verde.

PRODUTIVIDADE E COMPONENTES DE PRODUÇÃO DE ALGODOEIRO EM FUNÇÃO DO CULTIVAR EM CHAPADÃO DO SUL - MS 1. Priscila Maria Silva Francisco

CARACTERÍSTICAS BIOMÉTRICAS DE VARIEDADES DE MILHO PARA SILAGEM EM SISTEMA DE PRODUÇÃO ORGÂNICA NO SUL DE MG

ANÁLISE DE PRODUTIVIDADE EM HÍBRIDOS COMERCIAIS E EXPERIMENTAIS DE MILHO NOS MUNICÍPIOS DE MUZAMBINHO/MG, NOVA PONTE/MG E RIO VERDE/GO

BOLETIM TÉCNICO SAFRA 2014/15

Palavras chaves: Plantas de cobertura, Rendimento de grãos, Raphanus vulgaris.

CULTIVARES DE ALGODOEIRO AVALIADAS EM DIFERENTES LOCAIS NO CERRADO DA BAHIA, SAFRA 2007/08 1. INTRODUÇÃO

CALAGEM, GESSAGEM E MANEJO DA ADUBAÇÃO EM MILHO SAFRINHA CONSORCIADO COM Brachiaria ruziziensis

Desempenho de Híbridos de Milho Comerciais e Pré-Comerciais de Ciclo Superprecoce no Município de Guarapuava - PR

EFEITO DO GLYPHOSATE NA PRODUTIVIDADE DO MILHO RR2 CULTIVADO NA SAFRINHA

Avaliação de Cultivares de Milho na Safra 2009/2010, em Dourados, MS

DESEMPENHO DE CULTIVARES E LINHAGENS DE ALGODOEIRO HERBÁCEO NO CERRADO DO SUL MARANHENSE

CORRELAÇÕES LINEARES ENTRE CARACTERES E DIFERENCIAÇÃO DE HÍBRIDOS SIMPLES, TRIPLO E DUPLO DE MILHO 1

AVALIAÇÃO DE LINHAGENS DE PORTE BAIXO DE MAMONA (Ricinus communis L.) EM CONDIÇÕES DE SAFRINHA EM TRÊS MUNICÍPIOS NO ESTADO DE SÃO PAULO

PRODUTIVIDADE DE CULTIVARES DE FEIJÃO-CAUPI EM FUNÇÃO DE DIFERENTES ÉPOCAS DE PLANTIO

AVALIAÇÃO DE GENÓTIPOS DE FEIJOEIRO COMUM NO ESTADO DE GOIÁS

AVALIAÇÃO DE GENÓTIPOS DE MAMONA DE PORTE BAIXO PARA O ESTADO DO PARANÁ*

Controle da Mancha-em-Rede (Drechslera teres) em Cevada, Cultivar Embrapa 129, com os Novos Fungicidas Taspa e Artea, no Ano de 1998

li!x Seminário Nacional

08 POTENCIAL PRODUTIVO DE CULTIVARES DE SOJA

BOLETIM TÉCNICO 2015/16

BOLETIM TÉCNICO 2015/16

IV Congresso Brasileiro de Mamona e I Simpósio Internacional de Oleaginosas Energéticas, João Pessoa, PB 2010 Página 1573

BOLETIM TÉCNICO 2015/16

DESEMPENHO DE CULTIVARES DE SOJA REGISTRADAS PARA CULTIVO NO RIO GRANDE DO SUL, NA SAFRA DE 1998/99

RENDIMENTO DE GRÃOS DE CULTIVARES DO TRIGO INDICADAS PARA O CULTIVO NO ESTADO DO RS

DOSES E FONTES DE NITROGÊNIO EM COBERTURA NO MILHO SAFRINHA

PERDAS DE NITROGÊNIO POR VOLATILIZAÇÃO DE AMÔNIA EM DIFERENTES FONTES DE FERTILIZANTES NA CULTURA DO MILHO SOB PLANTIO DIRETO

