PROGRAMA DE AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS E OS AGRICULTORES ASSENTADOS E REASSENTADOS DO MUNICÍPIO DE PEREIRA BARRETO-SP



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PROGRAMA DE AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS E OS AGRICULTORES ASSENTADOS E REASSENTADOS DO MUNICÍPIO DE PEREIRA BARRETO-SP Flaviana Cavalcanti da Silva_Unesp-Ilha Solteira, Antônio Lázaro Sant Ana_Unesp-Ilha Solteira, Ana Heloisa Maia_Unesp-Ilha Solteira, Douglas de Araujo Gonzaga_Unesp-Ilha Solteira flaviana_cavalcanti@hotmail.com,lazaro@agr.feis.unesp.br,anaheloisamaia@yahoo.com.br,dougs_ara ujo@hotmail.com Resumo O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) do governo federal é uma política pública, coordenada pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), que visa comprar a produção dos produtores familiares, por meio de diferentes modalidades. Em Pereira Barreto-SP, a modalidade se refere à Compra da Agricultura Familiar com Doação Simultânea em que o preço é fixado semestralmente e os produtos são repassados para entidades públicas ou filantrópicas que prestam algum tipo de serviço relevante e/ou assistência social à população em situação de insegurança alimentar e nutricional. Este trabalho visa, com base nas experiências dos agricultores pesquisados, caracterizar o Programa Compra Antecipada e levantar os aspectos correlacionados a sua atuação e, assim, fomentar a discussão acerca desta política pública no município pesquisado. Por meio de questionários, entrevistas e observação direta foram pesquisados 10 produtores assentados e reassentados, pertencentes ao município citado, que comercializam por meio do Programa. As principais vantagens mencionadas, ambas citadas por metade dos agricultores, estão relacionadas à garantia da realização da venda; o que limitaria as preocupações aos aspectos relacionados à produção já que a comercialização estaria garantida; e à ausência de despesas com o transporte; pois o Programa prevê a retirada dos produtos no assentamento/reassentamento. No que tange às dificuldades, o atraso nos pagamentos foi citado por sete produtores e a burocracia foi a segunda dificuldade mais citada dentre os pesquisados. Os resultados obtidos apontam as vendas realizadas como um modelo de comercialização diferenciada e de importância relevante para os pesquisados. Já as dificuldades mencionadas chamam a atenção para a necessidade de um estudo, cujo objetivo se baseie na investigação dos fatores que entravam o recebimento por parte dos agricultores, dos rendimentos em tempo cabível, de modo, a contribuir para a desburocratização do Programa e para sua consolidação como Política Pública voltada para o fortalecimento do desenvolvimento rural. Palavras Chaves: PAA, assentamentos, Pereira Barreto-SP

Abstract The Food Acquisition Program (Programa de Aquisição de Alimentos)is a public politic created by federal government, coordinated by Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Through questionnaires, interviews and direct observation were interviewed 10 producers settlers and resettlement. The program buy foods produced by family farmers. In Pereira Barreto (Brazil-SP), the prices are fixed by program and the values are updated after six months. The goal of program is to buy production of family farmers and to give foods to people that live insecure feeding condition. This work aimed at to investigate the effects of the program in the life of 10 family farmers integrated to program. The results showed that the main advantage to family farmers is the transport of the products made by the program and the main difficult is related with late payments. Keywords: PAA, rural settlements, Pereira Barreto-SP 1. Introdução Este artigo faz parte de um projeto mais amplo denominado Estratégias diferenciadas de produção e comercialização dos produtores familiares no noroeste do Estado de São Paulo que está analisando as estratégias de inserção dos agricultores familiares no mercado, especialmente em processos de comercialização diretos ou semi-diretos, como a venda sem intermediação ao varejo e/ou ao consumidor de produtos in natura, processados ou com algum outro tipo de agregação de valor, de forma individual ou coletiva, assim como as estratégias de produção que visam legitimar esta inserção diferenciada. Na pesquisa mais ampla o estudo abrange os produtores familiares da microrregião de São José do Rio Preto, Jales e Andradina. 2. Objetivos Neste artigo, especificamente, busca-se caracterizar o Programa Compra Antecipada e levantar os aspectos correlacionados a sua atuação, com base nas experiências de dez agricultores pertencentes ao Assentamento Terra é Vida e ao Reassentamento Três Irmãos (N. S. Fátima), ambos localizados no Município de Pereira Barreto-SP e, por meio das informações obtidas, pretende-se fomentar a discussão acerca desta política pública no município pesquisado. 3. Referencial Teórico Quaisquer que sejam os contornos precisos da agricultura familiar, uma análise histórica deste segmento como a realizada por Graziano da Silva (1980) mostra que a produção familiar sobreviveu em áreas marginais às grandes propriedades exportadoras, produzindo produtos complementares e/ou

