Palavras-chave: Conservadorismo; Fraude; Instituições Financeiras.

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Transcrição:

FRAUDE E CONSERVADORISMO CONTÁBIL NAS INSTITUIÇÕES FINANCEIROS BRASILEIRAS. Mauricio Soares de Faria Junior Universidade Federal de Goiás UFG Carlos Henrique Silva do Carmo Universidade Federal de Goiás UFG RESUMO: O conservadorismo condicional é visto como a assimetria entre o reconhecimento de boas e más notícias na contabilidade e costuma figurar como uma característica de melhoria da qualidade das informações contábeis. A fraude corporativa eleva o risco de litígio, arrastando para baixo a reputação, os resultados e o valor da empresa. Para se precaver dos riscos de litígios os administradores teriam incentivos para serem mais conservadores no reconhecimento dos seus resultados. Este trabalho investiga se as instituições financeiras brasileiras que não tiveram condenações por fraude corporativa apresentam maior grau de conservadorismo condicional do que aquelas que foram condenadas. Foram analisadas as demonstrações trimestrais de 19 bancos listados na B3, no período de 2007 a 2016, que totalizaram 760 observações. Os dados de fraude foram obtidos pela análise das decisões proferidas pelo Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional (CRSFN). Para verificar a presença do conservadorismo o modelo proposto por Basu (1997) foi modificado para captar os efeitos da fraude corporativa. Os resultados indicaram que não há evidências de conservadorismo condicional nos lucros divulgados pelas empresas bancárias da amostra e que esse resultado independe da ocorrência ou não de fraudes corporativa, o que contraria os resultados das pesquisas que avaliaram essa relação em empresas mercantis e de serviços. Possíveis explicações, para a divergência, seriam as diferenças de metodológicas e dos ambientes institucionais nos quais as pesquisas foram realizadas. As pesquisas que encontraram diferenças de conservadorismo entre empresas que não tiveram e as que tiveram fraude, utilizaram metodologias que consideraram a mudança da característica nas empresas ao longo do tempo e foram realizadas no mercado americano. Palavras-chave: Conservadorismo; Fraude; Instituições Financeiras. 1

1. INTRODUÇÃO Os impactos das fraudes corporativas nas instituições financeiras afetam a sociedade como um todo, já que essas instituições são um importante elo econômico e sua principal função é a intermediação financeira que canaliza os recursos entre agentes com sobra de recursos para consumidores, e ainda, as empresas que buscam recursos para investir e produzir (Machado e Gartner, 2018). A fraude corporativa afeta de forma especial a reputação da instituição financeira. Para Srour (2003, p. 339-358), a boa reputação é um ativo intangível, de grande fragilidade porque depende da percepção de valor que é dado a organização pelo público. A perda da reputação, por conta da fraude, pode acarretar enormes perdas para a companhia e até levar ao seu colapso total. Casos como os ocorridos com os bancos PanAmericano (O Globo, 2011), HSBC (Estadão, 2016) e BTG Pactual (Exame, 2016), demonstram como a ocorrência de escândalos oriundos de fraudes ou de corrupção podem afetar a imagem e consequentemente os resultados e o valor dos bancos. Além disto, a fraude corporativa eleva o risco de litígio (Alam e Petruska, 2012), identificado na literatura como um incentivo para a contabilidade conservadora (Brito, Lopes e Coelho, 2012). A pesquisa de Watts (2003b), indicou que há aumentos no conservadorismo contábil quando há mudanças no risco de litígio. Desta forma, o conservadorismo pode ser utilizado pelas empresas para reduzir o risco de litígios, especialmente o ligado a ocorrência de fraudes. De acordo com Basu (1997), o conservadorismo é a tendência de exigir mais certeza no reconhecimento de boas notícias do para o reconhecimento de más notícias. Este tipo de conservadorismo é conhecido como condicional (Ball e Shivakumar, 2005; Jones, Krishnan, Pevzner e Sengupta, 2008) e é o utilizado neste trabalho. O conservadorismo é uma importante característica nos números contábeis e influencia a qualidade de informação do lucro e representa a oportunidade com que as companhias reconhecem as perdas não realizadas em seus relatórios contábeis (Brito, Lopes e Coelho, 2012). Para Watts (2003a), o conservadorismo pode ser utilizado para barrar o comportamento oportunista de gestores ao reduzir as possibilidades ações contrárias as esperadas pelos acionistas. Assim, o conservadorismo pode ser um atributo desejado tanto pelos acionistas quanto pelos gestores. Essa característica esteve presente em todas as orientações contábeis que foram divulgadas no mundo (Lopes e Martins, 2005 p. 73), inclusive nos padrões contábeis publicados pelo International Accounting Standards Board (IASB). Apesar disso, recentemente o regulador internacional substituiu tal caraterística pela ideia da neutralidade da informação contábil, sem no entanto modificar o viés conservador das suas normas emitidas (Watts, 2003a). Por outro lado, conservadorismo contábil é um fator constituinte do ambiente da empresa, e sendo esse mais conservador haveria menos oportunidade para a ocorrência da fraude. Neste sentido, o conservadorismo se enquadra como elemento de pressão sobre o comportamento do gestor, à medida que reduz a possibilidade de ações oportunistas, conforme definido no triângulo da fraude de Cressey (Machado e Gartner, 2018). Ou seja, para reduzir o risco de litígio (pressão) os gestores das empresas lançam mão de uma contabilidade mais conservadora o que tende a reduzir a oportunidade de fraudes pelas quais seriam responsabilizados. Trabalhos que analisam o conservadorismo sob vários aspectos são relativamente abundantes, tanto na literatura internacional quanto na nacional. Porém, são raros os que 2

