UMA ANÁLISE DIACRÔNICO-FORMAL DA SUBIDA DO CLÍTICO LHE NO PORTUGUÊS BRASILEIRO

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UMA ANÁLISE DIACRÔNICO-FORMAL DA SUBIDA DO CLÍTICO LHE NO PORTUGUÊS BRASILEIRO Marco Antonio Martins (UFRN) marcoamartins.ufrn@gmail.com Francisco Iokleyton de Araujo Matos (Bolsista IC-PIBID/UFRN) iokleyton@icloud.com INTRODUÇÃO A presente pesquisa tem por objetivo central discutir a configuração traçual do clítico LHE no Português Brasileiro, à luz de pressupostos teóricos da gramática gerativa, bem como buscar evidências a favor da hipótese de haver relação entre a configuração de traços desse pronome e o seu comportamento sintático de ordenação em complexos verbais. Por complexo verbal entende-se a sequência V1 finito + V2 não finito (temático). O pronome clítico pode estar enclítico ou proclítico a V1; enclítico ou proclítico a V2, e as possibilidades de ordenação estão associadas à possibilidade de alçamento ou não do clítico ao verbo finito da estrutura, o que tem sido denominado em sintaxe gerativa como subida de clíticos (MARTINS, 2010). Os exemplos abaixo destacam as possibilidades de colocação citadas acima: (1) a. Recebem apenas migalhas do que LHES FOI TIRADO. CARleitor XX 2 RJ O Jornal do Brasil, 1 de maio de 1992. b. PODE-LHE SOBREVIVER uma perigosa anemia! Anúncios XX 1 RN - A Ordem 10 de julho de 1938. c. As mães têm necessidades de saber que os parasitas intestinaes das crean- ças são um flagello e que a demora em dar- lhes o Licor de Cacau Vermifugo de Xavier PODE LHES ACARRETAR sérios inconvenientes na saúde. Anúncios XX 1 CE Gazeta de Notícias 11 de novembro de 1928 d. Agora para provar ao senhor conselheiro Vianna e ao meu partido o alto presti- gio do senhor Constantino VOU LANÇAR-LHE o ultimo repto CARleitor XIX 2 BA - Jornal de Noticias, 10 de julho de 1896/Ano XVII, nº 4963 A partir de um córpus constituído por textos extraídos de três diferentes gêneros textuais cartas de leitores, cartas de redatores e anúncios escritos nos séculos XIX e XX, disponíveis na plataforma informatizada de corpora do Projeto para a História do Português Brasileiro (PHPB), a presente pesquisa se volta às questões: a) Qual o comportamento sintático de colocação do clítico LHE em complexos verbais na diacronia do PB? b) Quais os traços formais que fazem parte da composição do LHE no PB? c) Há alguma propriedade/traço desse clítico que possa influenciar a sua subida em estruturas verbais complexas? Nossa hipótese é a de que há alçamento do clítico LHE quando a sua matriz traçual é totalmente subespecificada em relação a [Pessoa],

apresentando a configuração R[π[D[SPECIFIC] [DEFINITE]]]] (cf. CARVALHO, 2012). Por outro lado, nos casos em que esse clítico apresenta a configuração R[π[PART[ADDR]][D[SPECIFIC] [DEFINITE]]]] (cf. CARVALHO, 2012), em que a matriz traçual do LHE é parcialmente subespecificada portanto, menos lexical defendemos que a tendência é de que ele não seja alçado, ou seja, permaneça nos domínios do verbo do qual ele depende sintática e semanticamente. Para analisar a hipótese de que um traço carregado pelo pronome pode influenciar em sua colocação, será abordada a noção de subespecificação parcial e total, a partir da representação geométrica de traços morfossintáticos (cf. HARLEY E RITTER, 2002; BEJAR 2003). 