Fonoaudióloga da Fundação Municipal de Saúde de Santa Rosa (FUMSSAR), Mestre em Desenvolvimento e Políticas Públicas,

Documentos relacionados
PERFIL DE TRABALHADORES RURAIS ATENDIDOS EM UM CENTRO ESPECIALIZADO EM REABILITAÇÃO AUDITIVA DA REGIÃO NOROESTE DO RS 1

Acadêmico do Curso de Mestrado em Ambiente e Tecnologias Sustentáveis da Universidade Federal da Fronteira Sul,

ESTUDO DE INDICADORES DE AMBIENTE E SAÚDE NAS MICRORREGIÕES DO RIO GRANDE DO SUL UTILIZANDO MÉTODO DE REGRESSÃO MÚLTIPLA 1

INDICADORES DE SAÚDE AMBIENTAL: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO PARA AS MICRORREGIÕES DO RIO GRANDE DO SUL 1

PERCEPÇÃO ACERCA DO CONSUMO DE PRODUTOS HORTIFRUTÍCOLAS PELOS ACADÊMICOS DA UFFS CAMPUS CERRO LARGO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS MARINA TEIXEIRA PIASTRELLI

ANA LUIZA PEREIRA CAMPOS

INTOXICAÇÕES POR AGROTÓXICOS E DOMISSANITÁRIOS EM IDOSOS: DADOS EPIDEMIOLÓGICOS E CLÍNICOS ( )

Análise da demanda de assistência de enfermagem aos pacientes internados em uma unidade de Clinica Médica

O PANORAMA DAS INTOXICAÇÕES POR AGROTÓXICOS EM TRABALHADORES RURAIS NA TERCEIRA IDADE

ESTUDO DA RELAÇÃO ENTRE INDICADORES DE AMBIENTE E SAÚDE NOS ESTADOS BRASILEIROS UTILIZANDO MÉTODOS DE REGRESSÃO 1

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS. Lidiane de Oliveira Carvalho

Índice de massa corporal e prevalência de doenças crônicas não transmissíveis em idosos institucionalizados

ARTIGO ORIGINAL. Objetivo:

PERFIL DOS IDOSOS INTERNADOS EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO EM CAMPINA GRANDE

MORTALIDADE POR ACIDENTE DE TRÂNSITO ENTRE JOVENS EM MARINGÁ-PR NOS ÚLTIMOS 10 ANOS

EFEITOS DOS AGROTÓXICOS SOBRE O DNA DE AGRICULTORES EXPOSTOS DURANTE O CULTIVO DA SOJA Camila Aline Fischer 1 Danieli Benedetti 2 Juliana da Silva 3

CARACTERIZAÇAO SOCIODEMOGRÁFICA DE IDOSOS COM NEOPLASIA DE PULMAO EM UM HOSPITAL DE REFERENCIA EM ONCOLOGIA DO CEARA

EXCESSO DE PESO E FATORES ASSOCIADOS EM IDOSOS ASSISTIDOS PELO NASF DO MUNICÍPIO DE PATOS-PB

I Workshop dos Programas de Pós-Graduação em Enfermagem PERFIL DAS INTOXICAÇÕES EXÓGENAS EM UM HOSPITAL DO SUL DE MINAS GERAIS

AVALIAÇÃO SÓCIOECONÔMICA DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO ESTADO DE MINAS GERAIS POR MEIO DA ANÁLISE DE CORRESPONDÊNCIA

CONHECIMENTO DE INDIVÍDUOS ACIMA DE 50 ANOS SOBRE FATORES DE RISCO DO CÂNCER BUCAL

DADOS PRELIMINARES DO PERFIL DAS PROPRIEDADES DE BOVINOCULTURA LEITEIRA NA REGIÃO NOROESTE DO RS

de Estudos em Saúde Coletiva, Mestrado profissional em Saúde Coletiva. Palavras-chave: Reações adversas, antidepressivos, idosos.

UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL Campus CERRO LARGO. PROJETO DE EXTENSÃO Software R: de dados utilizando um software livre.

ESTRATÉGIAS EDUCATIVAS SOBRE DIABETES PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA

A ACESSIBILIDADE ARQUITETÔNICA DO COMPLEXO AQUÁTICO E DO GINÁSIO DIDÁTICO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CAMPUS JOÃO PESSOA

POLÍTICAS PÚBLICAS E SAÚDE DOS TRABALHADORES RURAIS EXPOSTOS A AGROTÓXICOS 1

THAMIRES DE PAULA FELIPE PREVALÊNCIA DE ALTERAÇÕES FONOAUDIOLÓGICAS RELACIONADAS À FUNCIONALIDADE E FATORES ASSOCIADOS

PERFIL DE USUÁRIOS DE PRÓTESE AUDITIVA ASSISTIDOS EM UMA CLÍNICA ESCOLA NO ANO DE 2016

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACULDADE DE MEDICINA BRUNNA LUIZA SUAREZ

RELATÓRIO FINAL DE PROJETOS DE EXTENSÃO - PBAEX

AVALIAÇÃO DOS HOSPITAIS DA CIDADE DE JOÃO PESSOA/PB PARA ATENDIMENTO DA POPULAÇÃO IDOSA.

PERFIL ANTROPOMÉTRICO DOS USUÁRIOS DE CENTROS DE CONVIVÊNCIA PARA IDOSOS NO MUNICÍPIO DE NATAL- RN

ANÁLISE DA MORTALIDADE E DISTRIBUIÇÃO DE NEOPLASIA CUTÂNEA EM SERGIPE NO PERIODO DE 2010 A 2015 RESUMO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Faculdade de Medicina

Elienai de Alencar Menses Klécia Oliveira Medeiros

PERCEPÇÃO DOS AGRICULTORES EM RELAÇÃO AO USO DE AGROTÓXICOS NO MUNICÍPIO DE PRESIDENTE KENNEDY, ES

Caracterização dos usuários com incontinência urinária atendidos na região Leste-Nordeste de saúde de Porto Alegre

Aspectos Metodológicos da Pesquisa em São Paulo

1 Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal//SUPLAV

GEOGRAFIA MÓDULO II do PISM (triênio )

RISCOS DE ADOECIMENTO NO TRABALHO: estudo entre profissionais de uma instituição federal de educação

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DE IDOSOS EM CAMPINA GRANDE-PB

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE IDOSOS HOSPITALIZADOS EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

ALDAIR WEBER 1*, GABRIELA FLORES DALLA ROSA 1, TATIANE DE SOUZA 1, LARISSA HERMES THOMAS TOMBINI 2,

Estudo vinculado a Pesquisa institucional Envelhecimento Feminino da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. UNIJUI.

COLOQUE AQUI SEU TÍTULO

INTRODUÇÃO. Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Cidadania-SMDSC,

Avaliação da glicemia e pressão arterial dos idosos da UNATI da UEG-GO

TRABALHAR COM SAÚDE É UM DIREITO PESQUISA DE SAÚDE SINTRAJUFE /2017 COMPILAÇÃO DE RESULTADOS

TALITA GANDOLFI PREVALÊNCIA DE DOENÇA RENAL CRÔNICA EM PACIENTES IDOSOS DIABÉTICOS EM UMA UNIDADE HOSPITALAR DE PORTO ALEGRE-RS

PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DOS CASOS DE HEPATITE A NOTIFICADOS EM UM ESTADO NORDESTINO

ADVERTÊNCIA. Este texto não substitui o publicado no Diário Oficial da União. Ministério da Saúde Gabinete do Ministro

ANÁLISE DA QUALIDADE DE VIDA SOB A PERCEPÇÃO DE IDOSOS INTEGRANTES DE GRUPOS DE CONVIVÊNCIA NA CIDADE DE SANTA CRUZ, RIO GRANDE DO NORTE.

