ALTERNATIVAS APRESENTADAS PELOS PROFESSORES PARA O TRABALHO COM A LEITURA EM SALA DE AULA



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Transcrição:

ALTERNATIVAS APRESENTADAS PELOS PROFESSORES PARA O TRABALHO COM A LEITURA EM SALA DE AULA RAQUEL MONTEIRO DA SILVA FREITAS (UFPB). Resumo Essa comunicação objetiva apresentar dados relacionados ao plano de trabalho Práticas de leitura de professor que está inserido no projeto Práticas escolares de leitura e discursos sobre a leitura, coordenada pela Professora Doutora Maria Ester Viera de Sousa. Especificamente, temos como sujeito o professor de escolas públicas e privadas da cidade de João Pessoa PB, investigando o que ele diz sobre a leitura, do ponto de vista de suas práticas de leitura e de sua atuação como formador de leitor. Nosso objetivo específico neste trabalho é apresentar, através de dados quantitativos e qualitativos, as alternativas apresentadas pelos professores para o trabalho com a leitura em sala de aula. Pretendemos discutir as atividades que os professores dizem realizar em sala de aula, sobretudo, quando reconhecem as dificuldades de seus alunos em relação à leitura. Em geral afirmam que os alunos não lêem, apresentam problemas de compreensão textual, muitas vezes apenas decodificando o texto. Nesse sentido, afirmam que têm de procurar alternativas para melhorar o processo de leitura e interpretação dos textos. De maneira geral, podemos constatar que há uma quantidade significativa de alternativas apresentadas pelos professores para se trabalhar a leitura em sala de aula para dar conta das dificuldades encontradas. Essas alternativas de trabalho apresentadas pelos professores serão nosso objetivo de investigação nessa comunicação, partindo da compreensão de que a leitura é um processo gradativo que carrega consigo degraus a serem alcançados e que oferece ao leitor a oportunidade de ir além cada vez que lê. Para isso, é papel do professor e da escola, como instituição, incentivar seus alunos, através de atividades que os auxiliem e os encaminhem de forma gradativa a alcançar o patamar almejado. Palavras-chave: Leitura, Professor, atividades de leitura em sala de aula.. Apresentação O presente trabalho é um recorte do plano de trabalho Práticas de Leitura de Professor que está inserido na Pesquisa Práticas Escolares de Leitura e Discursos sobre a leitura, no qual trabalhamos como bolsista (PIBIC - CNPQ), sob orientação da Prof. Dra. Maria Ester Vieira de Sousa. A pesquisa possui como objetivo geral "levantar e analisar a produção e a circulação de práticas de leitura no âmbito das instituições escolares." (SOUSA, 2007). O nosso plano de trabalho no interior dessa pesquisa se preocupa em levantar, quantificar e analisar dados, acerca do discurso do professor sobre suas leituras e as de seus alunos. Em outras palavras, investigamos as leituras dos professores; com que freqüência dizem ler; o que dizem sobre seus alunos enquanto leitores; que atividades realizam com seus alunos e quais suas concepções em relação à leitura. Para tanto, utilizamos um corpus do referido projeto de pesquisa, composto de 50 entrevistas estruturas (um questionários com várias perguntadas) a que os professores responderam por escrito. Os dados nos quais nos basearemos para este trabalho referem-se a uma das perguntas constante desse questionário sobre o trabalho de leitura que os professores dizem realizar com seus alunos em sala de aula. Especificamente, pretendemos discutir as alternativas que eles têm apresentado diante de problemas

