Diversidade em Ciência Programa da Rádio USP Entrevista com Ricardo Alexino Ferreira

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Programa da Rádio USP Entrevista com Ricardo Alexino Ferreira Jefferson Monteiro Especialização em Gestão de Conteúdo em Comunicação pela UMESP. Graduação em Gestão Comercial pela Fatec Itaquaquecetuba. E-mail: jefferson.montesan33@gamil.com.br Recebido: 29 ago. 2018 Aprovado: 09 nov. 2018 Resumo: O jornalista e professor doutor do Departamento de Jornalismo da ECA-USP, Ricardo Alexino, Ferreira é o idealizador e apresentador do Programa, da Rádio USP, 97,3, que já completou mais de três anos de audiência. Nesta entrevista, ele conversa sobre jornalismo e questões de etnia-raça no Brasil. Para ele, é um projeto que repensa a divulgação científica que, muitas vezes, não são vistos como ciência, no caso das pesquisas sobre diversidades e direitos humanos. Palavras-Chave: Comunicação. Jornalismo. Radio. Diversidade. Abstract: The journalist and professor PhD of the Journalism Department of ECA-USP, Ricardo Alexino, Ferreira is the founder and presenter of the Program Diversity in Science, Radio USP, 97.3 which has completed more than three years of audience. In this interview, he talks about journalism and ethnicity-race issues in Brazil. For him, it is a project that rethinks scientific dissemination that are often not seen as science in the case of research on diversity and human rights. Keywords: Communication. Journalism. Radio. Diversity. Resumen: El periodista yprofesor doctor del Departamento de Periodismo de la ECA-USP, Ricardo Alexino Ferreira, es el idealizador y presentador del Programa Diversidad en Ciencia, de la Radio USP, 97,3 que ya ha cumplido más de tres años de audiencia. En esta entrevista, él habla sobre periodismo y cuestiones de etnia-raza en Brasil. Para él, es un proyecto que repensa la divulgación científica que muchas veces no son vistos como ciencia, en el caso de las investigaciones sobre diversidades y derechos humanos. Palabras clave: Comunicación. Periodismo. Rádio. Diversidad.

Ricardo Alexino Ferreira Introdução Esta entrevista aborda questões sobre a diversidade no Programa de rádio da Rádio USP (93.7), um espaço de debate, crítica e reflexão. Como justificativa da escolha deste programa, observamos a proposta de integrar diferentes pesquisadores/as e/ou professores/as. Assim, verificar a contribuição que esse Programa de Rádio, enquanto veículo jornalístico, dá para a construção e formação do pensamento da sociedade contemporânea. Realizado pela Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP), o programa radiofônico é apresentado pelo seu idealizador o jornalista e Professor Doutor Ricardo Alexino Ferreira (2011), do Departamento de Jornalismo e Editoração desta Instituição de Ensino Superior (IES) e veiculado pela Rádio USP (93,7). Figura 1 Ricardo Alexino Ferreira Fonte: encurtador.com.br/flzch A Rádio USP FM é uma emissora educativa, fundada em 1977. Já a Rádio USP Ribeirão (107.9), desde 2004, integra a rede de emissora universitária da USP. Seu compromisso educativo relaciona informação, cultura e entretenimento. Do ponto de vista jornalístico, a grade de atrações dessa rádio reúne vários musicais do popular ao erudito. Em uma proposta universitária, o foco dos debates dessa emissora gira em torno da divulgação de atividades acadêmicas, culturais, científicas e tecnológicas. 10