RELATÓRIO SOBRE O PROJETO DE INFORMAÇÃO, PERFIL DE USO, CONSUMO E AGRAVOS À SAÚDE RELACIONADOS A AGROTÓXICOS NO ESTADO DE SÃO PAULO

EPIDEMIOLOGIA DAS INTOXICAÇÕES EM CAMPINA GRANDE: IMPACTO NA SAÚDE DO IDOSO.

Palavras-chave: Arranjos domiciliares; Benefício de Prestação Continuada; Idoso; PNAD

A DIFICULDADE DE COMUNICAÇÃO DO SURDO NOS ATENDIMENTOS DE SAÚDE

1 Introdução. Subprojeto de Iniciação Científica. Edital:

CONSUMO DE LEITE POR INDIVÍDUOS ADULTOS E IDOSOS DE UM MUNICÍPIO DA REGIÃO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL 1

Caracterização do território

O risco de desenvolver perda auditiva em razão de exposição a ruído no ambiente de trabalho aumenta conforme o tempo de exposição em anos

RAFAELA TEODORO DA SILVA

Síntese do Trabalho/Projeto NOTIFICAÇÃO EM PERDA AUDITIVA INDUZIDA POR RUÍDO: UM COMPROMISSO PROFISSIONAL E UMA EXIGÊNCIA Tema LEGAL

MOBILIDADE PENDULAR E PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DOS PACIENTES HIV+ QUE FORAM A ÓBITO DA SÉRIE HISTÓRICA EM FOZ DO IGUAÇU, PR

AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO DO DESCARTE DE MEDICAMENTOS PELA POPULAÇÃO IDOSA DE UMA CIDADE DO NORDESTE BRASILEIRO

PERFIL DE HIPERTENSOS E DIABÉTICOS EM UMA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA

PERFIL DA CATARATA EM IDOSOS DA REGIÃO DA BORBOREMA

A SEGURANÇA ESTÁ EM SUAS MÃOS

CONSELHO REGIONAL DE FONOAUDIOLOGIA 2ª REGIÃO SÃO PAULO

Pesquisa de percepção de marca e atuação da ABBR

PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DE PACIENTES COM DISTURBIOS DO MOVIMENTO EM GOIÂNIA, GOIÁS, BRASIL.

TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DAS QUEDAS EM CRIANÇAS INTERNADAS EM HOSPITAL PEDIÁTRICO

DOENÇA DE PARKINSON NA VIDA SENIL PANORAMA DAS TAXAS DE MORBIMORTALIDADE E INCIDÊNCIA ENTRE AS REGIÕES BRASILEIRAS

Fatores associados à participação do idoso no. mercado de trabalho brasileiro

Multimorbidade e medidas antropométricas em residentes de um condomínio exclusivo para idosos

TÍTULO: DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DE UM QUESTIONÁRIO DE AVALIÇÃO DO GRAU DE SATISFAÇÃO DE USUÁRIOS ATENDIDOS EM CLINICAS-ESCOLAS DE FISIOTERAPIA

ESTUDO SOBRE OS ATRIBUTOS DE IMAGEM E SATISFAÇÃO DOS CONSUMIDORES EM RELAÇÃO AOS SUPERMERCADOS DE UM MUNICÍPIO DO RIO GRANDE DO SUL 1

Perfil dos nascidos vivos de mães residentes na área programática 2.2 no Município do Rio de Janeiro

PESQUISA E PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO PARA DISSEMINAÇÃO SOBRE TEMAS DIVERSOS DA PESSOA IDOSA

3Acadêmico de Segurança em Gestão Ambiental e Agroecologia? Universidade Estadual do Rio Grande do Sul

ATENÇÃO PRIMÁRIA AMBIENTAL: O CONHECIMENTO DO ENFERMEIRO QUE ATUA NO PROGRAMA DE SAÚDE DA FAMÍLIA *

PERFIL SANITÁRIO-ASSISTENCIAL DAS INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA PARA IDOSOS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL

Subsidiar a implementação de um conjunto de ações orientadas para a prevenção e erradicação do trabalho de crianças e adolescentes no estado da

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FRANCINE VIEIRA REIS AVALIAÇÃO AUDIOLÓGICA EM OPERÁRIOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL DO CAMPUS SAÚDE DA UFMG

Avaliação do Índice de Massa Corporal em crianças de escola municipal de Barbacena MG, 2016.

