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Transcrição:

Quarta-feira, 23 de Maio de 2012 Diário Ano XII Nº 2258 1,60 Director: Pedro Santos Guerreiro Directores-adjuntos: Helena Garrido, João Cândido da Silva Subdirector: Nuno Carregueiro Octávio Teixeira e António Bagão Félix Os vistos da esquerda e da direita Opinião 37 a 39 Futuro dono da ANA determina prazo da concessão Empresas 16 www.negocios.pt Empresas estão a pagar mais para exportar Transporte 20% mais caro devido a menos importações Camiões viajam cada vez mais leves na viagem de regresso Jorge Coelho no Hora H Se a construção não tiver futuro, o país vai desta para melhor Primeira Linha 4 a 11 Aboanotíciadaquebradasimportaçõesestá aretirarcompetitividadeàsexportadoras,que pagammaiscercade20% nofreteparacompensar o custo dafaltade mercadorias com destino aportugal. Empresas 14 e 15 Governo e PS estão anegociar agenda para ocrescimento Sociais-democratas não dão voto afavorcomo garantido. Declarações de Cavaco poderão levar Seguro e Passos aumacordo. Economia 26 e 27 Trabalhadores do BdP ameaçam com tribunal devido a cortes de subsídios Economia 29 Jorge Coelho sobre Miguel Relvas: nunca deixei cair um amigo na vida, nunca. Douro com sabor a cereja Venha conhecer o Douro num cruzeiro e nós oferecemos-lhe cerejas de Resende para se deliciar. De 21 de Maio a 17 de Junho nos cruzeiros: Porto» Pinhão e Porto» Régua..pt reservas@douroazul.pt Tel. 223 402 500 FOLLOW US! facebook.com/douroazul Alvará da D. G. T. nº 88/2002 Lic. 021 Copyright 2012 Pub Miguel Baltazar EnsulMecinão conseguiu entrar no fundo de recuperação da construção Empresas 13 Fundos que apostam em depósitos bancários estão a atrair investidores Mercados 18 e 19 EDP Renováveis atira a rede amarrocos, Turquia eáfricadosul Manso Neto, presidente- -executivo da EDP Renováveis, revelou ontem as novas oportunidades de crescimento da empresa. Empresas 12 e 13

4 Jornal de Negócios Quarta-Feira, 23 de Maio de 2012 Primeira Linha. JORGE COELHO, PRESIDENTE EXECUTIVO DA MOTA-ENGIL, NO HORA H Mas há dúvidas? Quem manda éatroika Percebe a frustração com os políticos e garante que já não o é - nem será. Diz que a construção tem as costas largas. E que é preciso salvá-la PEDRO S. GUERREIRO e MIGUEL BALTAZAR Fotos Hoje [ontem], há greve no Metro de Lisboa. Nos últimos dias, houve na TAP. Estas greves são razões acrescidas para privatizar? O sector dos transportes é muitocomplexo,hámuitosanosvinha escondendo escondendo com o conhecimentodetodaagente, edo Eurostat osprofundosdéficesdas empresas.portanto,osectortemde serreestruturado,nãoésuportável terosresultadosdeexploraçãoque temeadívidaquetem. Aindahojeviquea troika está cáequeumadascoisasquevemverificaréoquefoifeitoparaqueosector dos transportes tenha resultadosdeexploraçãopositivosnofim do ano. Sinceramente, eu já andei porláedigo-lheumacoisa:seoactualgovernoconseguirque,deformaclaraecomasregrasemcimada mesa, no fim deste ano o sectortenharesultadosdeexploraçãopositivos, eusouo primeiro subscritor, comumaentradasignificativa,para fazer uma estátua a quem conseguiutal coisa. Porque é umproblemagravíssimo que o País tem. Eu nãovejooutramaneiraquenãoseja comainjecçãodecapitaisprivados emalgumas das empresas. Essa estátua, nesse caso, será ao ministro Álvaro Santos Pereira, que hoje coordena os Transportes. Sevocêachaqueéesseministro, tudo bem, por mim qualquer um serve(risos). Passos Coelho ou alguém da troika? Ou seja, quem manda em Portugal? Quem manda em Portugal é a troika.masdissonãohádúvida.é umadascoisasquemeperturba,que Já percebi que quer dar a estátua a outra pessoa. Quem? Issologosevê,elesláseorganizam-se,umqualquer...(risosnaplateia) énãosóatroikamandaremportugalmasdemonstrartodososdiasque manda. Ao menos podia disfarçar umpouco,semprenosdeixavaaqui numasituaçãomelhorcomcadaum de nós... Mas pronto, é asituação a queopaíschegou,asregrassãoestas nãoéverdade?ogovernoachaque estaé amelhorformade encontrar solução paraos problemas do país, peloqueassumearesponsabilidade destametodologiadetrabalho... Está a fazer uma crítica ao Governo. Não estouafazerumacríticaao Governo,éumaconstatação.Daúltimavez jáacabaram as conferências de imprensa, já não foi mau. Sabe umacoisa? Em 83, quando o FMIveioparaPortugal, eufuichefe de gabinete do Dr. Murteira Nabo, era ele secretário de Estado dos Transportes. A prestação do FMInaalturaeramuitomaiscontida.Asenhoraquecáestavanunca deu uma entrevista, mantinha-se num posicionamento técnico. Os tempos mudarammuito e as soberanias dos países também, infelizmente, nomeadamente a nossa, e isso é umacoisaque me perturba. Perguntámos aos convidados nesta sala se, um ano depois, a troika foi uma boa solução para Portugal. Três quartos disseram que sim. Concorda? É a solução possível, não havia outra,nãohaviaalternativa.