1. OS TRAÇOS FORMAIS DOS PRONOMES NO PB 1.1 Uma formalização inicial dos traços intrínsecos dos pronomes no Português Brasileiro Lopes e Rumeu (2007) evidenciam que o sistema pronominal do PB passou por mudanças em diferentes níveis da língua, o que tem demandado um completo mapeamento descritivo. Os autores assumem que a inserção de você e a gente, formas primariamente lexicais que se tornaram mais gramaticais - ao nosso quadro de pronomes, ocasionou tais mudanças. Para justificar essa hipótese e explicitar, portanto, as alterações ocorridas no nosso sistema pronominal, os mesmos autores lançam mão de identificar os traços formais e semânticos intrínsecos, tanto das formas nominais que se pronominalizaram, quanto das formas já existentes. A partir do proposto em Roorych (1994:209), Lopes e Rumeu (2007) apontam para a existência de dois tipos de traços subespecificados: os traços variáveis (α-traço) e os não-variáveis (Φ traço). Para Rooryck (1994 apud Lopes, 2007), os primeiros devem ser entendidos como a possibilidade de um item poder assumir valor + ou -, a exemplo da raiz alun-, que apresenta [α gênero], pois é compatível tanto com o masculino, aluno, quanto com o feminino, aluna. Já os traços subespecificados não-variáveis são considerados como traços neutros, pois não têm valor positivo ou negativo para um dado traço, mas simplesmente marcam a ausência de um valor específico. Este é o caso do traço de 3ª pessoa, marcada como [Φ eu]. Visto que o atributo [pessoa] recebe marcação [eu], nessa proposta, é possível a marcação [+eu] e [-eu] para as 1ª e 2ª pessoas respectivamente, mas para a 3ª pessoa o traço é neutro, pois se trata, conforme Benveniste (1988), da não pessoa, ou seja, pessoa default. Sob a justificativa, bem assentada na linguística, de não haver isomorfismo total entre forma e interpretação nas línguas naturais Pereira (1987 apud Lopes e Rumeu 2007), considera-se em Lopes e Rumeu (2007) que os traços intrínsecos dos pronomes pessoais devem ser desmembrados em dois atributos: um formal e um semântico. Para facilitar a interpretação entre os dois planos, representam-se as notações da interpretação semântica em maiúsculo, [FEM], [EU], [PL], com os possíveis valores (+), (-), (α) ou (Φ). O sistema de traços proposto, então, é: pessoa, número e gênero. No que se refere a [gênero], Lopes e Rumeu (2007) propõem que os pronomes pessoais carregam a seguinte configuração de traços:

TRAÇO GÊNER O RELAÇÃO FORMA/ CONTEÚDO FORMAL [Φ fem ] SEMÂNTICO [α FE M] FORMAS PRONOMINAIS EU TU VOCÊ/ VOCÊ S [Φ fem ] [α FE M] [Φ fem] [α FEM] ELE/ELA ELES/ELAS [α fem] [Φ fem] [α FEM] [α FEM] NÓS A GENTE VÓS [Φ fem] [Φ fem] [α FEM] [α FEM] Adaptado de Lopes, 2007 Como é possível observar, à exceção da terceira pessoa, considerada mais anafórica que dêitica, os outros pronomes pessoais, legítimos dêiticos, não apresentam traços formais variáveis ou mesmo marcação positiva ou negativa em relação ao traço [fem]. Para a terceira pessoa, a configuração formal é variável, pois esta forma pode incorporar morfologicamente o gênero, sendo [+fem] ou [-fem], (ele/ela ou eles/elas). Semanticamente, todas as formas pronominais carregam a marcação [α FEM], já que podem combinar-se com adjetivos no masculino e/ou feminino, dependendo do gênero semântico ( eu estou animada/animado vocês estão animadas/animados ). A respeito de [número], a configuração formal e semântica apresentada pelas autoras é a seguinte: TRAÇO RELAÇÃO FORMAS PRONOMINAIS FORMA/ EU TU VOCÊ/ ELE/ELA NÓS A CONTEÚDO VOCÊS ELES/ELAS GENTE VÓS NÚMERO FORMAL [-pl] [-pl] [α pl] [α pl] [+pl] [-pl] [+pl] SEMÂNTICO [-PL] [-PL] [α PL] [α PL] [+ PL] [+ PL] [+ PL] Adaptado de Lopes, 2007 Observa-se que, apenas à exceção da forma a gente, há correlação entre os traços formais e semânticos-discursivos de número, em todas as formas pronominais. O caso do a gente envolve o fato de ele vir de uma forma nominal, e carregar a propriedade de concordar com o verbo, usando a marca morfológica de terceira pessoa, reconhecidamente a não-pessoa. Quando o traço analisado é [pessoa], não há uma justificativa