tratam do conservadorismo contábil e sua relação com a fraude corporativa na literatura internacional (Jones, Krishnan, Pevzner e Sengupta, 2008: Alam e Petruska, 2012), enquanto que, na literatura nacional não foram encontrados estudos nesta linha.. O trabalho de Jones et al, 2008, investigou o mercado americano e indicou que empresas em que ocorreram fraudes eram menos conservadoras e que estas aumentaram o grau de conservadorismo contábil após a ocorrência da fraude. Na mesma linha Alam e Petruska (2012), estudaram o conservadorismos contábil em empresas que foram investigadas pela Securities and Exchange Commission (SEC) e encontraram que as empresas que foram investigadas eram menos conservadoras antes da fraude e se tornaram mais conservadoras no período de investigação e após tinham acréscimos marginais no conservadorismo. Vários estudos tem tratado exclusivamente da investigação do conservadorismo nas instituições financeiras, tanto em empresas estrangeiras (Nichols, Wahlen e Wieland,2009; Lima, Fonseca e Brito, 2009 e Tapia, Sánchez, Alemán e Fernández, 2011) quanto nas instituições brasieliras (Brito, Lopes e Coelho, 2008 e 2012; Santos e Costa, 2008; Dantas, Paulo e Medeiros, 2013; Arruda, Vieira, Paulo e Lucena, 2015; Formentini e Silva, 2015; Cunha, Dantas e Medeiros, 2015; Ribeiro, Reis e Cunha, 2016). No entanto, nenhum deles abordou o efeito do conservadorismo na fraude corporativa. Os resultados das pesquisas anteriores indicaram que no geral as instituições financeiras brasileiras não apresentam evidências de conservadorismo contábil, com raras exceções. Foram encontradas evidências de conservadorismo apenas nas empresas financeiras estatais (Brito et al, 2008 e 2012), aquelas que estavam listados em algum dos níveis de governança da BMF&Bovespa apresentavam maior grau de conservadorismo condicional que as demais (Fomentini e Silva, 2015) e nas demonstrações financeiras elaboradas de acordo com o Cosif (Cunha et al, 2015). Assim, buscando investigar a relação entre conservadorismo e a ocorrência de fraudes, a pergunta que a pesquisa busca responder é: Qual a influência do conservadorismo condicional para a não ocorrência de fraude corporativa nas instituições financeiras brasileiras? De maneira específica pretende-se investigar se as instituições financeiras brasileiras que não tiveram condenações por fraude corporativa apresentam maior grau de conservadorismo condicional do que aquelas que foram condenadas. O segmento de bancos foi escolhido por conta da sua importância para a economia e pelo fato de que uma eventual crise do sistema bancário pode trazer consequências nefastas para a sociedade como um todo (Dantas et al, 2013; Machado e Gartner, 2018). Adicionalmente, considerando-se os potenciais efeitos da ocorrência de fraude para a reputação da companhia (Srour, 2003, p 339-358), torna-se clara a importância da investigação deste assunto para esse segmento específico. Esta análise traz contribuições por apontar em que medida o conservadorismo está presente nas instituições financeiras brasileiras e qual a sua relação como indicativo de não ocorrência de fraudes corporativas. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Conservadorismo Contábil. O conservadorismo é um princípio presente na contabilidade desde a era medieval (Basu, 1997). Inicialmente prevalecia o conservadorismo incondicional, que se referia basicamente a subavaliação de ativos e receitas e a sobrevalorização de passivos e despesas, o que produzia invariavelmente a subavaliação do patrimônio corporativo (Dantas et al, 2013). Conforme Ball, Kothari e Robin (2000), o conservadorismo existe em duas formas. A primeira seria o conservadorismo incondicional ou ex-ante, que compreende a subavaliação sistemática do patrimônio de forma independente a existência de sinais que indicassem a 3