écomo nasempresas,nomomentoemque se temde pagarsalários, emque se tem de pagar aquilo que é fundamental para que a empresa, neste caso o País continuar a funcionar, temdeserecorreràssoluçõesque existam.nestecaso,foiatroika.talveztenhavindoumpoucojátardia. Setivessemtomadoestadecisãohá maistempo,secalharteriasidomelhorparaofuturodopaís. Falou do papel do Governo. E quanto ao papel do PS enquanto oposição? Nãofaçopartedenenhumórgão dops.agoraháumacoisalhedigo, équeemqualquerpaís,eemportugaltambém,temdehavernoparlamento alternância forte. É fundamentalparaquemgovernae é fundamental para que os cidadãos se vejam representados, as suas posições, os seus problemas, noutras pessoas. E isso aplica-se ao PS, ao Bloco de Esquerda, ao Partido Comunista, atodos os partidos. E quanto ao PS? O Partido Socialistaé um partido em transição. É um partido em queoseulídersaiudeprimeiro-ministro,jáháumano,comascaracterísticas que tinha, com a marca quedeixounasociedadeportuguesa. O Dr. António José Seguro, actual líder do PS, e meu amigo há muitosanos,éumapessoadeelevada seriedade. É uma pessoa com uma postura moderada relativamenteàsociedadeportuguesaeque temdeteroseutempoparaseafirmarrelativamenteaoquesãoasalternânciasnecessáriasàsociedade portuguesa. Há uma coisa que estou a ver como positiva, aquilo que ele tem vindoadefender,porexemploanecessidade de acompanhar apolíticade consolidação orçamental, de haverumapolíticade crescimento daeconomiaedeemprego.elevem batalhandonistoháumano.noiníciomuitosozinho,maspelosvistos está a fazer escola. O presidente francês eleito, defende o mesmo. Eeu,nãoseiporquê,mascheiramequeiráhaveralgomuitoimportante paraacoesão do País: encontrarmaneiradeogovernoeops, nãoseiporqueforma,introduzirem umaditamento ao Tratado no sentido de criar uma obrigatoriedade de políticas de crescimento económico e criação de emprego. Hora H Entrevista ao vivo, perante uma plateia de 150 convidados e em directo onli

. Jornal de Negócios Quarta-Feira, 23 de Maio de 2012 5 Relvas? Nunca deixei cair um amigo na minha vida O que sente quando ouve dizer que o Dr. Miguel Relvas é o Jorge Coelho deste Governo? Nãosintonada.Masqueroesclarecer uma coisa. Eu sou amigo das pessoas quando estão nas fases boas e quando estão nas fases más. Sempre. Sou amigo há muitosanosdodr.miguelrelvas.não é por qualquer situação desta natureza... As pressões sobre o Público.... quecomcertezavaiserinvestigadaesehouveralgumacoisa paraeleserpenalizado, devesê-lo. Masháumacoisaqueparamim não cai: eu nunca deixei cair um amigonaminhavida,nunca.principalmente nas situações em que estejam pior, sejam eles meus adversários Isso, para mim, conta pouco. E quanto mais conheço a vida,maisachoqueosentimento mais profundo que pode unir as pessoas podemterdivergências, podem até já se ter pegado é a amizade e a solidariedade. Deixe-me adivinhar: nunca pressionou um jornalista. Você pode dizerisso, é director há muitos anos de um jornal. Ficariamalamimestaraquiadizer se pressioneioudeixeide pressionar. Uma coisa digo: essas coisas costumam ser públicas e eu durantemuitosanostiverelaçãodirecta com o jornais, toda a gente tem o meu telemóvel, é o mesmo. Euparafacilitaravidaaquemtem de ouvir o que dizem os outros mantive o meu telemóvel, é sempre o mesmo, hámais de 20 anos. [Risos naplateia] Assimfacilita-se e diminui-se os gastos do Estado paranão terem de andar àprocura dos telemóveis. Os jornalistas sabem qual é o meu número de telefone. Eu falo com todos com respeito, mas exigindotambémquetenhamrespeito por mim. E não me tenho dado mal ao fim destes anos todos. Cavaco é prestigiado, Portas é excelente O ministro dos Negócios Estrangeiros tem feito um trabalho excelente, afirmou Jorge Coelho, já à saída do Hora H. Tem tido um relacionamento com as empresas muito forte, no sentido da articulação dos interesses das empresas com outros países. O Dr. Paulo Portas não visita nenhum país em que não envolva as empresas portuguesas e prepare o terreno. E resolveu o problema dosvistosemangola,queeraum problemagrandeparaasempresas. Sobre Angola, Jorge Coelho deixaumarecomendação: O Governo devia aproveitar mais o prestígio enorme que o Presidente da República tem em Angola. Um prestígio enorme! O Dr. Cavaco Silvaé umapessoarespeitadíssima em Angola e amada pelo seu povo. Isso é muito importante também para Portugal. Crescimento? Não há que esperar pela Sr.