explícita, por parte dos autores, para que se separe traço formal de traço semântico, o que é um problema a ser elucidado, pois o teor discursivo do traço [pessoa] nos indica, em princípio, haver uma relação muito mais semântica que formal. Em verdade, assume-se no presente trabalho que os traços que compõem um pronome são traços que codificam informações discursivas já gramaticalizadas pela língua, conforme Carvalho (2012). A configuração apresentada em Lopes e Rumeu (2007), quanto ao traço [pessoa], é a que segue: TRAÇO RELAÇÃO FORMAS PRONOMINAIS FORMA/CONTEÚDO EU TU VOCÊ/ ELE/ELA NÓS A VÓS VOCÊS ELES/ELAS GENTE PESSOA FORMAL [+eu] [-eu] [Φ eu] [Φ eu] [+eu] [Φ eu] [-eu] SEMÂNTICO [+EU] [-EU] [-EU] [Φ EU] [+EU] [+EU] [-EU] Adaptado de Lopes, 2007

A decomposição feita por Lopes e Rumeu (2007) é indicativa de uma tradicional análise, em gramática gerativa, que avalia o pronome como um conjunto de traços morfossintáticos (traços-phi), codificadores das informações de pessoa, número e gênero (CARVALHO, 2012). 1.2 Uma teoria de traços para os pronomes, a partir do modelo minimalista da gramática gerativa Desdobramentos de uma teoria de traços, com fundamentação minimalista da gramática gerativa, são úteis a uma análise que pretende visualizar o conteúdo composicional dos pronomes e indicar seu comportamento sintático. Um pronome é o reflexo de diferentes tipos de traços, os quais determinam suas características e, consequentemente, devem definir seu comportamento sintático. Tradicionalmente, esses são traços morfossintáticos (φ), e codificam informações de pessoa, número e gênero. (CARVALHO, 2012, p. 153) Para além de uma análise tradicional, Carvalho (2012) compartilha evidências de que os já conhecidos traços- φ não compreendem todas as informações que um pronome carrega. O traço [pessoa], por exemplo, é incapaz por si só de determinar a referencialidade do pronome, conforme em (2) abaixo, extraído de Carvalho (2012): (2) Você pensa que tá fazendo a coisa certa, mas no fim você não está. Alguém pensa estar fazendo a coisa certa, mas no fim esse alguém não está. 2sg. Pensa estar fazendo a coisa certa, mas no fim 2sg. não está. Não obstante ser uma forma canônica de segunda pessoa do singular em PB, a forma você pode, conforme o exemplo em (2), ter interpretação arbitrária numa mesma sentença. Por questões de recursividade e economia, é mais apropriado considerar que há apenas uma entrada lexical para você, e o traço [pessoa] é um traço complexo que, dependendo de seu conteúdo, gera diferentes interpretações para uma única forma pronominal (CHOMSKY, 1995; 2001; URIAGEREKA, 2000 apud CARVALHO, 2012). Faz-se válido registrar que, além de apresentar um nível de complexidade em relação ao traço [pessoa], como exemplificado em (2), Carvalho (2012) aponta problemas relativos aos traços [número] e [gênero], usando tais problemas como meios para justificar a hipótese de que os traços- φ não compreendem todas as informações que um pronome carrega. Para a presente pesquisa, considera-se interessante continuar com uma análise pormenorizada do traço [pessoa]. 1.3. A categoria [Pessoa]: uma análise detalhada Harley e Ritter (2002) afirmam que a forma de um dado pronome (e suas características) é capturada como o resultado de sua composicionalidade de traços e suas relações sintáticas. Por acreditarem que um modelo baseado em um conjunto cristalizado de traços (os tradicionais traços-phi) seja insuficiente para indicar a composicionalidade de um pronome essas mesmas autoras propõem uma geometria de traços para os pronomes, assumindo que tal geometria é resultado da gramaticalização de certas categorias cognitivas (tais como referência e pluralidade).