dirigidos ao comércio local. Wanderley (1995) também menciona que a agricultura familiar no Brasil sempre esteve em luta contra o que denomina bloqueio fundiário, mas a perspectiva de análise adotada por esta autora e também por outros pesquisadores (LAMARCHE, 1998; TEDESCO, 1999; SANT ANA, 2003) permite vislumbrar que os produtores familiares não têm aceitado passivamente as condições impostas, desenvolvendo estratégias não somente adaptativas, mas de resistência ou alternativas que aproveitam oportunidades em áreas ainda não totalmente dominadas pelo grande capital. A maior parte destas estratégias pode ser estimulada por políticas públicas de desenvolvimento rural que tenham como objetivo apoiar os produtores familiares. O Brasil, no entanto, concede pouco apoio aos seus agricultores, segundo o estudo da OCDE (2005), este apoio, medido pela Estimativa de Apoio ao produtor (PSE), representou apenas 3% do valor bruto das receitas dos produtores rurais no período de 2002-04, enquanto a média dos países membros da OCDE é de 30% e da União Européia 34%. Maluf (2001) também destaca o caráter excludente do modelo de desenvolvimento agrícola e agroindustrial predominante no país, mesmo em relação aos agricultores integrados que sofrem os impactos do processo seletivo imposto pelas agroindústrias com vistas a elevar a escala média de seus fornecedores. O estudo da OCDE conclui também que é necessária a adoção de políticas públicas direcionadas para mudanças estruturais, como a reforma agrária, e para investimentos de longo prazo em áreas como infra-estrutura, pesquisa e extensão rural que capacite os agricultores para melhoria de suas habilidades e para a diversificação da renda. Enquanto a análise do documento da OCDE propõe a conciliação de políticas dirigidas ao aumento da competitividade dos produtores comerciais e políticas especificas de apoio à agricultura familiar, Delgado (2005) entende que há contradição entre a expansão do grande agronegócio que domina as principais cadeias produtivas, e o desenvolvimento da agricultura familiar e do emprego agrícola, pois esta expansão ocorre com restrições da demanda interna de bens e serviços, de oportunidades de empregos, ao mesmo tempo que mantém amplas áreas improdutivas (a elevação da renda da terra e do ganho patrimonial incide sobre a totalidade do estoque de terra produtiva e improdutiva que controlam). BUAINAIN et al (2005) afirmam que historicamente a agricultura familiar enfrentou um quadro macroeconômico adverso, marcado pela instabilidade monetária e inflação elevada, presença de uma política agrícola favorável aos produtores patronais em detrimento de iniciativas voltadas para a agricultura familiar, políticas comerciais e cambiais desfavoráveis e serviços públicos deficientes de apoio ao desenvolvimento rural.

