Beneficiários do RGPS, qualidade de segurado e carência Continuação... Carência é o número de contribuições mensais indispensáveis para que o beneficiário faça jus ao benefício, consideradas a partir do transcurso do primeiro dia dos meses de suas competências (art. 24, da Lei 8.213/91).
Carência para concessão dos benefícios: Auxílio-doença e aposentadoria por invalidez: necessário carência de 12 contribuições mensais. Aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de contribuição e aposentadoria especial: necessário carência de 180 contribuições mensais. Salário-maternidade para as seguradas contribuinte individual, facultativo e especial: necessário carência de 10 contribuições mensais, respeitado o disposto no parágrafo único do art. 39 da LB. Auxílio-reclusão: necessário carência de 24 contribuições mensais (na vigência da MP 871/19). OBS.: APOSENTADORIA POR IDADE. Regra de 180 contribuições é para quem se inscreveu depois de 25 de julho de 1991. Quem se inscreveu até um dia antes, vai entrar na regra de transição de acordo com a tabela abaixo (Art. 142, da Lei 8.213/91). O que se leva em conta na tabela é o ano em que implementou as condições para a obtenção do benefício, na parte esquerda da tabela tem a carência necessária para concessão.
Ex. Segurada mulher que completou 60 anos no ano de 2.000, pela tabela precisaria de 114 meses de carência. Mas digamos que nesse momento ela só tenha 100 meses de carência. Isso não importa, se ela fez 60 anos no ano 2.000 e nesse ano precisaria de 114 meses de carência, quando ela chegar aos 114 meses de carência ela terá direito de se aposentar, mesmo que isso tenha ocorrido no ano de 2001 ou 2002. O que vale para limitar a carência necessária é o ano em que ela completa 60 anos. CARÊNCIA (continuação) Na forma do art. 26, da Lei 8.213/91, independe de carência: pensão por morte, salário-família e auxílio-acidente Estando filiado, mesmo que apenas a um dia, tem direito a esses benefícios. Art. 26, II, da Lei 8.213/91: Art. 26. Independe de carência a concessão das seguintes prestações:
II - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos de acidente de qualquer natureza ou causa e de doença profissional ou do trabalho, bem como nos casos de segurado que, após filiar-se ao RGPS, for acometido de alguma das doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e da Previdência Social, atualizada a cada 3 (três) anos, de acordo com os critérios de estigma, deformação, mutilação, deficiência ou outro fator que lhe confira especificidade e gravidade que mereçam tratamento particularizado; Estando filiado, mesmo que apenas a um dia, tem direito Portaria MPAS/MS 2.998/01 (Lista de doenças que isentam o segurado da carência) e art. 151, da Lei 8.213/91. Art. 151 da Lei 8.213/91. Até que seja elaborada a lista de doenças mencionada no inciso II do art. 26, independe de carência a concessão de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez ao segurado que, após filiar-se ao RGPS, for acometido das seguintes doenças: tuberculose ativa, hanseníase, alienação mental, esclerose múltipla, hepatopatia grave, neoplasia maligna, cegueira, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estado avançado da doença de Paget (osteíte deformante), síndrome da deficiência imunológica adquirida (aids) ou contaminação por radiação, com base em conclusão da medicina especializada. Portaria MPAS/MS 2.998/01. Art. 1º As doenças ou afecções abaixo indicadas excluem a exigência de carência para a concessão de auxíliodoença ou de aposentadoria por invalidez aos segurados do Regime Geral de Previdência Social - RGPS: I - tuberculose ativa; II - hanseníase; III- alienação mental; IV- neoplasia maligna; V - cegueira VI - paralisia irreversível e incapacitante; VII- cardiopatia grave; VIII - doença de Parkinson; IX - espondiloartrose anquilosante; X - nefropatia grave; XI - estado avançado da doença de Paget (osteíte deformante); XII - síndrome da deficiência imunológica adquirida - Aids; XIII - contaminação por radiação, com base em conclusão da medicina especializada; e XIV - hepatopatia grave. OBS.: Precisa ter desenvolvido alguma dessas doenças APÓS se filiar ao RGPS.