ª Merkel... Discurso directo ESCUTAS Para facilitar avidaaquem tem de ouvir o que dizem os outros mantive o telemóvel, é o mesmo há 20 anos. [Risos na plateia] ACORDO GOVERNO/PS Não sei porquê, mas cheira-me que irá haver algo muito importante para a coesão do País. CONSOLIDAÇÃO A Europa, com as contas certas, mas sem ser uma Europa social, para mim, não faz sentido. ne Fala num possível entendimento entre o PS e o Governo para anteciparem medidas de crescimento na Europa. O crescimentoéumdesafioqueas forçaspolíticasquegovernamopaís nãopodemcontinuaradizerquenão. Todaagente jádisse isto. O senhor Prof.CavacoSilva,cadavezquefala, metadedotempoestáadizeristo.éo presidentedoseua,dafrança,éasrª. Merkel.Euseiquetemosumaestratégia combinada com os alemães e achamosqueéporaíocaminho,que tudoistovaificarcerto.mastambém nãoéprecisoquetenhaquesermesmo asrª. Merkeladizerque vamos pôr[ocrescimentonopacto]paradepois dizermos nós que também vamospôr.temosdeterautonomia. Estás preocupado com a Europa? AEuropaouseafirmaenquanto projectoeuropeunomomentodecrisequeestamosaatravessar,oudeixa deexistirenquantoprojecto.eseela searticulouparateraquianecessidadedeobrigarospaísesaumprocesso deconsolidaçãoorçamental,éobrigatórioparaaeuropaencontrarmaneiradecriarumprocessodeconsolidação social. AEuropa com as contas certas, massemserumaeuropasocial, paramim, não faz sentido. Acho queissoéqueédeterminante.

6 Primeira Linha Jornal de Negócios Quarta-Feira, 23 de Maio de 2012 JorgeCoelhonoHoraH. O modelo das PPP é um excelente modelo, tem é de ser bem feito Jorge Coelho, que se prepara para ir à comissão de inquérito às PPP, garante que o Governo que integrou avançou com parcerias no enquadramento certo Jorge Coelho O CEO da Mota-Engil tem estado a estudar as PPP contratadas pelo Governo de que fez parte. A política de betão das últimas décadas em Portugal foi um erro? Gosto de falardaquilo que sei, e o que sei melhor foram os tempos emquetivefunçõesgovernativase fui co-responsável de decisões que levaram aque Portugal tivesse um saltonoseudesenvolvimento. Nos últimosdiasestivealerdocumentos e apreparar-me, porque vou a um encontro ibero-americano em Madridparafalarsobreopapeldas parcerias público-privadas (PPP) naresoluçãodosdéficesdeinfra-estruturasqueexistemnessespaíses. Todosessespaísesnãoterãoloucos a governá-los que acharão que as PPPsãoabasedaliquidaçãodeum país como muitas vezes aqui se escreve emportugal! Não percebe por que se escreve isso? Porque é que se discute aquestão das PPP, do betão, em todo o mundo? Emprimeirolugar, osestados,atravésdosgovernos,sentem necessidadederesolverproblemas dosseusconcidadãosdeumaforma maisrápidadoqueseriaopercurso normalparadesenvolveressespaíses. Têm essa pressão do cidadão. Em segundo lugar, quase nenhum país tem capacidade através do investimento público directo para desenvolveressesprojectos.omodelodaspppéumexcelentemodelo, tem é de ser bem feito. E o que querdizerserbemfeito? Boa pergunta: o quê? Tem de haver um encontro geracionalentreaquiloquesãooscustosquedaíadvêmparaaquelageraçãoeparaasgeraçõesseguintes,ea capacidade que os países têm de criar riquezaque lhes permita pagar esses compromissos. Esse é o pontodeequilíbrioemqueasquestões têm de ser tratadas. E sabe o que fuifazer? Até fiqueisatisfeito e dormihojemaistranquilo...fuiver os anos emque fuido Governo, em que foi aprovado e organizado por João Cravinho um pacote de PPP. Ele organizou, mas eu sou tão responsável quanto ele porque estava noconselhodeministrosqueaprovou isso e depois fui ministro das ObrasPúblicasedeisequênciaa esseprojecto.fuivertaxasdecrescimento, défice e emprego nestes seisanosemqueestivenogoverno. E nestes seis anos as taxas de crescimento foram sempre acima dos 3%, o défice sempre abaixo dos 3% e tínhamos umataxade 7% de desemprego. Estas são condições básicasparasepoderdesenvolverum projecto