O ACIONISTA CONTROLADOR NAS SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA: LIMITAÇÕES AO EXERCÍCIO DO PODER DE CONTROLE

Documentos relacionados
O PODER DE CONTROLE NAS EMPRESAS ESTATAIS

A LEI E A PARTICIPAÇÃO DE EMPRESAS ESTATAIS NO CAPITAL DE EMPRESAS PRIVADAS QUE NÃO INTEGRAM A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

O ESTADO EMPRESÁRIO. Mayara Gasparoto Tonin Mestranda em Direito Comercial pela USP Bacharel em Direito pela UFPR Advogada em Brasília

Aprovador: Conselho de Administração

POLÍTICA DE TRANSAÇÃO COM PARTES RELACIONADAS

INTERFACE ENTRE ANTITRUSTE E PROPRIEDADE INDUSTRIAL: CADE E INPI CELEBRAM ACORDO DE COOPERAÇÃO TÉCNICA

Comentário. Autor: Fabiana Carsoni Alves F. da Silva Paulo Coviello Filho Débora Regina March

BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A. POLÍTICA PARA TRANSAÇÕES COM PARTES RELACIONADAS

INDICAÇÃO DE MEMBROS DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO, CONSELHO FISCAL, COMITÊS E DIRETORIA

POLÍTICA DE INDICAÇÃO E SUCESSÃO

_ STJ decide sobre abuso de poder por acionista controlador em aumentos de capital

DIRETRIZ DE DIVULGAÇÃO DE INFORMAÇÕES NO ÂMBITO DAS SOCIEDADES DO CONGLOMERADO PETROBRAS Adoção pela Transportadora Associada de Gás S.A.

NEWSLETTER jan de quotas correspondentes à maioria do capital social, como regra geral.

CONTABILIDADE GERAL. Noções Gerais. Atividades Administrativas Parte 2. Prof. Cláudio Alves

CVM e a competência para julgar atos de corrupção praticados por administradores

VEÍCULO: GLOBO PÁGINA: 1/2 CAD./COL.: ONLINE DATA: 14/02/2019

POLÍTICA DE EXERCÍCIO DE DIREITO DE VOTO EM ASSEMBLEIAS. Março 2017

POLÍTICA DE INDICAÇÃO DE MEMBROS DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO, COMITÊS E DIRETORIA DA COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO DE MINAS GERAIS CODEMGE

POLÍTICA DE INDICAÇÃO E SUCESSÃO

COMISSÃO MISTA DE REAVALIAÇÃO DE INFORMAÇÕES VOTO

Segmento(s): (Caso o Normativo Interno seja aplicado a uma unidade menor que a estrutura acima)

AULA 16. Tem como obrigação integralizar a quota-parte dele (aquilo que foi subscrito por ele).

SLC AGRÍCOLA S.A. POLÍTICA DE INDICAÇÃO DE ADMINISTRADORES

Reis Friede Relator. TRF2 Fls 356

POLÍTICA DE DIVULGAÇÕES DE INFORMAÇÕES

EVOLUÇÃO DOS SEGMENTOS ESPECIAIS AUDIÊNCIA RESTRITA ERRATA

Aula nº. 32 S.A ACIONISTA CONTROLADOR E ACORDO DE ACIONISTAS

O NOVO DECRETO 9.507/2018 E A TERCEIRIZAÇÃO DE SERVIÇOS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

POLÍTICA ESPECÍFICA DE GOVERNANÇA CORPORATIVA

Curso/Disciplina: Direito Empresarial Objetivo Aula: Direito Empresarial Objetivo - 26 Professor : Priscilla Menezes Monitor : Virgilio Frederich

POLÍTICA DE TRANSAÇÕES COM PARTES RELACIONADAS BB SEGURIDADE PARTICIPAÇÕES S.A.

Tribunal de Justiça de Minas Gerais

CAPÍTULO X - POLÍTICA DE TRANSAÇÕES COM PARTES RELACIONADAS

Processo Administrativo nº / Reg. Col. nº 0476/2016. Companhia Energética de Minas Gerais Light S.A.

