PRODUÇÃO DE HIDROGÊNIO EM UMA UNIDADE DE BANCADA DE REFORMA DE ETANOL

Documentos relacionados
Estudo de catalisadores a base de cobre e nióbia na reação de reforma a vapor de etanol

Departamento de Engenharia Química, Universidade Estadual de Maringá, Avenida Colombo, 5790, Bloco D-90, Maringá - Paraná, CEP

INFLUÊNCIA DA ACIDEZ/TEOR DE Cu NO DESEMPENHO DE CATALISADORES 0,1%K 2 O/Cu/Nb 2 O 5, USADOS NA REFORMA DO ETANOL COM VAPOR D`ÁGUA.

ESTUDO DO DESEMPENHO DE CATALISADORES DESTINADOS À PRODUÇÃO DE HIDROGÊNIO A PARTIR DA REFORMA A VAPOR DE METANOL E DIMETIL ÉTER

ESTUDO DA SELETIVIDADE DO CATALISADOR INDUSTRIAL APLICADO NA REFORMA A VAPOR DE METANOL

4 Resultados e Discussão 78. Figura 4.8 DRS-UV-vis para os catalisadores bimetálicos suportados, calcinados a 400 o C por 4 horas.

INFLUÊNCIA DOS SUPORTES Nb 2 O 5 E CeO 2 NA ESTABILIDADE DE CATALISADORES Cu-Ni EM REAÇÕES COM ETANOL PARA PRODUÇÃO DE HIDROGÊNIO

ESTUDO DO EFEITO DO SUPORTE EM CATALISADORES DE COBALTO E NÍQUEL PARA OBTENÇÃO DE HIDROGÊNIO A PARTIR DA REFORMA A VAPOR DO ETANOL

PRODUÇÃO DE HIDROGÊNIO A PARTIR DA REFORMA DO ETANOL

ESTUDO DE REGENERAÇÃO DE CATALISADOR Cu-Co-Al PARA A PRODUÇÃO DE HIDROGÊNIO A PARTIR DO GÁS NATURAL

MODELAGEM E SIMULAÇÃO DE UM REATOR DE REFORMA A VAPOR DE METANOL

SÍNTESE E CARACTERIZAÇÃO DE CATALISADORES V/Cr SUPORTADO EM Nb/Al E AVALIAÇÃO CATALÍTICA NA DECOMPOSIÇÃO DO ISOPROPANOL

ANÁLISE DO DESEMPENHO DE UM REATOR INTEGRAL DE REFORMA A VAPOR DE METANOL

Inicialmente a oxidação do metano em altas temperaturas pode ser realizada através da reação: CH 4 + O2 = CH 3 + HO 2 Ou por: CH 4 + M = CH 3 + H + M

PRODUÇÃO DE ETILENO A PARTIR DO ETANOL COM USO DE DIFERENTES ALUMINAS COMERCIAIS COMO CATALISADORES

Reforma a vapor de biogás usando catalisadores de óxidos mistos Ni-Mg-Al obtidos a partir de hidrotalcitas

Combustíveis e Redutores ENERGIA PARA METALURGIA

ESTUDO DE ÓXIDOS MISTOS DE HIDROTALCITAS DE COBALTO E NÍQUEL

OBTENÇÃO DE HIDROCARBONETOS SUPERIORES A PARTIR DA CONVERSÃO DO BIOETANOL SOBRE CATALISADORES Ni/ZSM-5

Energia para Metalurgia

R: a) t r = 2,23 h b) nº bateladas = 7 c) N Rt = 179,4 kmol por dia

Produção de hidrogênio a partir do biogás

Células de Hidrogênio

1 a Questão: Valor : 1,0 FOLHA DE DADOS. I ) Entalpias de Formação (H o f ) H 2. O (líquida) = - 68,3 kcal / mol. CO 2 (gasoso) = - 94,1 kcal / mol

Análises termodinâmica e físico-química da reforma a vapor do etanol: produção de hidrogênio para uso em PEMFC