de PPPasério. Mas o pagamento passou para as próximas gerações... Naalturafoi feito um pacote de PPP, lançadas com a economia a crescer,odéficecontrolado,comcapacidade paraas gerações vindouraspoderemusufruirdeumdesenvolvimentodiferentedopaís. Estas PPP são geradoras de desenvolvimento,deeficiênciaedecoesãonacional. O desenvolvimento de um paísnãopodeserfeitosónaáreado betão, como é óbvio, mas aáreado betão,deconstruçãodeinfra-estruturas, deconstruçãodeequipamentos,melhoraavidadaspessoas.cada vezquesefazumaauto-estradapara rasgaro Interiorparasítios inacessíveisestá-seacriarempregoedesenvolvimento naquelaregião. Agora,tudoistotemdeserfeitocomarticulaçãoeponderação.Eutrabalhei nisso, tomei decisões, estou conscientedelaseachoquefizbem. Não está arrependido de nenhuma delas? De nenhumadelas. Fui estudálasagoraporquevoutercomcertezade ir àcomissão de inquérito ao ParlamentofalardePPP. Oquefiz, fizbem, nomomentocertoecomo enquadramento correcto. Quando for à comissão de inquérito vai defender as PPP? Voudefenderaquiloqueconheço.Eoqueconheçoéaquiloemque participei. Deixe-me fazer a pergunta de uma forma prosaica: há estradas a mais em Portugal? Nãoháestradasamaisnemamenos.Ondeháestradasamenoséem Angola, em Moçambique, nos países onde procuro neste momento tercomoobjectivocentralconstruir estradasnovas.emportugal,emtermos de infra-estruturas destaárea, estamos a acabar de construir o DouroInterioretemosemconstrução o Pinhal Interior. Não temos mais nadaem termos de estradas. EmPortugalmuitasvezessearranjabodesexpiatóriosparaosproblemas que vivemos. Muitas vezes se discute, e eu vejo natelevisão muitos programas de debate, aresponsabilizaçãodaáreadobetão,masna áreado betão, infelizmente paraas empresas,tem-sefaladomaisdoque sefaz.veja:oquejásediscutiusobre onovoaeroportodelisboa! Omeu grupoacaboudesairdoquartoconsórcio.opresidentedoconselhode Administração daminhaempresa [AntónioMota]começouasuavida profissionalquandotinha23anose, quandoentrou,opaimandou-otrabalhar na área da construção do novoaeroportodelisboa!devemos sero país onde mais estudos se fazemno mundo. As consultoras em Portugaltêmummercadoextraordinário. Imagino quanto é que jáse gastouemestudosparaoaeroporto eparaasdiversasaltasvelocidades. Háumacoisaqueéumfacto:nãose pode dizer que é por causadaconcessão do aeroporto que o país entrou em crise. Não há aeroporto! Nãoéporcausadaaltavelocidade que o país entrou em crise, porque nãoháaltavelocidade!

. Jornal de Negócios Quarta-Feira, 23 de Maio de 2012 Primeira Linha 7 Há avidez dos cidadãos em inspeccionar a vida dos políticos Discurso directo Recebemos muitas perguntas dos leitores do Negócios. Mas não posso fazer-lhe metade dessas perguntas, por causa da linguagem e da agressividade. Todas elas têm uma coisa em comum, o seu passado político e a sua passagem para a Mota. Ser hoje político, mais do que currículo, dá cadastro? Essareacçãodaspessoaséabsolutamentenormal.Vivemosnuma sociedade em crise, num país com problemasprofundosecomoéobvio há sempre necessidade de encontrar focos para fazer incidir aquiloqueéonossoestadodeespírito,nestecasomaisnegativo.eu saíexactamente há11anos daactividade governativa, tenho levado pancadadafortesemqualquertipo de problema. Mas vejo sair nos últimos tempospessoasquevãodirectasdeum lado para o outro e ninguém fala nisso,nomeadamenteacomunicação social. Fico contente, é porque eu naverdade devo ter significado alguma coisa em Portugal quando exerci funções políticas, e devo significaralgumacoisahoje quando exerço funções empresariais. Há animosidade em relação aos políticos. É uma culpabilização da classe política ou se o povo está errado? Parto sempre do pressuposto queopovonuncaestáerrado.ore- sultadodaseleiçõesfoisemprejus- to. Háuns anos eudisse que só um indivíduo que não esteja mesmo muito bem da cabeça é que vai exercerfunções políticas. Porcausa das consequências que daí advêmparaaspessoas.tudovaisempre acabar mal. Não tenham duvida nenhuma, mesmo as pessoas quehojeestãoagovernarportugal e que até achamque estão afazero seumelhorparaqueopaíssejamelhor,nãotenhamdúvidanenhuma que tudo isto vai acabar mal, porque acabasempre mal. Vai acabar mal para as pessoas ou para o país? Espero que para o país acabe melhor,paraaspessoasésecundário,porqueresolverãoasuavidade outramaneira.masodesgastehoje, a mediatização com que são