Diante deste quadro complexo, os agricultores familiares brasileiros têm adotado várias estratégias que, via de regra, aparecem combinadas na mesma unidade familiar, como a diversificação da produção; a agregação de valor aos produtos por meio do processamento e/ou comercialização diferenciada (que inclui formas associativas ou com algum grau de cooperação); o aumento da escala de produção ou da produtividade de atividades específicas; a produção para autoconsumo; as estratégias educacionais; as estratégias fundiárias; a pluriatividade, dentre outras (BOURDIEU, 1990; 1994; TEDESCO, 1999; SANT ANA, 2003). Embora os esforços se mostrem numerosos, muitos agricultores familiares continuam se deparando com dificuldades que limitam o processo produtivo em seus estabelecimentos rurais e a adoção de estratégias diferenciadas tanto no âmbito da produção, como da comercialização, diante disto, a criação de políticas públicas que visem o fortalecimento da agricultura familiar no país são imprescindíveis para a superação das adversidades enfrentadas pelo segmento. Nesse cenário, foi instituído, por meio da Lei nº 10.696, de 02 de julho de 2003, o Programa de Aquisição de Alimentos do governo federal (Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDS) que consiste em uma política pública, coordenada pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), que tem por objetivo comprar a produção dos produtores familiares que atendam aos critérios estabelecidos pelo Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar PRONAF, com isenção de licitação, por meio de diferentes modalidades e até o limite individual de R$3.500,00 por ano. No caso de Pereira Barreto, município no qual está focada a pesquisa, trata-se da Compra da Agricultura Familiar com Doação Simultânea em que o preço é fixado previamente por semestre e os produtos são repassados para entidades públicas ou filantrópicas que prestam algum tipo de serviço relevante e/ou assistência social à população em situação de insegurança alimentar e nutricional (hospitais, creches, asilos e outros). Os preços pagos aos agricultores pelos produtos comercializados são estabelecidos pelos responsáveis regionais pela gestão do Programa, assim os valores não podem ultrapassar e nem se mostrar inferiores aos praticados no mercado em âmbito regional. A aquisição de produtos da agricultura familiar tem como objetivo garantir renda a este segmento de produtores e simultaneamente poderá melhorar as condições de alimentação das pessoas que se encontram em situação de vulnerabilidade social ou em situação de insegurança alimentar (MATTEI, 2007). O Programa objetiva, portanto, não somente fortalecer a agricultura familiar por meio de compras de excedentes produzidos por este segmento social, mas também, incorporar ações no que tange à segurança alimentar e combate à fome, o que o configura como uma política não apenas agrícola, por integrar ações que implicam em uma dupla forma de promoção social. A importância do Programa de Aquisição de alimentos para os agricultores familiares está, sobretudo, relacionada com a superação de um fator que consiste em um dos maiores entraves para o

desenvolvimento econômico do segmento: a comercialização. Cerqueira et al. (2006) afirma que atuação do programa está justamente focado nesta etapa da cadeia produtiva, caracterizada como um dos principais gargalos da agricultura familiar. Diante de todos os aspectos relevantes à agricultura familiar no país, nota-se a importância de se verificar os efeitos da implantação do PAA na vida dos agricultores familiares, de modo a auxiliar o governo na organização dos investimentos direcionados ao programa, para que finalmente sejam obtidos os resultados desejados, em particular aqueles que venham proporcionar melhoria na renda e nas condições de vida dos envolvidos. 4. Metodologia Foram pesquisados dez produtores familiares que comercializam seus produtos por meio do Programa de Aquisição de Alimentos, seis pertencentes ao Assentamento Terra é Vida; assentamento este que possui 39 famílias, sendo que 25 lotes pertencem ao município de Pereira Barreto e 14 estão dentro do município de Mirandópolis; e quatro pertencentes ao Reassentamento Três Irmãos (Nossa Senhora de Fátima); o qual é composto por um total de 43 famílias. No total, foram pesquisadas dez famílias, é válido salientar que este número não foi definido por critério estatístico, portanto não se tem a pretensão de representar o conjunto de produtores que realizam este tipo de comercialização no município foco da pesquisa, mas visa apreender qualitativamente a diversidade de experiências existentes. Com a finalidade de se obter referências no município de Pereira Barreto de agricultores vinculados ao Programa de Aquisição de Alimentos, realizou-se uma reunião com um funcionário (Engenheiro Agrônomo) da CATI (Coordenadoria de Assistência Técnica Integral), um dos responsáveis pela implantação do PAA no município; o qual forneceu contatos de alguns membros da Associação dos Produtores Rurais do Assentamento Terra é Vida e de agricultores pertencentes aos Reassentamentos Três Irmãos (N. S. Fátima); de modo a possibilitar o levantamento junto a produtores integrados ao Programa. A pesquisa realizada caracteriza-se pela combinação de uma abordagem quantitativa e qualitativa. Os instrumentos utilizados na coleta de dados consistiram em questionários, observação direta e entrevistas. Estes instrumentos visaram, dentre outros aspectos, caracterizar a forma de comercialização estabelecida pelo Programa de Aquisição de Alimentos junto aos agricultores pesquisados e, assim, analisar os efeitos desta política pública. Para tanto, realizou-se uma breve caracterização das famílias e dos lotes, por meio do levantamento das características da infra-estrutura destes e da caracterização da exploração vegetal e animal realizadas nos estabelecimentos pesquisados. O questionário dirigido aos