INFLUÊNCIA DA ADIÇÃO DO VANÁDIO SOBRE NIÓBIA NA DESIDROGENAÇÃO OXIDATIVA DO PROPANO

Processo Oxo Prof. Marcos Villela Barcza

CRAQUEAMENTO TÉRMICO DE ÓLEO DE FRITURA: UMA PROPOSTA DE MECANISMO CINÉTICO COM BASE EM AGRUPAMENTOS DE COMPOSTOS

TEMA PARA DOUTORADO 1º SEMESTRE DE 2019

AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO DA ADIÇÃO DE VANÁDIO E POTÁSSIO SOBRE ALUMINA DE TRANSIÇÃO

Balanceamento de equações

Catálise heterogênea. Catalisador sólido. Reação na interface sólido-fluido

Temas de Dissertação. Programa de Pós-graduação em Engenharia Química da Universidade Federal Fluminense. Lisiane Veiga Mattos

PARTE III Balanço de massa

Balanceamento de equações

7ª Ficha de Avaliação de Conhecimentos Turma: 11ºA

PRODUÇÃO DE HIDROGÊNIO ATRAVÉS DA REFORMA-VAPOR DO

BALANÇOS DE MASSA EM PROCESSOS COM REAÇÃO

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE QUÍMICA E BIOLOGIA CURSO DE BACHARELADO EM QUÍMICA TECNOLÓGICA

SÍNTESE DE BIODIESEL UTILIZANDO ARGILA BENTONÍTICA NATURAL E IMPREGNADA COMO CATALISADOR

X Congresso Brasileiro de Engenharia Química Iniciação Científica

Lista de Exercícios Lei de Hess, Cinética Química e Equilíbrio Químico Prof. Benfica

Processos Pré-Extrativos

PQI 3211 LISTA DE EXERCÍCIOS BALANÇOS MATERIAIS COM REAÇÕES QUÍMICAS

CATALISADORES DE Co E Pt SUPORTADOS EM La2O3 E SiO2 ESTUDO DO EFEITO DO TEOR DE METAIS NA REFORMA A VAPOR DO ETANOL

Relações Mássicas em Reacções Químicas

Vestibular UFSC 2005 (Branca) Química

Processos Pré-Extrativos

AVALIAÇÃO DE CATALISADORES SOL-GEL E INDUSTRIAL FRENTE A REAÇÃO DE REFORMA A VAPOR DE METANOL

Giane Gonçalves*, Fernando Quilice Martinelli, Creusa Maieru Macedo Costa, Luiz Mario de Matos Jorge e Onélia Aparecida Andreo dos Santos

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Célula de Combustível

Avaliação de catalisadores Cu/carvão ativo e Cu/SiO 2 aerosil na reforma do etanol

Energia para Siderurgia

OLIGOMERIZAÇÃO DO GLICEROL CATALISADA POR ÓXIDOS DE FERRO

INFLUÊNCIA DO CROMO E NIÓBIO NO CATALISADOR NA REAÇÃO DE DECOMPOSIÇÃO DO ISOPROPANOL

com o oxigênio, formando o trióxido de enxofre (SO 3 ), e deste com a água, resultando no H 2

Exercício. Questão 48 Engenheiro de Processamento Petrobras 02/2010

Sinopse das funções orgânicas

EFICIÊNCIA DA REFORMA A VAPOR DO ETANOL SOBRE CATALISADORES COBALTO-SUPORTE

PRODUÇÃO NÃO CATALITÍCA DE ETIL ÉSTERES DE ÁCIDOS GRAXOS DO ÓLEO DE SOJA

PEROVSKITAS A BASE DE NÍQUEL E NIÓBIO COMO CATALISADORES PARA REFORMA A VAPOR DE METANO

01 O chumbo participa da composição de diversas ligas metálicas. No bronze arquitetônico, por

LABORATÓRIO DE CATÁLISE

BALANÇOS DE MASSA NA PRESENÇA DE REAÇÕES QUÍMICAS

UECE ª FASE COMENTÁRIO DA PROVA DE QUÍMICA

Qui. Allan Rodrigues Xandão (Gabriel Pereira)

CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DE CATALISADORES INDUSTRIAIS DE REFORMA A VAPOR DE METANOL E SHIFT

ESTUDO DE CATALISADORES SUPORTADOS EM NIÓBIA PARA OXIDAÇÃO SELETIVA DE CO EM BAIXAS TEMPERATURAS

1º BIMESTRE. Série Turma (s) Turno 3º A B C D E F G H MATUTINO Disciplina: QUÍMICA Professor: CHARLYS FERNANDES Data: / / 2017 Aluno (a): Nº