CVM vai julgar casos de corrupção sob prisma dos deveres dos administradores

POLÍTICA DE EXERCÍCIO DE DIREITO DE VOTO EM ASSEMBLEIA

Banco Pan S.A. Proposta da Administração 2017 Assembleia Geral Extraordinária 24 de novembro de 2017

POLÍTICA DO GRUPO CEMIG PARA TRANSAÇÕES COM PARTES RELACIONADAS

POLÍTICA DE CONTRATAÇÃO DE TERCEIROS. Garín Investimentos LTDA.

POLÍTICA PARA TRANSAÇÕES COM PARTES RELACIONADAS E DEMAIS SITUAÇÕES DE POTENCIAL CONFLITO DE INTERESSES

Fernando Soares Vieira. Superintendente de Relações com Empresas - SEP

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

Audiência Pública Regulamento do Novo mercado e do nível 2

REVISÃO. Empresária. Personificada. Não Empresária. Sociedade S/C. Não Personificada C/P

POLÍTICA DE TRANSAÇÃO COM PARTES RELACIONADAS

POLÍTICA DE GOVERNANÇA CORPORATIVA

10. REGIME SOCIETÁRIO

MAUÁ CAPITAL INVESTIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA. POLÍTICA DE EXERCÍCIO DE DIREITO DE VOTO EM ASSEMBLEIAS ( POLÍTICA DE VOTO )

Acordo de Acionistas. Classificação: Reservada

Iniciativas Recentes da CVM. Maria Helena Santana Encontro de Conselheiros Previ de agosto de 2009

informa Societário &Mercado de Capitais DECISÕES DO COLEGIADO DA CVM nº 80 / junho de 2014 PROCESSOS ADMINISTRATIVOS JULGADOS PELA CVM Nesta edição:

POLÍTICA DE TRANSAÇÕES COM PARTES RELACIONADAS

INSTRUÇÃO NORMATIVA. Assunto: POLÍTICA PARA TRANSAÇÕES COM PARTES RELACIONADAS

A Lei do Colarinho Branco no âmbito das licitações públicas

POLÍTICA ORGANIZACIONAL

Direito Administrativo Luiz Oliveira

Orientações às AGOS: Ofício-Circular CVM/SEP 2015

Brasil AM - Exercício de Direito de Voto

Lei Nº DE 09/07/2013 (Federal) Data D.O.: 10/07/2013 Dispõe sobre crédito presumido apurado com base em créditos decorrentes de diferenças

POLÍTICA DE TRANSAÇÕES COM PARTES RELACIONADAS BB SEGURIDADE PARTICIPAÇÕES S.A.

OS ADMINISTRADORES DAS EMPRESAS ESTATAIS NA LEI /2016

POLÍTICA DE EXERCÍCIO DE DIREITO DE VOTO EM ASSEMBLEIA

POLÍTICA PARA TRANSAÇÕES COM PARTES RELACIONADAS E DEMAIS SITUAÇÕES ENVOLVENDO CONFLITO DE INTERESSES

DIREITO ADMINISTRATIVO TJ - PE. Prof. Luiz Lima

LEI Nº DE 29 DE DEZEMBRO DE O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Curso/Disciplina: Direito Administrativo / 2017 Aula: Empresa Estatal / Aula 13 Professor: Luiz Jungstedt Monitora: Kelly Silva.