agricultores buscou, também, verificar as vantagens e restrições enfrentadas pelos produtores e suas perspectivas no que tangem à produção e comercialização do excedente produzido. A aplicação dos questionários junto aos produtores familiares foi realizada durante visitas aos respectivos lotes, nos quais buscou-se empregar uma abordagem que proporcionasse aos entrevistados liberdade para expor os aspectos inerentes ao processo produtivo, bem como, aspectos inerentes ao processo de comercialização por eles empregado. Pereira Barreto: o município no qual está focada a pesquisa O município de Pereira Barreto está Localizado no noroeste paulista e pertence à microrregião de Andradina, a qual é fortemente marcada por propriedades agrícolas familiares, com destaque para os Assentamentos Rurais que atualmente (2009) somam 33 projetos. A principal atividade agrícola referese à pecuária leiteira, mas embora as áreas destinadas à pastagem ocupem grande parte da área total da unidade familiar, os estabelecimentos agrícolas, tanto pertencentes à agricultura familiar tradicional quanto aos assentamentos rurais, mantém outras criações e áreas destinadas à produção vegetal, de modo, a conservar a diversidade típica dessa forma de exploração agropecuária. 5. Resultados Caracterização das famílias e dos lotes pesquisados A fim de se caracterizar as famílias pesquisadas foram levantados dados sobre o número de pessoas que residem na área, como também, o número de pessoas pertencentes à família que trabalham nos lotes. Verifica-se por meio da Tabela 1, o número de moradores presentes nos lotes, estes possuem em média quatro moradores e são em média três pessoas pertencentes à família que estão envolvidas nos trabalhos realizados na propriedade. Tabela 1: Número de moradores presentes nos lotes/propriedades pesquisados. NÚMERO DE PESSOAS LOTES 1 1 2 2 3 3 4 1 Igual ou acima de 5 3 Exceto dois agricultores, os demais entrevistados já possuíam experiência anterior à ocupação dos atuais lotes no que diz respeito às funções típicas da ocupação de agricultor, sendo que, neste caso, todos desempenham atividades agrícolas há um tempo superior a 10 anos. Apenas dois agricultores

mencionaram que começaram a desempenhar atividades ligadas à agropecuária com a ocupação dos atuais lotes. Foram levantadas informações também sobre a faixa etária dos titulares e cônjuges que trabalham nos 10 lotes pesquisados (foram incluídos apenas cônjuges que exercem algum tipo de atividade na área). Nota-se, por meio da tabela 2, que oito agricultores titulares dos lotes analisados possuem idade superior a 51 anos e destes 4 possuem mais de 61 anos, tais dados demonstram uma idade relativamente avançada para o tipo de trabalho que é exercido no estabelecimento. Tabela 2: Faixa etária dos titulares e cônjuges dos lotes pesquisados. FAIXA ETÁRIA TITULARES CÔNJUGES 21 A 30 ANOS 0 1 31 A 40 ANOS 1 1 41 A 50 ANOS 1 2 51 A 60 ANOS 4 3 61 A 70 ANOS 3 1 71 A 80 ANOS 1 1 Em relação ao nível escolar das pessoas da família que moram e trabalham nos estabelecimentos, observou-se, conforme tabela 3, que dentre os titulares e cônjuges a grande maioria não ultrapassou o ensino fundamental, sendo que no caso dos titulares, especificamente, a maior parte estudou no máximo até a 4ª Série do Ensino Fundamental. Tabela 3: Escolaridade dos titulares e cônjuges dos lotes. ESCOLARIDADE TITULARES CÔNJUGES NÃO ALFABETIZADO (A) 0 2 1ª A 4ª SÉRIE E. F. 7 1 5ª A 8ª SÉRIE E.F. 2 6 1ª A 3ª SÉRIE E.M. 1 0 Buscou-se, também, verificar a presença de rendas não-agrícolas entre as famílias levantadas. Foi constatado que apenas duas famílias possuíam rendas provenientes exclusivamente da exploração agrícola. Dentre as demais, observou-se que em quatro casos os responsáveis exclusivos pela renda não-agrícola são os filhos dos titulares e em apenas um caso o proprietário exerce atividade externa,. Já a aposentadoria foi citada por dois agricultores.