PRODUÇÃO DE HIDROGÊNIO PARA CÉLULAS A COMBUSTÍVEL A

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA - EEL. Prof. Geronimo

Metais e ligas metálicas Estrutura e propriedades dos metais

Autores: Giselle de S. Araújo, Ricardo H. R. de Carvalho e Elisa M. B. D. de Sousa. São Paulo, Maio de 2009

INFLUÊNCIA DA FONTE DE SÍLICA NA ESTABILIDADE DA CTA-MCM-41 UTILIZADA EM TRANSESTERIFICAÇÃO CATALÍTICA

Energia para metalurgia

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL Seminário do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Química. 04 a 07 de outubro de 2011

Capítulo 1 - Introdução 23


Quí. Monitor: Gabriel Pereira

PQI 3103 Conservação de Massa e Energia

COMBUSTÍVEIS E REDUTORES

PROMOVE PROCESSOS DE CONVERSÃO

ESTEQUIOMETRIA. Estudo das reações. Descrevendo uma reação química. Indicadores de uma reação química:

ESTEQUIOMETRIA. Estudo das reações. Indicadores de uma reação química:

ESTEQUIOMETRIA. Estudo das reações. Descrevendo uma reação química. Indicadores de uma reação química:

PROVA DE QUÍMICA SEGUNDA ETAPA DO VESTIBULAR 99 DA UFMG

Exemplo 2: A baixas temperaturas a lei de velocidade da reação A + B C + D é r A =

Tecnologias de Produção de Biodiesel

Avaliação Cinética da Gaseificação com CO 2 do Bagaço de Maçã

P L A N I F I C A Ç Ã O A N U A L

Semana 09. A queima do carvão é representada pela equação química:

METAIS E LIGAS METÁLICAS

P L A N I F I C A Ç Ã O A N U A L

a) Qual deverá ser o volume do PFR para converter 80% de A em fase líquida? Considerar alimentação a 44 L min -1 e C A0 = C B0 = 1 mol L -1

Cinética e Eq. Químico Folha 10 João Roberto Fortes Mazzei

Quí. Monitor: Rodrigo Pova

FUVEST ª Fase (Questões 1 a 7)

Produção de Biodiesel a partir de óleo de soja empregando catalisadores heterogêneos contendo potássio

Transcrição:

SNPTEE SEMINÁRIO NACIONAL DE PRODUÇÃO E TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA GPT - 4 16 a 1 Outubro de 005 Curitiba - Paraná GRUPO II PRODUÇÃO TÉRMICA E FONTES NÃO CONVENCIONAIS PRODUÇÃO DE HIDROGÊNIO EM UMA UNIDADE DE BANCADA DE REFORMA DE ETANOL Nádia Regina Camargo Fernandes Machado 1 (*), Mario Cesar do Nascimento (+), Mauricio Pereira Cantão ( ), Roberta Carolina Pelissari Rizzo (*), Christian Gonçalves Alonso (*), Alencar Neves Bessani (*), Aline Denatei Cavenaghi (*), Fabiana Toome Wauke (*) e Natascia Maria de Freitas (*) RESUMO (*) DEQ/UEM, (+) COPEL/ENERGIAS ALTERNATIVAS, ( ) LACTEC A reforma do etanol com vapor d água sobre catalisadores a base de cobre e nióbia foi estudada em unidade de bancada com leito catalítico de 7g em reator a 573K. Foram avaliadas a influência da velocidade espacial e da razão molar de reagentes sobre a produção de H e de subprodutos como CO, etano e eteno na fase gasosa e de éter etílico, ácido acético e acetato de etila na fase líquida. A redução da acidez do suporte diminuiu a formação de subprodutos e aumentou a de hidrogênio. Níquel como segundo metal aumentou a produção de CO e CH 4. PALAVRAS-CHAVE Produção de hidrogênio; reforma de etanol; catalisadores cobre-potássio-nióbio 1.0 - INTRODUÇÃO A perspectiva de uma futura crise energética em virtude de uma acentuada escassez das reservas petrolíferas mundiais e o aumento da importância dos processos ambientalmente corretos, têm conduzido a ciência rumo ao desenvolvimento de novas tecnologias como a de geração de energia elétrica a partir do hidrogênio em células a combustível. Para tanto, tem-se estudado inúmeros processos catalíticos heterogêneos com vistas à geração de hidrogênio, sendo a reação de reforma do etanol um dos mais promissores por utilizar-se de uma matéria prima de baixo custo, de produção em larga escala no Brasil, e principalmente por tratar-se de uma fonte totalmente renovável e capaz de conduzir o processo a um balanço nulo de emissão de poluentes. Entretanto o desafio tecnológico de utilização do etanol como fonte de hidrogênio é muito grande. O processo de reforma, ou seja, a produção de hidrogênio a partir da reação entre hidrocarbonetos ou álcoois com vapor d água, é utilizado industrialmente tendo metano (principal constituinte do gás natural) ou metanol como matéria-prima. A reforma do etanol foi menos estudada, e até o momento, não são conhecidos relatos de aplicações industriais. No entanto, nos últimos anos a pesquisa vem aumentando tanto pela potencial aplicação em células a combustível como pela facilidade de utilização do etanol como matéria-prima. Trabalhos recentes sobre reforma de etanol apresentados na literatura (1,, 3) usando catalisadores a base de metais nobres e reações ocorrendo em altas temperaturas (773-1073K) obtiveram bons resultados em seletividade ao hidrogênio. No entanto, ocorreram desativações muito rápidas dos catalisadores, e além disso, o sistema de reação utilizado é composto por reatores de vidro ou quartzo, o que dificulta o aumento de escala para o nivel industrial. Estudos realizados no Laboratório de Catálise do Departamento de Engenharia Química da Universidade Estadual de Maringá (4, 5) utilizando sistema de microrreator catalítico de leito fixo, com temperatura de reação de 573K, catalisador 5%Cu/Nb O 5 e razão molar de reagentes, água/etanol de 3/1, indicaram a viabilidade técnica da reforma de etanol a partir de catalisadores a base de cobre. Nestes trabalhos, os produtos de reação encontrados foram hidrogênio e dióxido de carbono (produtos de reforma), apresentando como principal subproduto éter etílico. Embora a não detecção de monóxido de carbono (subproduto tradicional de reforma, prejudicial às células a 1 DEQ/UEM, Avenida Colombo, 5790, Bloco D-90, CEP-8700-900, Maringá, PR, email: nadia@deq.uem.br, tel. 44-3614747,

