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Transcrição:

Genótipos de trigo irrigado para panificação, em dois locais de Minas Gerais, no ano de 2010 Joaquim Soares Sobrinho 1, Maurício Antônio de Oliveira Coelho 2, Júlio César Albrecht 3, Márcio So e Silva 4, Pedro Luiz Schereen 4. 1 Embrapa Trigo/Escritório de Negócio do Triângulo Mineiro, R. Johen Carneiro, 600, CEP 28400-070 Uberlândia, MG. joaquim.sobrinho@sede.embrapa.br 2 EPAMIG Faz. Experimental Sertãozinho Patos de Minas, MG. 3 Embrapa Cerrado, Cx.P. 08223, Planaltina-DF. 4 Embrapa Trigo, Rod. BR 285, Cx.P. 451, Passo Fundo, RS. O trigo, cultura com maior participação no comércio internacional de grãos e a segunda em quantidade produzida (cerca de 670 milhões de tonelada na safra 2011/2012), corresponde a quase 30% da produção mundial de grãos. Ele é cultivado desde 67 latitude Norte até 45 latitude Sul. Assim sendo, a auto-suficiência neste cereal, esta atrelada ao melhoramento genético e ao desenvolvimento de novas técnicas de cultivo, além da expansão para novas fronteiras com aptidão tritícola, como os cerrados (Fernandes, 1985). Com a importação de mais de 5,0 milhões de toneladas todos os anos, o Brasil manda, mais de 1,0 bilhão de dólares ao exterior, apesar de possuir toda cadeia apropriada ao negócio trigo. O certo é que precisase produzir mais trigo, o que é perfeitamente possível e viável, pois o país dispõe de tecnologia e ambiente para produzir em quantidade e qualidade necessárias. A prova disto é a Região do Brasil Central, que não só pode como precisa produzir trigo, por três principais razões: para compensar a maior distancia entre as unidades moageiras e os locais de recebimento do trigo importado; pelo elevado potencial de produção de trigo de boa qualidade; pela grande capacidade instalada da indústria moageira da região. Apenas Minas Gerais, que produz tão somente 3,8% de sua capacidade de moagem (Soares Sobrinho et al., 2006), poderia produzir cerca de 200 mil toneladas, se um quarto de seus 150 mil hectares irrigados fosse destinado à cultura de trigo. O aumento da produção de trigo passa pela capacidade competitiva da cultura, o que exige a busca incansável de genótipos geneticamente mais produtivos e mais adaptados, pois segundo Soares Sobrinho (1999), o rendimento de grãos das culturas é o resultado da contribuição de cada um dos seus componentes, sobre os quais a atuação dos fatores genéticos e ambientais é de diferentes intensidades. Na identificação de genótipos mais adaptados deve-se, portanto, considerar a capacidade de manifestar maior potencial de rendimento em ambientes sob fornecimento de água e doses elevadas de nutrientes, principalmente nitrogênio, como é o caso das áreas sob irrigação, onde os solos, normalmente, já possuem elevada fertilidade. Em condições semelhantes de Minas Gerais e Goiás, Soares Sobrinho et al. (2006 a, b, c e 2008), Alvarenga et al. (2009) e Trindade et al. (2006) identificaram genótipos capazes de produzir mais de 6 t/ha, em determinados ambientes. O