MUDANÇA DE COMPORTAMENTO ALIMENTAR DE INDIVÍDUOS PARTICIPANTES DE UM AMBULATÓRIO DE NUTRIÇÃO RESUMO: O consumo e o comportamento alimentar do brasileiro apresentam constantes mudanças que são determinadas pela escolha alimentar que faz parte de um misto processo de fatores socioeconômicos, culturais e psicológicos. Através da avaliação do consumo alimentar se torna possível conhecer, de forma estimada, os alimentos consumidos e suas quantidades e com isso, avaliar as inadequações dietéticas do indivíduo ou do grupo. Objetivo: Identificar mudanças de comportamento alimentar em indivíduos que participam do Ambulatório de Nutrição do Centro Universitário do Triângulo, Unitri. Metodologia: Aplicação do questionário de consumo alimentar elaborado pelo ministério da saúde seguindo as diretrizes da politica nacional de alimentação e nutrição que preconiza a segurança alimentar e nutricional dos brasileiros. Resultados: A pesquisa ainda se encontra em fase de coleta de dados, analisando os 35 questionários já respondidos pode-se verificar que 14,28% da amostra tem a necessidade de tornar seus hábitos alimentares e de vida mais saudáveis, 74,28% da amostra apresenta a necessidade de estar atento a sua alimentação e outros hábitos e 11,42% é parabenizado pelo teste estando no caminho para o modo de vida saudável. Conclusão: Com o resultado parcial da pesquisa pode-se verificar que mais da metade dos participantes necessita do acompanhamento ambulatorial para a mudança de hábitos alimentares e de vida. Palavras chaves: hábito alimentar - educação nutricional alimentação
1.0 - Introdução O consumo e o comportamento alimentar do brasileiro apresentam constantes mudanças que são determinadas pela escolha alimentar que faz parte de um misto processo de fatores socioeconômicos, culturais e psicológicos. Regras impostas pela sociedade, seu nicho ecológico, os valores pessoais e individuais fazem parte de fatores que influenciam a escolha alimentar desses indivíduos, influências que fazem com que a principal função do ato se alimentar que é a necessidade fisiológica deixe de ter grande importância dando lugar aos desejos e princípios sociais. A obesidade e o sobre peso estão cada vez mais presentes na vida dos brasileiros, fato que se deve na maioria das vezes, ao alto consumo de alimentos ricos em sódio e conservantes, alto consumo de doces e bebidas gaseificadas, diminuição do numero de refeições que leva ao mau fracionamento da dieta; essa alteração faz com que o indivíduo consuma maior quantidade de calorias em uma única refeição levando à sonolência pósprandial e ao desequilíbrio da dieta ao longo do dia. A substituição do arroz e feijão por fast-foods tem sido também uma rotina na vida do brasileiro como uma forma de buscar refeições rápidas, já que o tempo é curto, o que contribui em longo prazo, para aumento da incidência de doenças como a hipertensão arterial sistêmica. Essas mudanças giram em torno de outras que ocorreram no estilo de vida, além da inserção da mulher no mercado de trabalho de forma mais participativa, o que levou a alterações no comportamento alimentar desde o tipo de alimentos consumidos até a forma como são preparados. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na pesquisa de orçamentos familiares (POF) feita em 2008-2009 obteve resultados onde o excesso de peso foi diagnosticado em cerca da metade dos homens e das mulheres analisados, excedendo em 28 vezes a frequência do déficit de peso, no sexo masculino, e em 13 vezes, no sexo feminino. O diagnóstico de obesidade foi feito em 12,5% dos homens e em 16,9% das mulheres, correspondendo a cerca de um quarto do total de casos de excesso de peso no sexo masculino e a um terço no sexo feminino. Tanto os excessos de peso como a obesidade aumentaram de frequência com a idade até a faixa etária de 45 a 54 anos, em homens, e até a faixa etária de 55 a 64 anos, em mulheres, declinando nas idades subsequentes. No mesmo estudo, as prevalências de excesso de peso e de obesidade aumentaram continuamente ao longo dos quatro inquéritos realizados nos dois sexos. Nos 34 anos decorridos de 1974-1975 a 2008-2009, a prevalência de excesso de peso em adultos aumentou em quase três vezes no sexo masculino (de 18,5% para 50,1%) e em quase duas vezes no sexo feminino (de 28,7% para 48,0%). No mesmo período, a prevalência de obesidade aumentou em mais de quatro