exercidasessasfunçõeségigantesco. O problema é genérico e também de avidez por parte dos cidadãos de querereminvestigar,inspeccionar avidados políticos, de quem exerce as suas funções ao mais alto nível, emtodas as instituições. E isto começa a ser assim também nos empresários.avidaestádifícil.não sóparaospolíticos,estádifícilpara osempresárioseaté,segundoouço dizer, paraos jornalistas e paraos responsáveis da comunicação em todoomundo... PARQUE ESCOLAR Nem sequer fizemos um bom trabalho na Parque Escolar. Devíamos ter tido mais obra. PPP Vou defender aquilo que conheço.eo que conheço é que aquilo em que participei. Se a construção não tiver futuro opaísvai desta para melhor África dá impulso para subida de 45% dos lucros No último Governo, a Mota-Engil ganhou duas grandes sub-concessões de estradas e foi o grupo que ganhou mais obras na Parque Escolar. Foi a construtora do regime. Omeupresidentedoconselhode administração costuma dizer que quandooprofessorcavacosilvafoi primeiro-ministro o grupo Mota- Engil, onde eu não trabalhava, era consideradaaconstrutoralaranja; depoispassouaoengenheiroguterres e eraaconstrutorarosa; agoraé construtoradeoutracoisaqualquer. Também fui analisaratemáticado ParqueEscolar.Ejátivequeteruma conversamuitosériacomomeucolegaquelideraaáreadaconstrução emportugalporque,naverdade,nós não fizemos bom trabalho naparqueescolar.nósnãotivemossequer metadedequotadecontratos,queé oquequetemosnopaís.[risosna plateia] Se temos mais trabalhadores, mais equipamento, mais instalações, pagamos mais impostos, teríamos de ter mais obras do que tivemos.nessaáreafizemosoquefazemos em todas, com profissionalismo, acabando as obras atempo, semderrapagens, correspondendo aoscadernosdeencargos. O que se vai passar no sector da construção nos próximos meses? Cadavezhámenostrabalho.Nos últimosdoisanosamota-engildiminuiuemportugalcercade30%da suaactividade e temos previsto diminuiràvoltade 10% em2012. Estamos aadaptaras diminuições de volume de negócios que temos em Portugalàquiloqueresultadaestratégiade internacionalização de negócios e diversificação. Temos mil portugueses atrabalharno estrangeiro. Estamosacolocar300portugueses naobraque temos no MalawiparaaVale do Rio Doce e vamos mandar 30engenheirosparaoPeru. Há futuro para o sector da construção? Tem de haver. O sector correspondea20%dopibea18%domercado de trabalho. Se não tiverfuturo o País vaidestaparamelhor. Há uns meses disse que a banca devia liderar a reestruturação do sector. Em boa parte isso já está a acontecer através dos fundos de reestruturação... Acho muitoimportante Asempresas têm de se reorganizar, criar condiçõesdeestabilidade,dediminuição de custos, juntar forças no campodainternacionalização,para impedir que hajao desmoronar de muitas dessas empresas. E hámedidas quetêmdesertomadas.uma é aquestão dareabilitação. Depois há medidas concretas para ajudar asempresas:resolverosproblemas dasgarantiasbancárias,opagamento das dívidas do Estado às empresas, nomeadamente do sector autárquico e damadeira. Quando fala em redução de custos, quer dizer que vai despedir? Nósestamosareduzircustossem fazerqualquerdespedimentocolectivo. Na minha empresa andámos maiscedoqueogoverno,hámuitos anosqueosadministradoresedirectoresviajamemexecutiva. Executiva? Ou turística? Económica! Eudisse executiva? Era a vontade que eu tinha (risos). Baixámosoníveldoscarros,renegociámosseguros,viagens...tudo!Poupámosmilhões comestasdecisões. Estamos afazer tudo paraque não hajadespedimentoscolectivos. E estão a estudar a criação de holdings fora de Portugal... Exactamente,temavercomasituaçãofinanceira.Éimpensávelcontinuarmosafinanciarinvestimentos noexterioratravésdabancaportuguesa. A actividade internacional contribuiu, no primeiro trimestre do ano, com 55% para o negócio da Mota-Engil, tendo África sido o principal responsável pelo aumento de 11,6% das receitas do grupo. No primeiro trimestre, ovolumedenegóciosda empresa liderada por Jorge Coelho subiu de 431 para 481,5 milhões de euros. O resultado líquido atribuível ao grupo registou um avanço de 45%, passando de 3,1 milhões de euros para 4,5 milhões. Em Portugal foi registadaumaquebrade6%do volume de negócios para 223 milhões de euros. A carteira de encomendas no final de Março ascendia a 3,7 mil milhões de euros, dos quais 2,6 mil milhões em mercados externos, ou seja, mais de 70%.

