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Transcrição:

DIMENSIONAMENTO PARA TRELIÇAS DE MODO A MINIMIZAR CUSTOS MATERIAIS E OTIMIZAR A RESISTÊNCIA A DESLOCAMENTO Carlos Eduardo Gabriel 1 Luiz Gustavo Razoto Taborda 2 André Luiz Emidio de Abreu 3 RESUMO Treliças metálicas planas são conhecidas por suas variadas aplicações tanto em estruturas residenciais como em grandes construções da arquitetura e engenharia moderna. Percebendo a importância desta estrutura e visando maior praticidade para a realização do projeto, realizou-se uma revisão bibliográfica para a definição de parâmetros e posterior simulação paramétrica da estrutura, com objetivo verificar quais as melhores aplicações desta, tendo como referência a redução de custos e de estrutura para seu dimensionamento. A pesquisa apresentou certa dificuldade tendo em vista o grande número de modelos de treliça e variáveis de estudo, sendo apresentadas apenas as simulações para as treliças do tipo Howie, Warren e Pratt. Os parâmetros foram importantes para os melhores resultados aplicados em função da escolha dos Métodos dos Elementos Finitos e a simulação em software Matlab. Para as simulações, pode-se destacar que o tipo Warren apresentou o menor deslocamento, seguida de perto pela treliça Howie, para o mesmo conjunto de parâmetros de estudo. Palavras-chave: Treliças; Dimensionamento; Elementos Finitos; Simulação; Matlab. 1 Aluno do 10º período do curso de Engenharia Mecânica da FAE Centro Universitário. Bolsista do Programa de Apoio à Iniciação Científica (PAIC 2017-2018). E-mail: cegabriel@gmail.com 2 Aluno do 9º período do curso de Engenharia Mecânica da FAE Centro Universitário. Voluntário do Programa de Apoio à Iniciação Científica (PAIC 2017-2018). E-mail: luiz-gustavo72@hotmail.com 3 Mestre e doutor em Métodos Numéricos em Engenharia pela Universidade Federal do Paraná. Graduado em Matemática. Desenvolve pesquisa em modelos de regressão não linear, Machine learning, e confiabilidade de produtos e sistemas. E-mail: andre.abreu@fae.edu Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2017-2018 293

INTRODUÇÃO Estruturas do tipo treliça apresentam uma variada gama de aplicações no âmbito estrutural de edificações, pontes, telhados, dentre outras. Sabe-se que existem diversos tipos de treliças, planas e espaciais que são variações em seus elementos, além de diversos modelos de montagem de suas barras, que podem ser usadas de acordo com a necessidade da construção. Treliças tem como característica básica apresenta-se sempre em forma triangular em suas barras, o que garante grande compactação a esta estrutura, além de uma boa resistência a tração. Em sua aplicação, sofrem diversos tipos de influências, que variam de cargas suportadas, intempéries climáticas, diferenças de temperatura, e todos estes fatores podem causar problemas para a estrutura se elas não forem suficientemente dimensionadas a fim de suportar tal aplicação. Tal aplicação visa auxiliar o projeto de treliças, a fim de evitar acidentes, aumentando a robustez do conjunto de treliças, determinando, dentre as geometrias conhecidas, quais se enquadram melhor em certas aplicações. A avaliação foi realizada através da comparação do desempenho estrutural das geometrias simuladas. Assim, pode-se aferir a validade dos modelos teóricos normalmente adotados pelos projetistas de estruturas, ou seja, treliça ideal em análise elástica linear, e propor modelos mais realistas para avaliação dos esforços internos e deslocamentos em treliças espaciais. 1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Aqui apresenta uma breve revisão sobre as geometrias mais comumente usadas na aplicação de estruturas de treliças, tais como Howie, Warren e Pratt. Também são apresentadas algumas normas técnicas a serem utilizadas nas aplicações de estruturas treliçadas. 1.1 DEFINIÇÕES DE TRELIÇAS Define-se como treliça, a conjunção de elementos (barras) para construção de estruturas de sustentação, e quando conectados em forma geométrica triangular torna-se uma estrutura rígida capaz de suportar esforços variados. A treliça é chamada 294 FAE Centro Universitário Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA

de treliça plana quando todos os elementos da estrutura apresentam-se em um único plano. Encontram-se aplicações para esta estrutura para diversas finalidades dentre elas coberturas, pontes, guindastes, dentre outras. Sabe-se que são estruturas lineares que apresentam barras retas em sua composição e sofrem em sua maioria, a ação da tração e compressão. São seus elementos de composição os nós, corda, montante, diagonal e a tesoura (SOUZA et al., 2008). 1.2 DIMENSIONAMENTO DE BARRAS DE TRACIONADAS E COMPRIMIDAS Para que seja realizado a otimização estrutural em um sistema de barras, além de sua aplicação deve-se também conhecer as limitações no comportamento da estrutura a partir de um cálculo de restrições. Essas restrições podem apresentar-se das mais variadas formas, como a sua resistência, deslocamento em determinado nó ou ainda tensões especificas aplicados em pontos da estrutura. Conhecem-se três maneiras de verificação quando se trata da resistência da estrutura sendo elas o método das tensões admissíveis, dos coeficientes de ações e o dos estados limites. Porém, no Brasil a partir de 1986 a Norma Brasileira 8800 ABNT, utiliza-se para estruturas em aço o método dos estados limites (PRUDENTE, 1998). São estados a partir dos quais uma estrutura não mais satisfaz a finalidade para a qual foi projetada (ABNT, 1986, p.2), e são eles classificados em Estados dos Limites Últimos e Estados dos Limites de Utilização. Este método considera separadamente as incertezas relativas aos efeitos das ações e também considera coeficientes específicos do material para cada tipo de ação (compressão, tração), e em consequência obter índices de segurança homogêneos e confiáveis para diversos tipos de estruturas e carregamentos (PRUDENTE, 1998). 1.3 TIPOS DE TRELIÇAS Para as simulações foram destacar três tipos de treliças, que são utilizadas para construção de pontes e coberturas, em cada uma delas existem algumas variações, deve-se lembrar que é possível alterar livremente as dimensões e formato das treliças, sempre lembrando de dimensiona-las para realizar tais alterações (GOMES, 2016). Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2017-2018 295

1.3.1 Treliça do Tipo Warren Geralmente são utilizadas para cobrirem vãos entre 50 e 100 metros, particularmente contém uma estrutura simples se comparadas às demais (GOMES, 2016). A Figura 1 mostra exemplos da treliça tipo Warren. FIGURA 1 Treliças de Warren Treliça de Warren Treliça de Warren Modificada FONTE: Gomes (2016) 1.3.2 Treliça de Pontes Pratt Com exceção da barra central e dos elementos em seu extremo, todos os outros elementos estão inclinados. Aqui existem também as treliças de Fink que são análogas as de Pratt (GOMES, 2016). A Figura 2 apresenta exemplos de treliça tipo Pratt. FIGURA 2 Treliças do tipo Pratt Treliça de Pratt (triangular) Treliça de Pratt (retângular) FONTE: Gomes (2016) 1.3.3 Treliça Howe É o oposto da treliça de Pratt, pois suas barras diagonais estão na direção contrária do centro da treliça (GOMES, 2016). Na Figura 3 encontram-se os tipos de treliça Howe. Figura 3 Treliças de Howe Treliça de Howe (triangular) Treliça de Howe (retângular) FONTE: Gomes (2016) 296 FAE Centro Universitário Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA

1.4 MÉTODO DOS ELEMENTOS FINITOS Historicamente, o Método dos Elementos Finitos (MEF) surgiu em 1955, como evolução da análise matricial de modelos reticulados, motivado pelo advento do computador e elaborado com o intuito de se projetar estruturas de modelos contínuos. Pode ser considerado como uma técnica de gerar funções de aproximação, que podem ser utilizadas para interpolar deslocamentos, esforços, tensões e deformações ao longo do domínio do elemento (CHRISTOFORO et al., 2007). Para a resolução de problemas estruturais segundo o MEF, as funções de forma podem ser aplicadas diretamente à sua equação diferencial (Resíduos Ponderados) ou a princípios energéticos, tais como o Princípio dos Trabalhos Virtuais (PTV). O deslocamento em problemas estruturais elásticos é tido como incógnita fundamental, obtido por intermédio da resolução de um sistema de equações lineares, assim como expressa a equação a seguir: [K ] x [U ] = [F ] (1) em que, [K ] é a matriz de rigidez da estrutura, [U ] é o vetor dos deslocamentos nodais da estrutura e [F ] é o vetor das forças equivalentes nodais da estrutura. A sua construção fica em função da disposição da malha, e consequentemente dos nós dos elementos finitos na estrutura, como pode ser visto na Figura 4. FIGURA 4 Exemplo de montagem da matriz de rigidez FONTE: Gomes (2016) Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2017-2018 297

2 PARÂMETROS E SOFTWARES Para o desenvolvimento das simulações, além de selecionar os três tipos de treliças, foi necessário à padronização de alguns parâmetros, tais como, o tipo de material, os comprimentos das treliças, altura, o número de barras, entre outros. Tabela 1 apresenta os dados padronizados para a simulação para os três modelos de treliças escolhidas para a pesquisa. Para o material utilizou-se alumínio liga 6351, têmpera T4, que possuem as características listadas a seguir (BUZINELLI, 2000). módulo de elasticidade longitudinal E = 70 GPa; peso específico y = 27 kn/m 3 ; tensão de escoamento f y = 130 MPa; tensão última f u = 220 MPa; TABELA 1 Dados para pesquisa paramétrica VARIÁVEIS DE ESTUDO TIPOS DE TRELIÇAS HOWIE WARREN PRATT Comprimento 9 m 9 m 9 m Altura 1 m 1 m 1 m Área da Secção (A) 75,72 x 10-6 m 2 75,72 x 10-6 m 2 75,72 x 10-6 m 2 Nº de Elementos 13 11 13 Nº de Nós 8 7 9 Nós de Apoio 1 e 4 1 e 4 1 e 4 Nós de Aplicação do Carregamento 7 7 7 Carregamento 3,2 kn 3,2 kn 3,2 kn FONTE: Os autores (2018) As simulações realizadas para a pesquisa deram-se através do software Matlab Matrix Laboratory, devido a sua facilidade de utilização e sua linguagem computacional simplificada para solução de problemas que envolvam sistemas de equações. 3 ANÁLISE DOS RESULTADOS Com a simulação paramétrica concluída obteve-se os vetores dos deslocamentos nos sentidos dos eixos x e y para os nós soltos passíveis de deslocamento. O valor de u i representa o deslocamento do nó i no eixo x e o valor de v i representa o deslocamento do mesmo nó agora para o eixo y. A Tabela 2 apresenta os valores dos deslocamentos para as três simulações. 298 FAE Centro Universitário Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA

TABELA 2 Deslocamentos nodais das treliças em metros Nós Treliça Howie Treliça Pratt Treliça Warren -0,0006-0,0018 0,0001-0,0004-0,0066-0,0019 0,0008-0,0018 0,0022-0,0069-0,0115-0,0028 0,0020-0,0006 0,0021 0,0000-0,0018 0,0000 0,0020-0,0024 0,0032-0,0009-0,0085-0,0088 0,0025-0,0060 0,0014-0,0091-0,0133-0,0006 0,0003-0,0060 - -0,0022 0,0000 - FONTE: Os autores (2018) Nota-se que os deslocamentos no eixo x que possuem valores negativos, são para a esquerda, enquanto os deslocamentos com valores positivos são para a direita. No eixo y quando negativos, deslocam-se para baixo, e se positivo, seu deslocamento é para cima. As figuras a seguir apresentam os três tipos de treliça esquematizadas com seus respectivos valores e direções de deslocamento para os nós de cada uma das treliças. FIGURA 5 Deslocamentos na treliça Howie FONTE: Os autores (2018) Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2017-2018 299

