IX ENCONTRO DA ABCP. Área Temática: Estado e políticas públicas

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IX ENCONTRO DA ABCP Área Temática: Estado e políticas públicas CONTEÚDO DE PROPOSIÇÕES LEGISLATIVAS RELACIONADAS À SAÚDE EM TRAMITAÇÃO NAS COMISSÕES E NO PLENÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fábio de Barros Correia Gomes, Centro de Formação, Treinamento e Aperfeiçoamento da Câmara dos Deputados (CEFOR) Brasília, DF 04 a 07 de agosto de 2014 1

CONTEÚDO DE PROPOSIÇÕES LEGISLATIVAS RELACIONADAS À SAÚDE EM TRAMITAÇÃO NAS COMISSÕES E NO PLENÁRIO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS Fábio de Barros Correia Gomes, CEFOR - Centro de Formação, Treinamento e Aperfeiçoamento da Câmara dos Deputados (CEFOR) Resumo do trabalho: O estudo objetiva analisar o conteúdo de proposições legislativas relacionadas à saúde em tramitação nas Comissões (com destaque para a Comissão de Seguridade Social e Família CSSF) e no Plenário da Câmara dos Deputados em dois momentos (janeiro de 2013 e janeiro de 2014), para identificar temas significativos para políticas relacionadas à saúde. As proposições foram obtidas por meio do Sistema de Informações Legislativas da Câmara (Sileg), entre as já registradas como pertencentes ao tema da saúde, segundo indexação do Centro de Documentação da Câmara (Cedi). Então, estas foram classificadas segundo tipologia desenvolvida pelo Grupo de Pesquisa e Extensão dedicado ao estudo de políticas de saúde. A observação da tramitação de tipos de proposições necessárias à produção legislativa (PL, PLP, PEC) e à fiscalização (PFC) - total de 1.169, em 28 de janeiro de 2013 - permitiu a identificação dos locais que são críticos para determinados temas e indicou possibilidade de uso de estratégias de não-decisão, de deficiências no monitoramento das tramitações e de ineficiência na utilização de recursos. Exercício de priorização de matérias prontas para pauta no Plenário e em comissões selecionadas (segundo critérios de necessidade, oportunidade, adequação ao Plano Plurianual e relação com problemas estruturais de saúde) indicou que são poucas as matérias que atendem a pelo menos três critérios, permitindo localizar as matérias relevantes para a saúde em tramitação na Câmara. A metodologia mostrou-se factível para estudar políticas de saúde, mas também é passível de utilização por outras áreas. A análise dos dados coletados em um segundo momento permitirá a verificação da consistência dos achados. Palavras-chave: Legislativo, saúde, proposições, comissões, Plenário, Câmara dos Deputados. 2

1. Introdução O Legislativo tem contribuído decisivamente na definição de políticas relacionadas à saúde, com destaque para o período da Constituinte de 1987/1988, que resultou na criação do Sistema Único de Saúde (SUS). Para que as diretrizes constitucionais da atenção à saúde universal e integral sejam implantadas, são necessárias medidas adicionais, muitas das quais dependem de legislação infraconstitucional, bem como de ações de fiscalização pelo Legislativo das ações do Executivo. Nesse contexto, a análise de conteúdo de proposições relacionadas à saúde que se encontram em tramitação nas comissões e no plenário da Câmara dos Deputados teve como objetivo identificar temas significativos para políticas relacionadas à saúde, relevantes para as funções de produção legislativa e de fiscalização. Inicialmente, será apresentada uma breve revisão da literatura a respeito da produção legislativa do setor, seguida: pela descrição da metodologia utilizada neste estudo, pelos resultados e pelas considerações finais. 2. Revisão da literatura Quanto ao conteúdo da produção legislativa relacionada à saúde, Baptista (2003, 2010) avaliou o período pós-constituição de 1988 e identificou três períodos de elaboração de leis nessa área: o primeiro, relacionado à definição da base institucional do Sistema Único de Saúde (SUS) (1990-1994); o segundo, de expansão de políticas técnicas e específicas de saúde, seguidas de uma política de regulação do mercado em saúde (1995-2002); o terceiro, de retorno das políticas específicas diretamente atreladas a um projeto do Governo Federal (2003-2006). Segundo Baptista (2010), no primeiro período, a autoria do Executivo e os interesses macroeconômicos foram predominantes, mas o Legislativo atuou na negociação de relevantes leis para o SUS e destacou-se em reformas constitucionais. No segundo período, destacam-se temas que reafirmam o direito à saúde e o Legislativo atuou para atender interesses de corporações e de movimentos sociais. Também se destacam as leis sobre dias comemorativos. No terceiro período, também voltado a demandas específicas, a autora destacou a produção de leis sobre políticas de interesse do Executivo (não exclusivas da área da saúde), visando à redução da desigualdade. Seus dados indicaram preponderância do Executivo na aprovação de leis, persistindo o caráter indutor e concentrador desse poder na forma de relação estabelecida com o Congresso Nacional (BAPTISTA, 2003). Godoi (2008) analisou a legislação da saúde produzida entre 1988 e 2008 (129 leis ordinárias e 6 emendas constitucionais) e rejeitou as teses de que os parlamentares 3