FORMULÁRIO PARA APLICAÇÃO DO PROTOCOLO SALDANHA PARA AUDITORIA DO PROGRAMA DE CONSERVAÇÃO AUDITIVA

INTOXICAÇÕES POR AGROTÓXICOS NO ESTADO DE GOIÁS REGISTRADOS NO CENTRO DE INFORMAÇÕES TOXICOLÓGICAS, NO ANO DE 2008


Avaliação da prevalência de ansiedade e depressão dos pacientes estomizados da microregião de Divinopólis/Santo Antonio do Monte-MG

QUEM SÃO OS INDIVÍDUOS QUE PROCURARAM A AURICULOTERAPIA PARA TRATAMENTO PÓS-CHIKUNGUNYA? ESTUDO TRANSVERSAL

O USO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL NA APLICAÇÃO DE AGROTÓXICOS NA LAVOURA DE ARROZ IRRIGADO NO MUNICÍPIO DE GARUVA- SC

Agricultura Familiar e Comercial nos Censos. Agropecuários de 1996 e Carlos Otávio de Freitas Erly Cardoso Teixeira

Alimentos Saudáveis: do Agronegócio e Agrotóxicos à Transição Ecológica. Marcelo Firpo Porto CESTEH/ ENSP/FIOCRUZ

CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE. SUBÁREA: Nutrição INSTITUIÇÃO(ÕES): UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP

Perfil Socioeconômico dos Estudantes do Campus Alto Paraopeba da UFSJ

Transcrição:

PERFIL DE AGRICULTORES ATENDIDOS EM UM CENTRO DE REABILITAÇÃO AUDITIVA NA REGIÃO NOROESTE DO RIO GRANDE DO SUL 1 FARMERS PROFILE ATTENDED IN A HEARING REHABILITATION CENTER IN NORTHWEST REGION OF RIO GRANDE DO SUL Jaíne Gabriela Frank 2, Jaqueline Luana Caye 3, Ângela Leusin Mattiazzi 4, Iara Denise Endruweit Battisti 5 1 Projeto de Iniciação Científica com apoio FAPERGS. Grupo de Pesquisa em Monitoramento e Qualidade Ambiental. Linha de Pesquisa em Qualidade Ambiental e Saúde. Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Cerro Largo/RS 2 Acadêmica do Curso de Graduação em Engenharia Ambiental e Sanitária da Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Cerro Largo/RS, bolsista PROBIC/FAPERGS, jaine_frank@hotmail.com 3 Acadêmica do Curso de Graduação em Engenharia Ambiental e Sanitária da Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Cerro Largo/RS, jaquelinecaye@yahoo.com.br 4 Fonoaudióloga da Fundação Municipal de Saúde de Santa Rosa (FUMSSAR), Mestre em Desenvolvimento e Políticas Públicas, angelinha_90@hotmail.com 5 Professora Orientadora, Doutora em Epidemiologia, Universidade Federal da Fronteira Sul, campus Cerro Largo/RS, iara.battisti@uffs.edu.br INTRODUÇÃO Muitos estudos evidenciam as intoxicações por agrotóxicos como um grave problema de saúde pública. O uso desses agentes provoca efeitos prejudiciais no meio ambiente e na saúde das pessoas, principalmente nos trabalhadores rurais que trabalham diretamente com sua aplicação na lavoura (BEGNINI; TAVEIRA, 2014). Dentre as implicações sobre a saúde geral, os agrotóxicos são descritos como potencialmente ototóxicos, ou seja, podem ser nocivos à audição. A região noroeste do Estado do Rio Grande do Sul tem sua economia fortemente baseada na monocultura de soja e trigo (JOBIM et al., 2010). Segundo o censo demográfico do IBGE (2010), a população rural dos 22 municípios que constituem essa região é de 32,7% da população total, os quais desempenham sua função predominantemente em pequenas propriedades rurais. Dessa forma, o estudo visa apresentar o perfil sociodemográfico e audiológico dos trabalhadores rurais atendidos em um Centro Especializado em Reabilitação Auditiva (CER) de um município da região noroeste do Rio Grande do Sul. METODOLOGIA Este estudo apresenta um delineamento transversal, de caráter quantitativo, descritivo e analítico. A amostra foi composta por 70 trabalhadores rurais com idade mínima de 18 anos e atividade ocupacional como agricultor, de ambos os sexos, cuja atividade laboral atual ou pregressa está associada ao setor agrícola de no mínimo 15 horas semanais e que tenham contato com