8 Primeira Linha Jornal de Negócios Quarta-Feira, 23 de Maio de 2012 JorgeCoelhonoHoraH Ainda há um pensamento bastante neo-colonialista em relação a Angola Investimento angolano é igual ao feito pela China ou por Omã TAP deve continuar a ser uma empresa de bandeira OpodernoHoraH Maria de Belém, presidente do Partido Socialista, marcou presença no Hora H. Assim como Francisco Murteira Nabo. Há alguns meses disse que quem vai para Angola sem estar preparado deve também levar o caixão porque cá sempre é mais barato. Viu muita gente enterrar-se em Angola? EstamosaviveremPortugaluma situação muito complexae é natural que os empresários procurem outras soluções paraas suas vidas. Masaexperiênciadiz-mequeépreciso muito cuidado. É preciso estudar o mercado, ter bons parceiros, ter músculo financeiro. Eu não aconselhoanenhumaempresaque tenhaproblemafinanceirosairpara Angola. Nãoéláqueosvairesolver. Tem de termúsculo paraaguentar pagamentostardios. Quanto é que a Mota -Engil tem a receber do Estado angolano? Tudo corre com normalidade. Nãohámaisnadaquesepossadizer: tudocorrecomnormalidade. Aliás, nenhumaempresaque pode dizer outracoisa:tudocorrecomnormalidade[risosnaplateia]. Estive em Angolano sábado, estiveemalgumasreuniõescomfiguras de responsabilidade, nomeadamente o ministro dacoordenação Económica,easituaçãoeconómica efinanceiradopaísénotável.uma taxadecrescimentoprevistade10%, umataxade inflação controlada, ao nívelmaisbaixodesdeofimdaguerra,eumsuperávitorçamental,que éalgoquenóssóconhecemosdoslivros. Angolarepresentamais de 20% dopesoglobaldogrupo.masnóstemos umaestratégia: não queremos ficardependentesdenenhumpaís, de nenhum mercado, de nenhum negócio, nem de nenhumapessoa. Incluindodemim.Essaéuma questãocentralnaestratégiadogrupo.nãopodehaverdependênciasde ninguém. Portanto também não queremosficardependentesdeangola. É porisso que estamos acresceremmoçambique, no Perue em outrospaíses. Há muitas reservas em relação ao investimento angolano em Portugal. É preconceito ou há razões para essas reservas? Eusou-lhefranco...Secalharaté éarriscadoaquiloquevoudizer.aindaháumpensamentobastanteneocolonialistaemcadaumdenós.angola, goste-se ou não, é um país independente,soberano,temleispróprias.ganhouasuaindependência, tem direito agovernar-se segundo aquelasquesãoassuasprópriasregras. Nasituação em que estamos, demuitacomplexidade,emquenecessitamos de investimento externo, acho que só por pensamentos um pouco negativos relativamente aalgum passado porresolveré que pode não se considerar o investimentoangolanoidênticoaoinvestimento chinês que entrounaedp enaren, aoinvestimentodeomã queentrounaren,ououtroque viráparaatapeparaaana,secalharcolombianooudeoutranaturezaqualquer. Aquestão que se pode colocaré se Portugal estáaprivatizar o que deveeseestáafazê-lodaformamelhor.massobreissoaíquemdedireitoquesepronuncia. Nãopodemos é querer que Angola nos abra os braços parairmos trabalharparalá esermosbemtratados,eaquioscapitaiseosquadrosangolanosnãoserembemtratados.temdehaverreciprocidadetotalatodososníveis. Veria com bons olhos a entrada da Sonangol no capital da Mota-Engil em Portugal? Aempresaestánabolsa,estácotada, se um diaquiserem comprar acções, sãobem-vindos. Discurso directo INVESTIMENTO Não aconselho nenhuma empresa com problema financeiros airpara Angola. Não é lá que os vai resolver. Quando contratou Fernando Pinto para a TAP achou que ele podia aqui estar 12 anos depois? Quando eu e o engenheiro Guilhermino Rodrigues, presidentedaana,tomamosa decisão de o contratarasituação datap erasó esta: estava em falênciaabsolutae o Estado português estava proibido de láinjectar dinheiro, e bem. pela UE (tínhamos a sorte na altura de a vice-presidente da Comissão Europeia ser uma querida amiga de Portugal e pessoal, LoyoladelPalácioque infelizmente já morreu). Não tinha dinheiro para pagar salários!eoengneheirofernando Pinto, um profissional extraordinário, teve um papel fantástico narecuperação daquela empresa. É um grande profissional e eu acho que os diversos governos só tiveram aganharemotercáeoterà frente da privatização da empresa, porque ele é umaenorme mais-valiaparaaempresa e aprivatização. Defende a privatização da TAP neste momento? ATAPtemumproblema: as regras de não injecção de fundos públicos porparte dos governos que já existia há 12 anos continua a manter-se. A TAP não tem capacidade financeiraparase aguentarpor si própria. Portanto tem que terinjecçãodecapital. OEstado português não tem capacidade de injectar capital na TAP. Nãoháalternativasenão aaberturadecapital. Mas acho que a empresa deve continuaraser umaempresa de bandeira com as característicasportuguesaseestoudeacordocomaprivatização da TAP articulada com a privatização daanano sentido de manter em Portugal o hub que foi possível quer a TAP quer a administração da ANAcriarem.