tendem a produzir leis que distribuem benefícios concentrados e da primazia do Poder Executivo na produção de leis. Encontrou predomínio do Legislativo na aprovação de leis ordinárias e também de emendas constitucionais. O Executivo predominou na autoria de leis estruturantes do SUS e o Legislativo, na de políticas de saúde específicas ou de cunho simbólico. Gomes, Carvalho e Reis (2009) analisaram 4.358 projetos de lei ordinária relacionados à saúde que tramitaram na Câmara entre 1999 e 2006 e observaram que as leis resultantes de autoria do Executivo tramitaram com tempo médio quatro vezes mais curto que as de deputados. Também identificaram padrões temporais diferenciados de apresentação de PL e de sua conversão em lei, segundo a autoria. Carvalho, G. (2008) destacou que temas relevantes para o avanço das políticas de saúde permanecem sem tratamento legal adequado, como é o caso do financiamento do SUS (CARVALHO, G., 2008). Lucchese (2009) analisou projetos de lei ordinária apresentados na Câmara dos Deputados entre 2006 e 2008, que visavam obrigar o SUS a realizar ações e serviços de saúde, e verificou uma tendência de fragmentação do ordenamento jurídico, em que grupos de pacientes com maior coesão e capacidade de organização demandavam leis para atenderem interesses específicos, com implicações para a desigualdade da atenção à saúde e para a equidade do setor. Gomes (2011, 2012) questionou a tese da predominância do Executivoapós análise da tramitação de mais de 20 mil proposições apresentadas entre 1999 e 2006 e um subconjunto de projetos relacionados à saúde (cerca de 5.000). Observou que as taxas de sucesso e de dominância desse Poder foram inversamente proporcionais à hierarquia das vias legislativas, sendo maiores na via ordinária (que produz leis ordinárias), intermediárias na complementar (que produz leis complementares) e menores na constitucional (que produz emendas à Constituição). No caso da saúde, a produção na via constitucional foi mais expressiva que na complementar, quebrando o padrão geral, refletindo a constitucionalização presente nessa área. Também apresentou dados quantitativos e qualitativos que sugerem a existência de mais de um tipo de relação entre o Executivo e o Legislativo na produção legislativa, incluindo: cooperação, liderança da coalizão, liderança do Legislativo e impasse. A revisão da literatura indica que ainda há necessidade de mais estudos que abordem o conteúdo da agenda legislativa relacionada à saúde no Congresso Nacional. 4