Os lotes pesquisados possuem em média 9 hectares, oito possuem entre 8 e 10 hectares e dois pertencentes ao Projeto de Reassentamento Nossa Senhora de Fátima apresentam áreas em torno de 25 hectares. A utilização de mão-de-obra de terceiros foi verificada em cinco lotes e em apenas um destes trata-se de empregado permanente, nos demais casos são contratados diaristas. No que tange à infra-estrutura presente nos lotes pesquisados, verificou-se que as casas de moradia são todas de alvenaria. Embora o cultivo de olerícolas esteja presente em todos os lotes e o clima da região seja marcado por períodos de seca e temperaturas bastante elevadas, em apenas dois lotes há equipamentos de irrigação e apenas um lote dispõe de cultivo protegido. Dentre as famílias pesquisadas, oito dispõe de veículos e a utilização de tratores próprios fica restrita a duas famílias. A bovinocultura está presente em nove lotes, com um número médio de 16 cabeças por estabelecimento. A exploração da pecuária leiteira é realizada em 8 lotes e na maioria dos casos é uma das principais atividades geradora de renda do estabelecimento; conforme se observa na tabela 4, a maioria dos lotes concentra entre 11 e 20 cabeças de gado. Tabela 4: Nº de cabeças (bovinocultura) presentes nos lotes. Nº DE CABEÇAS LOTES 1 a 10 1 11 a 20 5 21 a 30 3 Ainda no que tange à exploração animal, além da bovinocultura foram observadas outras criações em sete lotes com destaque para aves (quatro lotes) e suínos (sete). As principais culturas, de acordo com a freqüência em que estão presentes nos estabelecimentos 1, podem ser observadas na tabela 5. Nota-se que majoritariamente consistem em olerícolas possíveis de serem cultivadas com menor utilização de insumos modernos e outras tecnologias sofisticadas que demandam investimentos específicos para implantação; esta relativa facilidade em produzir tais produtos propicia uma abundância na quantidade ofertada, o que possivelmente implicaria em dificuldades para comercializá-los junto aos mercados convencionais em virtude da concorrência entre produtores, tais fatos elevam a importância do Programa de Aquisição de Alimentos para estas famílias. Assim as principais culturas exploradas pelos agricultores pesquisados são a mandioca e as olerícolas; estas representadas, sobretudo, pela abóbora, a qual está presente em sete dos lotes pesquisados, pela cebolinha (cinco) e pelo almeirão (quatro). 1 Ocorreu dificuldade de quantificar as áreas de culturas, especialmente as olerícolas, semeadas em áreas muito pequenas, mas devido sua importância para a renda familiar, considerou-se importante registrá-las a partir do número de produtores que as cultivam. Ainda assim, quando são apenas alguns pés ou pequenas hortas caseiras para o autoconsumo, há uma tendência do produtor não informá-las.

Tabela 5: Principais culturas exploradas nos lotes pesquisados CULTURAS Nº DE LOTES ABÓBORA 7 MANDIOCA 7 CEBOLINHA 5 ALMEIRÃO 4 CENOURA 4 JILÓ 4 BERINJELA 3 CANA 3 MARACUJÁ 3 MAXIXE 3 QUIABO 3 RÚCULA 3 ALFACE 3 Comercialização: Programa de Aquisição de Alimentos No que tange à comercialização, especificamente, observou-se que dentre as dez famílias pesquisadas oito destinam o excedente de sua produção vegetal exclusivamente ao Programa de Aquisição de Alimentos e duas comercializam seus produtos, também, diretamente ao comércio varejista. Em todos os casos os agricultores pesquisados estão integrados ao Programa há no máximo um ano e em três casos tal período é inferior a 6 meses. Conforme tabela 6, os principais produtos comercializados junto à Conab correspondem as culturas exploradas, anteriormente citadas. Isto indica que praticamente tudo o que é cultivado nos lotes é aproveitado no processo de comercialização, sendo raros os casos em que os produtos se restringem apenas ao autoconsumo. Tabela 6: Principais produtos comercializados meio do PAA. Nº DE LOTES MANDIOCA 7 ABÓBORA 7 ALFACE 3 ALMEIRÃO 4 COUVE 4 JILÓ 4 BERINJELA 3 CEBOLINHA 3 RABANETE 3 RÚCULA 3 Buscou-se averiguar, junto aos 10 agricultores pesquisados, as vantagens em se comercializar por meio do Programa de Aquisição de Alimentos. Conforme tabela 7, o fato da comercialização ser realizada sem despesas com transporte foi mencionado como vantagem por metade dos produtores