1) De onde surgiu a ideia de criar o Programa, da Rádio USP? ALEXINO: O programa radiofônico, veiculado na Rádio USP, está dentro do contexto do projeto de pesquisa : divulgação científica, direitos humanos e ciências das diversidades no rádio. Ele foi ao ar pela primeira vez em 1º de junho de 2015. Esse projeto tem como principal objetivo abordar as pesquisas científicas sobre as relações étnico-sociais, diversidades de gênero, identidades sexuais e outras e direitos humanos desenvolvidas na USP e em outras instituições. Trata-se de um projeto que trabalha nas vertentes da Divulgação Científica (Midialogia Científica) e Etnomidialogia. O projeto é constituído por programas de entrevistas radiofônicos, voltados para a divulgação científica das ciências da diversidade, veiculado semanalmente (às segundas-feiras, das 13 horas às 14 horas; com reapresentações nas terças-feiras, das duas às três horas da manhã e aos sábados, das 14 às 15 horas) na Rádio USP-FM (93,7 MHz/SP ou pelo site http://www.radio.usp.br/?page_id=5404). No período de 1º de junho de 2015 até agosto de 2018, foram levadas ao ar o equivalente a 168 semanas, ou seja, 168 horas de veiculação de entrevistas. Os releases das entrevistas semanais são divulgados em redes sociais. Está em desenvolvimento projeto para disponibilizar todas as entrevistas na internet, em arquivos de áudio (podcast). Outro aspecto da pesquisa é a experimentação metodológica do gênero jornalismo opinativo, no rádio, com a crônica sonora Diversidades, voltada para a abordagem dos fenômenos das diversidades étnico-sociais. Cada coluna sonora tem cinco minutos de duração e, em muitas, áudios ilustrativos. No período (junho de 2016 a 21 de agosto de 2018) foram levadas 116 colunas sonoras ao ar, no formato de crônicas sonoras. Link/Podcast: http://jornal.usp.br/radio-usp/perfis/ricardo-alexino-ferreira/ 11

Ricardo Alexino Ferreira 2) Quais são os enfrentamentos/desafios para se desenvolver um programa de rádio universitária que tange a diversidade no país? ALEXINO: O agendamento das temáticas das diversidades está presente no cotidiano; na política; nos movimentos sociais e em outros espaços. A proposta do é levar ao ar, em alguns aspectos, a produção científica nessa temática e dos direitos humanos nas mais diferentes áreas do conhecimento. Mas o programa também leva ao ar o agendamento dos movimentos sociais. Ele escuta os sujeitos desse processo. Não considero que exista dificuldade nesse aspecto, mas é uma forma do rádio também agendar essa temática para demais grupos sociais e trazer com mais intensidade esse debate. Em relação à recepção desse trabalho para os ouvintes, não tenho dados, considerando que ainda não foi elaborada nenhuma pesquisa de audiência. 3) Quais são os critérios jornalísticos usados na escolha de cada tema a ser abordado? Como você seleciona/escolhe os entrevistados? ALEXINO: O critério para o agendamento das entrevistas se dá pelo recorte dos temas pesquisados ou atuados, envolvendo as diversidades. Então, estou preocupado em entrevistar pesquisadores/cientistas que pesquisam o tema ou militantes dos grupos das diversidades. Esse é o critério. Penso as diversidades nos mais diferentes espectros. Trato das diversidades étnicas; identidades sexuais; gêneros; veganos e várias outras características. Uma preocupação que tenho é alternar as temáticas para que o ouvinte tenha acesso às mais diferentes realidades construídas e colocadas. O levantamento de pautas se dá na verificação constantes das pesquisas produzidas; nas redes sociais e em outros espaços. Porém, nos últimos anos tem surgido um processo interessante. Algumas pessoas estão se oferecendo para ser entrevistadas ou sugerindo nomes. 12