3. Metodologia Foram coletadas informações sobre proposições legislativas relacionadas à saúde em tramitação nas Comissões e no Plenário da Câmara dos Deputados em dois momentos (janeiro de 2013 e janeiro de 2014), Foram analisadas proposições necessárias à produção legislativa (projeto de lei ordinária- PL -, projeto de lei complementar PLP -, proposta de emenda à Constituição - PEC) e à fiscalização (proposta de fiscalização e controle PFC -, projeto de decreto legislativo - PDC). Os dados para a realização do estudo foram coletados por meio do Sistema de Informações Legislativas da Câmara dos Deputados Sileg -, em sua versão para a Intranet (que dispõe de mais variáveis que a versão para a Internet, inclusive uma sobre os macrotemas associados à proposição, identificados segundo listagem do Centro de Documentação e Informação da Câmara - Cedi). As informações foram coletadas em 28 de janeiro de 2013 e em 29 de janeiro de 2014. No subconjunto coletado em 2014, além das proposições identificadas pelo Cedi como pertencentes ao macrotema saúde, também foram incluídas aquelas identificadas por meio do mecanismo de busca textual do Sileg, para as expressões: saúde, hospital, doença e medicamento. Tal modificação resultou numa coleta adicional de 900 proposições. Todas as proposições coletadas foram classificadas segundo tipologia desenvolvida pelo Grupo de Pesquisa e Extensão (GPE) do CEFOR da Câmara dos Deputados sobre Legislativo e Política de Saúde (Carvalho et al., 2011), para um maior detalhamento de temas e subtemas da saúde. No caso das proposições do subconjunto coletado em janeiro de 2013, prontas para pauta em comissões específicas e no Plenário da Câmara, foi realizada uma classificação adicional quanto: à necessidade de produção de uma lei (pois há temas sobre os quais já existem leis que permitem que os mesmos sejam abordados por portarias do Executivo, por exemplo), à oportunidade da norma (se o problema ainda demanda solução), à conexão com o Plano Nacional de Saúde (o qual apresenta diretrizes similares às adotadas no Plano Plurianual aprovado pelo Congresso Nacional em vigor para a área da saúde) e à conexão com questões estruturais do sistema de saúde. 4. Resultados Neste tópico, são apresentados os resultados da análise de cada tipo de proposição. Em geral, são descritas as características agregadas dos temas e locais de tramitação e realizada uma síntese da agenda abordada em cada tipo de proposição. Ao 5

final, um tópico é dedicado à avaliação das proposições prontas para a pauta em comissões específicas e no plenárioda Câmara dos Deputados em janeiro de 2013. 4.1 Propostas de Fiscalização e Controle (PFC) O número de PFC relacionadas à saúde em tramitação em 2013 (28) foi semelhante ao de 2014 (30), todas de autoria de deputados (por força regimental). Em 2014, as PFC em tramitação foram apresentadas entre 1996 e 2013 (gráfico 1). As PFC foram apresentadas por 22 autores e 37% foram iniciadas por deputados de São Paulo.A maioria (70%) abordava a gestão do SUS, com foco na administração de recursos (gráfico 1).Todas tramitavam em regime ordinário, sujeitas apenas à apreciação interna nas comissões. O local que concentrou o maior número de PFC relacionadas à saúde em tramitação (43%) foi a Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF) (gráfico 2). Nesta comissão, quatro PFC aguardavam parecer e 8 estavam prontas para pauta. Em outras 6 comissões permanentes havia PFC relacionadas à saúde aguardando parecer. 4.2 Projetos de Decreto Legislativo (PDC) Em 2013 tramitavam 15 PDC relacionadas à saúde e, em 2014, 25; todos de autoria de deputados (por questão regimental). Em 2014, os temas foram variados, abrangendo principalmente áreas de atenção à saúde e prevenção (gráfico 3). O local de tramitação em destaque foi a CSSF (80%), em que 7 proposições aguardavam parecer e outras 8 estavam prontas para a pauta (gráfico 4). 4.3 Propostas de emenda à Constituição (PEC) Em 2013, tramitavam 21 PEC relacionadas à saúde e, em 2014, 47. Em 2014, quase todas eram de autoria de deputados (apenas uma do Executivo e quatro de senador); sendo 74% apresentadas nas duas últimas legislaturas (gráfico 5). Os temas mais frequentes eram os relacionados à gestão (47%), a maioria sobre a inserção de profissionais de saúde no mercado de trabalho e o financiamento da saúde. Segundo as regras regimentais, todas tramitam em regime especial (não sendo admitida a urgência) e devem ser apreciadas pelo plenário. O local que concentrou o maior número de PEC em tramitação (53%) foi a Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania (CCJC), onde ocorre o primeiro estágio de apreciação de uma PEC (gráfico 6). Quatorze PEC encontravam-se prontas para pauta, 10 na CCJC e quatro no Plenário. Quatro aguardavam designação de relator na CCJC e 7 aguardavam a criação de comissão temporária. 6