POLÍTICA DE TRANSAÇÕES COM PARTES RELACIONADAS

CÓDIGO DE ÉTICA E CONDUTA PARA ADMINISTRADOR DE CARTEIRA DE VALORES MOBILIÁRIOS

POLÍTICA DE TRANSAÇÕES COM PARTES RELACIONADAS


DIMENSÃO GOVERNANÇA CORPORATIVA CRITÉRIO I - PROPRIEDADE

Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bovespa

Direito Societário V. Prof. Henrique Subi

_ STJ determina que ex-sócio não é responsável por obrigação contraída após sua saída da empresa

PROPOSTA DE INDICAÇÃO DE MEMBROS DO COMITÊ DE INDICAÇÃO E AVALIAÇAO

Formulário de Informações Complementares

POLÍTICA DE CONTRATAÇÃO DE TERCEIROS. SPA Strategic Portfolio Advisors

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

Conhecimentos Bancários

DELEGADO DIREITO EMPRESARIAL

PONTO III O ACIONISTA

Direito Administrativo

POLÍTICA DE VOTO CA INDOSUEZ WEALTH (BRAZIL) S.A DISTRIBUIDORA DE TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS

Formulário de Informações Complementares

Esta Política limita-se estritamente à atuação do BANCO ALFA DE INVESTIMENTO S.A. como Gestor.

Direito Administrativo

As práticas de Governança Corporativa da Companhia estão calcadas nos seguintes princípios:

POLÍTICA DE TRANSAÇÃO COM PARTES RELACIONADAS DA COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DE MINAS GERAIS CODEMIG

Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos

POLÍTICA DE EXERCÍCIO DE DIREITO DE VOTO PROXY VOTING

QUASAR ASSET MANAGEMENT

POLÍTICA DE NEGOCIAÇÃO COM VALORES MOBILIÁRIOS Vigência 20/12/ /12/2018

Governança Corporativa

DIREITO CIVIL LEI DE INTRODUÇÃO AS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO - LINDB. Princípios Gerais do Direito Civil Parte 6 Prof. Rafael da Mota Mendonça

Lei de 30 de junho de 2016

INSTRUÇÃO CVM Nº 539, DE 13 DE NOVEMBRO DE 2013, COM AS ALTERAÇÕES INTRODUZIDAS PELA INSTRUÇÃO CVM Nº 554/14.

Radar Stocche Forbes Janeiro 2019

Direito Administrativo Luiz Jungstedt

COMISSÃO DE ÉTICA - ÉTICA NA GESTÃO COMISSÃO DE ÉTICA DA CODESP ATRIBUIÇÕES E PROCEDIMENTOS

Transcrição:

O ACIONISTA CONTROLADOR NAS SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA: LIMITAÇÕES AO EXERCÍCIO DO PODER DE CONTROLE Talamini 1. Introdução Mariana Hofmann Fuckner Graduanda em Direito pela UFPR Estagiária na Justen, Pereira, Oliveira & As sociedades de economia mista caracterizam-se sob a forma de sociedade anônima, com a maioria do capital com direito à voto pertencente à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios ou a entidades da administração pública indireta (art. 4ª da Lei 13.303/2016). Essa opção do Estado pelo modelo empresário congrega diferentes interesses. A criação de uma sociedade de economia mista deve ser precedida por lei autorizadora, em cujo conteúdo deve constar, necessariamente, o interesse público que justifica a sua criação (art. 2º, 1º, da Lei 13.303/2016). Tal interesse deve conviver com sócios e capital privados, os quais são essenciais para a caracterização da companhia como sociedade de economia mista. A estruturação das sociedades de economia mista no Brasil foi marcada pelo exercício do poder de controle de forma abusiva e centralizada por parte do acionista controlador, com redução do espaço de influência dos acionistas privados 1. Entretanto, a existência de legislação definidora das prerrogativas e dos limites do sócio controlador e a atuação da Comissão de Valores Mobiliários têm representado uma mudança no paradigma de controle absoluto do Estado. Adiante será enfrentada a atuação do acionista controlador das sociedades de economia mista sob duas perspectivas: (1) a legislação aplicável, com enfoque nos dispositivos que oferecem limitações ao exercício do poder de controle; e (2) a jurisprudência da Comissão de Valores Mobiliários, que decidiu recentemente pela a aplicação de multa ao acionista controlador que se beneficiou de serviços prestados pela companhia estatal (PAS-CVM-RJ2016/0802), coadunando-se com o entendimento já adotado de impossibilidade do exercício abusivo do poder de controle. 2. A importância do capital privado nas sociedades de economia mista As sociedades de economia mista constituem uma das formas de exercício de funções do Estado através do modelo empresário. Por isso, 1 SCHWIND, Rafael Wallbach. O Estado Acionista: empresas estatais e empresas privadas com participação estatal. São Paulo: Almedina, 2017, p. 100. 1