INTERFERÊNCIA DA INFESTAÇÃO DE PLANTAS VOLUNTÁRIAS NO SISTEMA DE PRODUÇÃO COM A SUCESSÃO SOJA E MILHO SAFRINHA

Avaliação de caracteres fenológicos de cultivares de milho de ciclo precoce em Santa Maria - Rio Grande do Sul

PRODUTIVIDADE DE GRÃOS DE CULTIVARES DE TRIGO INDICADAS PARA O CULTIVO NO ESTADO DO RS. 1. Roberto Carbonera 2, Tiago Mai 3.

ÉPOCAS DE PLANTIO DO ALGODOEIRO HERBÁCEO DE CICLO PRECOCE NO MUNICÍPIO DE UBERABA, MG *

20 PRODUTIVIDADE DE HÍBRIDOS DE MILHO EM

Comunicado Técnico. Avaliação de Variedades de Milho, Introduzidas do Cimmyt - Safras 2005/2006 e 2006/2007

CONDUÇÃO DE UM HÍBRIDO DE MILHO EM DIFERENTES ESPAÇAMENTOS NO NOROESTE DO RS 1 CONDUCTION OF A CORN HYBRID IN DIFFERENT SPACING IN THE NORTHWEST OF RS

EFEITO DE ADUBAÇÃO NITROGENADA EM MILHO SAFRINHA CULTIVADO EM ESPAÇAMENTO REDUZIDO, EM DOURADOS, MS

COMPONENTES PRODUTIVOS DE HÍBRIDOS DE MILHO SOB DIFERENTES ESPAÇAMENTOS ENTRE LINHAS

Produtividade e heterose de híbridos experimentais de milho em dialelo parcial

BOLETIM TÉCNICO 2015/16

DESEMPENHO AGRONÔMICO DE HÍBRIDOS DE MILHO SAFRINHA EM DUAS ÉPOCAS DE SEMEADURA EM AQUIDAUANA, MS.

ÉPOCAS DE SEMEADURA DO ALGODOEIRO HERBÁCEO DE CICLO PRECOCE NO MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA *

Instituto de Ensino Tecnológico, Centec.

ADEQUAÇÃO DE POPULAÇÕES DE BRAQUIÁRIA EM CONSÓRCIO COM MILHO SAFRINHA EM ESPAÇAMENTO REDUZIDO

Avaliação de Cultivares de Milho de Diferentes Ciclos na Região de Sete Lagoas, MG

Transcrição:

Avaliação de genótipos de milho híbrido, Três de Maio, RS, 2015/16 Marcos Caraffa (1) ; Cinei Teresinha Riffel (2) ; Emerson Antunes Carneiro (3) ; Thiago Monteiro Giesen (3) ; Marlon Eduardo Zawacki (3) ; Gilson Preussler Witczak (3). (1) Professor; Sociedade Educacional Três de Maio; Três de Maio, RS; garrafa@setrem.com.br; (2) Professora; Sociedade Educacional Três de Maio; (3) Acadêmico; Sociedade Educacional Três de Maio. RESUMO: A redução da área de cultivo de milho no Rio Grande do Sul foi acompanhada por crescentes aumentos de rendimento de grãos. A região fronteira noroeste do estado, com alta demanda de milho em função de constituir uma das maiores bacias leiteiras do país, tradicionalmente tem apresentado produtividades médias muito abaixo das médias brasileira e do estado. O presente estudo objetivou avaliar a adaptabilidade de cultivares híbridos de milho às condições edafoclimáticas do município de Três de Maio, RS, na safra 2015/2016. Parta tanto, foi utilizada abordagem quantitativa e procedimento laboratorial e estatístico, com dados coletados por observação direta intensiva e aferição de pesos, sendo sua análise efetuada a partir de análise de variância, com comparação das médias pelo teste Tukey ao nível de significância de 5%. O ensaio foi instalado por delineamento experimental de blocos ao acaso, contando com trinta e cinco materiais genéticos e quatro repetições. A precipitação pluviométrica ocorrida no período favoreceu o desenvolvimento da cultura e a média geral do ensaio (12.119 kg ha -1 ) situou-se 0,99 % acima da expectativa gerada pelo nível tecnológico utilizado (12.000 kg ha -1 ), sendo que 25 genótipos atingiram este patamar. A média geral atingida demonstra claramente a necessidade de qualificação no manejo da cultura na região do estudo, uma vez que os resultados alcançados apontam potencial significativamente superior aos atingidos na região na safra 2012/2013, 4.398 kg ha - 1, ou seja, a média do experimento posicionou-se 276 % acima da média regional da safra considerada para parâmetro de análise. Termos de indexação: Zea mays, cultivares híbridos, rendimento de grãos. INTRODUÇÃO A cultura do milho, em função do potencial de rendimento que apresenta aliado ao significativo valor nutritivo, é um dos cereais de maior utilização mundial, não sendo diferente no Brasil, cumprindo essencial papel socioeconômico (Fancelli & Dourado Neto, 2004). Os mesmos autores enfatizam também que o milho se constitui matériaprima impulsionadora de diversificados complexos agroindustriais. Em que pese ser essa gramínea um dos principais cultivos agrícolas do estado, o Rio Grande do Sul apresenta rendimentos médios aquém do potencial possível, mesmo que apresentando os rendimentos de grãos da cultura substanciais aumentos nos últimos anos. Comparando o rendimento de grãos de milho no estado na safra 2012/2013, média de 5.161 kg ha -1, com a média brasileira no mesmo período, 5.130 kg ha -1 (Reunião Técnica Anual do Milho e Reunião Técnica Anual do Sorgo, 2014), comprova-se esta melhoria, já que em anos anteriores os resultados eram muito inferiores aos da safra brasileira. Cabe salientar, no entanto, que no mesmo ano agrícola, segundo o mesmo autor, o rendimento de grãos de milho na região do município de Santa Rosa impactou negativamente o resultado do estado, com rendimento de 4.398 kg ha -1. Assim sendo, a região necessita de ampliação de uso das tecnologias disponíveis para o aumento de rendimento da cultura. Uma dessas tecnologias é o potencial genético dos cultivares, ofertados aos agricultores, com novidades a cada ano. As empresas obtentoras desenvolvem esses cultivares, colocando-os no mercado, o qual é muito amplo, com expressivas variações em relação a clima e solo, sobretudo. Dessa forma, há necessidade de se conhecer a adaptabilidade desses materiais em diversas condições edafoclimáticas a fim de selecionar os genótipos com maior potencial produtivo a cada região, subsidiando assistentes técnicos na indicação e produtores rurais na escolha MILHO - Genética e melhoramento Página 1265