Gráfico 1. Distribuição anual de temas e subtemas da saúde de PFC em tramitação na Câmara dos Deputados em e janeiro de 2014. 6 5 Prevenção / Vigilância sanitária 4 Prevenção / Vigilância ambiental Prevenção / Resíduos especiais 3 Gestão e Recursos / Administrativa Gestão e Recursos / Financiamento 2 Atenção à saúde / Atenção Privada Atenção à saúde / Programa/proj./ação 1 0 1996 2004 2005 2007 2008 2009 2011 2012 2013 Ano Fonte: Elaborada laborada a partir de dados do SILEG. 7

Gráfico 2. Distribuição de situação de PFC relacionadas à saúde, segundo locais da Câmara dos Deputados em que se encontravam em janeiro de 2014. CSSF CFFC CDC MESA CAPADR CSPCCO Aguardando designação de relator Aguardando parecer Apensado Pronto para a pauta Sem informação CDHM CCTCI 0 2 4 6 8 10 12 14 Fonte: Elaboradaa a partir de dados do SILEG. 8

Gráfico 3.. Distribuição anual de temas e subtemas da saúde de PDC em tramitação na Câmara dos Deputados em janeiro de 2014. 9 Prevenção Vigilância da saúde do trabalhador 8 Prevenção Destaque medicamentos 7 Prevenção Vigilância sanitária Prevenção Tabagismo e alcoolismo 6 5 Gestão e recursos Destaque RH regulamentação prof. 4 Direitos e responsabilidades Direitos trabalhistas e prev. Direitos e responsabilidades Direitos nos extremos da vida 3 Atenção à saúde Assistência privada Atenção à saúde Assistência farmacêutica 2 1 Atenção à saúde Programa/proj./ação 0 Atenção à saúde Sist. de registro e informação 2006 2007 2009 2010 2011 2012 2013 Atenção à saúde Protocolos Ano Fonte: Elaborada laborada a partir de dados do SILEG. 9

Gráfico 4. Distribuição de situação de PDC relacionados à saúde, segundo locais da Câmara dos Deputados em que se encontravam em janeiro de 2014. CSSF CCJC Aguardando deliberação de recurso Aguardando designação de relator Aguardando parecerr Aguardando vistas Apensado Pronto para pauta MESA 0 5 10 15 20 Fonte: Elaboradaa a partir de dados do SILEG. 10

Gráfico 5.. Distribuição anual de temas e subtemas da saúde de PEC em tramitação na Câmara dos Deputados em janeiro de 2014. 9 Prevenção Destaque vigilância nutricional escolar 8 Prevenção Vigilância alimentar e nutricional Prevenção Saneamento 7 Prevenção Drogas Gestão e recursos Mercado de trabalho ** 6 Gestão e recursos Administrativo Gestão e recursos Financiamento 5 Demais temas Pesquisa Direitos Exames periciais 4 Direitos Destaque Trabalhador * 3 Direitos Trabalhador Direitos Reprodutivos 2 Direitos Direito dos idosos Direitos Direito de portadores de doenças 1 Atenção à saúde Setor privado Atenção à saúde Assistência farmacêutica 2013 2012 2011 2010 2009 2008 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1997 1995 0 Fonte: Elaborada laborada a partir de dados do SILEG. 11

Gráfico 6. Distribuição de situação de PEC relacionadas à saúde, segundo locais da Câmara dos Deputados em que se encontravam em janeiro de 2014. CCJC MESA PLEN CCP SINF Aguardando comissão temporária Aguardando designação de relator Aguardando parecer Apensado Pronta para pauta Sem informação PEC 0 5 10 15 20 25 Fonte: Elaboradaa a partir de dados do SILEG. 4.4 Projetos de lei complementar (PLP) Em 2013, havia 21 PLP relacionadas à saúde em tramitação e, em 2014, 185. Em 2014, quase todos eram de autoria de deputados (exceto dois de comissões, três do Executivo e um de senador). Apenas um deputado foi autor de 113 PLP abordando direitos trabalhistas, o que tornou esse tema o mais frequente (68%), seguido por financiamento da saúde (14%) e recursos humanos (8%)(gráfico 7). Apenas cinco PLP tramitavam em urgência e todos, por força regimental, devem ser apreciadas pelo plenário. O local que concentrou o maior número de PLP em tramitação (74%) foi a Comissão de Finanças e Tributação (CFT) (gráfico 8). Na CSSF, havia 11 PLP tramitando. Entre todos os PLP, apenas dois se encontravam prontos para pauta na CFT, cinco na CSSF e três no Plenário. Oitenta e seis por cento dos PLP eram proposições apensadas. 12