A geometria apresentada por Harley e Ritter (2002) está reproduzida abaixo: (3) Para relacionar os traços dentro dessa geometria e dar conta de subespecificação total ou relativa de um determinado sistema pronominal as autoras aplicam uma relação de dependência que é descrita da seguinte forma: se um dado traço Y aparece após um dado traço x, significa dizer que Y é dependente de X e se X é eliminado, Y também o é. Tal proposição implica dizer que a existência de um traço como [SPEAKER] está condicionada à existência do traço [PARTICIPANT], já que [SPEAKER], na geometria proposta, é dependente de [PARTICIPANT]. As autoras consideram ainda que traços são monovalente e só aparecem se tiverem valor positivo. Tal geometria apresentada em Harley e Ritter (2002), como sendo fornecida pela gramática universal, constitui uma formalização dos traços intrínsecos dos pronomes para qualquer língua, e lida com a composicionalidade das categorias pronominais de uma maneira ainda mais satisfatória que a formalização básica apresentada em Lopes e Rumeu (2007). É importante dizer que, contrariamente ao exposto em Lopes e Rumeu (2007), uma teoria de traços para os pronomes como a apresentada em Harley e Hitter (2002), considera que traços são monovalentes e só aparecem se tiverem valor positivo. Para Lopes e Rumeu (2007), traços podem ser divididos entre variáveis e não variáveis, podendo os variáveis serem marcados positiva ou negativamente. A respeito da subespecificação, pode-se dizer que, de acordo com a perspectiva geométrica de H&R, o pronome pode apresentar subespecificação total quando não apresenta o nó [PARTICIPANT]. Se isso acontece, temos a terceira pessoa. Pode ocorrer subespecificação relativa quando o nó [PARTICIPANT] apresenta ausência do dependente [SPEAKER], o que ocasiona interpretação de segunda pessoa. A primeira pessoa é consequência da presença de [SPEAKER], dependente de [PARTICIPANT]. Em contribuição à proposta de H&R, Béjar (2003) inclui um novo traço à geometria apresentada. Segundo essa autora, [ ] deve estar na adjacência do elemento referencial e o nó [PARTICIPANTE], e corresponde a uma melhor decomposição de [pessoa], sendo considerado ele mesmo ([ ]) como um rótulo para essa categoria. Para

Béjar (2003), [ ] contem traços que caracterizam nominais, mas podem, alternativamente, serem requeridos pelo nó [PARTICIPANT]. Seria o caso do traço [D], que compreende traços como [DEFINITE] e [SPECIFIC]. Carvalho (2012) sugere que [ ] não contém, mas, estruturalmente, deve dominar tais traços, uma vez que, alguns traços assumidos por Béjar (2003) como contidos em [ ] podem ou não estar presentes na configuração, e se essas categorias estivessem dentro de [ ], isso feriria as condições de acarretamento. Por isso, é mais coerente assumir que [ ] domina esses traços apontados na decomposição de [pessoa]. Sendo assim, Carvalho (2012) assume a estrutura em (4) abaixo, como sendo a configuração do nó [pessoa] dos pronomes pessoais em PB. De acordo com Carvalho (2012, p 166), essa estrutura é a entrada lexical da categoria pessoa de um dado pronome que entra na derivação, engatilhando todos os mecanismos sintáticos necessários. (4) [R [ [PARTICIPANT [SPEAKER] [ADDRESSEE]] [D [SPECIFIC [DEFINITE]]]]] Embora seja, em princípio, mais fácil afirmar que há duas entradas lexicais para um determinado pronome que pode apresentar interpretações diferentes em relação a [pessoa], (como é o caso do clítico LHE, objeto de análise deste trabalho) a perspectiva adotada a partir do modelo teórico explorado nesta pesquisa é a de que há apenas uma única entrada lexical para esse determinado pronome, e o traço [pessoa] constitui um traço complexo, que dependendo de seu conteúdo, gera as interpretações de segunda e terceira pessoas. Em outras palavras, a noção de subespecificação total e relativa, associada à concepção de traço complexo, viabiliza uma análise minimalista, coerente com a noção de recursividade e economia Carvalho (2012 apud CHOMSKY, 1995; URIAGEREKA, 2000). 1.4 Análise do LHE no PB em relação à categoria [pessoa] Aplicando a proposta teórica formal concebida por Harley e Ritter (2002) e otimizada por Béjar (2003), podemos admitir apenas uma entrada lexical para o LHE e podemos, ainda, explicar seu sincretismo quanto à categoria [pessoa], a partir da proposta de haver subespecificação relativa, o que resulta na 2ª pessoa, ou subespecificação total, responsável pela 3ª pessoa. Vejamos as configurações traçuais para o clítico LHE, no PB, no que se refere à estrutura referencial da geometria de traços desse pronome, conforme assumido em Carvalho (2012): (5) 2ª pessoa: [R[ [PART[ADDR]][D[SPECIFIC][DEFINITE]]]] 3ª pessoa: R[ [D[SPECIFIC][DEFINITE]]]] Nas estruturas acima, R representa a expressão referencial, ou seja, o pronome; é o traço [pessoa]; PARTICIPANT é o traço que caracteriza os participantes do discurso; sendo SPEAKER o traço que define o falante; ADDRESSEE é o traço que caracteriza o ouvinte no processo discursivo; D também constitui um traço acarretado por, e domina traços como ESPECIFIC e DEFINITE, responsáveis, respectivamente, pela interpretação de um indivíduo específico, conhecido pelo falante, e pela interpretação de algo presente no universo do discurso.