de cultivares a serem semeados nas lavouras, além de permitir aos pesquisadores da área informações a respeito da interação desses genótipos com o ambiente. Com esse intuito, anualmente, desde 2006, é estabelecido ensaio de competição de genótipos de milho no município de Três de Maio, em ação de cooperação envolvendo a Sociedade Educacional Três de Maio (SETREM), a Cooperativa Agro- Pecuária Alto Uruguai Ltda (COTRIMAIO), a Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e de Extensão Rural (ASCAR EMATER/RS) e o Sistema de Crédito Cooperativo (SICREDI NOROESTE). Posteriormente à instalação e condução do ensaio, o mesmo serve de contexto para uma das estações apresentadas aos produtores rurais da região e estudantes em Dia de Campo de Milho e Girassol, atividade de extensão que visa promover o desenvolvimento do conhecimento nesse segmento alvo da atividade, realizada, na safra passada, em 06 de janeiro de 2016. Face ao já acima exposto e considerando que o município de Três de Maio encontra-se em região que apresenta uma das principais bacias leiteiras do país, atualmente em condição de expansão, a demanda por milho, seja na condição de grãos ou silagem, tem aumentado consideravelmente. Todos os anos, com o intuito de ampliar ainda mais os rendimentos das culturas agrícolas comerciais, pesquisadores desenvolvem novos genótipos, lançados no mercado pelas empresas patrocinadoras dessas pesquisas. Uma vez no mercado, esses novos materiais devem ser testados em diversas condições edafoclimáticas do país, visando conhecimento de suas adaptabilidades locais. Essa ação, focando a região do município de Três de Maio, é o objetivo do presente estudo, considerando os materiais de milho participantes do ensaio já frisado. MATERIAL E MÉTODOS O estudo de adaptação de cultivares de milho às condições edafoclimáticas da região de Três de Maio, RS, foi estabelecido na Área Experimental da SETREM (altitude de 344 metros), no município de Três de Maio, RS, safra 2015/16, contando com trinta e cinco híbridos, conforme tabela 2. Para definição dos genótipos participantes do ensaio, inicialmente foram contatadas as empresas obtentoras com significativa participação no mercado, solicitando que cada uma delas indicasse e disponibilizasse as sementes de seus três principais materiais. Assim, onze empresas participaram do ensaio, sendo que oito indicaram três materiais genéticos, uma cedeu dois, uma disponibilizou quatro genótipos e outra, cinco, perfazendo um total de trinta e cinco cultivares híbridos de milho (Tabela 2). A pesquisa teve caráter quantitativo, com procedimento laboratorial e estatístico (Lima, 2004). A coleta de dados foi efetuada por observação direta intensiva e testes de aferição de pesos (Lakatos & Marconi, 2006), sendo que os mesmos foram submetidos à análise de variância, com comparação das médias pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade de erro (Lima, 2004) por intermédio do programa estatístico XLStat (Adinsoft, 2013). O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com parcelas representadas pelos cultivares, em quatro repetições cada. As parcelas foram instaladas em quatro linhas de cinco metros de comprimento, espaçadas em 0,50 m, com espaçamento entre plantas de 0,28 m, perfazendo uma densidade de 72.000 plantas por hectare. Das parcelas semeadas foram colhidos quatro metros de duas linhas centrais, totalizando uma área útil de 4,0 m 2. O sistema de cultivo utilizado foi o sistema de semeadura direta sobre palhaça de nabo forrageiro, sendo as parcelas estabelecidas a campo nos dias 31 de agosto e 01 de setembro, utilizando na adubação de base para uma expectativa de produção de 12.000 kg ha -1 (Comissão de Fertilidade do Solo - RS/SC, 2004): 48 kg ha -1 de nitrogênio, 120 kg ha -1 de fósforo (P 2 O 5 ) e 80 kg ha -1 de potássio (K 2 O). A operação de adubação foi efetuada de maneira mecanizada e a semeadura com semeadoura manual, colocando três sementes por cova, com desbaste em 28 de setembro, ocorrendo emergência plena em 11 de setembro. O ensaio foi conduzido em acordo com as tecnologias preconizadas por Reunião Técnica Anual do Milho e Reunião Técnica Anual do Sorgo (2014). A área em que foi estabelecido o ensaio foi dessecada em três de agosto com uso de glyphosate (Roundup WG - 1,5 kg ha -1 ) + 2,4 D (2,4 D Nortox - 1,5 L ha -1 ) e em 28 de setembro foi efetuada aplicação de atrazine + simazina (Primatop SC 6,0 L ha- 1 ) visando controle das ervas indesejáveis. Em 04 de outubro foi efetuada a primeira adubação de cobertura, utilizando 45 kg ha - 1 de nitrogênio na forma de ureia, sendo efetuada uma segunda aplicação do produto, também 45 kg ha -1, em 01 de novembro. Em 22 de setembro foi aplicado o inseticida, tiametoxan + lambda-cialotrina (Engeo Pleno 0,2 L ha -1 ) para controle de Spodoptera frugiperda. A colheita ocorreu no dia 18 de fevereiro de 2016. MILHO - Genética e melhoramento Página 1266