possuem características tanto da atividade estatal como da iniciativa privada por exemplo, a finalidade lucrativa. Apenas aparentemente inconciliáveis, os interesses públicos e privados devem estar presentes nessas companhias e serem levados em consideração nos atos de gestão e nas deliberações dos órgãos das sociedades. Nesse sentido, existe entendimento doutrinário que defende que o atendimento ao interesse público não permite o desrespeito aos interesses dos minoritários 2, não havendo justificativa para o acionista controlador desconsiderar as preferências e prerrogativas da iniciativa privada, quando estas se mostram adequadas ao desenvolvimento do objeto e da função social da companhia. Afinal, para existirem, as sociedades de economia mista precisam de investimento de capital privado. Somente com ele é que o interesse público motivador da criação da companhia pode ser realizado. Em outras palavras, o capital privado aportado nessas companhias é essencial para a realização da finalidade pública que motiva sua criação. Quando a sociedade cumpre sua finalidade pública e abre espaço para a realização das prerrogativas da iniciativa privada, os sócios minoritários recebem retorno dos investimentos realizados. Isso fomenta a renovação dos investimentos de capital privado na sociedade que, além de garantir a continuidade no atingimento do interesse público, estimula a valorização da companhia no mercado objetivando aumentar e diversificar o aporte de capitais. Dessa forma, agregar os interesses dos minoritários à atuação do acionista controlador coloca-se como um atributo relevante na garantia da realização do interesse público da sociedade, além de contribuir positivamente para a manutenção da própria companhia. 3. Lei das S/A e Lei das Estatais: impossibilidade de exercício abusivo do poder de controle A Lei 6.404/1976, aplicável às sociedades de economia mista, reconhece os mesmos deveres e responsabilidades do acionista controlador privado à pessoa jurídica de direito público que controla a companhia estatal (art. 238). Dentre eles encontram-se os deveres do acionista controlador em relação aos demais acionistas, à comunidade em que a sociedade atua e aos trabalhadores que dela participam (art. 116). Tal determinação coaduna-se com o entendimento da limitação do poder e da atuação do acionista controlador, o 2 TONIN, Mayara Gasparoto. Sociedades de economia mista e acionistas minoritários. São Paulo: Quartier Latin, 2018, p. 156. 2