agrotóxicos. Estes foram atendidos por uma fonoaudióloga no Centro Especializado em Reabilitação Auditiva (CER) do município de Santa Rosa, localizado na região noroeste do Rio Grande do Sul, sendo o único estabelecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) que oferece reabilitação auditiva a indivíduos residentes nesta região. A coleta de dados se deu no período de março a dezembro de 2017 através dos prontuários dos pacientes e um instrumento de coleta de dados elaborado pelas autoras, adaptado do Protocolo de Avaliação das Intoxicações Crônicas por Agrotóxicos, da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (2013). Contemplaram-se variáveis características sociodemográficas, tempo de exposição, equipamento para aplicação do agrotóxico, uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI) e grau de perda auditiva. Este último foi classificado em normal, leve, moderado, severo ou profundo. Para o cálculo do grau da perda auditiva foram utilizadas as frequências de 500Hz, 1000Hz, 2000Hz e 4000Hz, conforme classificação estabelecida pela Organização Mundial da Saúde. Os dados foram organizados em planilha do LibreOffice Calc e analisados através de medidas descritivas, tabelas de frequência absoluta e relativa no software estatístico R. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal da Fronteira Sul sob o CAAE nº 59278816.6.000. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 1 são apresentados as características sociodemográficas dos 70 trabalhadores rurais participantes do estudo.