RESULTADOS E DISCUSSÃO O volume pluviométrico ocorrido durante o ciclo da cultura, da semeadura até a colheita, foi de 1.459,5 milímetros. No entanto, o período crítico do milho quanto à umidade do solo se concentra entre 15 antes e 15 dias após o aparecimento da inflorescência masculina (Fancelli & Dourado Neto, 2004). Estudo conduzido no mesmo local e período do presente ensaio (Ensaio Estadual de Avaliação de Cultivares de Milho), contemplando 26 materiais genéticos, apontou um período médio de 67 dias entre a emergência e a emissão da inflorescência masculina e 69 dias até a emissão da inflorescência feminina (Caraffa et al., 2015). Assim, pode-se afirmar que a emissão da inflorescência masculina ocorreu no dia 17 de novembro, data que, observando os dados pluviométricos apresentados na tabela 1, permite afirmar não ter ocorrido escassez de umidade capaz de afetar negativamente o rendimento de grãos. Tabela 1 Pluviosidade ocorrida na Área de Pesquisa da SETREM Mês Ano / dias 1 a 10 Precipitação (mm) 11 a 20 21 a 31 Total Set. 2015 34 120 41 195 Out. 2015 33 80 39 152 Nov. 2015 126 71 48 245 Dez. 2015 162 207 185,5 554,5 Jan. 2016 58 0 192,5 250,5 Fev. 2016 47 62,5 17,5 127 Total 1524 A tabela 2 apresenta os resultados de rendimento de grãos além de características agronômicas dos genótipos estudados. A média geral do ensaio situou-se 0,99 % acima da expectativa gerada pelo nível tecnológico utilizado. Analisando os rendimentos médios obtidos pelos genótipos estudados é possível observar que se destacou o cultivar AS 1666 (13.766 kg ha -1 ), sem, no entanto, se diferenciar significativamente ao nível de 5 % de probabilidade de erro pelo teste de Tukey de outros 26 híbridos. Por outro lado, se destacaram negativamente dois cultivares, quais sejam, 22S18 TOP (7.201 kg ha -1 ) e 22T10 TOP (7.625 kg ha -1 ), se diferenciando significativamente de todos os demais. Considerando a média do ensaio (12.119 kg ha - 1 ) como referência, vinte e três genótipos apresentaram resultado superior e doze apresentaram resultado inferior. CONCLUSÕES Com base nos resultados apresentados na tabela 2 é possível afirmar que, ao atingirem a expectativa de produção, 25 materiais estudados apresentam boa adaptabilidade às condições edafoclimáticas do município de Três de Maio, RS, sendo passíveis de recomendação para semeadura nessas condições. Os demais cultivares estudados também merecem recomendação de cultivo na região (à exceção dos dois que apresentaram rendimento de grãos significativamente inferior), em que pese não terem atingido a expectativa de produção. Cabe salientar que o genótipo de pior desempenho deste grupo (MG 300 PW 10.922 kg ha -1 ) apresentou rendimento de grãos extremamente superior à média do país, do estado e da região quando considerada a safra 2012/13 (Reunião Técnica Anual do Milho e Reunião Técnica Anual do Sorgo, 2014). Outro aspecto passível de conclusão é a necessidade de qualificação no manejo da cultura na região do estudo, uma vez que os resultados alcançados apontam potencial significativamente superior aos atingidos comparativamente na região na safra 2012/2013, 4.398 kg ha -1 (Reunião Técnica Anual do Milho e Reunião Técnica Anual do Sorgo, 2014), ou seja, a média do experimento posicionouse 276 % acima da média regional da safra considerada para parâmetro de análise. REFERÊNCIAS ADDINSOFT. XLStat your data analysis solution. Lausanne: Addinsoft, 2013. CARAFFA, M; RIFFEL, C. T.; PIZZANI, R.; DECKER, V. A.; CARNEIRO, E. A. Ensaio estadual de avaliação de cultivares de milho em Três de Maio, RS, na safra 2014/15. In: Reunião Técnica Anual do Milho e Reunião Técnica Anual do Sorgo, 60, 43, 2015, Getúlio Vargas. Anais... Getúlio Vargas: IDEAU, 2015. No prelo. COMISSÃO DE QUÍMICA E FERTILIDADE DO SOLO (CQFS RS/SC). Manual de adubação e de calagem para os Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Porto Alegre: SBCS/Núcleo Regional Sul, 2004. 404 p. FANCELLI, A. L.; DOURADO NETO, A. Produção de milho. Guaíba: Agropecuária, 2004. 360 p. MILHO - Genética e melhoramento Página 1267

LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2006. 315 p. LIMA, M. Monografia: a engenharia da produção acadêmica. São Paulo: Saraiva, 2004. 210 p. REUNIÃO TÉCNICA ANUAL DO MILHO E REUNIÃO TÉCNICA ANUAL DO SORGO, 58, 41. 2014. Indicações técnicas para o cultivo de milho e de sorgo no Rio Grande do Sul Safras 2013/2014 e 2014/2015. Pelotas: EMBRAPA Clima Temperado. 124 p.. MILHO - Genética e melhoramento Página 1268

Tabela 2 - Genótipos de milho: ciclo, tipo de hibridação, rendimento e comparação à média de produção, Três de Maio, RS, safra 2015/2016. Cultivar Ciclo Tipo Rendimento Comparação cultivares híbrido (kg ha -1 ) à média (%) AS 1666 Super Precoce Simples 13766 a 114 30F53 YH Precoce Simples 13449 ab 111 3M51 Precoce Triplo 13258 abc 109 P2530 Super Precoce Simples 13234 abc 109 DKB 290 PRO 3 Precoce Simples 13225 abcd 109 DKB 230 PRO 3 Hiper Precoce Simples 13175 abcd 109 DKB 240 PRO 3 Precoce Simples 12922 abcde 107 NS 92 PRO 2 Precoce Simples 12806 abcde 106 P3456 H Super Precoce Simples 12794 abcde 106 NS 56 PRO Precoce Simples 12766 abcde 105 CD 3410 Super Precoce Duplo modif. 12750 abcde 105 LG 6033 Super Precoce Simples 12703 abcde 105 SUPREMO VIP Precoce Simples 12675 abcde 105 NS 50 PRO 2 Precoce Simples 12669 abcde 105 MG 580 PW Precoce Simples 12659 abcde 104 P1630 H Hiper Precoce Simples 12659 abcde 104 2B433 PW Super Precoce Triplo 12613 abcde 104 LG 6050 PRO Precoce Simples 12575 abcde 104 2B688 PW Precoce Triplo 12528 abcde 103 2A401 PW Super Precoce Simples 12376 abcde 102 32R48 YH Super Precoce Simples 12321 abcde 102 30A37 PW Super Precoce Simples 12245 abcde 101 20A78 PW Super Precoce Triplo 12178 abcde 100 AS 1677 Hiper Precoce Simples 12103 abcde 100 CD 3560 Precoce Simples 12078 abcde 100 LG 6030 PRO Precoce Simples 11813 abcde 97 FORMULA VIP Super Precoce Simples 11765 abcde 97 4M50 Precoce Duplo 11700 bcde 97 2M95 VIP III Precoce Simples 11347 cde 94 DEFENDER VIP Precoce Duplo 11193 de 92 CD 384 PW Precoce Triplo 11103 e 92 22S11 TOP Super Precoce Simples 10966 e 90 MG 300 PW Super Precoce Simples modif. 10922 e 90 22T10 TOP Super Precoce Triplo 7625 f 63 22S18 TOP Super Precoce Simples 7201 f 59 Média 12119 C.V (%) 6,05 Médias seguidas por mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade de erro. MILHO - Genética e melhoramento Página 1269

MILHO - Genética e melhoramento Página 1270