Ex.: Segurado internado descobre que é portador de um câncer. Após descobrir ele começa a recolher contribuições. Se esse segurado quiser um auxílio-doença ele provavelmente será negado com base no 1º do Art. 59 da Lei 8.213/91. Antes da MP 871/19: Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Parágrafo único. Não será devido auxílio-doença ao segurado que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social já portador da doença ou da lesão invocada como causa para o benefício, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão. (Revogado pela Medida Provisória nº 871, de 2019) Na vigência da MP 871/19 Parágrafo único. Não será devido auxílio-doença ao segurado que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social já portador da doença ou da lesão invocada como causa para o benefício, salvo quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento dessa doença ou lesão. (Revogado pela Medida Provisória nº 871, de 2019) 1º Não será devido o auxílio-doença ao segurado que se filiar ao Regime Geral de Previdência Social já portador da doença ou da lesão invocada como causa para o benefício, exceto quando a incapacidade sobrevier por motivo de progressão ou agravamento da doença ou da lesão. (Redação dada pela Medida Provisória nº 871, de 2019) Logo, a principio, não terá direito ao auxílio-doença, a não ser que a doença progrida e gere a incapacidade. Mas se ele morrer, os dependentes terão direito a pensão por morte. Carência começa a contar da data da filiação (a filiação para o segurado empregado se dá com o início do exercício da atividade remunerada, mesmo não tendo sido inscrito ainda). A responsabilidade de recolhimento da contribuição para segurados empregados, inclusive os domésticos, e dos trabalhadores avulsos é do empregador, se o empregador não recolheu, o trabalhador não pode ser prejudicado.
Já para o contribuinte individual e para o facultativo, começa a contar a partir do primeiro pagamento em dia. Se paguei a primeira em dia, e atrasei as demais, ao pagar essas atrasadas, elas contaram como carência. Art. 4 da Lei 10.666 a responsabilidade pelo recolhimento da contribuição do individual que presta serviço para empresa é do tomador de serviço, ou seja, da empresa. Mesmo que a empresa não tenha recolhido, vai contar como tempo de contribuição e carência. Recuperação da qualidade de segurado Até a MP 739 O SEGURADO QUE PERDEU a condição de segurado, para recuperá-la precisava cumprir um terço da carência exigida. A MP 739 e depois a 767 passaram a prever que para recuperar a qualidade de segurado, deverá recolher o período integral. A MP 767 foi convertida na lei 13.457/2017 porém prevendo que para recuperar a qualidade se segurado, precisava cumprir 50% da carência. MP 871/19 passou a prever que é necessário o recolhimento da carência INTEGRAL para ter acesso aos benefícios. Ex.: Dona Maria, 62 anos, exerceu atividade remunerada por 12 anos na condição de doméstica. Contraiu uma doença e ficou por 8 anos em gozo de auxílio-doença. Esse período em gozo de auxílio-doença será considerado como tempo de contribuição, desde que o período esteja intercalado entre contribuições. Totalizou então 20 anos de tempo de contribuição. Você então pediu que ela fizesse uma contribuição como individual e requereu benefício de aposentadoria por idade. Nesse caso, em regra, o INSS negará o benefício sob a alegação de que de fato ela possui 20 anos de tempo de contribuição, mas apenas 114 meses de carência (12 anos). Aposentadoria por idade exige 180 contribuições de carência. Art. 55, II, da Lei de Benefícios. Art. 60, IX, RPS Se o benefício decorre de acidente de trabalho, pouco importa se está intercalado ou não. Art. 29, 5º, da Lei 8.213/91.
Mas está correto, o INSS não deve considerar como carência? Existe uma vasta discussão sobre isso. Mas no Processo 5007252-92.2018.403.6183 (ACP ajuizada pelo IBDP 6ª Vara Previdenciária de São Paulo)), houve uma liminar mandando o INSS considerar como carência o período em gozo de benefício por incapacidade. Essa decisão é para todo país. No mesmo sentido Súmula 73, da TNU. Súmula 73 da TNU Enunciado O tempo de gozo de auxílio-doença ou de aposentadoria por invalidez não decorrentes de acidente de trabalho só pode ser computado como tempo de contribuição ou para fins de carência quando intercalado entre períodos nos quais houve recolhimento de contribuições para a previdência social. Intercalado: Para considerar como intercalado, eu preciso recolher no mês imediatamente seguinte? Tem decisões nesse sentido, mas a lei não limita esse tempo. Isso é um entendimento restritivo. Professor entende que não precisa ser no mês imediatamente posterior, mas se possível, recolha logo para se resguardar. O auxílio-acidente é um benefício por incapacidade? O STJ entende que sim! STJ: O auxílio-acidente - e não apenas o auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez - pode ser considerado como espécie de "benefício por incapacidade", apto a compor a carência necessária à concessão da aposentadoria por idade. É de ser observada a vetusta regra de hermenêutica, segundo a qual "onde a lei não restringe, não cabe ao intérprete restringir" (STJ, REsp 1.243.760/PR, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 02/04/2013, DJe 09/04/2013)
