Valoração Ambiental e Conservação de Ecossistemas Alexandre Igari alexandre.igari@usp.br / igari@uol.com.br Lepac Laboratório de Ecologia de Paisagens e Conservação
Qual a principal estratégia para a conservação de ecossistemas? Qual a principal restrição para sua implementação?
Conservação em UCs e as pressões econômicas Objetivos das UC (Margules & Pressey Nature, 2000): Representar a biodiversidade de cada região Proteger essa biodiversidade dos processos que ameaçam sua persistência UCs acabam se concentrando em locais remotos não adequados a atividades econômicas Custos econômicos limitam a efetividade das UC (São Paulo UCs pequenas e fragmentadas) Necessidade de valoração dos recursos e serviços ecossistêmicos como contrapartida às pressões econômicas de usos alternativos das terras
Conservação ambiental e Valoração econômica Panorama Internacional - Convenção da Diversidade Biológica (CDB - ONU - COP 9 Bonn maio/2008): 191 países, 250 ONGs (Der Spiegel) II Simpósio Internacional de Savanas Tropicais (Embrapa Brasília outubro/2008) Aquecimento global mercado de carbono: Mecanismo de mercado para conter aquecimento Direito de propriedade (MDL) países fora do Anexo 1 Mangues proteção de tempestades / berçário Polinização Conservação de recursos hídricos Ciclagem de nutrientes
Recursos e Serviços ambientais Externalidades: Ocorrem independentemente da vontade de quem está sujeito à externalidade Fonte difusa Negativas (ex.: poluição por automóveis) Positivas (ex.: serviços ambientais)
Recursos e Serviços ambientais Bens públicos (externalidade): Não excludabilidade não se pode privar alguém de consumi-lo Não rivalidade o consumo de um não impede o consumo do outro Ex: Segurança nacional, beleza cênica Tragédia dos comuns (distorção de mercado): Consumo de água em prédios Free-rider
Valoração e a Internalização de Externalidades Soluções econômicas: Comando e controle: taxas pigouvianas - beneficiário pagador ou poluidor pagador (emissões de gases, efluentes, resíduos). Ex: taxação sobre indústrias, cigarros, APPs, reservas legais, etc. Mecanismos de mercado: teorema de Coase - direitos de propriedade. Ex: MDL
Valor econômico Produção (valor-trabalho): o valor de um produto depende da quantidade de trabalho investido na produção (Karl Marx). Ex: diamante x água Consumo (utilidade): valor depende da contribuição para o bemestar (John Stuart Mill). Ex: diamante x água no deserto Mercado: Oferta x Demanda (John Maynard Keynes) Oferta (produção) $ Quantidade Demanda (consumidores)
Valor econômico de bens e serviços ambientais Valorados como bens e serviços privados: Minérios Combustíveis fósseis Pesca Madeira Ecoturismo
Bens e serviços ambientais floresta Água (irrigação, consumo, navegação) Madeira, resinas, alimentos, fármacos Regulação do clima / chuvas Conservação do solo Ciclagem de nutrientes Recarga de aquíferos Banco genético Controle biológico de pragas Espécies ameaçadas de extinção Ecoturismo Água de Chuva
Derrubada da floresta $
Derrubada da floresta Chuva Enxurrada, erosão e perda de nutrientes Maior necessidade de adubação Menor percolação e recarga do aquífero Enchente Aumento de turbidez e assoreamento Menor disponibilidade de água Maiores custos com a plantação
Derrubada da floresta + pecuária Perda de solo: Com mata ciliar: 0,896 kg/ha/ano Com terra nua: 15.900 kg/ha/ano Com pasto: 245 kg/ha/ano JOLY, C. A.; SPIGOLON, J. R.; LIEBERG, S. A.; SALIS S. M.; AIDAR, M. P. M.; METZGER, J. P. W.; ZICKEL, C. S.; LOBO, P. C.; SHIMABUKURO, M. T.; MARQUES, M. C. M.; SALINO, A. Projeto Jacaré-Pepira o desenvolvimento de um modelo de recomposição da mata ciliar com base na florística regional. In: RODRIGUES, R. R.; LEITÃO FILHO, H. F. MATAS CILIARES: CONSERVAÇÃO E RECUPERAÇÃO. 2ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, Fapesp: 2001. p.271-287.