possibilidade de perdas econômicas e entre as alternativas possíveis a contabilidade privilegiaria a utilização daquela que representasse o menor valor para ativos e receitas e maior valor para passivos e despesas. Por outro lado, o conservadorismo condicional ou expost, resulta da assimetria no reconhecimento de boas e más notícias, ou seja, existe uma diferença de rapidez no reconhecimento, sendo que, as más notícias são reconhecidas mais rapidamente do que as boas. Foi somente a partir do trabalho de Basu (1997) que o conservadorismo condicional passou a fazer parte do escopo dos estudos acadêmicos. Para Basu (1997), o conservadorismo é o reconhecimento assimétrico entre boas e más notícias, ou seja, é exigido maior grau de certeza para que se possa reconhecer uma boa notícia do que para se reconhecer uma boa notícia. Existe uma distinção entre as duas propriedades presentes no resultado contábil, que seriam o conservadorismo e a oportunidade ou timeliness. De acordo com Ball et al (2000), a oportunidade é a medida em que o lucro corrente incorpora o lucro econômico corresponde, já o conservadorismo é a medida em que lucro corrente incorpora mais rapidamente as más notícias do que as boas notícias. Para Basu (1997), a assimetria no reconhecimento entre boas e más notícias se refletia sobre a oportunidade e a persistência dos resultados contábeis. Assim, as más notícias seriam reconhecidas mais rapidamente nos resultados, porém menos persistentes. Por outro lado, as boas notícias seriam reconhecidas com menor tempestividade, porém apresentam maior persistência nos lucros divulgados. A maior persistência das boas notícias ocorre porque essas refletem parcialmente no resultado atual e continuam a impactar os resultados dos períodos seguintes. Já as más notícias, que são reconhecidas tempestivamente, são incorporadas na maior parte nos resultados presentes do que nos futuros. Desta forma, a evidenciação do conservadorismo condicional ocorre pela persistência dos resultados positivos e pela reversão dos resultados negativos (Dantas et al, 2013). De acordo com Basu (1997), a relação entre o lucro e o retorno das ações é mais significativo do que a relação entre o lucro e o fluxo de caixa das operações. O modelo de regressão reversa entre lucro e retorno, proposto por Basu (1997), utiliza como proxy para boas e más notícias o retorno das ações no período e busca capturar tanto o conservadorismo quanto a oportunidade ou timeliness da informação contábil. A literatura sobre o conservadorismo condicional, aponta alguns dos fatores que motivam as empresas a serem mais ou menos conservadoras na apresentação dos seus resultados contábeis, entre eles estão as relações contratuais da empresa, a estrutura regulatória da contabilidade, a legislação tributária, os mecanismos de governança corporativa e os litígios (Watts, 2003a; Brito et al, 2008; Dantas et al 2013). O conservadorismo é uma maneira de reduzir o risco causado pela assimetria de informações entre os acionistas e a administração, mitigando os conflitos de agência e ao subestimar os ativos líquidos, o conservadorismo reduz os custos de litígios da empresa (Watts, 2003a) O conservadorismo contábil, de acordo com Dantas et al. (2013), é um complemento às condições contratuais da firma para mitigação dos conflitos de agência. Para Brito et al (2008), a contabilidade exerce uma importante função como instrumento de redução da assimetria informacional e existe uma complementaridade entre a contabilidade e os instrumentos de governança corporativa. Desta forma quando a informação contábil possui elevada qualidade os proprietários precisam de menos mecanismos de governança corporativa para proteger seus investimentos e evitar a ocorrência de eventos que prejudiquem o desempenho e o valor da empresa. A literatura brasileira sobre o conservadorismo tem evoluindo desde a última década e os trabalhos realizados se propuseram a analisar o impacto da regulação e da alteração de leis 4

e normas ou a introdução de novas regulamentações sobre o conservadorismo (Costa, Costa, Baptista e Antunes. 2010; Silva, Coelho, Lopes e Almeida, 2009; Mendonça, Antunes, Azevedo e Costa 2008; Santos, Lima, Freitas e Lima, 2011; Garbrecht, Trombelli, Colauto e Scherer, 2012; Sousa, Sousa e Demonier 2016), revisão da teoria e das pesquisas que versam sobre o conservadorismo (Costa, Teixeira e Nossa, 2002; Amaral, Riccio e Sakata, 2012), conservadorismos nos países da américa do sul (Costa, Lopes e Costa, 2006), estudos que analisam o conservadorismo em empresas submetidas a diferentes ambientes regulatórios - que emitiram ou não ADR e de capital aberto ou fechado - (Santos e Costa, 2008; Paulo, Antunes e Formigoni, 2008; Coelho, Cia e Lima, 2009) e ainda, trabalhos que analisaram o conservadorismo em relação a distribuição de dividendos, estrutura de capitais e governança corporativa (Gonzaga e Costa, 2009; Neto, Rodrigues e Almeida,, 2010; Moreira e Colauto,2010), entre outros. Apesar das pesquisas e do histórico do princípio do conservadorismo na contabilidade, a partir do estabelecimento dos padrões contábeis sugeridos pelo International Accounting Standards Board (IASB), grande ênfase foi dada a neutralidade da informação contábil, e o conservadorismo foi excluído de entre as características qualitativas da informação contábil (Dantas et al, 2013). No Brasil, o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) acompanhou o IASB. 2.2 Conservadorismo condicional em instituições financeiras. Os estudos realizados com o objetivo da analisar o conservadorismo especificamente nas instituições financeiras são escassos. Talvez pela presença marcante da regulamentação nesta indústria, poucos se propuseram a realizar pesquisas voltadas unicamente para os bancos. Com relação a fraude corporativa, também são poucos os estudos realizados, no contexto nacional, e em poucos o objetivo é analisar a probabilidade de ocorrência da fraude corporativa (Machado e Gartner, 2018). No caso especifico de análise de conservadorismo e frauda corporativa, não são encontrados estudos nacionais sobre o assunto. Lima et al (2009), estudaram as evidências do conservadorismo condicional nos bancos portugueses. Os autores também pesquisaram a ocorrência do conservadorismo nas instituições de capital fechado em relação as de capital aberto. No estudo forma aplicados os modelos de Basu (1997) e de Ball e Shivakumar (2005), em 52 bancos, no período de 2000 a 2007. Os resultados obtidos, nos dois modelos, indicaram não haver evidências da ocorrência do conservadorismo contábil nas instituições financeiras de Portugal e também não há diferenças relacionadas ao conservadorismo condicional entre empresas de capital aberto ou fechado. Nichols et al (2009) apud Dantas et al (2013), pesquisaram a relação da estrutura de capitais com o conservadorismo contábil em empresas dos Estados Unidos. Os resultados indicaram que havia mais evidências de conservadorismo contábil nos bancos capital aberto do que nos de capital fechado. Com o objetivo de analisar a relação da exposição dos administradores de instituições bancárias ao risco de litígio com o conservadorismo contábil, Tápia et al (2011) apud Dantas et al (2013), encontraram que uma maior exposição a riscos de litígios pelos gestores dos bancos eleva o conservadorismo condicional. No Brasil, Brito et al (2008), examinaram a existência de conservadorismo contábil nas instituições financeiras brasileiras e se haveria diferença nessa característica entre os bancos estatais e privados. A pesquisa foi realizada com uma amostra de 276 instituições financeiras no período de junho de 1997 a junho de 2007. Na análise foram aplicados os modelos de Basu (1997) e de Ball e Shivakumar (2005). A hipótese de pesquisa dos autores, propunha que os 5