Gráfico 7. Distribuição anual de temas e subtemas da saúde de PLP em tramitação na Câmara dos Deputados em janeiro de 2014. 120 Prevenção Saneamento Prevenção Educação em saúde 100 Gestão e recursos Mercado de trabalho Gestão e recursos Recursos humanos 80 Gestão e recursos Administrativo Gestão e recursos Financiamento 60 Direitos Responsabilidade sanitária Direitos Trabalhador 40 20 Direitos Direito de portadores de doenças Atenção à saúde Destaque saúde escolar Atenção à saúde Assistência farmacêutica Atenção à saúde Programa/proj./ação 0 1996 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 Ano Fonte: Elaborada a partir de dados do SILEG. 13

Gráfico 8. Distribuição de situação de PLP da saúde, segundo locais da Câmara dos Deputados em que se encontravam em janeiro de 2014. CFT CCP CSSF PLEN CCJC MESA Aguardando comissão temporária Aguardando designação do relator Aguardando parecer Aguardando retorno do Senado Apensado Pronto para pauta CTASP CE 0 20 40 60 80 100 120 140 Fonte: Elaboradaa a partir de dados do SILEG. 4.5 Projetos de Lei Ordinária (PL) Em 2013, haviaa 1.121 projetos de lei ordinária (PL) relacionados à saúde tramitando na Câmara. Em 2014, foram detectados 1.878 PL. Cerca de 80% desses PL foram apresentados na Câmara, desde 2003. Os temas mais frequentes foram: prevenção (36%); direitos e responsabilidades (28%); atenção à saúde (21%) e gestão e recursos (13%). O gráfico 9 detalha os subtemas mais frequentes em 2014. Entre os PL em tramitação com tema de prevenção, destacaram-se: a vigilância sanitária (30% dos PL deste tema, sendo que quase a metade deles abordam medicamentos); fatores de risco comportamentais (30% dos PL deste tema, sendo que 70% deles abordavam tabaco ou álcool) e educação em saúde (13% dos PL deste tema, sendo que 33% deles abordavam datas comemorativas e campanhas). 14

Gráfico 9. Distribuição de temas e subtemas da saúde de Câmara dos Deputados em janeiro de 2014. PL em tramitação na Demais temas Atenção à saúde Direitos e responsabilidades Pesquisa Sem especificação Direito de portadores de doenças Direitos trabalhistas e prev. Sem especificação Crime contra a saúde Direitos dos usuários Vantagens ao doador de tec./órgãos Direito dos port. de necessidades Documentos oficiais Direito dos idosos Exames periciais Direito reprodutivo Direitos de vítimas de acidentes/violência Destaque trab. maternidade e paternidade Direito nos extremos da vida Direitos dos tutelados Direito do cuidador Responsabilidade sanitária Programa / projeto / ação Assistência privada Destaque assistência farmacêutica Destaque transplante de órgãos Destaque saúde escolar Protocolos Sist. de registro e informação Destaque saúde do trabalhador Fora de serviços de saúde Sem especificação 0 20 40 60 80 100 120 140 160 (...) 15

(continuação) Gestão e recursos Prevenção Destaque tabaco e álcool Vigilância sanitária Destaque medicamentos Educação em saúde Vigilância da saúde do trabalhador Vigilância epidemiológica Fator de risco sem especificação Destaque datas e campanhas Vigilância alimentar e nutricional Destaque drogas Vigilância ambiental Destaque vig. nutricional escolar Destaque serviços Destaque patentes Atividade física Segurançaa de produtos Destaque trânsito Destaque resíduos especiais Fatores de risco Saneamento Financiamento Destaque RH mercado de trabalho Gestão administrativa Destaque RH regulamentação prof. Destaque RH formação e qualific. Infraestrutura Destaque fin. filantrópicas Destaque RH serviço civil e militar Recursos humanos Sem especificação 0 20 40 60 80 1000 120 140 160 Fonte: Elaboradaa a partir de dados do SILEG. 16