Observa-se que os agricultores tiveram idade entre 39 e 88 anos, com uma média de 67,9 ± 10,0 anos (média ± desvio padrão), cuja faixa etária predominante foi de 70 a 79 anos (35,7%). Esses valores são esperados, visto que os problemas auditivos iniciam em torno dos 40 anos, idade que muitas pessoas já experimentam algum grau de perda auditiva devido ao envelhecimento e é neste momento que se iniciam as consultas médicas (TAVARES, 2015). Com relação ao perfil sociodemográfico, 65 (92,9%) agricultores são do sexo masculino e 5 (7,1%) agricultores do sexo feminino. Este resultado entra em consonância com outros estudos (SENA; VARGAS; OLIVEIRA, 2013; MOREIRA et al., 2015; RISTOW, 2017) em que os agricultores do sexo masculino são os mais afetados pelo efeito nocivo dos agrotóxicos, uma vez que são eles que mais realizam seu manuseio. Pertinente a raça, a maioria informou pertencer à raça branca, totalizando 63 (90,0%) agricultores. Isto se explica pelo fato da região ter povos colonizadores europeus, que se estabeleceram nessa região por ser uma área propícia à agricultura (MANTELLI, 2006). No que tange a escolaridade, 67 (95, 7%) agricultores informaram não ter completado o ensino fundamental, uma vez que a maioria dos pacientes desta amostra serem idosos e que viveram em uma época na qual a educação não era prioridade, o que reflete, portanto, no baixo índice de instrução destas pessoas idosas (ARAÚJO; MENDES; NOVAES, 2011). A média do tempo de atividade laboral desses agricultores foi de 26,8 ± 15,8 anos (média ± desvio padrão) expostos a agrotóxicos, sendo dois anos o tempo mínimo de exposição mencionado e o máximo 60 anos. Entre 10 a 20 anos foi o tempo de contato indicado por 18 (26,9%) agricultores. Araújo et al. (2007) explica esse elevado tempo de exposição devido ao fato das atividades no ramo agrícola brasileiro se iniciar muito cedo, onde o ingresso se dá na infância e se estende até o envelhecimento. Para a aplicação dos agrotóxicos os agricultores utilizam, em sua maioria, pulverizador costal (75,7%) visto que é um dos equipamentos de pulverização mais comumente utilizados em práticas agrícolas devido a sua fácil aquisição por este ser de baixo custo (ALENCAR, 2010; FREITAS, 2006). Durante a utilização dos agrotóxicos é obrigatório, segundo a Norma Regulamentadora 6 (NR 6), o uso de EPI (Equipamento de Proteção Individual). Porém, apenas 29 (41,4%) agricultores informaram usar EPI em algum momento durante o preparo do produto e 31 (44,3%) agricultores durante a aplicação do mesmo. Destes que fazem uso de EPI, apenas 8 (11,4%) agricultores utilizam quatro ou mais equipamentos de proteção conjuntamente. Dos itens constituintes do EPI, o mais empregado pelos agricultores foi a máscara com filtro (42,9%), seguido das botas de cano alto/médio (27,1%). Com base nestas informações se percebe que os equipamentos de proteção individuais são utilizados mais frequentemente no momento de aplicação dos produtos, porém é importante que se observe o hábito de usar os EPIs não apenas durante aplicação, mas sempre que houver algum contato com os agrotóxicos (BARROSO; WOLFF, 2009). Visto que mais de 55% dos agricultores informaram não utilizar EPI em nenhuma etapa do preparo ou da aplicação dos agrotóxicos se faz necessária uma maior conscientização dos mesmos. Estes dados corroboram com outras pesquisas (MATTIAZZI, 2017; FONSECA et al., 2007), onde apontam para o uso inadequado dos equipamentos ou até mesmo a não utilização dos EPIs. Porém, mesmo utilizando o EPI, pode haver contaminação por agrotóxico, pois em algumas situações o uso desses Equipamentos pode até aumentar o risco, uma vez que são apontados