bancos estatais, por estarem inseridos em um ambiente mais sujeito à regulamentação pelos órgãos governamentais apresentariam resultados mais conservadores. Os resultados indicaram que os bancos não apresentavam evidência de conservadorismo condicional quando analisados em conjunto, porém, ao analisar as empresas estatais separadamente das privadas foi identificada evidência de que os bancos estatais apresentavam resultados mais conservadores do que os privados. Brito et al (2012), analisaram se havia distinção quanto a característica do conservadorismo condicional entre as instituições financeiras estatais e privadas. A base da pesquisa era de que o conservadorismo pode ser causado pelo risco de litígio para os gestores. Foram utilizados os modelos de Basu (1997) e Ball e Shvakumar (2005), Os resultados indicaram que os lucros contábeis reportados pelos bancos no Brasil apresentam características de conservadorismo condicional e que os bancos estatais apresentam maiores níveis de conservadorismo. Para os autores, os bancos estatais estão mais sujeitos a fiscalização de órgãos do governo, aos quais não se submetem os bancos privados, elevando o risco de litigio dos primeiros. Desta forma, os gestores de bancos estatais estariam mais propensos a verem no conservadorismo contábil uma forma de mitigar os riscos de litígio. O estudo de Dantas et al (2013), analisou as instituições financeiras brasileiras e o objetivo dos autores foi analisar se os resultados contábeis dos bancos brasileiros apresentavam evidências de conservadorismo e, somado a isto, se em situações de maior percepção de risco o conservadorismo contábil era mais evidente. Os resultados indicaram que os bancos brasileiros apresentavam evidências de conservadorismo contábil em seus resultados contábeis. Porém, não foi comprovada a hipótese de aumento do conservadorismo em situações de maior percepção de risco, como nos casos de risco sistêmico ou em bancos com menor Índice de Basiléia. Esta é a única pesquisa em que foi observada evidências de conservadorismo nos bancos quando analisados em conjunto. Arruda et al (2015), analisaram o conservadorismo e a persistência do lucro contábil nas instituições financeiras brasileiras de capital aberto e fechado, entre os anos de 1996 a 2013. Os resultados da pesquisa indicaram que os lucros das instituições financeiras brasileiras, tanto de capital aberto quanto as de capital fechado, não apresentaram evidências de conservadorismos em seus lucros contábeis divulgados. A pesquisa concluiu, ainda, que as empresas de capital fechado apresentam maior persistência em seus lucros. Fomentini e Silva (2015), realizaram sua pesquisa nos 50 maiores bancos brasileiros, no período de 2010 a 2014, aplicando o modelo de Ball e Shuvakumar (2005). O objetivo da pesquisa foi analisar o conservadorismo em função dos níveis diferenciados de governança corporativa da Bovespa. Encontraram que na análise em conjunto os bancos não apresentam evidências de conservadorismo. Porém, os bancos que estavam listados em algum dos níveis de governança da BMF&Bovespa, apresentaram evidências de conservadorismo condicional, desta forma, concluíram que a governança corporativa tem influência sobre o grau de conservadorismo condicional presente nos bancos. O objetivo de Cunha et al (2015) foi identificar qual dos modelos de apresentação das demonstrações contábeis que podem ser adotadas pelas instituições financeiras no brasil (Cosif ou IFRS) apresenta maior evidência de conservadorismo condicional. Os resultados encontrados indicaram evidências do conservadorismo contábil condicional nas demonstrações elaboradas de acordo com o Cosif, mas esta característica não foi identificada nas demonstrações divulgadas de acordo com o IFRS. E por fim, Ribeiro et al (2016), estudaram o conservadorismo contábil em função da estrutura de propriedade dos bancos brasileiros. Os resultados não indicaram a presença de conservadorismo condicional nos lucros divulgados pelos bancos brasileiros e também que não há distinção entre os bancos de capital aberto e fechado em relação a essa característica. 6