Ao admitir o traço [D], como sendo acarretado por, Carvalho (2012) explica a possibilidade de termos um pronome com interpretação arbitrária ou definida. Sendo assim, quando os traços projetados por [D] estão especificados, a interpretação é de uma forma definida; quando os traços projetados por [D] estão subespecificados, a interpretação é arbitraria. A partir dos padrões de colocação encontrados com a análise do clítico LHE em complexos verbais, surge a hipótese de que a configuração [R[ [D[...]]]] é mais sensível a uma categoria funcional, o que desencadeia seu alçamento para o verbo não finito da estrutura verbal. 2. UMA ANÁLISE ASSOCIATIVA NO CORPUS: TRAÇO [PESSOA] E PADRÕES GERAIS DE COLOCAÇÃO ENCONTRADOS Como dito, o corpus utilizado na presente pesquisa é constituído de textos impressos - cartas de leitores, cartas de redatores e anúncios escritos nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Norte, Bahia, Ceará e Pernambuco, no curso dos séculos XIX e XX. O recorte do corpus foi o contexto em que se identificou a ocorrência do clítico LHE no contexto de complexos verbais. Conforme já foi explicitado, o interesse deste trabalho de pesquisa é associar a configuração traçual que diz respeito à estrutura referencial do LHE aos padrões de alçamento e de não alçamento desse clítico no complexo verbal, partindo da análise das diferentes configurações de traço para esse clítico, bem como de seu comportamento sintático de colocação. Os dados somam 115 ocorrências do LHE em complexos verbais. O gráfico 1 a seguir reflete um panorama do corpus, no que se refere ao sincretismo da forma LHE em relação ao traço pessoa, que pode apresentar subespecificação total, resultando na 3ª pessoa ou subespecificação relativa, ou seja, a 2ª pessoa. Gráfico 1 Frequência do clítico LHE em relação ao sincretismo do traço pessoa 21% LHES de 3ª pessoa LHES de 2ª pessoa 79% Os critérios utilizados para verificar próclise ou ênclise a V1 ou a V2 são os mesmos encontrados em Martins (2010). Para o autor, a ênclise ao verbo não finito pode ocorrer com ou sem a presença de material interveniente entre V1 e V2, o que de fato foi verificado na amostra desta pesquisa.

(6) a. Afim de que V. S. tenha uma idéia perfeita do desastre é que VENHO espontaneamente DIRIGIR- LHE estas linhas, com o fito es- pecial de cooperar no sentido de mais tarde a justiça possa real- mente punir os verdadeiros cul- pados. CARleitor XX.1 -PE - David Peixoto de Melo - 26 de janeiro de 1952. b. Leitor assi- duo de suas cronicas, que há muito acompanho com interesse RESOLVI ESCREVER-LHE esta a fim de fazer uma sugestão no intuito de V S. ampliar a pagina cine- matografica do suplemento do DIARIO DE PERNAMBUCO inteligentemente dirigido pelo poeta Mauro Mota. CARleitor XX.1 -PE - Heberto Castro e Sr. Gitotti - 27 de janeiro de 1952. Martins identifica, ainda, próclise ao verbo não finito em duas situações: quando há material interveniente entre V1 e V2 (o que garante que o clítico esteja proclítico a V2) ou quando há constituintes oracionais que desencadeariam necessariamente a próclise. Não foi verificado no corpus deste trabalho construção com próclise a V2, em que ocorresse material interveniente entre V1 e V2. O exemplo abaixo registra próclise a V2, tendo em vista a ocorrência de constituinte oracional imediatamente antes do complexo: (7) Não VOU LHE VISITAR porque não foi possivel obter licença de meus commandantes. Oh! minha mãe lembre-se de mim, porque de vossa mercê não me esqueço; Correio Paulistano, São Paulo, 28 de março de 1865 / seção: A pedido. CARleitor. Em relação à próclise ao verbo finito da estrutura verbal, entende-se que pode ocorrer com ou sem a presença de material interveniente entre V1 e V2. Não foi verificado, no corpus aqui analisado, próclise a V1 com material interveniente entre os verbos. (8) Aquellas pessoas pois que LHE QUIZEREM CONFIAR su- as causas o poderaõ procurar na travessa do cacimbaõ casa n. 26. Anúncios XIX 1 CE - o cearense 10 de maio de 1847. No corpus, a análise da composição traçual que diz respeito à estrutura referencial do LHE, associada aos padrões de colocação encontrados padrões de alçamento e de não alçamento parece indicar uma relação entre o traço do clítico LHE e sua sintaxe de colocação em complexos verbais. De maneira simplificada, os gráficos 2 e 3 abaixo revelam esse quadro:

Gráfico 2 Relativo ao padrão de colocação do clítico LHE de 2ª pessoa, em complexos verbais encontrados no corpus 17% Construções COM alçamento Construções SEM alçamento 83% Como se pode observar, o clítico LHE com subespecificação relativa (2ª pessoa) apresenta uma considerável tendência a permanecer no domínio do verbo que lhe atribui papel temático (em 83% das ocorrências), ou seja, em construções sem alçamento. Gráfico 3 Relativo ao padrão de colocação do clítico LHE de 3ª pessoa, em complexos verbais encontrados no corpus 19% Construções COM alçamento Construções SEM alçamento 81% Inversamente proporcional ao que se verifica no gráfico 2, o gráfico 3 revela que o LHE de 3ª pessoa, aquele totalmente subespecificado, considerado mais lexical que gramatical, tende a subir para os domínios do verbo funcional da estrutura verbal complexa. CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir de um recorte diacrônico de dados do português brasileiro, disponível no corpus mínimo comum do Projeto para a História do Português Brasileiro (PHPB), o objetivo deste trabalho foi verificar o comportamento sintático de colocação do clítico LHE em complexos verbais, bem como aplicar uma teoria de traços robusta o suficiente

para dar conta do sincretismo observado na expressão referencial LHE, mostrando como esse clítico pode ser subespecificado. As constatações suscitadas por meio da análise dos dados, quando se buscou associar o traço de pessoa do LHE aos padrões encontrados, corroboram a possível hipótese de que a configuração [R[ [D[...]]]] é mais sensível a uma categoria funcional, o que desencadeia seu alçamento para o verbo não finito da estrutura verbal complexa. A análise preliminar corrobora a hipótese defendida nesse trabalho: verificamos que em 83% das ocorrências do LHE com subespecificação relativa [2a pessoa] o clítico se mantém nos domínios do verbo do qual o clítico depende sintática e semanticamente, ao passo que em 81% dos casos de LHE. Referências BÉJAR, S. Phi-syntax: a theory of agreement. F. 214 Tese. (Doutorado em Linguística). Departamento f Linguistics, University of Toronto, 2003. CARNEIRO, Z; GALVES, C. Variação e Gramática: Colocação de clíticos na história do português brasileiro. Revista de Estudos Linguísticos, 2010. CARVALHO, D. S. A categoria pessoa e a sintaxe dos pronomes pessoais no Português Brasileiro. In: SEDRINS, A. P.; CASTILHO, A. T; SIBALDO, M. A; BEZERRA DE LIMA, R. (Org.). Por amor à Linguística. Maceió: Ed. UFAL, 2012. p. 151-172. CARVALHO, D. S. Traços. In: FERRARI-NETO, J; SILVA, C. R.T. (Org.). Programa Minimalista em foco: princípios e debates. Curitiba: Ed. CRV, 2012. p. 113-131. CYRINO, S.M.L. Para a história do português brasileiro: a presença do objeto nulo e a ausência dos clíticos. Letras de Hoje 38 (1), 2003. p. 31-47. CYRINO, S.M.L. Observações sobre a mudança diacrônica no português do Brasil: objeto nulo e clíticos. In. ROBERTS, I & KATO, M. A. (org.) Português Brasileiro: uma viagem diacrônica. Campinas: Ed. UNICAMP, 1993. p. 163-175. HARLEY, H. and RITTER, E. Person and number in pronouns: a feature-geometric analysis, Language, 78, 2002. pp. 482-526. LOPES, Célia Regina dos Santos; RUMEU, M. C. B. O quadro de pronomes pessoais do português: as mudanças na especificação dos traços intrínsecos In: Descrição, história e aquisição do português brasileiro. São Paulo/Campinas: FAPESP/Pontes Editores, 2007. v.1, p. 419-436. MARTINS, M. A. Competição de gramáticas do português na escrita catarinense dos séculos 19 e 20. Tese (Doutorado) Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2009.