combustível tipo PEM), tenha indicado que o catalisador de cobre suportado em nióbia tem potencial para gerar hidrogênio com poucas impurezas, o que garante a sua utilização em células a combustível de baixa temperatura, evitando sistemas de purificação e, portanto, custos adicionais, a alta vazão de alimentação dos reagentes, cerca de 800 dm 3 /h.g cat para a velocidade espacial, representou uma dificuldade na ampliação de escala, pois trabalhava-se com 100 mg de catalisador. Dessa forma, procedeu-se a um aumento gradual de escala, com redução da vazão de alimentação e conseqüente aumento do tempo de contato dos reagentes no reator. Os estudos seguintes (6) foram realizados em reator integral com 16 g de catalisador 5%Cu/Nb O 5 em leito empacotado com uma velocidade espacial de 5 dm 3 /h.g cat, ou seja, 160 vezes menor. Isso, aliado a efeitos de transferência de massa interna à partícula que também teve seu tamanho aumentado pela necessidade de empacotamento de um leito com 10 cm de altura e 1,5 cm de diâmetro interno, levou a uma alteração substancial na distribuição de produtos. Com o aumento do tempo de contato, a acidez do catalisador (gerada pela presença de pentóxido de nióbio não interagido com o cobre) provocou desidratação indesejada do etanol, formando etileno que por sua vez sofreu oligomerização, produzindo hidrocarbonetos com variado número de átomos de carbono. Na fase gasosa apareceram etileno, etano, propano, propeno, monóxido de carbono e metano, além do dióxido de carbono e hidrogênio. Na fase líquida, além dos reagentes não reagidos, etanol e água, foram encontrados: éter etílico, acetato de etila, ácido acético e baixos teores de hidrocarbonetos de maior massa molecular, variando de C5 a C3. Testes de atividade catalítica mostraram que as reações paralelas também levaram à formação de coque na superfície catalítica, desativando-o após 65 horas de operação, com a conversão sendo reduzida de cerca de 40% para cerca de 10%. Esses resultados revelaram a necessidade de alterações no catalisador para reduzir sua acidez e facilitar a quebra da ligação carbono-carbono da molécula de etanol. Deste modo, o presente trabalho dedicou-se à avaliação do desempenho de catalisadores 5%Cu/Nb O 5, com a incorporação de MgO ou K O (redutores da acidez do suporte) e com a incorporação de Ni (um facilitador da quebra da ligação C-C) na reação de reforma do etanol a 573K, variando-se a velocidade espacial e a razão molar dos reagentes de modo a otimizar o processo de produção de hidrogênio com conseqüente diminuição da formação de subprodutos indesejados. Visando a construção de um reformador autônomo para acoplamento em célula a combustível de pequeno porte..0 - EXPERIMENTAL.1 Preparação dos Catalisadores Foram preparados os seguintes catalisadores: Cu/Nb O 5 (CN); Cu-Ni/Nb O 5 (CNN) e Cu/MgO/Nb O 5 (CMN) por impregnação úmida simultânea, quando for o caso. O catalisador Cu/K O/Nb O 5 foi preparado de dois modos distintos, impregnação simultânea (SI) ou sucessiva (SU), gerando dois catalisadores diferentes: CKNSI e CKNSU. O suporte utilizado foi Nb O 5 fornecido pela CBMM. A carga metálica teórica utilizada no preparo dos catalisadores foi de 5% em massa de Cu e % em massa de Ni, K, e Mg quando utilizados como aditivos. Foram utilizados sais de nitrato dos metais Cu, K, Ni, e Mg na preparação de soluções metálicas utilizadas no processo de impregnação. Após secagem em evaporador rotatório os precursores foram aglomerados, calcinados a 773K por 5h e peneirados.. Caracterização dos Catalisadores Para um melhor conhecimento da textura e das interações relativas entre os diferentes componentes dos catalisadores, além da determinação da temperatura máxima de redução dos catalisadores na etapa de ativação, os mesmos foram caracterizados por análise textural através de isoterma de adsorção de N a 77K em equipamento Quanta Chrome Nova e por Redução à Temperatura Programada (RTP) em equipamento construído no DEQ/UEM..3 Teste Catalítico A unidade de reação é composta por um reator tubular em aço inox (15 cm X 1,5 cm d. i.) com saída acoplada a um condensador conectado em linha a um cromatógrafo gasoso TRACE GC ThermoFinnigam equipado com coluna Porapak N e peneira molecular 13X para análise do produto gasoso. O produto líquido foi analisado em um cromatógrafo gasoso Varian-3300 equipado com coluna Carbowax. A Figura 1 apresenta uma foto da unidade de reação. No início de cada teste catalítico foi realizada a ativação in situ do catalisador, o que consistiu em aumento gradativo da temperatura, com um fluxo de 36cm 3 /min de mistura N -H (40% de H ), até a temperatura máxima de redução (773K, determinado no teste de redução à temperatura programada) permanecendo por 4 horas para garantir a redução do metal impregnado. Os testes catalíticos foram realizados à temperatura constante de 573K. Foram variadas a razão molar H O:C H 5 OH (3:1, 5:1, 10:1) e a velocidade espacial horária mássica (WHSV: 7,80; 1,60, 19,90 dm 3 /h.gcat).

3 FIGURA 1: Unidade de reação de reforma a vapor de etanol 3.0 - RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 Análise Textural A tabela 1 mostra um resumo da análise textural realizada nos catalisadores preparados. Todos os cataliadores são mesoporosos. A introdução de óxido dopante da acidez aumenta a porosidade do catalisador. O catalisador CKNSI tem uma área quatro vezes maior que o catalisador CN, fator certamente favorável ao aumento da atividade do catalisador. A introdução de um segundo metal, níquel, também provocou um aumento da porosidade em cerca de cinco vezes. TABELA 1: Análise Textural dos Catalisadores. Catalisador CN CKNSI CKNSU CMN CNN Área Superficial Específica (m /g) 9 38 43 11 50 Área Superficial Externa * (m /g) 5 15,0 6 3 Área Superficial de Microporos * (m /g) 4 3 1 5 18 Volume Total de Poros (cm 3 /g) 0,0108 0,0369 0,0475 0,01 0,0654 Volume de Microporos * (cm 3 /g) 0,000 0,0110 0,0100 0,00 0,0085 Diâmetro médio de Poros (Å) 45,8 38,8 44,38 44,6 5,6 *Método t 3. Redução à Temperatura Programada A figura mostra os perfis de redução à temperatura programada dos catalisadores preparados. Nota-se que a introdução do dopante, K O ou MgO, aumentou a temperatura de início da redução do cobre, sem no entanto provocar a redução do dopante (apenas um máximo de redução), evidenciando a interação do óxido com o catalisador. O catalisador bimetálico, CNN, apresenta dois picos de redução, mostrando que ambos os metais, Cu e Ni, são reduzidos. Apesar de cada catalisador possuir uma temperatura de máximo de redução característica foi escolhida 773K como temperatura do patamar de redução para todos os catalisadores, de modo a uniformizar o procedimento. O segundo máximo de redução, em todos os catalisadores, corresponde à redução do pentóxido de nióbio, nota-se que houve alteração significativa apenas nos catalisadores com K O, CKNSI e CKNSU, mostrando que houve interação entre o óxido de potássio e o pentóxido de nióbio. Esse resultado corrobora com o bom desempenho do potássio como dopante da acidez do pentóxido de nióbio.