10 Primeira Linha Jornal de Negócios Quarta-Feira, 23 de Maio de 2012 JorgeCoelhonoHoraH. Tomem lá do Coelho SALA CHEIA Jorge Coelho responde sempre, e não responde com sins e nãos. É um extraordinário contador de histórias. E termina com um soundbite de eficácia garantida REPORTAGEM ANABELA MOTA RIBEIRO O engenheiro Motanão estavano pequeno-almoço que o presidente executivo da sua empresa tomou ontememlisboa.eraprecisoque estivesse? Não. Jorge Coelho não precisade seracolitado, nemlevado embraços, nemde palavrinhas de incentivo no intervalo de cada round.jorgecoelhoédeumaautosuficiênciarara.éhumilde,nãotem peneiras. Mas sabe dasuacompetência.einteligência. Manhãdeterça-feira.Quemestá no Hora H com Jorge Coelho? Onde estáo dinheiro? Onde estão osbanqueiros?amassa,aquelaque faltaaopaís,deveestaralgures.penseiqueestivessenaconstrução,uma vezquenãoestánosbancos dizem os bancos. Mas não estánasala. A salaestácheiadeumpoderquenão aparece nas primeiras páginas dos jornais. Umpoderque não manda chamaratroika.umpodersemnomes sonantes. Mas um poderque fazgrandesnegócios.logo,umpoderquemanda. Na sessão anterior do Hora H, comcarloscosta,opoderexplícito dissepresenteaosenhorgovernador.bancos,ceo sdeempresasdo PSI-20, advogados de negócios. Respeitinho é muito bonito. Desta vez,ossalgadoseosamadosestão atomaro pequeno-almoço noutra freguesia. Mesmo que Salgado, segundoconsta,sejaumamigo.oúnicobanqueironasalaécarlosrodrigues, presidente do BIG(o melhor dos pequenos bancos, segundo a Exame). QueméestepoderquequerouvirJorgeCoelho?O oldmoney não está. Ooutro money nãoestáporque, apesarde estarmos emmaio, nãoétempoderosas. Começaasessão. Pedro Santos Guerreirofaladoníveldeagressividadenasquestõesdosleitores.Houve um tempo em que se praticou, como quem pratica musculação, umódiodeestimaçãoajorgecoelho. Coelhone, paraos seguidores do Contra-Informação, era o homemquetinhamãonoaparelhoe oaparelhonamão.comoarbonacheirãodequemnãoestáadarum murro no estômago, se forpreciso darummurronoestômago.porque équecoelhonenãoéquerido? Tenholevadopancadadaforte,diz.E começaaseduzir. Estaplateiagostadele.Estaplateia precisa dele? Quase todas as pessoasdestaplateiadesejamfazer negócios.comele?porquenãocom ele? Háumaseduçãoquevemprontadecasa.Provavelmentetraziano bolsoesta: Sóumtipoquenãoestá bomdacabeçavaiparaapolítica Tudo isto vaiacabarmal. Ouesta: Háfuturoparaaconstruçãoem Portugal? Tem de haver, senão o paísvaidestaparamelhor. Usarexpressõespopulares, não botarumapalavrapomposanodiscurso criaumainstantâneaproximidade. Todos dizemos palavrões no recreio. E chamamos os boys pelos nomes. Numaentrevistaperanteumaplateiaéprecisotercuidados. Sobre Angola, porexemplo, éprudentedizerquetudocorrena normalidade.todaagentecomdois dedosdetestasabequenãopodedizeroutracoisa, mesmo paraabrir um café com balcão de alumínio. Pelomenos,foiistoqueentendidas palavras(omissas)decoelhosobre Angola. Tambémnão se pode dizerque aspppforamruinosas.coelhoconsultoupáginasepáginasparadebitaroquesabequevaisertítuloerepetidoàsociedade:nãosearrependedenenhumapppquetenhasaído do seuministério. Nemdas que negociouquandopassouparaooutro lado dabarricada, presume-se. Naplateia,detectam-sealgunsolharescínicos.Mastímidos. Discurso directo POLÍTICA Jorge Coelho decide dar uma colher de chá a Seguro. É um homem de elevada seriedade. Saiu da política e continua a ser visto como homem político AMota-Engil foi aconstrutorado regime?oentrevistadormeteuesta aseco, com o manifesto desejo de provocarcoelho.seráqueelenuncaseirrita?não.masarespostasai enrolada.falarnaformaçãodosjovensapropósitodaparqueescolar foi um remate demasiado fora da grandeárea.semparecer. JorgeCoelhorematasempre. E como rematasempre, não parece quefalhamuitosgolos. Amemória fica nos que marca. Dito de outra maneira: Jorge Coelho responde sempre,enãorespondecomsinse nãos.