presente trabalho teve como objetivo avaliar diferentes genótipos e selecionar aqueles que melhor se adaptam às condições de cultivo irrigado de Minas Gerais. Os ensaios foram conduzidos em Coromandel e Patos de Minas (região do Alto Paranaíba). Os dois locais estão situados a 976 e 817 m de altitude, respectivamente. Os solos são Latossolo Vermelho Amarelo em Coromandel e Latossolo Vermelho Escuro em Patos de Minas. Em Coromandel a área pertence a empresa Sementes Farroupilha, onde a água é distribuída por meio do pivô central e o solo vem recebendo aporte de palha há vários anos, por meio do sistema plantio direto. Em Patos a área está na Fazenda Experimental Sertãozinho, de propriedade da EPAMIG, onde os restos culturais são picados e incorporados ao solo e a 1

irrigação é por meio de aspersão convencional. A adubação nos dois locais, constitui-se de 40 a 50 kg/ha de N, 70 a 80 kg/ha de P 2 O 5 e 50 a 60 kg/ha K 2 O, na semeadura, mais 60 a 70 kg/ha de N, em cobertura entre 20 e 25 dias após a semeadura. O delineamento utilizado foi de blocos casualizados com três repetições. As parcelas constituíram-se de 5 linhas de 6,0 m de comprimento, espaçadas de 0,20 cm entre si. As semeaduras foram realizadas no mês de abril em Coromandel e na segunda quinzena de maio em Patos de Minas. Os genótipos foram avaliados por meio do rendimento de grãos, peso do hectolitro, altura de planta e incidência de doenças em Patos de Minas, ao passo que, em Coromandel, avaliou-se também a massa de mil grãos e o ciclo ao espigamento e à maturação. Para avaliação adotou-se o seguinte critério: para brusone foram dadas notas de 0 a 5 de acordo com o número de espigas com brusone na parcela (0- nenhuma espiga, 1- de 1 a 3; 2 de 4 a 7; 3 de 8 a 10; 4 de 11 a 15 e 5 mais de 15 espigas). As manchas foliares foram avaliadas conforme o percentual de área foliar afetada. A ferrugem da folha foi de acordo com o percentual de incidência e o tipo de infecção. Os rendimentos de grãos de Coromandel foram 36% superiores aos de Patos de Minas (Tabela1), onde os genótipos Supera (6941 kg/ha), CPAC 04215, BRS 254, CPAC 05266, CPAC 0258, Ônix, BRS 264, CPAC 0544, CPAC 04343, CPAC 05342, CPAC 05148 e CPAC 04200 (8114 kg/ha), formaram o grupo de rendimentos estatisticamente superiores, enquanto em Patos de Minas não houveram diferenças significativas entre os genótipos avaliados. Dois deles produziram acima de 8 t/ha em Coromandel, superando os resultados obtidos por Soares Sobrinho et al., 2006 e 2008, Alvarenga et al., 2009 e Trindade et al, 2006, nos cerrados de Minas Gerais e Goiás, respectivamente. Na média dos dois locais, destacaram-se CPAC 0544, CPAC 04343, CPAC 05266, CPAC 05342, CPAC 05148 e CPAC 04200, cujos rendimentos superam a média das cultivares BRS 254 e BRS 264 (5889,2 kg/ha) em 1,3 a 8,2%. Os valores de peso do hectolitro também foram superiores em Coromandel, assim como a altura de planta, demonstrando melhores enchimentos de grãos e desenvolvimento das plantas. Essas diferenças entre os locais