4 Consumo de H (u. a.) CN CKNSI CNN CMN CKNSU 300 400 500 600 700 800 900 1000 1100 100 1300 Tem peratura (K) FIGURA : Perfis de redução à temperatura programada. 3.3 Testes Catalíticos Com a meta de produção máxima de hidrogênio por etanol consumido, a reação desejada entre todas as possíveis termodinamicamente é a seguinte: C H 5 OH + 3 H O CO + 6 H A Tabela mostra os resultados de conversão dos testes catalíticos realizados nas diferentes condições de operação utilizadas. Podemos notar que a introdução de um agente redutor da acidez do pentóxido de nióbio como K O ou MgO, aumentou a conversão do etanol na maioria dos experimentos, sendo que o catalisador dopado com K O gera um catalisador mais ativo. A utilização do procedimento de impregnação simultânea ao invés da impregnação sucessiva mostrou ser mais efetiva. Para uma mesma velocidade espacial razões molares mais altas dão maior conversão, esse resultado evidencia que um grande tempo de contato acaba dificultando a reação, o que está de acordo com estudos anteriores realizados em microrreator (4,5). Para a mais alta velocidade espacial houve uma ligeira redução na conversão para alguns catalisadores na razão 10:1. A análise cromatográfica tanto dos produtos líquidos como gasosos mostrou que a introdução de K O no catalisador reduziu os subprodutos, eliminando a formação de hidrocarbonetos de alto peso molecular na fase líquida, encontrados quando o catalisador é somente Cu/Nb O 5. Foi encontrado ácido acético e acetato de etila na fase líquida, no entanto, foi registrado o aparecimento de metano e CO na fase gasosa, que não ocorria com esse catalisador. A incorporação de níquel, gerando um catalisador bimetálico, não aumentou a conversão quando comparado com o catalisador CN e aumentou a produção de CO e CH 4, o que comprova que a introdução de um dopante para a acidez do pentóxido de nióbio é fator fundamental para uma alta atividade com boa produção de hidrogênio, enquanto que, a introdução de um segundo metal (Ni) mostrou que a quebra da ligação C-C não é a etapa decisiva da reação superficial. TABELA Conversão total de Etanol. WHSV (dm 3 /(h*gcat.) 7,80 1,60 19,90 1 H O:EtOH 3:1 5:1 10:1 3:1 5:1 10:1 3:1 5:1 10:1 Cu/Nb O 5 (CN) X% 8,5 53,5 53, 33,5 40,1 4,4 33,4 40,1 4,1 Cu/K O/Nb O 5 (CKNSU) X% 49, 49,3 3,9 6,6 58,3 44,5 17,8 7, 55,0 Cu-Ni/Nb O 5 (CNN) X% 48,7 13,3 36,5,7 0,1 46,9 --- ---,0 Cu/MgO/Nb O 5 (CMN) X% 71, 56,7 6,9 61,4 51,6 59,9 58,9 40, --- Cu/K O/Nb O 5 (CKNSI) X% 81,1 9,9 83,3 7,1 9,9 90,7 74,1 80,1 85,0 1 Razão molar; Conversão total, X% = [(F etanol ) o -F etanol )/(F etanol ) o ].100, o subscrito o significa vazão de entrada. Catalisador