Os autores argumentam que os resultados são reflexos do ambiente institucional brasileiro que influencia a estrutura de propriedade. Em ambientes institucionais baseados em regras formais (Cod-Law), ao contrário daqueles baseados no direito comum, em que as regras são sancionadas pelo costume (Commom-Law), a demanda por informações contábeis é menor, já que predomina as empresas de capital fechado e a concentração de propriedade. 2.3. Fraude Corporativa e Conservadorismo condicional. A importância dos estudos relacionados a fraude corporativa se justifica pelo fato de que este é um duro golpe para a reputação das empresas, e para as instituições financeiras que dependem fortemente da confiança para realizarem suas captações de recursos junto ao público, a reputação se reveste de uma importância ainda maior. Além disso, há o risco sistêmico, ou seja, a perda de confiança que afeta qualquer uma das empresas financeiras, pode se alastrar por todo o sistema bancário nacional ou até internacional, causando sérios prejuízos à sociedade. Segundo Srour (2003, p 339-358), a reputação está diretamente ligada à confiança coletiva, que se conquista pelas práticas e ações e lista alguns daqueles que seriam os componentes e características da reputação: 1. É o equivalente da consideração que dada coletividade confere; 2. Corresponde a gozar de prestígio ou a construir um nome ao longo dos anos; 3. Vincula-se à identidade corporativa ou pessoal, construída pelos traços mais expressivos que observadores atribuem; 4. É conceito composto por variadas imagens que o imaginário social elabora ao longo do tempo; 5. Deriva de uma percepção cristalizada e que vai sendo forjada dia após dia, à medida que a organização ou o profissional satisfaz as expectativas de seus stakeholderes; 6. Assemelha-se ao conhecimento científico um processo aberto, provisório, penosamente construído, condicionado e atormentado por incessantes verificações e conformações. Pelo exposto, pode-se deduzir que a construção da reputação não é uma tarefa fácil e a ocorrência de uma fraude é um grande risco a ser considerado pelas empresas. De acordo com Jamal, Johnson e Berryman (1995), uma fraude corporativa ocorre a partir de uma oportunidade identificada pelos fraudadores. Segundo Machado e Gartner (2018), a fraude corporativa está relacionada com o ambiente da empresa e se refere a fraudes cometidas pela instituição ou contra ela. Desta forma, o ambiente seria responsável por criar oportunidades para a ocorrência da fraude, ou seja, em corporações onde os controles ou o conservadorismo sejam menores ou inexistentes as oportunidades que se apresentam aos agentes fraudadores são maiores e consequentemente a probabilidade de fraude se eleva. Machado e Gartner (2018), realizaram pesquisa nos bancos brasileiros com o objetivo de identificar a probabilidade de ocorrência de fraudes nessas companhias, utilizando variáveis relacionadas ao triângulo da fraude de Cressey, que é formado pelas dimensões da pressão, oportunidade e racionalização. Os resultados da pesquisa indicaram que a ocorrência da fraude corporativa depende da existência concomitante das três dimensões do triângulo da fraude. Além de impactar a reputação das empresas a fraude eleva o risco de litígio com os órgãos reguladores e a justiça. Watts (2003a, 2003b), destaca o risco de litígio como um dos principais incentivos para o conservadorismo. O risco de litígio é representado pela 7

possibilidade de responsabilização da empresa, seus administradores e das auditorias, por eventos considerados como fraude. O trabalho de Jones et al (2008), abordou a ocorrência do conservadorismo em relação a fraude corporativa, em empresas americanas, no período de 1987-2007, em que foram observadas 352 fraudes. Os autores realizaram o estudo utilizando os modelos de Basu (1997) e de Ball e Shivakumar (2005). Os resultados indicaram que as empresas em que ocorreram fraudes são menos conservadores que as demais e que aumentam o conservadorismo após a descoberta da fraude. Ou seja, o conservadorismo contábil é uma característica importante do ambiente das empresas para análise de fraude. Já Alam e Petruska (2012), analisaram a relação entre as empresas que se envolveram em fraudes corporativas e o conservadorismo e encontraram que as empresas com ocorrência de fraudes apresentaram menor nível de conservadorismo contábil no período pré-fraude. Durante o período de investigação, conduzido pela SEC, houve elevação no nível de conservadorismo das empresas, por conta da elevação do risco de responsabilidade legal, e após a descoberta da fraude os níveis de conservadorismo voltaram a decrescer. Desta forma, os autores sugerem que ocorrem mudanças temporárias no nível de conservadorismo contábil em empresas com ocorrência de fraude. 2.2 Formulação e Desenvolvimento da Hipótese de pesquisa. Para Watts (2003b), o conservadorismo pode ser melhor explicado pelas condições de contratos e pelo risco de litígio. No caso da fraude, o risco de litígio seria o maior incentivo para que os gestores assumissem uma postura contábil mais conservadora. Na medida que os custos dos litígios aumentam, para reduzir sua exposição os gerentes tenderiam a adotar uma postura mais conservadora. A suspeita de fraude corporativa eleva o risco de litígio, tanto para as empresas e auditorias, quanto para os seus gestores, justificando a exigência de maior conservadorismo na divulgação de informações corporativas por parte destes agentes. Neste sentido, Jones et al (2008) analisaram o conservadorismo contábil em empresas americanas com ocorrência de fraude, nos períodos anteriores, durante e após a fraude, e constataram que as empresas em que ocorreram fraudes são menos conservadores que as demais e que aumentam o conservadorismo após a descoberta da fraude, ou seja, a empresas se utilizam do conservadorismo para se precaverem de novas ocorrências de fraude. Já a pesquisa de Alam e Petruska (2012) identificou queempresas com ocorrência de fraudes são menos conservadoras antes e que há elevação no nível de conservadorismo das empresas após a descoberta da fraude. Os autores encontraram que empresas com foram investigadas pela SEC por indícios de fraudes, e que por isto tiveram seu risco de litígio elevado, aumentaram o grau de conservadorismo durante a investigação, como precaução. Para os autores o risco de litígio (responsabilidade jurídica) tem efeito sobre as divulgações das empresas. Por outro lado, Brito et al (2012), identificaram que empresas financeiras estatais eram mais conservadoras do que as privadas. Os autores indicaram que provavelmente os bancos estatais são mais conservadores para mitigar o risco de litígio com os órgãos de controle do governo. Portanto, considerando a influência do conservadorismo nos relatórios contábeis e que risco de litígio pode ser agravado pela suspeita de ocorrência de fraudes corporativas, levando as empresas a se precaverem sendo mais conservadoras, adotou-se a seguinte hipótese de pesquisa: 8