Externalidades Positivas: Água (irrigação, consumo, navegação) Regulação do clima / chuvas Conservação do solo Ciclagem de nutrientes Recarga de aquíferos Banco genético Controle biológico de pragas Espécies ameaçadas de extinção Ecoturismo Negativas: Menor produção de chuva Enxurrada Erosão Perda de nutrientes Maior necessidade de adubação Pesticidas e praguicidas Menor recarga do aquífero Enchente Aumento de turbidez Assoreamento Menor disponibilidade de água Menor vida útil de reservatórios
Por que valorar? Planejamento / Tomadores de decisão Análises de custo x benefício Políticas Programas Projetos Leis Desenvolvimento sustentável: Economico x Social x Ambiental Valoração ambiental é executada sempre sob a perspectiva humana de valor!
Valor econômico total (VET) VET = Valor de Uso + Valor de Existência VU = Direto + Indireto + Opção VU Direto: Exploração de madeira, fármacos, essências, pesca, água, minerais, ecoturismo, etc. VU Indireto: Fixação de carbono, conservação do solo, diluição de poluentes, reciclagem de nutrientes, etc. Valor de Opção (uso futuro): Banco genético de espécies nativas, princípios ativos, etc. Valor de Existência Não Uso (independentemente do uso): Espécies bandeira (mico-leão, panda gigante), floresta amazônica, etc.
Metodologias para valoração ambiental Mudança na produtividade: Derrubada da floresta: menor produção agrícola, perda de oportunidade de explorar ecoturismo e produtos florestais Custo de reposição (bens e serviços substitutos): adubo, dragagem do rio para navegação Prejuízos evitados: perda de safra por enchente, diminuição de vida útil de hidrelétricas e açudes Custo de viagem: ecoturismo + transporte + alimentação Preços hedônicos: maior valorização de imóveis em função da proximidade de recursos naturais Valoração contingente: questionários que objetivam a disposição a pagar (DAP) hipotética pelo recurso natural. Geralmente utilizada para identificar o Valor de Existência (não uso)
Desenvolvimento Sustentável x Taxa de Juros Desenvolvimento Sustentável Relatório Brundtland, Nosso Futuro Comum (1987): Assegura a satisfação das necessidades das gerações presentes sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer as suas próprias necessidades Taxa de juros valor pago por antecipar recebimentos PV = PMT_ i PV Valor presente PMT Recebimentos periódicos i Taxa de juros do período
Resultados Artigo The value of the world s ecosystem services and natural capital (Costanza et al, 1997) Nature v.19 (15) Valoração de 17 serviços ecossistêmicos Trabalhos em 16 biomas VET = US$ 33 trilhões / ano PIB = US$ 18 trilhões / ano
Serviços Ecossistêmicos (Costanza et al, 1997) Foram considerados somente serviços ecossistêmicos renováveis, sendo excluídos os combustíveis fósseis, minerais e a atmosfera
Serviços Ecossistêmicos (Costanza et al, 1997)
Agronegócio e Desenvolvimento Sustentável Uso extensivo das terras (77%) 1 Uso intensivo da água (62%) 2 Mudanças climáticas PIB agropecuário (7%) 3 Exportações (36%) 4 Ambiente Agronegócio Economia 1 IBGE 2006 São Paulo 2 FAO Brasil 3 IBGE 2007 4 Min. Agric. / Min. Desenv Sociedade Geração de empregos Relações de trabalho Saúde Pública
Agronegócio em São Paulo e Desenvolvimento Sustentável 19,2 (77%) Lei 4.771/65: Reserva Legal (20%) Dec. 6.514/08: Multa R$ 5.000,00 / ha Área 24,8 (3% dobrasil) 2,3 (1) 1,54 Agropecuária (milhões de ha) 20% Produção Agropecuária 16,9 (1) 31,8 (3) 7.7 (13,5% PIB Agro) 6,4 Lucro = 20% (R$ bilhões) 1 IBGE 2006 2 Banco Central 2007 3 IEA 2008 R$376/ha/ano = US$209/ha/ano
Sustentabilidade Água de Chuva
Obrigado!