Filosofia da natureza, Teoria social e Ambiente Ideia de criação na natureza, Percepção de crise do capitalismo e a Ideologia de sociedade de risco.



Documentos relacionados
Construção, desconstrução e reconstrução do ídolo: discurso, imaginário e mídia

UNIDADE I OS PRIMEIROS PASSOS PARA O SURGIMENTO DO PENSAMENTO FILOSÓFICO.

A EDUCAÇÃO PARA A EMANCIPAÇÃO NA CONTEMPORANEIDADE: UM DIÁLOGO NAS VOZES DE ADORNO, KANT E MÉSZÁROS

ADMINISTRAÇÃO GERAL MOTIVAÇÃO

Aluno(a): / / Cidade Polo: CPF: Curso: ATIVIDADE AVALIATIVA ÉTICA PROFISSIONAL

- Tudo isto através das mensagens do RACIONAL SUPERIOR, um ser extraterreno, publicadas nos Livros " SO EM DESENCANTO ". UNIVER

Educação Patrimonial Centro de Memória

CATHIANI MARA BELLÉ EM KANT, É POSSÍVEL O HOMEM RACIONAL SER FELIZ?

Marxismo e Ideologia

Principais Teorias da Aprendizagem

O QUE OS ALUNOS DIZEM SOBRE O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA: VOZES E VISÕES

Uma conceituação estratégica de "Terceiro Setor"

A origem dos filósofos e suas filosofias

PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

Apresentação. Cultura, Poder e Decisão na Empresa Familiar no Brasil

UNIÃO EDUCACIONAL DO NORTE UNINORTE AUTOR (ES) AUTOR (ES) TÍTULO DO PROJETO

INDISCIPLINA ESCOLAR E A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO: UMA ANÁLISE SOB AS ÓTICAS MORAL E INSTITUCIONAL

Trabalho realizado por: Diva Rafael 12ºA nº15

O Determinismo na Educação hoje Lino de Macedo

Walter Benjamin e o papel do cinema na sociedade

PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL COMO UM DIREITO FUNDAMENTAL

HEGEL: A NATUREZA DIALÉTICA DA HISTÓRIA E A CONSCIENTIZAÇÃO DA LIBERDADE

PALAVRAS-CHAVE (Concepções de Ciência, Professores de Química, Educação Integrada)

Administração de Pessoas

A LEITURA NA VOZ DO PROFESSOR: O MOVIMENTO DOS SENTIDOS

Disciplina Corpo Humano e Saúde: Uma Visão Integrada - Módulo 3

Colégio Ser! Sorocaba Sociologia Ensino Médio Profª. Marilia Coltri

ANTROPOLOGIA FILOSÓFICA DE EDITH STEIN. Prof. Helder Salvador

A ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO COMO PRINCÍPIO EDUCATIVO NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

A INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA NA ESCOLHA DA PROFISSÃO Professor Romulo Bolivar.

A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE MATEMÁTICA À DISTÂNCIA SILVA, Diva Souza UNIVALE GT-19: Educação Matemática

Kant Uma Filosofia de Educação Atual?

MEDITANDO À LUZ DO PATHWORK. Clarice Nunes

Karl Marx e a crítica da sociedade capitalista

EXPRESSÃO CORPORAL: UMA REFLEXÃO PEDAGÓGICA

OS CANAIS DE PARTICIPAÇÃO NA GESTÃO DEMOCRÁTICA DO ENSINO PÚBLICO PÓS LDB 9394/96: COLEGIADO ESCOLAR E PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

Elaboração de Projetos

O SUJEITO EM FOUCAULT

CURIOSIDADE É UMA COCEIRA QUE DÁ NAS IDÉIAS

A Alienação (Karl Marx)

Mito, Razão e Jornalismo 1. Érica Medeiros FERREIRA 2 Dimas A. KÜNSCH 3 Faculdade Cásper Líbero, São Paulo, SP

Interpretação do art. 966 do novo Código Civil

SÓ ABRA QUANDO AUTORIZADO.

Rousseau e educação: fundamentos educacionais infantil.