Entre os PL em tramitação com tema de atenção à saúde destacaram-se: programas/projetos/ações (34% dos PL deste tema) e atenção privada (24% dos PL deste tema). Entre os PL em tramitação com tema de direitos e responsabilidades destacaram-se: os direitos de portadores de doenças (25% dos PL deste tema) e os trabalhistas e previdenciários (24% dos PL deste tema). Entre os PL em tramitação com tema de gestão e recursos destacaram-se: recursos humanos (41% dos PL deste tema, sendo que 51% deles abordavam a inserção de profissionais da saúde no mercado de trabalho) e financiamento da saúde (29% dos PL deste tema). Apenas 14 PL em tramitação foram considerados como outros temas da saúde (1% do total), destacando-se o tema de pesquisa em saúde (12 PL). Quanto aos locais da Câmara em que se encontravam os PL relacionados à saúde, cinco locais concentravam 84% dos PL: CSSF (25%), CCJC (19%), plenário (14%), CFT (13%) e mesa (13%). Na CSSF, predominavam temas de atenção à saúde e de prevenção. Na CCJC, os de prevenção e de direitos e responsabilidades. Na CFT, prevaleceu o tema de atenção à saúde e de gestão e recursos. No plenário, direitos e responsabilidades e prevenção. 4.6 matérias prontas para pauta no plenário e em comissões selecionadas O exercício de priorização de matérias prontas para pauta no plenário e em comissões selecionadas, realizado para o subconjunto coletado em 2013, indicou que são poucas aquelas que atendem a pelo menos três de quatro critérios de priorização (exigência de lei, de oportunidade, de conexão com o Plano Nacional de Saúde que segue mesmas diretrizes do Plano Plurianual - e com questões estruturais do SUS). Por exemplo, no plenário foram identificados, na referida situação, duas proposições, na CFT uma, na CCJC, três e na CSSF, duas. 5.Considerações finais A metodologia utilizada possibilitou a identificação do conteúdo de proposições relacionadas à saúde que se encontram em tramitação nas Comissões e no Plenário da Câmara dos Deputados, segundo tipos de proposições associados à produção legislativa e à fiscalização. O sistema de coleta que identificou proposições da saúde da Câmara apresentou elevado desempenho, o que foi acentuado com as modificações metodológicas introduzidas em 2014. Em geral, foi mantida a consistência entre os dados obtidos em 2013 e 2014, contudo a ampliação na sensibilidade na coleta proporcionou maior presença de temas não 17

tipicamente identificados como pertencientes à ações e serviços de saúde, a exemplo dos relacionados a direitos e responsabilidades. Com relação à agenda da saúde pendente de deliberação na área da fiscalização, a análise das PFC sugere foco na gestão administrativa de recursos em localidades específicas. A CSSF apresenta a maior quantidade de pendências de tramitação e poderia se beneficiar de um melhor monitoramento da tramitação (o que também se aplica ao caso dos PDC). No âmbito da produção de normas, a agenda relacionada à saúde no nível constitucional pendente de deliberação prioriza os recursos humanos no SUS, além do financiamento de áreas específicas da saúde. A CCJC tem filtrado as proposições por meio de mecanismo de não-decisão, pois há concentração no primeiro estágio de apreciação. Também há sinais de deficiente monitoramento de temas de políticas. Na via complementar, os PLP que aguardam deliberação focalizam a questão do financiamento de ações e serviços de saúde, destacando-se a possibilidade de aplicar mais recursos em recursos humanos da saúde que o atualmente permitido pela lei de responsabilidade fiscal, além de critério de financiamento do SUS pela União. A CFT é local crítico para avançar a tramitação dessas matérias. Na via ordinária, os PL em tramitação na Câmara predominam temas de prevenção e a CSSF é o local crítico para a tramitação das matérias. O exercício de priorização das proposições que estão prontas para a pauta no plenário e em comissões selecionadas facilitou a localização de matérias de alta relevância para a saúde em tramitação na Câmara. A predominância de proposições de relevância intermediária ou baixa sugere dificuldade na construção de uma agenda relevante (segundo os critérios adotados). Os dados indicam que é viável usar os sistemas de informação existentes na Câmara dos Deputados para identificar prioridades de tramitação nas comissões e no plenário, oferecendo suporte ao desenvolvimento de meios para monitorar os fluxos das tramitações, segundo conteúdo de políticas e, desse modo, oferecer consistência e transparência ao debate sobre políticas de saúde; o que também seria aplicável a outras políticas públicas. 18

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