4) O programa pode ser considerado uma amplitude (mais um canal disponível) para os estudos acadêmicos, ao relacionar a diversidade e os Direitos Humanos no Brasil? ALEXINO: O programa está dentro do contexto do projeto de pesquisa : divulgação científica, direitos humanos e ciências das diversidades no rádio, que é um projeto interdisciplinar, coordenador por mim, e tem aderência com os campos científicos Midialogia Científica e Etnomidialogia e com a extensão universitária. Ou seja, esse projeto trabalha com os princípios das áreas Ciências Sociais Aplicadas; Comunicação; Comunicação Midiática; Jornalismo; Rádio e Direitos Humanos. Principalmente esse projeto traz a questão da divulgação científica com recorte para as diversidades e direitos humanos. 5) Como o programa debate questões a respeito de etnia/raça? ALEXINO: Como é um programa preocupado com as questões da divulgação científica, ele vai abordar principalmente as pesquisas realizadas com essa temática. Ou seja, o principal foco é como as ciências estão trabalhando essa questão em diferentes áreas do conhecimento. Também, vai escutar o que militantes têm a dizer a respeito das suas atuações sociais. 6) Que tipo de relação é possível verificar entre este Programa e sua pauta jornalística/científica com os movimentos sociais? ALEXINO: O é um espaço em que as diversidades étnicas; de identidades sexuais, de gêneros, de faixa etária e tantas outras estão presentes na bancada dos entrevistados. Tanto nas temáticas como na característica das pessoas. No caso de pesquisadores/cientistas essa preocupação é redobrada, considerando que percebo no jornalismo hegemônico que são pautadas muito mais pessoas brancas na academia para que possam falar sobre as suas produções. Penso que sujeitos pensantes negros; LGBTI+ e vários outros devam poder falar por si mesmos sem o filtro da 13

Ricardo Alexino Ferreira branquitude. O mesmo acontece com os militantes sociais que são entrevistados. Portanto, o tem presença de muitos pesquisadores/cientistas e militantes não-brancos. 7) O Programa já completou mais de três anos no ar. Qual é o balanço dessa trajetória? E o que te instiga/provoca a seguir em frente como jornalista e pesquisador? ALEXINO: O está no ar desde 1º de junho de 2015, equivalendo a 168 semanas no ar (até nesta semana do dia 21 de agosto). Penso que é um projeto que repensa a divulgação científica ao trazer esse conceito para campos que muitas vezes não são vistos como ciência, no caso das pesquisas sobre diversidades e direitos humanos. Sinto que estou estimulando um novo paradigma, o das ciências das diversidades. Se está mudando as realidades? Não sei. Na verdade, nem estou preocupado com isso. Sei que o é um instrumental que está aí, sendo disponibilizado. Faço e pronto. Se alguém quiser aproveitar esse instrumental será ótimo. Se não, que fique para o entendimento, pelo menos, da nossa contemporaneidade em pesquisas históricas do futuro. É isso que me estimula, mas não estou preso a ideia de que a audiência é o único referencial de sucesso. Referências BUCCI, Eugênio. Sobre ética e imprensa. São Paulo: Cia das Letras, 2001. CANCLINI, Néstor García. Consumidores e cidadãos: conflitos multiculturais da globalização. Rio de Janeiro: UFRJ, 1999. COJIRA-SP. Disponível em: https://cojira.wordpress.com/category/manifesto-cojirasp/ Acessado em: 20/07/2018 D ADESKY, J, Pluralismo étnico e multiculturismo: racismo e antirracismo no Brasil. Rio de Janeiro: Pallas, 2001. DAHIA, Sandra Leal de Melo. A mediação do riso na expressão e consolidação do racismo no Brasil. In: Sociedade e estado. Brasília, v. 23, n. 3, p. 697-720. 2008. FERRARETTO, Luiz Artur. Rádio: teoria e prática. SP: Summus, 2014. 14

Principais características do Programa : Nome: Direção/Produção/Apresentação: Ricardo Alexino Ferreira Edição/Operação de áudio: João Carlos Megale Slogam: Discriminação é falta de conhecimento Duração: 60 minutos Música incidental: Tchori Tchori (dos povos indígenas Jaboti, de Rondonia, resgatada e reelaborada pela etnomusicóloga Marlui Miranda, do cd IHU) Veiculação: Toda segunda-feira, das 13 às 14 horas, com reapresentações nas terçasfeiras, das duas às três horas da manhã e sábados, das 14 às 15 horas. Emissora: Rádio USP FM (dial: 93,7 MHz ou internet, pelo link http://jornal.usp.br/radio/ Local de gravação das entrevistas: Estúdio do Departamento de Comunicações e Artes/Educomunicação, da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). 15