CÓDIGO CRÉDITOS PERÍODO PRÉ-REQUISITO TURMA ANO INTRODUÇÃO

VI Seminário de Pós-Graduação em Filosofia da UFSCar 20 a 24 de setembro de 2010

Estratégias adotadas pelas empresas para motivar seus funcionários e suas conseqüências no ambiente produtivo

MÓDULO 5 O SENSO COMUM

Piaget diz que os seres humanos passam por uma série de mudanças previsíveis e ordenadas; Ou seja, geralmente todos os indivíduos vivenciam todos os

Jesus declarou: Digo-lhe a verdade: Ninguém pode ver o Reino de Deus, se não nascer de novo. (João 3:3).

Disciplina: Alfabetização

I OS GRANDES SISTEMAS METAFÍSICOS

A CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTOS PERTINENTES NA EDUCAÇÃO ESCOLAR

Centralidade da obra de Jesus Cristo

A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DE PEDAGOGIA DA FESURV - UNIVERSIDADE DE RIO VERDE

O homem transforma o ambiente

O QUE É LEITURA? Mestrado em Políticas Públicas da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). 1

APÊNDICE. Planejando a mudança. O kit correto

Lição 9 Desafios de um ministério local Parte 1

Perfil dos serviços de atendimento a alcoolistas no Estado do Rio de Janeiro e a Política de Redução de Danos

PROBLEMATIZAÇÃO DA E. M. MARIA ARAÚJO DE FREITAS - GOIÂNIA TEMA GERADOR

OS SENTIDOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NA CONTEMPORANEIDADE Amanda Sampaio França

RÉPLICA A JORGE J. E. GRACIA 1

A Declaração Universal dos Direitos dos Animais e o aumento da consciência ecológica

Composição dos PCN 1ª a 4ª

EDUCAÇÃO AMBIENTAL & SAÚDE: ABORDANDO O TEMA RECICLAGEM NO CONTEXTO ESCOLAR

FAZEMOS MONOGRAFIA PARA TODO BRASIL, QUALQUER TEMA! ENTRE EM CONTATO CONOSCO!

20 perguntas para descobrir como APRENDER MELHOR

A DANÇA E O DEFICIENTE INTELECTUAL (D.I): UMA PRÁTICA PEDAGÓGICA À INCLUSÃO

FILOSOFIA SEM FILÓSOFOS: ANÁLISE DE CONCEITOS COMO MÉTODO E CONTEÚDO PARA O ENSINO MÉDIO 1. Introdução. Daniel+Durante+Pereira+Alves+

A ENERGIA MENTAL E O PROCESSO SAÚDE/DOENÇA.

LIDERANÇA, ÉTICA, RESPEITO, CONFIANÇA

BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS NOS ANOS INICIAIS: UMA PERSPECTIVA INTERGERACIONAL

Introdução de Sociologia

TRANSCRIÇÃO PROF. MIRACY

Conhecimento - Kant e Númeno Teresa Simões FBAUL, 2006

A Sustentabilidade e a Inovação na formação dos Engenheiros Brasileiros. Prof.Dr. Marco Antônio Dias CEETEPS

Abordagens pedagógicas no ensino de Educação Física. Prof.ª Sara Caixeta

[T] Léo Peruzzo Júnior [a], Valdir Borges [b]

O marxismo heterodoxo de João Bernardo

Fascículo 2 História Unidade 4 Sociedades indígenas e sociedades africanas

A IMPORTÂNCIA DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO PARA OS CURSOS PRÉ-VESTIBULARES

O Planejamento Participativo

A IMPORTANCIA DOS RECURSOS DIDÁTICOS NA AULA DE GEOGRAFIA

O TRABALHO COM PROBLEMAS GEOMÉTRICOS

Como construir um Portfólio Reflexivo de Aprendizagens?

Gestão de Pessoas. É bem mais fácil quando você conhece profundamente seus colaboradores

PREFÁCIO DA SÉRIE. estar centrado na Bíblia; glorificar a Cristo; ter aplicação relevante; ser lido com facilidade.

A TEORIA DA PROPOSIÇÃO APRESENTADA NO PERIÉRMENEIAS: AS DIVISÃO DAS PRO- POSIÇÕES DO JUÍZO.

COMO TER TEMPO PARA COMEÇAR MINHA TRANSIÇÃO DE CARREIRA?