Hipótese: O grau de conservadorismo contábil em instituições financeiras brasileiras é maior nas empresas que não incorreram em fraudes corporativas. 3. METODOLOGIA Esta pesquisa utiliza o modelo econométrico de Basu (1997 buscando analisar as evidências de conservadorismo contábil em instituições financeiras brasileiras, de capital aberto, de 2007 a 2016, que não tiveram a ocorrência de fraude corporativa. O universo da pesquisa compreendeu 25 bancos listados na B3. Deste total foram excluidos 9, que não possuíam das informações necessárias para a estimação do modelo econcométrico da pesquisa. Assim a amostra final foi de 19 bancos que dispunham dos dados trimestrais necessários para a realização da pesquisa. Os dados foram obtidos através da base de dados da Economática e foi utilizado o software STATA, versão 13, para análise estatística dos dados. Os dados, relativos a ocorrência de fraude corporativa, foram obtidos a partir da análise das decisões proferidas pelo Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional (CRSFN), criado pelo Decreto nº 91.152, de março de 1985, que julga em última instância os processos punitivos aplicados pelo Banco Central do Brasil. Os processos foram analisados e seus resultado obtidos no site do Banco Central do Brasil (http://www.bcb.gov.br/crsfn/ementasacordaos.html). Foram identificados no período 32 processos punitivos com condenação, distribuídos entre 10 das 19 instituições financeiras componentes da amostra deste trabalho. Neste estudo, foram consideradas como instituições financeiras com ocorrência de fraudes aquelas condenadas em processos administrativos punitivos, sem levar em consideração o período de ocorrência da fraude, ou mesmo, a data da decisão punitiva. 3.1 Variáveis Utilizadas e modelo Econométrico. As variáveis utilizadas na pesquisa foram Lucro por Ação (LPA), Preço da Ação (P) e Retorno (RE), todas deflacionadas pelo preço da ação no início do período, desta maneira é possível controlar o efeito de escala e a heterocedasticidade (Basu, 1997; Costa et al, 2006; Sousa et al., 2016). Nos estudos sobre o conservadorismo contábil condicional, via de regra, são utilizados os modelos econométricos de Basu (1997) e o de Ball e Shivakumar (2005) que foi derivado do modelo de Basu. Podendo ser utilizados individualmente ou em conjunto (Jones et al, 2008; Brito et al, 2008; Dantas et al, 2013; Arruda et al, 2015; Formentini e Silva, 2015; Cunha et al, 2015; Riverio, Reis e Cunha, 2016). Para identificar a presença ou não do conservadorismo nas instituições financeiras brasileiras, neste trabalho, foi utilizado o modelo reverso de lucros associados a retornos de Basu, com base no reconhecimento das boas e más notícias através do lucro contábil (Basu, 1997; Jones et al, 2008). No modelo original de Basu (1997), o conservadorismo é constatado quando o lucro contábil corrente incorpora mais rapidamente as más do que as boas notícias, ou seja, o lucro possui maior correlação com os resultados negativos do que os positivos (Sousa et al., 2016). Assim, se o coeficiente ß1 apresentar sinal positivo e significativo conclui-se que as instituições financeiras apresentam evidências de conservadorismo condicional em seus resultados. Tendo em vista o objetivo de analisar o conservadorismo condicional em instituições financeiras em que não foi detectada a ocorrência de fraude corporativa, a equação 1, que é o modelo de Basu (1997), foi modificada tendo por base o estudo de Jones et al (2008) e Sousa 9

et al (2016). A partir do modelo original, incluiu-se uma variável dummy, que foi chamada de DFRAUD, para capturar a mudança no nível de conservadorismo em empresas onde não houve a ocorrência de fraude, assumindo o valor 1 no banco em que não houve e zero nos demais casos: = α0 + α1dit + ß0 + ß1Dit* + ß2DFRAUD* + ß3DFRAUD*Dit* + εij (1) onde: LPAi,t = lucro líquido contábil por ação da empresa i no trimestre t; Pi,t-1 = preço da ação da empresa i no final do trimestre anterior (t-1); Di,t = variável dummy que assume o valor 1 quando o retorno econômico da empresa i no trimestre t for negativo e zero nos demais casos. REi,t = retorno econômico da empresa i no trimestre t, calculado através da diferença Pi,t - Pi,t-1 (ajustado pelo pagamento de dividendos); DFRAUD: variável dummy que assume o valor 1 para o banco que não teve a ocorrência de fraude e 0 para o banco teve a ocorrência de fruade; α1 e ß1 = capturam o reconhecimento assimétrico (conservadorismo) do retorno econômico pelo lucro contábil em relação às boas e más notícias, onde α1 mede a defasagem temporal e ß1 a intensidade da defasagem (Sousa et al., 2016); ß0 = captura o retorno econômico através do lucro contábil em conjunto, ou seja, tanto quanto para resultados positivos quanto negativos e indica a oportunidade da informação contábil (Costa et al, 2006); εij = erro da regressão. α0 = intercepto, não há previsões para o seu comportamento (Basu, 1997); i = 1 19; e j = 1 40. Na equação 1, os coeficientes ß2 e ß3 correspondem à adaptação ao modelo original de Basu (1997) e tem a função de captar a influência da não ocorrência de fraude corportativa sobre o grau de conservadorismo dos bancos, em comparação com os bancos e que foi identificada a ocorrência. Dessa forma, espera-se que se o coeficiente ß3 seja positivo, significativo e superior a ß2, o que indicaria um maior do grau de conservadorismo nas instituições financeiras que não tiveram condenação no CRSFN. O ß2 tem a função de capturar as reações dos lucros quando não há ocorrência de fraudes na instituição financeira e o ß3 as mudanças no conservadorismo condicional. 4. RESULTADOS E DISCUSSÕES. Esta seção apresenta os resultados dos testes empíricos realizados e a análise dos resultados obtidos. O modelo de painel utilizado, é classificado como curto, no qual a quantidade de períodos (anos) é inferior ao número de indivíduos (t < n => 10 < 19) e para a selação do modelo de painel mais adequado, Dados Empilhados (Pooled Data), Efeitos Fixos (EF) ou Efeitos Aleatórios (EA) foram realizados os seguintes testes: F de Chow, Breusch-Pagan e Hausman (Fávero e Belfiore, 2017). Os resultados dos testes indicaram o uso do modelo de Efeitos Aleatórios (EF) como o mais indicado, para os dois modelos. Como pode ser observado na Tabela 1, o coeficiente α1 é positivo e significativo, indicando que a informação contábil está sendo transmitida em tempo hábil, porém o lucro apresenta maior sensibilidade frente aos resultados positivos do que aos negativos. O coeficiente β0, positivo e significativo indica que a informação contábil é oportuna, ou seja, captura o resultado econômico através do lucro contábil. Desta forma, o retorno 10