qual, para a realização do interesse público de criação da própria sociedade, deve considerar os interesses envolvidos na formação da companhia. A legislação reguladora das sociedades de economia mista (Lei das S/A e Lei das Estatais), em direção ao equilíbrio do poder de controle do acionista controlador em detrimento dos demais interesses constituintes da companhia, também concebe a possibilidade de responsabilização do acionista controlador por abuso de poder (art. 15 da Lei 13.303/2016 e art. 117 da Lei 6.404/1976). As hipóteses de abuso de poder são tipificadas no art. 117 da Lei 6.404/1976, que enquadra situações em que o acionista controlador se desvia do objeto social da companhia (alínea a ), transforma, incorpora ou promove a liquidação de companhia visando obter vantagem indevida (alínea b ) ou decide contrariamente aos interesses da companhia (alínea c ), entre outros, em prejuízo dos acionistas minoritários. Esses e outros dispositivos como os incisos II e III do art. 14 da Lei das Estatais, que impõem ao acionista controlador a preservação da independência do Conselho de Administração e a observação da política de indicação dos administradores e membros do Conselho Fiscal, respectivamente reconhecem que eventual gestão que prejudique os acionistas minoritários, detentores do capital privado, é inadequada, além de representar conduta passível de responsabilização. Assim, não se mostra possível o exercício abusivo do poder de controle pelo acionista controlador, que pode prejudicar o desenvolvimento eficiente e lucrativo da companhia o qual também constitui um dos objetivos do Estado na opção pelo modelo empresário. 4. Comissão de Valores Mobiliários: reconhecimento de limites à atuação do acionista controlador A Comissão de Valores Mobiliários já reconheceu que o acionista controlador público está vinculado às regras que limitam seu poder, constantes da Lei das S/A (art. 235 e art. 115, 1º, e artigos 116 e 117) 3. Ademais, ressaltou-se que o controlador deve orientar as atividades da sociedade de economia mista em harmonia com o interesse dos acionistas minoritários, sob pena de responsabilização em caso de atuação em sentido contrário, e que a postura adequada do acionista controlador constitui ponto fundamental para a confiança do mercado nesse modelo de gestão de interesse público por meio da companhia mista. 3 PAS-CVM-RJ2015/10677, Relator Conselheiro Henrique Machado, julgamento em 07.02.2017. Tratou-se de processo administrativo instaurado em face da União Federal, na qualidade de acionista controladora da Petrobras, por impor à companhia custos de subsidiar a geração de energia elétrica, por meio da omissão diante da reiterada inadimplência da Amazonas Distribuidora de Energia S.A. e da posterior novação da dívida resultante dessa inadimplência, em termos desvantajosos para a companhia. 3

Esse mesmo entendimento foi aplicado em julgamento recente. Instaurou-se processo administrativo sancionador para apurar a responsabilidade do Estado de São Paulo como acionista controlador da Empresa Metropolitana de Águas e Energias (EMAE), por suposta utilização gratuita dos serviços da companhia estatal (PAS-CVM-RJ2016/0802) 4. O governo estadual remunera a EMAE pelo serviço de controle de cheias do Sistema Tietê/Pinheiros. Segundo a acusação, a remuneração original e a remuneração reajustada não foram pagas de forma tempestiva, apesar da prestação dos serviços pela EMAE continuar até os dias de hoje. Em 29.01.2019, a CVM multou o acionista controlador (Estado de São Paulo) pelos benefícios obtidos através desses serviços de controle de cheias prestados pela companhia estatal. No mérito, entendeu-se que a utilização, pelo acionista controlador, dos serviços prestados pela companhia de forma gratuita, em seu benefício, constitui afronta ao art. 116 da Lei 6.404/1976, o qual dispõe que o controlador possui deveres para com os demais acionistas, com a comunidade e com os trabalhadores da companhia. Portanto, prevaleceu a importância da limitação do exercício do poder de controle por parte do acionista majoritário para o funcionamento da própria sociedade de economia mista. 5. Conclusão A legislação e a jurisprudência demonstram que a persecução do interesse público justificador da criação da sociedade de economia mista inclui a consideração, pelo acionista controlador, dos interesses dos acionistas minoritários envolvidos na estruturação da companhia. Esta adequação constitui elemento fundamental da possibilidade de manutenção e de desenvolvimento da sociedade, por influenciar a visibilidade da companhia diante do mercado e fomentar os investimentos necessários à atuação da sociedade e, por isso, indispensáveis para a realização do interesse público. Atuar como acionista controlador público, cujo cerne reside na obtenção do interesse público, é contemplar, de maneira adequada, os interesses privados representados pelos acionistas minoritários. FUCKNER, Mariana Hofmann. Limitações ao poder de controle do acionista controlador nas sociedades de economia mista. Informativo Justen, Pereira, Oliveira e Talamini, Curitiba, nº 144, fevereiro 2019, disponível em www.justen.com.br/informativo, acesso em [data]. 4 PAS-CVM-RJ/2016/0802, SEI 19957.000714/2016-12, Relator Conselheiro Henrique Machado, julgamento em 29.1.2019). 4

5