C - Objetivos de aprendizagem (conceituais e procedimentais/habilidades):

CRISTO E SCHOPENHAUER: DO AMAR O PRÓXIMO COMO A TI MESMO À COMPAIXÃO COMO FUNDAMENTO DA MORAL MODERNA

O COORDENADOR PEDAGÓGICO COMO FORMADOR: TRÊS ASPECTOS PARA CONSIDERAR

Mudança gera transformação? Mudar equivale a transformar?

O PSICÓLOGO (A) E A INSTITUIÇÃO ESCOLAR ¹ RESUMO

QUESTÕES FILOSÓFICAS CONTEMPORÂNEAS: HEIDEGGER E O HUMANISMO

A PERCEPÇÃO DE JOVENS E IDOSOS ACERCA DO CÂNCER

CASTILHO, Grazielle (Acadêmica); Curso de graduação da Faculdade de Educação Física da Universidade Federal de Goiás (FEF/UFG).

Manifeste Seus Sonhos

Transcrição:

VI Encontro Nacional da Anppas 18 a 21 de setembro de 2012 Belém - PA Brasil Filosofia da natureza, Teoria social e Ambiente Ideia de criação na natureza, Percepção de crise do capitalismo e a Ideologia de sociedade de risco. Pâmela Soares Alves Universidade Federal do Pará Mestranda em Ciências Sociais Sociologia Graduanda em Filosofia Resumo A natureza em perspectiva de investigação da filosofia da natureza e da teoria social para se compreender o ambiente, apresenta várias unidades de conhecimento com limites de entendimento da complexidade da reprodução da vida humana. André Gorz, na obra Ecologia e Liberdade, escreve sobre a crise do capitalismo dividindo em níveis: crise de superacumulação e crise de reprodução, a dialética é inerente a realidade, a natureza é dialética, o homem não está separado da natureza, são relações que se sobrepõe, a natureza também está constantemente em crise, através dos seus movimentos, fenômenos naturais, assim como as relações humanas, a crise não representa uma decadência do capitalismo, não se constitui como condição da sua permanência e existência? Collingwood ao explicar a ideia de natureza na perspectiva de Kant, nos coloca que ele insistiu em que o espírito que faz a natureza é um espírito puramente humano, [...] este espírito não é o espírito do pensador individual, mas sim um ego transcendental, a mentalidade como tal ou entendimento puro, que é imanente a todo o pensamento humano (e este não cria, embora faça a natureza. (COLLINGWOOD, 1976, p.130). A ideia de criação absoluta pertence à natureza, a priori da nossa percepção, com isso, queremos dizer que o homem não cria, mas faz a natureza. 1

Ideia de criação na natureza No livro Ciência e Filosofia: A ideia de natureza, de R.G.Colingwood, livro que tem o título em inglês The ideia of nature, título que reforça e revela o que o autor buscou com essa obra, mostra como está construída a forma da natureza para o homem, perpassando diversos pensadores que se esforçaram para organizar a ideia de natureza para o pensamento, neste trabalho nos deteremos à análise feita por Collingwood sobre Kant, nos mostrando primeiramente que o espírito que faz a natureza é um espírito puramente humano, [...] mas, [...] este espírito não é o espírito do pensador individual, mas sim um ego transcendental, a mentalidade como tal ou entendimento puro, que é imanente a todo o pensamento humano (e este não cria, embora também faça a natureza.) (COLLINGWOOD, 1976, p.130). Este espírito é puramente humano porque a razão humana representa a fonte do conhecimento, através de seu intelecto pode conhecer as coisas e organizar mentalmente a realidade, e consiste em um ego transcendental e não em um espírito do pensador individual porque se trata da regra como conhecemos as coisas, a forma como o pensamento apreende a realidade, portanto não é um espírito do pensador individual porque não é o particular, mais sim o universal, o ego transcendental, por isso é imanente a todo o pensamento humano, e este não cria, mas também faz natureza, não cria porque as coisas já estão ai, porém faz natureza conhecendo e produzindo novos conhecimentos sobre as coisas, pois as regras e as leis de funcionamento em geral do intelecto sobre as coisas estão fazendo natureza em sua atividade. Entender a atividade do pensamento é importante para compreender como fazemos natureza, visto a natureza ou mundo material ser conhecido por nós apenas como uma coleção de fenômenos, os quais devem a sua existência à nossa atividade pensante e são essencialmente relativos a essa atividade, a nossa experiência prática como agentes morais ativos revela-nos, não uma simples coleção de fenômenos mentais, mas sim o espírito tal como é em si mesmo. (COLLINGWOOD, 1976, p.131). Dessa maneira percebemos a existência das coisas parcialmente condicionadas à atividade pensante, os fenômenos presentes na natureza ou no mundo material estão essencialmente relacionados à nossa capacidade cognitiva, ao pensarmos as coisas trazemos para o nosso espírito os fenômenos do mundo, afirmando que se quisermos saber o que o espírito 2