5 As Figuras 3, 4, 5 e 6 apresentam comparações dos catalisadores quanto à sua capacidade de produzir hidrogênio. A Figura 3 mostra a produção absoluta de hidrogênio para o catalisador mais ativo, CKNSI. Podemos notar que a produção de H aumenta com o aumento da velocidade espacial e diminui com a razão molar águaetanol. Na velocidade espacial intermediária, 1,6, os valores são próximos, mas para a maior velocidade espacial, a menor razão molar leva a uma produção de hidrogênio 10 vezes maior que as demais razões utilizadas. O maior valor observado na figura 3 (3 cm 3 /s) equivale a uma produção de 0, cm 3 /s.gcat. Se a produção fosse a mesma para 1 kg de catalisador, essa produção equivaleria ao consumo de uma célula de 1 kw de potência. Esse resultado, aliado com a alta conversão desse catalisador e menor produção de subprodutos torna esse catalisador promissor para a reação de reforma do etanol. 3.5 Produção de Hidrogênio para o catalisador CKNSI Produção de Hidrogênio (cm3/s) 3.5 1.5 1 0.5 água:etanol = 3:1 água:etanol = 5:1 água:etanol = 10:1 0 7.8 1.6 19.9 WHSV (dm3/h*gcat.) FIGURA 3 Produção de H em função da razão molar e da velocidade espacial para o catalisador CKNSI Nas Figuras 4, 5 e 6 encontram-se dados relativos da produção de hidrogênio (produção de hidrogênio por etanol consumido na reação, PH/EC) em função do catalisador utilizado. Analisando-se globalmente as três figuras verifica-se que a menor velocidade espacial, 1,6, produz maior quantidade de hidrogênio por etanol consumido, independente do catalisador e da razão molar utilizada, mostrando que um maior contato favorece o rendimento em hidrogênio. Na Figura 4, menor razão molar, notamos que o catalisador CKNSI é o mais efetivo para a produção de H, mas que o aumento da velocidade espacial reduz drasticamente a produção enquanto que para os demais catalisadores a velocidade espacial afeta muito pouco. Para velocidade espacial de 19,9 dm 3 /h.gcat o catalisador CKNSU é o mais ativo. Esse resultado evidencia a superioridade do K O como dopante em relação ao MgO, apesar de ter-se mudado o procedimento de introdução do dopante. Na Figura 5, fica mais evidente que o dopante aumenta a produção de H, sendo K O mais eficiente que MgO. O catalisador CNN, bimetálico Cu-Ni não produziu o efeito observado na literatura por outro autores (7), onde o níquel em combinação com o cobre tornava o catalisador mais eficiente na produção de hidrogênio pela facilidade de quebra da ligação carbono-carbono. Com a maior vazão, para a razão molar 5, a produção de hidrogênio anula-se. Provavelmente a presença de níquel nas condições desse trabalho acaba provocando uma maior coqueificação do catalisador por causa da facilidade de quebra da ligação C-C.

6 Razão Molar Água:Etanol =3:1 10 WSVH = 19,9 dm3/h*gcat WSVH = 1,6 dm3/h*gcat 8 PH/EC 6 4 0 CKNSI CKNSU CNN CN CMN Catalisador FIGURA 4 Produção de Hidrogênio em função do Catalisador, razão molar 3:1 Razão Molar Água:Etanol =5:1 10 8 WSVH = 19,9 dm3/h*gcat WSVH = 1,6 dm3/h*gcat PH/EC 6 4 0 CKNSI CKNSU CNN CN CMN Catalisador FIGURA 5 Produção de Hidrogênio em função do Catalisador, razão molar 5:1 Os resultados da maior razão molar estudada, apresentados na Figura 6, apresentaram uma alta produção de hidrogênio para todos os catalisadores, inclusive com valores próximos, para a menor velocidade espacial. Isso mostra que as diferenças entre as propriedades catalíticas dos catalisadores são quase normalizadas para uma alta razão molar. Tal fato ocorre porque a grande quantidade de água presente facilita a limpeza da superfície catalítica via reação de deslocamento (shift) e/ou de Boudouard, reduzindo o tempo de permanência dos compostos orgânicos e com isso evitando polimerizações e promovendo a reforma. Já para a WHSV = 19,9dm 3 /h.g cat temos uma modificação no comportamento dos catalisadores, agora o catalisador mais ativo é o CN, talvez pela combinação de alta velocidade espacial com alta razão molar, que tanto mantém a