FIGURA 6 Deslocamentos na treliça Pratt FONTE: Os autores (2018) FIGURA 7 Deslocamentos na treliça Warren FONTE: Os autores (2018) Para se definir qual a treliça tem maior resistência ao deslocamento, calculou-se a média dos desvios para os deslocamentos em x e y das matrizes de resistência, resultando em um valor modular para os mesmos. Os resultados obtidos são relacionados a seguir: Treliça Howie dx = 2,85. 10-3 m dy = 7,96. 10-3 m } d total = (2,85. 10-3 ) 2 + (7,96. 10-3 ) 2 = 8,4548. 10-3 m Treliça de Pratt dx = 7,59. 10-3 m dy = 17,02. 10-3 m Treliça de Warren dx = 4,42. 10-3 m dy = 6,30. 10-3 m } } d total = d total = (7,59. 10-3 ) 2 + (17,02. 10-3 ) 2 = 1,864. 10-2 m (4,42. 10-3 ) 2 + (6,30. 10-3 ) 2 = 7,6959. 10-3 m 300 FAE Centro Universitário Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA

Estes resultados nos mostram que a treliça de Howie apresenta menor módulo do deslocamento no eixo x, e ainda o seu módulo do deslocamento no eixo y, é próximo ao da treliça de Warren, que apresentou menor deslocamento no eixo y. Porém, no calculo do deslocamento total, o tipo Warrem apresentou o menor valor, ou seja, apresenta maior resistência ao deslocamento. Neste caso pode-se concluir que ela será a melhor escolha para um dimensionamento com estrutura reduzida, com base nos parâmetros definidos. CONCLUSÃO A partir da parametrização realizada nas aplicações de treliças, pode-se compreender como uma alteração na sua geometria tem influência importante em sua função de resistência estrutural. Observou-se também, com base nos parâmetros definidos a priori, qual o melhor modelo a ser aplicado em função da simulação realizada. E, para as simulações feitas, obteve-se que para uma carga de 3,2 kn de força, a treliça do tipo Warren, se demonstrou mais resistente ao deslocamento nodal, sendo assim, considerada a melhor opção a ser tomada para os parâmetros escolhidos. Como sugestão para estudos futuros, podem ser feitas análise de economia quanto a custo de aplicação em função destas simulações. Programa de Apoio à Iniciação Científica - PAIC 2017-2018 301

REFERÊNCIAS BUZINELLI, D. V. Projeto de elementos estruturais em alumínio. 2000. 186 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Estruturas) Escola de Engenharia de São Carlos, USP, São Paulo, 2000. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18134/tde-23042018-153707/en.php>. Acesso em: 01 dez. 2017. CHRISTOFORO, A. L.; MARCONATO, S. A. S.; OLIVEIRA R. Z. G. Otimização numérica da área das seções transversais dos elementos componentes de estruturas planas do tipo treliça. Revista Brasileira de Biometria, São Paulo, v. 25, n. 3, p. 57-69, 2007. GOMES. M. I. S. Estudo e análise de treliças. 2016. 30 f. Notas de aula Departamento de Engenharia Civil, Instituto Politécnico de Lisboa, Lisboa, 2016. Disponível em: <https://www. researchgate.net/profile/idalia_gomes/publication/301298120_estudo_e_analise_de_trelicas/ links/5710e65608ae846f4ef05472/estudo-e-analise-de-trelicas.pdf>. Acesso em: 01 out. 2017. PRUDENTE, M. Otimização de estruturas de aço treliçadas planas com variáveis discretas. 1998. 315 f. Tese (Doutorado em Engenharia de Estruturas) Escola de Engenharia de São Carlos, USP, São Carlos, 1998. Disponível em: <http://www.set.eesc.usp.br/static/media/producao/1998do_ MauroPrudente.pdf>. Acesso em: 01 set. 2017. SOUZA, M. F. S. M. de; RODRIGES, R. B.; MASCIA, N. T. Sistemas estruturais de edificações e exemplos. 2008. 93 f. Relatório Técnico. Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo FEC Unicamp. Departamento de Estruturas, Campinas, 2008. Disponível em: <http://www.fec.unicamp.br/~nilson/ apostilas/sistemas_estruturais_grad.pdf>. Acesso em: 01 nov. 2017. 302 FAE Centro Universitário Núcleo de Pesquisa Acadêmica - NPA