positivo reflete um lucro positivo e um retorno negativo reflete um lucro negativo Já o coeficiente ß1 apresenta sinal negativo e significativo, contrario ao modelo de Basu espera que o sinal seja positivo para indicar a existência de conservadorismo nos lucros. Desta forma, pode-se concluir que as instituições financeiras não apresentam evidências de conservadorismo condicional em seus resultados. Na Tabela 1 abaixo, são apresentados os resultados, que correspondem à regressão de dados em painel, com efeitos alestórios para o modelo modificado de Basu, para fins deste estudo. Tabela 1 Resultados do teste pelo modelo modificado de Basu (1997) Variável Coeficiente Valor Erro Padrão Z D it α 1 0,0412*** 0,0147 2,81 (0,005) β 0 0,331*** (0,000) 0,0656 5,04 D it* β 1-0,345*** 0,0802-4,30 (0,000) DFRAUD * β 2 0,105 0,0893 1,18 (0,240) DFRAUD * D it* β 3-0,050 0,1113-0,45 (0,654) Constante α 0 0,106*** 0,0238 4,47 (0,000) N: 760 Nível de significância: *** 1%; ** 5%; *10%. P-valores entre parênteses. Como pode ser observado na Tabela 1, o coeficiente α1 é positivo e significativo, indicando que a informação contábil está sendo transmitida em tempo hábil, porém o lucro apresenta maior sensibilidade frente aos resultados positivos do que aos negativos. O coeficiente β0, positivo e significativo indica que a informação contábil é oportuna, ou seja, captura o resultado econômico através do lucro contábil. Desta forma, o retorno positivo reflete um lucro positivo e um retorno negativo reflete um lucro negativo Já o coeficiente ß1 apresenta sinal negativo e significativo, contrario ao modelo de Basu espera que o sinal seja positivo para indicar a existência de conservadorismo nos lucros. Desta forma, pode-se concluir que as instituições financeiras não apresentam evidências de conservadorismo condicional em seus resultados. Por fim, o coeficiente ß3, que mede o grau de conservadorismo fazendo a distinção entre bancos que não tiveram e aqueles que tivevam a ocorrência de fraudes corporativas, mostrouse negativo e sem significância estatistica, indicando que não há evidências de que as instituições financeiras em que não foi detectada a ocorrência de fraude corporativa apresentam maior evidência de conservadorismo condicional em seus lucros do que aqueles em que foi detectada a ocorrência. Os resultados estatisticos corroboram a maioria pesquisas anteriores, que analizaram especificamente o setor de instituições financeiras no Brasil. Os resultados das analises de Brito et al (2008), Arruda et al (2015), Fomentini e Silva (2015) e Riberio et al (2016), que indicaram não haver evidências do conservadorismo condicional nos lucros das instituições financeiras brasileiras, quando analisadas em conjunto e sem distinção. De acordo com Brito et al (2008), há uma complementariedade entre o conservadorismo condicional e a governança corporativa. Entende-se que, caso haja mecanismos de governança corporativa capazes de proteger os investidores, esses serão menos exigentes quanto à qualidade da informação contábil. 11