realmente é em si mesmo, a resposta é: atua, e logo o saberás (COLLINGWOOD, 1976, P.131), essa ação para o autor nos confronta com a realidade, a atuação do homem através da ação que resulta parcialmente das atividades de pensamento, a natureza se constrói com esses exercícios do espírito, a vida da ação é uma vida em que o espírito humano alcança a sua própria realidade, a sua própria existência como espírito, e, ao mesmo tempo alcança consciência da sua própria realidade como espírito (COLLINGWOOD, 1976, P.132) O autor do livro conclui após essa análise que o objeto do conhecimento científico não é Deus, nem o espírito, nem as coisas em si, mas sim a natureza (COLLINGWOOD, 1976, P.133). Entendendo esse processo de fazer natureza, podemos compreender melhor o que pensamos sobre criação da natureza, tal ideia nos mostra um estágio de estrutura capaz de tornar algo existente, sendo que as coisas estão ai, são dadas e o intelecto nos permite conhece-las, tornar algo existente para a mente é um produto parcial do que a coisa é em si, mas o pensamento não origina matéria, a atividade do espírito e a ação permitem a organização e elaboração das coisas, mas não sua criação, por isso nós fazemos natureza, e o que entendemos por criação tem se afastado do que realmente é possível para o homem. A ideia de criação absoluta pertence à natureza, anteriormente a nossa percepção, com isso, queremos dizer que o homem não cria, mas faz a natureza. Percepção de crise do capitalismo A natureza em perspectiva de investigação da filosofia da natureza e da teoria social para se compreender o ambiente, apresenta várias unidades de conhecimento com limites de entendimento da complexidade da reprodução da vida humana. O mundo social está imbricado ao mundo natural, os fenômenos naturais, por exemplo: maremotos, erupções vulcânicas, terremotos, furações, etc. são movimentos do mundo natural, que estão à parte de conceitos e julgamentos morais, políticos, econômicos, culturais e sociais, ou seja, estão à parte da ética, o mundo social também possui diversos movimentos, que chamamos fenômenos sociais, a exemplo, temos em visão macro as crises do capitalismo e em visão micro as crises de um casamento. 3

André Gorz no seu livro ecologia e liberdade considera que o capitalismo de crescimento está em crise não apenas por ser capitalismo, mas também por ser de crescimento. (GORZ, 1978, p.9), então nos questionamos, a crise do capitalismo não se constitui como condição da sua existência e permanência? Para responder a essa pergunta temos que perceber os movimentos da natureza, as transformações que se processam todos os dias ao observarmos fenômenos naturais como maremotos, erupções vulcânicas, terremotos e furacões, que nos revela a instabilidade da natureza, as irregularidades no seu comportamento, pois qual fim tem para a terra a erupção de um vulcão? São crises constantes, que são elementos da sua própria forma de existir, sua permanência e maneira de se transformar, em busca de novos arranjos, portanto se na existência do mundo natural esse tornar-se constituído de ruptura com um suposto equilíbrio é o que o caracteriza, o que faz movimentar-se no espaço e no tempo, então as crises no mundo social reproduzem uma ordem universal, que revelam tanto sua existência quanto o complexo modo irregular de se manifestar a nossa percepção. Em outro ponto do livro de Gorz, encontramos que com todas as características clássicas de uma crise de superacumulação, a crise atual apresenta também novos aspectos que, salvo raras exceções, os marxistas não chegaram a prever, e aos quais, tudo aquilo que até hoje se chamou socialismo, não sabe responder: crise de relação dos indivíduos com o econômico; crise do trabalho; crise nas nossas relações com a natureza; com o corpo, com o outro sexo, com a sociedade, com os filhos, com a história; crise da vida urbana, do habitat, da medicina, da escola, da ciência. (GORZ, 1978, p.10) Com esse fragmento identificamos a constante da crise nas diversas formas do se apresentar ao mundo, que o autor tenta determinar como um símbolo de decadência, o homem não está separado da natureza, são relações que se sobrepõe, a natureza também está constantemente em crise, assim como as relações humanas, a crise não representa uma decadência do capitalismo. Ele ainda dividirá o que ele considera como crise do capitalismo em crise de superacumulação e crise de reprodução, sem perceber que as transformações do capitalismo ressaltam seu adequamento as modificações do mundo natural e social. 4