problemas desde a concepção dos EPIs até a forma como são utilizados, manuseados, mantidos e descartados (ESPÍNDOLA; SOUZA, 2017). Pertinente ao perfil audiológico dos trabalhadores rurais, houve predomínio de perdas de grau moderado em ambas as orelhas, com 22 casos (31,4%), validando dados da literatura (CRISPIM et al., 2012; MATTIAZZI, 2017). Esta perda auditiva pode ser decorrente da exposição aos agrotóxicos como também do processo de envelhecimento (KÓS et al., 2014), uma vez que a amostra é constituída majoritariamente de idosos. CONSIDERAÇÕES FINAIS O perfil dos trabalhadores rurais atendidos no CER de Santa Rosa/RS é caracterizado por idosos, de raça branca, grande parte masculina e com baixa escolaridade. Quanto ao perfil audiológico, predominou perda de grau moderado em ambas as orelhas. Visto que vários estudos comprovam a ototoxicidade dos agrotóxicos, e que os agricultores trabalham com esses produtos diretamente, se faz necessário maior abordagem deste tema na saúde, a fim de promover a saúde do agricultor e do meio ambiente. Palavras-chave: Audição; Agrotóxicos; Trabalhadores Rurais. Keywords: Hearing; Pesticides; Rural Workers. AGRADECIMENTOS FAPERGS REFERÊNCIAS ALENCAR, J. EMBRAPA. Sistema de Produção de Melancia. Agrotóxicos. 2010. Disponível em:. Acesso em: 11 de julho, 2017. ARAÚJO, T.M.; MENDES, B.C.A.; NOVAES, B.C.A.C. Pronto atendimento a usuários de dispositivos de amplificação sonora. Revista Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, v. 16, n. 4, p. 466-73, 2011. ARAÚJO, A. J. et al. Exposição múltipla a agrotóxicos e efeitos à saúde: estudo transversal em amostra de 102 trabalhadores rurais, Nova Friburgo, RJ. Ciência & Saúde Coletiva, v.12, n.1, p.115-130, 2007. BARROSO, L. B.; WOLFF, D. B. Riscos e Segurança do Aplicador de Agrotóxicos no Rio Grande do Sul. Disc. Scientia. Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, Santa Maria/RS, v. 10, n.1, p. 27-52, 2009. CRISPIM, K.G.M. et al. Prevalência de déficit auditivo em idosos referidos a serviço de audiologia em Manaus, Amazonas. Rev Bras Promoç Saúde.v. 25, n.4, p.469-75, 2012. ESPÍNDOLA, M.M.M; SOUZA, C.D.F. Trabalhador Rural: o agrotóxico e sua influência na saúde humana. Revista da Universidade Vale do Rio Verde, Três Corações, v.15, n.2, p. 871-880, 2017. FONSECA, M. G. U. et al. Percepção de risco: maneiras de pensar e agir no manejo de agrotóxicos. Ciência & Saúde Coletiva, v.12, n.1, p.39-50, 2007. FREITAS, C. S. Análise Ergonômica da Atividade com Pulverizador Costal Manual na Cultura do Café no Município de Caratinga MG. Dissertação apresentada ao centro universitário de

Caratinga. Caratinga MG. Novembro, 2006. JOBIM, P. F. C. et al. Existe uma associação entre mortalidade por câncer e uso de agrotóxicos? Uma contribuição ao debate. Ciência & Saúde Coletiva, v.15, n.1, p.277-288, 2010. KÓS, M. I. et al. Avaliação do sistema auditivo em agricultores expostos à agrotóxicos. Rev. CEFAC, v.16, n.3, p.941-48, 2014. MANTELLI, J. O processo de ocupação do Noroeste do Rio Grande do Sul e a Evolução Agrária. Geografia, Rio Claro. v. 31, n.2, p. 269-278, 2006. MATTIAZZI, A.L. Exposição a agrotóxicos e alterações auditivas em trabalhadores rurais. 2017. 96 f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Políticas Públicas) Universidade Federal da Fronteira Sul, Curso de pós-graduação em Desenvolvimento e Políticas Públicas, Cerro Largo, 2017. MELLO, C. M.; SILVA, L. F. Fatores associados à intoxicação por agrotóxicos: estudo transversal com trabalhadores da cafeicultura no sul de Minas Gerais. Rev. Epidemiol. Serv. Saúde. Brasília, v.22, n. 4, p.609-620, 2013. MOREIRA, J. P. L. et al. A saúde dos trabalhadores da atividade rural no Brasil. Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 31, n. 8, p.1698-1708, 2015. NR 6 Norma Regulamentadora 6. Equipamento de Proteção Individual EPI. Publicação: Portaria GM nº 3214 de 08 de junho de 1978. RISTOW, L. P. Exposição ocupacional de trabalhadores rurais a agrotóxicos e relação com políticas públicas. 2017. 137 f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Políticas Públicas) Universidade Federal da Fronteira Sul, Curso de pós-graduação em Desenvolvimento e Políticas Públicas, Cerro Largo, 2017. SENA, T.R.R.; VARGAS, M. M.; OLIVEIRA, C. C. C. Saúde auditiva e qualidade de vida em trabalhadores expostos a agrotóxicos. Ciência & Saúde Coletiva, v.18, n.6, p.1753-1761, 2013. TAVARES, J. Surdez na terceira idade. Portal Deficiência Auditiva. 2015. Disponível em:. Acesso em: 11 de julho, 2017.