A pesquisa de Fomentini e Silva (2015), identificou que instituições financeiras que tinham um índice de governança corporativa mais elevado apresentaram evidências de conservadorismo condicional e concluíram que a governança corporativa tem influência sobre o grau dessa característica nos bancos. Para Riberio et al (2016) o modelo legal brasileiro, baseado em regras, influencia a estrutura de capitais das empresas e por consequência a demanda por informação contábil relevante. Para os autores, o mercado brasileiro não apresenta demanda para característica de conservadorismo nas demonstrações financeiras. Desta forma, a forte regulamentação a que os bancos brasileiros estão submetidos, cria um ambiente prudencial em que o gestor possui pouco espaço para agir de forma oportunista, reduzindo a importância do conservadorismo como forma de barrar este comportamento e ainda como meio de redução de litígio (Watts, 2003a). Por outro lado, Dantas et al (2013) e Brito et al (2012) encontraram evidências de conservadorismo condicional nos bancos brasileiros. Para Brito et al (2012), o ambiente institucional no Brasil não seria gerador de incentivos econômicos para a elaboração de demonstrações contábeis com caracteristicas de qualidade informacional e que o comportamento indicado em seus resultados, poderia ser consequência das decisões de gestores dos bancos estatais, mais conservadores para se protegerem da exposição aos riscos de litígio. Ao contrário deste estudo, os trabalhos de Jones et al (2008) e Alam e Petruska (2012), encontraram evidências de que as empresas com ocorrência de fraude tinham menor grau de conservadorismo antes da descoberta da fraude, indicando que empresas em que não houve a ocorrência de fraudes seriam mais conservadoras. Diferentemente da metodologia aplicada neste estudo, os autores analisaram o conservadorismo contábil antes, durante e após a descoberta da fraude e indicaram que há uma variação nos níveis de conservadorismo em função das mudanças no ambiente de riscos. Outro fator que diferencia este trabalho daqueles realizados por Jones et al (2008) e Alam e Petruska (2012), realizados com empresas americanas, é o ambiente institucional. O regime legal de um país tem influência significativa sobre o conservadorismo das empresas (Ribeiro et al, 2016). De acordo com Lopes e Martins (2005) em um país de tradição cod law, a normas se originam de um texto legal, ou seja, se baseia no que está mencionado e especificado na lei, já em um país de tradição common law, a origem da regulamentação está ligada aos costumes e tradições. Os autores ainda afirmam que o processo contábil é influenciado em suas três etapas (reconhecimento, mensuração e divulgação). No Brasil o sistema jurídico é predominantemente cod law, enquanto, nos Estados Unidos prevalece o modelo commom law. Nos modelos cod law a contabilidade seria mais regulamentada e nesses casos tende a privilegiar o aspecto regulatório e, ainda, as informações seriam divulgadas por outros canais reduzindo o disclosure. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES. A presença do conservadorismo, nas informações contábeis, geralmente e vista como uma característica de melhoria da qualidade. A fraude corporativa eleva o risco de litígio dos gestores com os órgãos reguladores. Para se precaver dos riscos de litígios os administradores teriam incentivos para serem mais conservadores no reconhecimento dos seus resultados. Este estudo investigou se as instituições financeiras brasileiras que não tiveram condenações por fraude corporativa apresentam maior grau de conservadorismo condicional do que aquelas que foram condenadas. No que se refere ao conservadorismo de forma geral, os resultados indicaram que não 12

há evidências de conservadorismo condicional nos lucros dos bancos, corroborando os estudos de de Brito et al (2008), Arruda et al (2015), Fomentini e Silva (2015) e Riberio et al (2016). Os lucros contábeis dos bancos em que não foi observada a ocorrência de fraudes corporativas não apresentaram diferença significativa de conservadorismo em relação aos demais em que foi observada a ocorrência. O coeficiente, utilizado para indicar esta diferença entre as duas classes de instituições financeiras (Fraude e Não fraude), mostrou-se estatisticamente não significativo. Desta forma, não se pode comprovar a validade da hipótese desta pesquisa. O resultado está divergente do encontrado nos trabalhos de Jones et al (2008) e Alam e Petruska (2012), onde foi indicado que as empresas que não tiveram fraudes identificadas, eram mais conservadores que as demais. Esses estudos, porém, foram realizados considerando que podem ocorrer mudanças temporárias no nível de conservadorismo contábil em empresas com ocorrência de fraude e, além disto, foram realizados em ambiente institucional diferente do brasileiro. O estudo possui limitações, e a principal é a possibilidade de as empresas e do ambiente que leva ao conservadorismo mudarem ao longo do tempo e a possibilidade alterações quanto ao conservadorismo das empresas antes, durante a após a fraude corporativa, este fator pode ter influenciado os resultados da pesquisa, já que as empresas que foram condenadas por fraudes, podem sofrer alterações quanto ao conservadorismo. A metodologia aplicada, levou em consideração apenas a característica das empresas financeiras quanto a ocorrência ou não de fraude corporativa, por meio da identificação da condenação em processos punitivos do CRSFN, e esta característica foi generalizada para todo o período da amostra. Entende-se que, para o melhor entendimento do comportamento das empresas com relação ao conservadorismo, diante da ocorrência de fraudes, deve ser utilizada metodologia que analise o grau desta característica nos períodos que antecedem, durante e após a ocorrência da fraude. Outra limitação que pode ser adicionado é a utilização do conceito de fraudes corporativas que engloba as contábeis e as não contábeis. Sendo que somente as primeiras podem ser mitigadas por meio de maior conservadorismo, enquanto as fraudes não contábeis podem ser mitigadas por outros meios como a qualidade da governança corporativa e controles internos mais rígidos. Apesar das limitações, o trabalho contribui para a literatura referente ao conservadorismo em instituições financeiras e também para os estudos relativos a ocorrência de fraudes corporativa, lançando novas questões de pesquisa. Não foram encontrados estudos anteriores sobre a relação do conservadorismo contábil e a ocorrência de fraude corporativa no Brasil. Para estudos futuros, em instituições financeiras, propõe-se analisar o conservadorismo contábil em relação a ocorrência de fraudes corporativas utilizado o modelo de Ball e Shivakumar (2005), e desta forma ampliar a análise para todos os bancos brasileiros. Outra pesquisa necessária é a que leve em conta o conservadorismo nos períodos anteriores, durante a após a fraude, a exemplo dos trabalhos de Jones et al (2008) e Alam e Petruska (2012). A pesquisa ainda pode ser estendida para as empresas não financeiras. 6. BIBLIOGRAFIA Alam, P., & Petruska, K. A. (2012). Conservatism, SEC investigation, and fraud. Journal of Accounting and Public Policy, 31(4), 399-431. 13

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