no que dizem respeito ao comportamento geral dos genótipos estão relacionadas ao histórico de manejo mais adequado do solo de Coromandel, já que originalmente o mesmo era menos fértil do que o de Patos, mas como recebe há anos aporte de palha através do plantio direto, oferece melhores condições ao desenvolvimento das plantas do que o solo de Patos, onde os resíduos são picados e incorporados ao solo a cada ano de cultivo. No que diz respeito à incidência de doenças, apesar da aplicação de fungicidas no ensaio de Coromandel, em alguns genótipos a incidência de brusone ainda foi alta, o que pode estar relacionada à diferença de ciclo dos genótipos, o que não muda o fato de CPAC 04347, CPAC 05146 e CPAC 023026 terem se apresentado muito suscetíveis. Em Patos, sem aplicação de fungicidas, ocorreu ferrugem da folha, porém a incidência só aumentou após o enchimento de grãos, o que não trouxe prejuízos ao rendimento de grãos dos genótipos suscetíveis, tais como CPAC 0567, Supera, CPAC 05328 e CPAC (Tabela 2). Ali também foi constado que os genótipos CPAC 023026, PF 983118, BRS 254, CPAC 04215, CPAC 04343, CPAC 04295 e CPAC 05345 foram resistentes àquela raça prevalente. Destacaram-se as linhagens CPAC 0544, CPAC 04343, CPAC 05266, CPAC 05342, CPAC 05148e CPAC 04200. Os genótipos CPAC 04347, CPAC 05146 e CPAC 023026 são muito suscetíveis à brusone. Os genótipos CPAC 0567, Supera, CPAC 05328e CPAC 05347 foram altamente suscetíveis à ferrugem da folha. 2

Os genótipos CPAC 023026, PF 983118, BRS 254, CPAC 04215, CPAC 04343, CPAC 04295 e CPAC 05345 foram os mais resistentes à ferrugem da folha. Tabela 1. Rendimento de grãos, rendimento relativo, peso do hectolitro e massa de mil grãos de genótipos de trigo irrigado, para panificação, em Minas Gerais, no ano de 2010. Genótipo Rend. de grãos (kg/ha) RR Peso do hectolitro (kg/ha) MMG (g) 2 Coro 3 PM 4 Média (%) Coro PM Média Coro CPAC 0258 7345 a 4261 a 5803.0 98.5 82.7 b 78.7 a 80.7 50 c CPAC 02167 6168 b 4280 a 5224.0 88.7 82.6 a 77.7 a 80.2 43 d CPAC 023026 5532 b 4311 a 4921.5 83.6 81.4 c 78.3 a 79.9 54 b CPAC 04200 8114 a 4634 a 6374.0 108.2 80.1 d 78.3 a 79.2 57 a CPAC 04215 6989 a 3966 a 5477.5 93.0 81.1 c 78.7 a 79.9 58 a CPAC 04295 6429 b 4243 a 5336.0 90.6 81.8 c 79.0 a 80.4 54 b CPAC 04343 7634 a 4526 a 6080.0 103.2 81.7 c 80.7 a 81.2 59 a CPAC 04347 6750 b 3417 a 5083.5 86.3 80.9 d 79.7 a 80.3 54 b CPAC 0544 7562 a 4367 a 5964.5 101.3 81.3 c 79.3 a 80.3 49 c CPAC 0549 6390 b 4428 a 5409.0 91.8 81.9 c 79.3 a 80.6 53 b CPAC 0567 5671 b 4163 a 4917.0 83.5 82.1 b 78.3 a 80.2 48 c CPAC 05146 5898 b 4317 a 5107.5 86.7 83.5 a 80.3 a 81.9 53 b CPAC 05147 6369 b 4064 a 5216.5 88.6 82.7 a 79.7 a 81.2 53 b CPAC 05148 8060 a 4631 a 6345.5 107.7 83.0 a 80.7 a 81.9 49 c CPAC 05266 7208 a 5045 a 6126.5 104.0 82.0 b 80.3 a 81.2 55 b CPAC 05318 6277 b 3916 a 5096.5 86.5 81.6 c 80.3 a 81.0 55 b CPAC 05320 6406 b 4483 a 5444.5 92.4 80.6 d 78.0 a 79.3 53 b CPAC 05328 6617 b 3978 a 5297.5 90.0 80.4 d 79.7 a 80.1 51 c CPAC 05342 7895 a 4360 a 6127.5 