Ideologia de sociedade de risco Em contraposição ou reformulação dos pensamentos desenvolvidos em a sociedade de risco de Ulrich Beck, os contatos dos grupos sociais a situações de risco, situações limite que levarão aquele grupo social a transformar a sua estrutura de organização, suas crenças coletivas serão reafirmadas ou modificadas, a instabilidade da situação de risco provoca a reorganização da estrutura social. As instabilidades, as crises, os fenômenos, não constituem movimentos do mundo natural e do mundo social? David Goldblatt afirma que os teóricos clássicos da teoria social não possuíam o vocabulário de conceitos claros para descrever e entender as transformações do ambiente, e os teóricos modernos, após tantos conhecimentos produzidos sobre o ambiente, não produziram uma teoria social satisfatória para cercar as questões das degradações do ambiente e à política de ambiente. Ulrich Beck considera que os riscos modernos possuem as características de serem calculados, podemos prever sua ocorrência, não geram só impactos a nível local, mas ameaçam a sociedade inteira, tem alcance global. Ele descreve também a transição da sociedade industrial para a sociedade de risco, nesse processo as atribuições de responsabilidades dos prejuízos causados a natureza eram mais facilmente determinados, com a junção das diversas possibilidades de perigos, com o aumento do alcance dos prejuízos causados, estamos em período de dificuldade para atribuir as responsabilidades e possíveis indenizações que deveriam ser pagas. Conclusão A natureza não é estável, ela está em constante movimento, às interações homem-natureza são constantes, a preocupação com ambiente é posterior a tomada de consciência dos prejuízos para a natureza, o ambiente desconhecido, é como o corpo humano para quem não conhece o seu funcionamento, a forma como nos cuidamos reflete o tratamento ao ambiente, dessa maneira o controle sobre a natureza na verdade significou o seu descontrole, isto é, aperfeiçoaram-se métodos e técnicas no acelerado processo de industrialização, mas tal instrumental não possibilitou ao homem a compreensão de sua relação consigo mesmo e com a natureza. (SUASSUNA, et al, 2005, p.24) 5

Os agentes sociais não percebem que com sua reprodução material, eles fazem natureza, tão cheios de fenômenos como o ambiente, quando o homem compreender as reações para a terra dos vulcões, por exemplo, ele entenderá as reações urbanas dos fins dados ao lixo produzido pelos hábitos de consumo. A natureza como mundo natural, é incorporada ao mundo social, distribuída em parques, bosques e praças dentro das cidades, além disso, um dos grandes atrativos da construção civil são os edifícios próximos às praias, as propagandas criam estratégias de encantamento para organizar o desejo de consumir uma moradia próxima à natureza, também é indiscutível que os hábitos de lazer, durante os feriados demarcam um movimento que migra das metrópoles para balneários, praias, fazendas, sítios e práticas de esportes radicais que se dão em locais naturais. Enquanto o homem permanecer misterioso para o próprio homem, sem compreender o ser como essência transcendental e comum a todas as unidades concretas e abstratas, a natureza lhe parecerá distante e a vida sem sentido, tal como a reprodução material vivida no mundo social. Os conhecimentos que se produzem sobre a natureza, não são e nem podem controla-la, o homem não cria, mas faz natureza. Do mundo natural é possível entender a sua dinâmica, e quem sabe assim entender a dinâmica do mundo social. Referências Bibliográficas AZEVEDO, Aldo, et al. A relação corpo-natureza na modernidade. Sociedade e Estado. Brasília, v.20, n.1, p.23-38, jan./abr.2005. COLLINGWOOD, Robin George. Ciência e filosofia: a ideia de natureza. Tradução Frederico Montenegro. Rio de Janeiro, Martins Fontes, 1976. GOLDBLATT, David. Teoria social e ambiente. Lisboa, Instituto Piaget, 1996. GORZ, André. Ecologia e liberdade. Lisboa, Vega, 1978. 6