pesquisados, a retirada dos produtos nos lotes ou diretamente na associação implica em redução nos custos e, também, no tempo dedicado ao processo de comercialização, em virtude do agricultor não precisar se deslocar para efetuar a venda, já que a prefeitura de Pereira Barreto assume o transporte dos produtos até um posto de distribuição na cidade. Dentre os agricultores entrevistados, também metade, declarou que a forma de comercialização empregada tem como vantagem o fato de fornecer maiores garantias de venda, alguns mencionaram que diante disto as preocupações estariam focadas no processo produtivo, pois a comercialização já estaria garantida. Citada por dois agricultores, a maior disponibilidade de tempo propiciada pelo fato da comercialização realizada por meio do Programa de Aquisição de Alimentos demandar menor tempo, é vista como a principal vantagem no modelo de comercialização empregado. Tabela 7: Vantagens presentes na comercialização realizada por meio do Programa de Aquisição de Alimentos, segundo os agricultores pesquisados. VANTAGENS MENCIONADAS Nº DE AGRICULTORES VENDA GARANTIDA 5 NÃO HÁ DESPESAS DE TRANSPORTE 5 MAIOR TEMPO LIVRE 2 VENDA NA PRÓPRIA PROPRIEDADE 1 PROPICIA UM GANHO EXTRA 1 Por meio do levantamento das dificuldades junto aos agricultores, verificou-se que, embora muitos agricultores tenham demonstrado satisfação com relação aos preços pagos e facilidades promovidas, como o transporte dos produtos, alguns declararam que possivelmente não mais participarão do Programa, caso não cessem os atrasos nos pagamentos. Dentre os entrevistados, o atraso no pagamento por parte do Programa, foi citado por sete agricultores como principal desvantagem presente na comercialização realizada junto à Conab. Tais atrasos, segundo alguns produtores integrados ao programa, se devem a erros na prestação de contas. Tabela 8: Dificuldades presentes na comercialização realizada por meio do PAA, segundo os agricultores pesquisados. DIFICULDADES Nº DE AGRICULTORES ATRASO NO PAGAMENTO 7 DIFICULDADES RELACIONADAS À PRODUÇÃO 1 BUROCRACIA 2 NÃO HÁ DIFICULDADES 1