Cálculo da Renda Mensal Inicial - RGPS Renda Mensal Inicial: obtido pela aplicação de uma alíquota percentual ao salário de Benefício. Salário de Benefício (SB) Base de cálculo da RMI. Então antes de encontrar a RMI, preciso achar o Salário de Benefício (art. 28 da Lei 8.213/91 -Lei de Benefício) Como calcular o SB? Art. 29 da LB = média aritmética simples dos 80% maiores salários de contribuição, multiplicados quando for o caso, pelo fator previdenciário. Em 1960 o salário de benefício era calculado pela média das 12 últimas contribuições. Em 1973 (Lei 5.890/73) o salário de benefício seria calculado com base nos 12 últimos salários de contribuição, ou com base nos últimos 36 salários de contribuição, dependendo do benefício. Para os últimos 12 meses teríamos o auxílio-doença, auxilioreclusão, aposentadoria por invalidez e pensão por morte. Com base nos últimos 36 seria a aposentadoria por velhice (nomenclatura da época), tempo de serviço, especial e abono de permanência. Essa vigorou até a CF/1988 CF/1988 Todos os benefícios passaram a ser considerados com base os últimos 36 salários de contribuição (art. 202) Lei 8213/91 Em sua redação original previa também a média dos últimos 36 salários de contribuição. Essa redação durou até 1999 quando passou a vigorar a média dos 80% maiores salários de contribuição. Achando então o salário de benefício, aplico sobre esse o percentual para chegar ao RMI. Alíquota dos benefícios: a) Auxílio-Acidente (B/36 ou B/94): 50%; b) Auxílio-Doença (B/31 ou B/91): 91%; c) Aposentadoria Por Invalidez (B/32 ou B/92): 100%;
d) Aposentadoria Por Tempo de Cont. (B/42): 100%; e) Aposentadoria Especial (B/46): 100%; f) Aposentadoria Por Idade (B/41): A partir de 70% até no máximo 100%; g) Pensão Por Morte (B/21 ou B/93) e Auxílio-Reclusão (B/25): 100%. Salário de Contribuição é a base de cálculo do tributo. Remuneração do segurado limitado do teto no RGPS. Art. 201, p. 11, da CF/1988. Para o Trabalhador Empregado ou Avulso: Artigo 28, I da Lei nº 8.212/91. Para o Empregado Doméstico: Artigo 28, II da Lei nº 8.212/91. Para o Contribuinte Individual: Artigo 28, III da Lei nº 8.212/91. Para o Segurado Facultativo: Artigo 28, IV da Lei nº 8.212/91. O facultativo recolhe sobre o valor que declarar, isso pode variar de um mês para o outro. Sua contribuição deve respeitar o limite do teto. Alíquotas de Contribuição Salário de contribuição do segurado empregado é a soma de suas remunerações. Ex.: Logo se recebe $1000 em uma empresa e $ 1000 em outra empresa, a sua remuneração é $ 2000. Logo, sua alíquota será de 9% e não 8%. Precisa informar ao empregador. Ex2: Recebe $ 5.000 na primeira empresa e $ 3.000 na segunda empresa (renda $ 8mil). O teto é de R$ 5.839,45, logo não vai recolher sobre $ 8 mil e sim sobre o teto. Na primeira empresa vai recolher 11% sobre 5 mil e na segunda 11% sobre $ 839,45.
Obs.: Artigo 21 da Lei nº 8.212/91 2 o, o contribuinte individual e o facultativo podem abrir mão da aposentadoria por tempo de contribuição e recolher apenas 11% sobre o saláriomínimo. Se quiser se aposentar por tempo, poderá complementar o valor. Obs.: Artigo 21 da Lei nº 8.212/91 2, II, o MEI e o segurado facultativo sem renda própria, pertencente à família de baixa renda (precisa estar inscrito no CadUnico) recolhem com alíquota de 5%, mas também não tem direito a aposentadoria por tempo. Obs.: O tomador do serviço do contribuinte individual (quando este presta serviço para empresa), é o responsável pelo recolhimento previdenciário e a alíquota contributiva nesse caso será de 11%. Artigo 30, 4º da Lei nº 8.212/91: Alíquota 11% (onze por cento) Logo temos uma previsão de redução de alíquota para o individual que presta serviço para empresa, aqui não temos a exclusão da aposentadoria por tempo de contribuição. Salário de Contribuição e presunção de recolhimento: Pode ocorrer do empregador reter a contribuição e não repassar para o INSS. Ou ainda de não reter, mas o art. 33, p. 5 da Lei de Custeio (Lei 8.212/91), presume sempre como recolhido, por ser obrigação da empresa. Art. 34 da Lei 8.213, no calculo do RMI, SERÁ COMPUTADO : i para o segurado empregado, inclusive o doméstico, e o trabalhador avulso, os salários de contribuição referentes aos meses de contribuições devidas, ainda que não recolhidas pela empresa ou pelo empregador doméstico, sem prejuízo da respectiva cobrança e da aplicação das penalidades cabíveis, observado o disposto no 5 o do art. 29-A; [...] Na prática, se a empresa não recolheu, o INSS considera no salário de contribuição 1 salário mínimo. O segurado então precisa comprovar que a renda dele não é de um salário mínimo.