éumextraordináriocontador dehistórias.enocontardahistória, dissecaoproblema,engatilhaoque queriaengatilhar,terminacomum soundbite deeficáciagarantida. Aplateiacontinuaasegui-lo.Os consultores ouvem-no dizer que Portugaléopaísdomundoondese elaborammaisestudos.osadvogadosalimentamaesperançaderedigircontratosnoperu,ondeovolumedenegócioséde200milhões. (Pedro Rebelo de Sousachegatão tardequeficanumacadeirarenteà porta; é umhabitué destes pequenos-almoços.ignorosenaqualidadedeadvogadoou,agora,nadeadministradordacaixa.) Os directoresdasagênciasdecomunicaçãoestão ali porque é preciso assistir à procissão.osamigosdesempreestãoláporquehá30anostrabalharamnomesmogabinete,ouemgabinetes contíguos. MurteiraNabo, Guilhermino Rodrigues, Torres Campos. Nunca deixei cair um amigo,dissenofinaldasessão. Ospolíticosquasenãoestão,porque umgrupo empresarialnão se meteempolítica. Ninguémmeconheceactividadepolítica.Coisaestranha: tendo saído dapolíticahá anos, Jorge Coelho continuaaser percepcionado como um homem político. Queixa-se, aliás, das pessoasqueandamcáelá,cáelá,enão apanhamcommetade dos estilhaçosquelhecaíramemcimaquando passoudoministériodasobraspúblicas paraumaempresade obras públicas.comanosdeintervalo,defende-se. (Umadas raras vezes em queotomdecoelhosealtera:quando,peremptório,dizqueaindanão chegouomomentodedizerporque saiudapolítica.) Quepolíticaestánasala?Maria de Belém, a presidente do PS, na mesadafrente. E só. O PS não é o mesmo.opsé umpartidoem transição. Mesmo assim, Coelho decide darumacolherde cháaseguro.sãoamigosháanos, éumhomem de elevada seriedade. E dá umaalfinetadazinhaasócrates: A troikafoiasoluçãopossível,efoitardia.atroikaquenemdisfarçaque éelaquemanda. Nãoéumacrítica aogoverno.éumaconstatação. QueméJorgeCoelho?Éumpolítico,éumgestor?Éumgestorque foipolítico.oqueéqueelefoifazer ao HoraH? Exibir, sem exibir, resultadostrimestrais.enfiá-lospela goeladosqueoacusamdefazernegóciosàcustadapolítica.calarpreconceitoscomrelatórios.falardos 70% que se facturam lá fora. Dos 30%decortescádentro(mais10% paraoano),semanecessidadedefazerdespedimentos colectivos. Do dinheiroquepassouasermuitodifícil e caro em Portugal. Do grupo (Mota-Engil) que tem de servisto como um todo. Dos números que estãodoladodele. Equantoapercepçõespúblicas,éparaoladoparaondedorme melhor. Coelho deve olhar para a plateia e pensar para si próprio: paraondetuvais,jáeudelávenho. Nunca exibe esta atitude. Pelo contrário. Masjásãomuitosanos avirarfrangos. Luís Santana O administrador da Cofina marcou presença na iniciativa do Negócios.

. Jornal de Negócios Quarta-Feira, 23 de Maio de 2012 Primeira Linha 11 PARA OUVIR O LÍDER DA MOTA-ENGIL Daesquerdaparaadireitanas fotos pequenas. Maria de Belém, Pedro Araújo e Sá e Carlos Costa Pina A presidente do PS, o administrador da Cofina e o administrador da Galp Energia foram três das mais de 150 personalidades que marcaram presença no Hora H com Jorge Coelho, presidente executivo da Mota-Engil. Sala cheia, no hotel Sheraton, para ouvir o líder da maior construtora nacional. António de Almeida O presidente da Fundação EDP, em primeiro plano. A seu lado, Hélder Oliveira, presidente da SPE. Francisco Ribeiro dos Reis (à esq.) e António Capinha Pesidente do Metro de Lisboa e o assessor de longadatajorgecoelho. Pedro Gonçalves Presidente do Vallis, fundo paraaconsolidaçãodo sector da construção e ex- -líderdasoaresdacosta. Pub