Verificou-se junto aos agricultores pesquisados o interesse em ampliar ou realizar mudanças na forma de produção ou comercialização de seus produtos, foram observados dois casos, nos quais os produtores afirmaram que somente continuariam vinculados ao Programa de Aquisição de Alimentos se recebessem as devidas quantias das vendas realizadas, outros dois agricultores declararam que não pretendem fazer mudanças, dois produtores afirmaram que pretendem ampliar a produção. Mudanças na forma de comercialização foram citadas por três agricultores, todos mencionaram interesse em explorar, também, outras formas de comercialização. Durante a realização da pesquisa, apenas um produtor declarou como necessário o aumento no limite da cota anual empregado no Programa, este dado revela que praticamente todo o excedente da exploração vegetal já é destinado à comercialização junto à Conab, o que sugere a necessidade de uma avaliação mais apurada dos sistemas de produção dos lotes pesquisados. Esta avaliação permitiria verificar supostos entraves no processo produtivo, pois o principal canal de comercialização da produção vegetal dentre os agricultores pesquisados consiste no Programa de Aquisição de Alimentos e o valor máximo em produtos que o Programa adquire junto aos produtores não atinge o valor referente a um salário mínimo mensal; e, embora, na maioria dos casos a bovinocultura também seja uma fonte geradora de renda, os valores obtidos com a pecuária leiteira se mostram bastante oscilantes em virtude das condições climáticas desfavoráveis, principalmente no período seco. 6. Considerações Finais Por meio dos resultados obtidos, observa-se que o Programa de Aquisição de Alimentos implantado no município de Pereira Barreto, consiste em uma importante forma de comercialização para os agricultores envolvidos, de modo a representar, na grande maioria dos casos, o destino único do excedente produzido por estes produtores (exceto produtos de origem animal). A caracterização da exploração vegetal permitiu verificar que praticamente todos os vegetais produzidos nos lotes pesquisados são aproveitados no processo de comercialização realizado junto ao PAA. A renda gerada, no entanto, é inferior a um salário mínimo mensal, o que eleva a necessidade das famílias em complementar a renda por meio de outras atividades como a bovinocultura, frequente entre os produtores, e/ou por meio de rendas não-agrícolas. Ao se verificar junto aos agricultores as vantagens propiciadas pelo programa, observou-se como um dos principais aspectos vantajosos as facilidades ligadas ao transporte dos produtos, pois o Programa prevê a retirada destes no assentamento/reassentamento, bem como, à ausência de despesas com o transporte; outra vantagem igualmente mencionada consiste na certeza da realização da venda, assim, antes de se iniciar a produção, os agricultores já sabem para quem vender, isto permite que os produtores restrinjam suas

preocupações à produção. Em relação às dificuldades, apontou a necessidade de estudos para se levantar os aspectos responsáveis pelo atraso nos pagamentos aos agricultores, o qual é visto pela grande maioria dos entrevistados como a principal problema encontrado, o que poderá, inclusive, motivar a desvinculação de alguns produtores do programa. A implantação do Programa de Aquisição de Alimentos em Pereira Barreto aponta, portanto, para a necessidade de mais estudos que possam contribuir para a desburocratização do Programa e para sua consolidação como Política Pública eficiente e que contribua para o desenvolvimento rural. 7. Referências Bibliográficas BOURDIEU, P Coisas ditas. São Paulo: Brasiliense, 1990. 234p.. Stratégies de reproduction et modes de domination. Actes de la Recherche en Scienses Sociales, Paris, nº 105, p. 3-12, 1994. BUAINAIN, A. M.; ROMEIRO, A. R.; GUANZIROLI, C. E. Agricultura familiar e o novo DELGADO, G. A questão agrária no Brasil, 1950-2003. In: mundo rural. Sociologias, 2003, n.10, p.312-347. CERQUEIRA, P.S; ROCHA, A. P; COELHO, V.P. Agricultura familiar e políticas públicas: algumas reflexões sobre o programa de aquisição de alimentos no Estado da Bahia. Revista Desenbahia, Salvador, v.3, n.5,p.55-78, set.2006. GRAZIANO DA SILVA, J. Antecedentes históricos. In:.Estrutura agrária e produção de subsistência na agricultura brasileira. São Paulo: Hucitec, 1980. p. 15-35. GUANZIROLI, C. E. et al. Agricultura familiar e reforma agrária no século XXI. Rio de Janeiro: Garamond, 2001. 284p. LAMARCHE, H. (Coord.) A agricultura familiar: uma realidade multiforme. Campinas: Ed. da UNICAMP, v. 1, 1993, 336p.. A agricultura familiar: do mito à realidade. Campinas: Ed. da UNICAMP, v. 2, 1998, 348p. MALUF, R. S. Políticas agrícolas e de desenvolvimento rural e a segurança alimentar. In: LEITE, S. (Org.) Políticas públicas e agricultura no Brasil. Porto Alegre: Ed. UFRGS, 2001. p.145-168. MATTEI, L.. Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar (PAA): antecedentes, concepção e composição geral do Programa. Cadernos do CEAM (UnB), v. 7, p. 33-44, 2007. OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) Análises das políticas agrícolas do Brasil: destaque e recomendações políticas. Revista de Política Agrícola, v.14, ed. especial, p.6-16, 2005.

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