7 superfície catalítica limpa como reduz a ação dos sítios ácidos do pentóxido de nióbio na promoção da reação de desidratação do etanol. Razão Molar Água:Etanol =10:1 10 8 WSVH = 19,9 dm3/h*gcat WSVH = 1,6 dm3/h*gcat PH/EC 6 4 0 CKNSI CKNSU CNN CN CMN Catalisador FIGURA 6 Produção de Hidrogênio em função do Catalisador, razão molar 10:1 4.0- CONCLUSÕES Os testes realizados mostram a viabilidade de utilização de catalisadores com cobre e pentóxido de nióbio para a reforma do etanol, com boa produção de hidrogênio. A introdução de um óxido básico para a redução da acidez do pentóxido de nióbio foi eficiente, reduzindo os subprodutos. No entanto o óxido utilizado influi, assim como o modo de preparo. A impregnação simultânea mostrou-se mais eficiente no sentido de produzir um catalisador mais ativo. Da mesma forma K O é melhor dopante que MgO. De um modo geral, uma alta velocidade espacial e uma razão molar maior que a estequiométrica levam a uma maior conversão e maior produção de hidrogênio, com redução dos subprodutos. Foi observada também a importância do excesso de água no meio reacional para promover a reforma dos compostos orgânicos na superfície catalítica e com isso aumentar a atividade dos catalisadores testados de modo global. Os resultados são promissores para o desenvolvimento de reformadores adequados à produção de hidrogênio para alimentação de células a combustível. O catalisador Cu/K O/Nb O 5 (CKNSI), obtido por impregnação simultânea, apresentou o melhor desempenho em termos de produção de H, tanto absoluta quanto relativa para a menor razão molar de reagentes (3:1) e maior velocidade espacial horária mássica (19,9 dm 3 /h.gcat), sendo portanto, o catalisador mais promissor dentre os estudados, sendo porém, necessário um aperfeiçoamento que conduza à diminuição da formação de subprodutos. 5.0 REFERÊNCIAS 1- CAVALLARO, S. CHIODO, V., FRENI, S., MONDELLO, N. and FRUSTERI, F., Performance of Rh/Al O 3 catalyst in the steam reforming of ethanol: H production for MCFC, Applied Catalysis A: General 49 (003) 119-18. - LIGURAS, D. K., KONDARIDES, D. I. and VERYKIOS, X. E., Production of hydrogen for fuel cells by steam reforming of ethanol over supported noble metal catalysts, Applied Catalysis B: Environmental 43 (003) 345-354

8 3- FRENI, S., CAVALLARO, S., MONDELLO, N. SPADARO, S. and FRUSTERI, F., Production of hydrogen for MC fuel cell by steam reforming of ethanol over MgO supported Ni and Co catalysts, Catalysis Communications 4 (003) 59-68 4- RIZZO, R. C. P., Produção de H a partir da reforma do etanol: Avaliação do método de preparação do catalisador Cu/NbO5 e da razão molar água-etanol, Dissertação de Mestrado, PEQ/DEQ/UEM, 00. 5- MAROCHIO, I., Efeito dos métodos de preparação de catalisadores Cu/Nb O 5 /Al O 3 : caracterização e reatividade catalítica na produção de H a partir de etanol, PEQ/DEQ/UEM, 1999. 6- FERNANDES MACHADO, N. R.C., SCHMAL, M., CANTÃO, M. P., RIZZO, R. C. P., VALGAS, L., CALSAVARA, V., TAKAHASHI, F., ALMEIDA, A. A., MELO, F. R., ZSCHORNACK, M. A., BESSANI, A. N., RODRIGUES, R. M. O., Hydrogen Generation from Bioethanol Reforming: Bench-Scale Unit Performance with Cu/Nb O 5 Catalyst, Towards a Greener World Hydrogen and Fuel Cells 003 Conference and Trade Show (003). 7- MARIÑO, F., BARONETTI, G., JOBBAGY, M., LABORDE, M., Cu-Ni-K/γAl O 3 supported catalysts for ethanol steam reforming formation of hydrotalcite-type compounds as a result of metal-support interaction, Applied Catalysis A: General 38 (003) 41-54.