104.0 82.1 b 78.0 a 80.1 52 b CPAC 05345 6595 b 4823 a 5709.0 96.9 81.7 c 78.7 a 80.2 56 a CPAC 05347 6415 b 3417 a 4916.0 83.5 81.1 c 80.0 a 80.6 54 b PF 993118 6591 b 4866 a 5728.5 97.3 82.1 b 79.3 a 80.7 53 b BRS 254 7162 a 4625 a 5893.5 100.1 81.6 c 80.0 a 80.8 48 c BRS 264 7361 a 4409 a 5885.0 99.9 82.2 b 79.0 a 80.6 49 c Onix 7347 a 3984 a 5665.5 96.2 83.2 a 78.3 a 80.8 45 d Supera 6941 a 4508 a 5724.5 97.2 81.7 c 78.7 a 80.2 51 c Média 6835.5 4365.2 5572.1 81.8 79.2 80.5 51.9 CV (%) 7.62 16 0.66 1.67 3.83 1 Rendimento de grãos; 2 Rendimento relativo à média de BRS 254 e BRS 264 (5889,2 kg/ha) 3 Massa de mil grãos; 4 Coromanel; 5 Patos de Minas 3

Tabela 2 - Altura de planta, ciclo ao espigamento e à maturação e incidência de doenças de genótipos de trigo para panificação, em dois locais de Minas Gerais, em 2011. Genótipo Altura de planta (cm) Coromandel PM Coro 1 PM 2 CE (dias) 3 CM (dias 4 ) MF (%) 5 Brusone FeFa 6 CPAC 0258 92 b 77 a 55,3 a 133,3 b 10.7 2.0 15 MR CPAC 02167 92 b 70 b 57,0 a 135,7 b 14.0 1.0 20 MS CPAC 023026 83 d 71 b 47,3 c 129,7 b 31.7 5.0 1 AR CPAC 04200 89 c 72 b 55,3 a 133,7 b 14.7 1.0 30 MR CPAC 04215 95 a 80 a 52,0 b 137,7 a 8.7 1.0 4 R CPAC 04295 87 c 75 a 55,3 a 137,0 a 7.7 1.0 6 R CPAC 04343 89 c 70 b 49,7 c 128,3 b 14.3 1.0 4 R CPAC 04347 89 c 72 b 53,3 b 135,0 b 15.3 3.0 0 AR CPAC 0544 97 a 75 a 57,0 a 140,7 a 12.3 1.0 35 S CPAC 0549 97 a 73 b 55,3 c 138,3 a 14.0 1.0 10 MR CPAC 0567 96 a 76 a 52,0 b 142,3 a 15.7 2.0 70 AS CPAC 05146 84 d 70 b 49,7 c 140,0 a 16.7 3.0 7 MR CPAC 05147 84 d 72 b 51,0 b 139,7 a 9.0 2.0 12 MS CPAC 05148 88 c 73 a 55,3 a 142,3 a 7.7 1.0 5 MR CPAC 05266 91 b 69 c 51,7 b 135,3 a 17.7 2.0 30 S CPAC 05318 83 d 65 c 55,3 a 137,0 a 13.0 2.0 10 MS CPAC 05320 88 c 73 b 57,0 a 135,0 b 11.0 2.0 7 S CPAC 05328 83 d 63 c 57,0 a 131,7 b 8.0 2.0 80 AS CPAC 05342 94 a 78 a 55,3 a 137,3 a 10.7 0.0 25 S CPAC 05345 86 d 70 b 55,0 a 135,0 b 12.0 1.0 6 R CPAC 05347 84 d 77 a 53,3 b 135,0 b 8.7 2.0 80 AS PF 993118 81 d 69 b 53,3 b 139,3 a 9.3 1.0 2R BRS 254 89 c 74 a 57,0 a 135,0 b 5.3 1.0 4 R BRS 264 92 b 80 a 47,3 c 127,3 b 8.7 1.0 20 S Onix 96 a 76 a 59,7 a 148,3 a 4.7 1.0 50 S Supera 91 b 72 b 59,7 a 139,3 a 6.3 1.0 70 AS Média 89,2 72,7 54,1 136,5 11.8 2.0 CV (%) 3,2 5,4 4,8 3,6 1 Coromandel; 2 Patos de Minas; 3 e 4 Ciclo ao espigamento e à maturação; 5 Mancha Foliar 5 Ferrugem da folha Referências ALVARENGA, C.B. de; SOARES SOBRINHO, J.; ALVARENGA, P.B. Comportamento de genótipos de trigo cultivados nos cerrados do Brasil Central, em diferentes municípios do Estado de Minas Gerais. Biosci. J., v.25, n.5, p. 93-97, Uberlândia-MG, 2009. FERNANDES, M.I. de M. Domesticando o grão. Ciência hoje, Rio de Janeiro v.3, n.17, p.35-44, 1985. SOARES SOBRINHO, J. Efeito de doses de nitrogênio e de lâminas de água sobre as características agronômicas e industriais em duas cultivares de trigo (Triticum aestivum L.). Jaboticabal: UNESP, 1999. 102p. Tese (Doutorado em Produção Vegetal). 4

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