de compreensão e interpretação textual por parte dos alunos no ambiente escolar de um modo geral. Entendemos que a leitura é um processo gradativo que carrega consigo degraus a serem alcançados e que oferece ao leitor a oportunidade de ir além cada vez que lê. Para isso, é papel do professor e da escola, como instituição, incentivar seus alunos, através de atividades que os auxiliem e os encaminhem de forma gradativa a alcançar o patamar almejado. Os PCN's de 1ª a 4ª série, por sua vez, contribuem com essa afirmação: Cabe, portanto, à escola viabilizar o acesso do aluno ao universo dos textos que circulam socialmente, ensinar a produzi-los e a interpretá-los. Isso inclui os textos das diferentes disciplinas, com os quais o aluno se defronta sistematicamente no cotidiano escolar e, mesmo assim, não consegue manejar, pois não há um trabalho planejado com essa finalidade. (PCN, 1997, p.26) A leitura, segundo Orlandi (1988, p. 9), está diretamente ligada à aprendizagem, é fundada de muitos conceitos polissêmicos e pode ser entendida desde a decodificação até a atribuição de sentido: A leitura, portanto, não é uma questão de tudo ou nada, é uma questão de natureza, de condições de modos de relação, de trabalho, de produção de sentidos, em uma palavra: de historicidade. Segundo Zilberman & Lajola (1996), a leitura no Brasil se configurou sob um processo lento e dificultoso, apresentando-se de diversos modos em nossa sociedade. Debaixo da precariedade e pouca quantidade de escolas, especificamente no início do século XIX, com a chegada da imprensa no país, o acesso à leitura na escola era restrito a uns poucos alunos da classe dominante que a freqüentavam. Levamos em consideração que todo o processo que afetou a leitura no Brasil ao longo dos anos influenciou e tem influenciado as concepções de leitura, a realidade das escolas nos dias atuais e a própria concepção de leitor. Alternativas apresentadas pelos professores para o trabalho com a leitura em sala de aula Nas entrevistas com os professores, dentre as várias perguntas formuladas, um dos questionamentos que foi: Quando você identifica problemas

relacionados à compreensão de textos, que alternativas você tem adotado? É importante informar que, no conjunto das respostas apresentadas, havia muitas alternativas que se repetiam. Em função disso, a partir dos dados obtidos, para uma maior compreensão das considerações que faremos, classificamos essas alternativas e as quantificamos em porcentagem: ALTERNATIVAS APRESENTADAS PORCENTAGEM Fazem diálogo com questionamentos 34% Diversificam os textos 26,5% Fazem releitura dos textos trabalhados 24,4% Encaminham para grupos ou reforço escolar 12,2% Fazem grupos de discussão entre os alunos 4% Vejamos alguns depoimentos, de diferentes professores, que refletem os itens na ordem em que foram acima apresentados: A alternativa tem sido a do diálogo, da busca de sentido do que se lê, através de perguntas, questionamentos, relacionamento com o conhecimento de mundo que eles já possuem. O uso de vários tipos textuais, vários gêneros como: música, parlendas, receitas, e principalmente livros paradidáticos. Peço que retome (sic) o texto e procuro ajudá-lo na interpretação. Os alunos que apresentam essas dificuldades têm sido encaminhados ao Projeto Ande na Faixa (oferecido pela própria escola); tenho conversado com eles - particularmente - e com os próprios pais. Eu tenho adotado os agrupamentos produtivos, pois os mesmos têm proporcionado a interação entre os alunos.

No primeiro depoimento, podemos verificar que o professor preza pela compreensão real do texto pelo aluno, através de questionamentos e da busca de relações com o conhecimento de mundo que o aluno já possui. Como afirma (LAJOLO, 2004), se o texto não dá sentido ao mundo (do aluno), não há nele sentido algum. Geralmente é o que acontece quando o aluno não compreende o texto. Se não há como estabelecer relação com o seu próprio mundo, esse texto será vazio de sentido. Levar o aluno a fazer essa ligação entre seu mundo e o mundo do texto é de responsabilidade da escola, mais diretamente do professor, pois é através dele que aluno terá contato com o texto, pelo menos na fase inicial de leitura. Acreditamos que essa estratégia do professor poderá contribuir para a formação de um aluno leitor mais consciente da sua própria capacidade de leitura. Quanto à segunda alternativa, aqui representada pelo segundo depoimento, acreditamos que ela apresenta-se bastante vaga. Podemos observar que o professor, ao diversificar os textos, não garante ao aluno a compreensão do texto trabalhado. De acordo com os PCN's do ensino fundamental: Texto é o produto da atividade discursiva oral ou escrita que forma um todo significativo e acabado, qualquer que seja sua extensão. (...) Dessa forma, um texto só é um texto quando pode ser compreendido como unidade significativa global, quando possui textualidade. Caso contrário, não passa de um amontoado aleatório de enunciados. (PCN, 1997, p.25) Se o texto só é texto quando é capaz de ser compreendido, mudar ou diversificar os textos não permite ao aluno entendê-lo, mais especificamente quando há mudança de gênero. Cada gênero possui sua peculiaridade, não devem ser trabalhados da mesma forma. Pode até ser que o aluno interprete e compreenda esses outros gêneros textuais trazidos pelo professor, mas aquele outro que não ficou compreendido? Passará despercebida a apreensão do aluno em relação a esse outro texto que se pretendia trabalhar anteriormente. Naturalmente, não estamos questionando o fato de o professor trabalhar diferentes gêneros em sala de aula. A diversificação de "tipos e gêneros textuais" em si é positiva e necessária, pois permitirá ao aluno o contato com outras fontes de leitura, como bem comentam os PCN's. Como observado no quadro apresenta e no terceiro depoimento, 24,4 % dos professores sugerem como atividade a releitura. Essa atividade em sala de aula é de fundamental importância. No entanto, é preciso observar o que se faz após essa nova leitura do texto. Espera-se que essa segunda ou outras leituras que se faz do texto tenham objetivos definidos pelo próprio professor. A releitura por si só não garante a compreensão do texto, seria necessário algo mais do que retomar. Nesse depoimento, observamos que o professor não traz muitas contribuições ao utilizar essa alternativa, apesar de dizer que "procura ajudá-lo na interpretação", o que de certa forma já deveria implicar trazer alguma atividade que permita ao aluno uma solução para o problema de interpretação. Nesse sentido, lembramos Lajolo quando, ao mencionar soluções apresentadas pelos professores para o trabalho com textos literários, afirma:

Trata-se, geralmente, de propostas que somam ao idealismo ingênuo, o imediatismo das soluções enlatadas: sugestões bem intencionadas (...) mas que lidam superficialmente com a questão, resolvendo o problema pelo seu contorno. (LAJOLO, 2004, p. 14). Quanto à quarta alternativa apresentada, verificamos que encaminhar os alunos com dificuldades de compreensão e interpretação de textos para grupos de apoio ou reforço escolar tem sido uma alternativa que isenta o professor de na sua própria sala de aula enfrentar esse problema. É preciso ter cuidado com o aluno que apresenta problemas de compreensão na leitura, pois nem sempre retirá-lo da sala de aula pode trazer benefícios. A leitura de texto em sala de aula também é um momento de interação entre os alunos, hipoteticamente, o aluno que tem dificuldades de compreensão pode passar a interpretar e compreender melhor o texto através do contato com os outros alunos. Essa alternativa pode ser muito proveitosa em casos especiais, como o aluno que possui dislexia, ou ainda problemas em nível de decodificação. Ressaltamos aqui o que afirmam os PCN's acerca da importância de uma prática de leitura socializada: Um leitor competente só pode constituir-se mediante uma prática constante de leitura de textos de fato, a partir de um trabalho que deve se organizar em torno da diversidade de textos que circulam socialmente. Esse trabalho pode envolver todos os alunos, inclusive aqueles que ainda não sabem ler convencionalmente. (PCN, 1997, p. 42) (grifos nossos). Os PCN's deixam clara a importância de o trabalho com leitura envolver todos os alunos, incluindo aqueles que ainda não dominam a leitura, pois o contato entre os alunos permite o crescimento, especialmente, na parte de interpretação. Por tanto, é preciso ter cuidado quanto aos grupos de reforço escolar na parte de trabalho com textos, no sentido de não isolar o aluno dos demais. Em relação à alternativa de se trabalhar agrupando os alunos a fim de facilitar a interpretação, entendermos como uma boa alternativa, já que os alunos terão uma maior liberdade de expressar opinião. No entanto, é preciso que haja supervisão e orientação do professor, para que não os alunos não fiquem dispersos, perdendo assim o foco do trabalho que é facilitar ao aluno a compreensão e interpretação do texto. Considerações finais

As alternativas apresentadas pelos professores para o trabalho com leitura em sala de aula, em geral, têm a intenção de levar o aluno a compreender melhor o texto, mas, para maiores efeitos, necessitariam de um foco maior, ou seja, atividades mais direcionadas que permitissem aos alunos uma real interpretação do texto e não apenas uma releitura ou leitura de outros textos. Como afirma Lajolo, é preciso que as alternativas não caiam no idealismo ingênuo, nem em respostas imediatas, mas que busquem de fato resolver o problema do aluno, a fim de que, nesse jogo que é a leitura, possa haver interação e se chegar a um objetivo comum aos professores e alunos, que é a compreensão textual satisfatória para um e a consciência de um trabalho bem feito para o outro. REFERÊNCIAS Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: língua portuguesa / Secretaria de Educação Fundamental. Brasília, 1997. LAJOLO, Marisa. Do Mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Ática, 1993. ORLANDI, Eni Pulcinelli. Discurso e leitura. São Paulo: Cortez, 2006. SOUSA, Maria Ester Vieira de Sousa. Projeto Práticas escolares de leitura e discursos sobre a leitura. Registrado junto ao Programa de Pós-Graduação em Lingüística, 2007. ZILBERMAN & LAJOLO. A formação da leitura no Brasil. São Paulo, 1996.