vezes para homens (de 2,8% para 12,4%) e em mais de duas vezes para mulheres (de 8,0% para 16,9%). (IBGE 2008,2009) Por esta pesquisa fica claro que a mudança de consumo alimentar dos brasileiros causa um impacto preocupante, pois à medida que o sobrepeso e obesidade têm a incidência aumentada, algumas doenças surgem como resultado, entre elas as cardiovasculares, diabetes e até hipertensão. O que deve ser considerado é que toda essa situação reflete também em outros segmentos da sociedade, já que um indivíduo obeso adoece mais e tem sua produtividade dentro do ambiente de trabalho alterada. Através da avaliação do consumo alimentar se torna possível conhecer, de forma estimada, os alimentos consumidos e suas quantidades e com isso, avaliar as inadequações dietéticas do indivíduo ou do grupo. Vários estudos epidemiológicos utilizam o questionário de frequência alimentar em situações onde é necessário avaliar o consumo dietético, é uma ferramenta prática por ser de fácil aplicação e com pouco ou nenhum custo. O Questionário de frequência alimentar é um método que permite classificar de forma simples em grandes grupos e com relativa confiabilidade o habito alimentar de populações, possui ainda vantagens como, ser possível aplicar em grandes pesquisas, e por ter uma relativa confiabilidade vários estudos afirmam sua funcionalidade. 2.0 Metodologia Participaram deste estudo transversal 35 pacientes frequentes em ambulatório, localizado em uma instituição de ensino superior no município de Uberlândia, Minas Gerais. Na primeira consulta o paciente recebeu um questionário de consumo alimentar elaborado pelo ministério da saúde seguindo as diretrizes da politica nacional de alimentação e nutrição que preconiza a segurança alimentar e nutricional dos brasileiros. O questionário continha 18 perguntas de múltipla escolha variando entre 2 e 6 alternativas. Ao final, cada resposta possuía uma pontuação onde depois de somadas todas as repostas era possível se obter o resultado de como estava o hábito alimentar do individuo; tal procedimento será realizado novamente ao final do ambulatório para que se possa verificar se ocorreu alguma mudança no peso corpóreo e de comportamento alimentar dos participantes comparando o primeiro resultado com o ultimo; será utilizado o resultado da pontuação inicial e final para comparação e analisar possíveis mudanças de
comportamento alimentar. Para classificar os indivíduos em sobre peso ou obesidade foi calculado o IMC- índice de massa corporal com os dados obtidos através da primeira aferição de peso e altura que ocorriam na primeira consulta, refazendo ao final com os últimos dados aferidos. Índice de Massa Corporal Após serem obtidos os dados de peso e altura, será calculado o Índice de Massa Corpórea, através da fórmula: IMC = Peso (Altura) 2 Para interpretação dos dados obtidos, será utilizada a tabela de Índice de Massa Corpórea, descrita a seguir: Interpretação do IMC para adultos (20-60 anos) IMC Classificação Obesidade (grau) Menor que 18,4 Entre 18,5 e 24,9 Entre 25,0 e 29,9 Abaixo peso Normal Sobrepeso Entre 30,0 e 34,9 Obesidade I Entre 35,0 e 39,9 Obesidade II Maior que 40,0 e acima Obesidade Grave III FONTE: OMS 1995
Foi feita a aferição de altura e peso dos participantes conforme o protocolo descrito á seguir: Aferição do peso A pesagem será feita em uma balança digital. O protocolo de pesagem será o seguinte: Posicionar o indivíduo de costas para a balança, com o mínimo de roupa possível, descalço, no centro do equipamento, ereto, com os pés juntos e os braços estendidos ao longo do corpo. Mantê-lo parado nessa posição. Realizar a leitura de frente para o equipamento. Anotar o peso. Retirar o indivíduo. O indivíduo será orientado a retirar objetos pesados tais como chaves, óculos, telefone celular e quaisquer objetos que possam interferir no peso atual. Aferição da altura Será feita usando uma fita métrica. O protocolo de aferição da altura será o seguinte: posicionar o indivíduo descalço e com a cabeça livre de adereços, em uma parede lisa e piso plano sem rodapé. Mantê-lo de pé, ereto, centralizados sobre a base horizontal, com os pés paralelos e calcanhares, nádegas e cabeça em contato com o plano vertical, com os braços estendidos ao longo do corpo, com a cabeça erguida, olhando para um ponto fixo na altura dos olhos. Encostar os calcanhares, ombros e nádegas em contato com a parede lisa e piso plano sem rodapé. Os ossos internos dos calcanhares devem se tocar bem como a parte interna de ambos os joelhos. Unir os pés, fazendo um ângulo reto com as pernas. Retirar o indivíduo, quando tiver certeza que o mesmo não se moveu. Realizar a leitura da estatura. Anotar o resultado.
5.0- Resultados/Discussão: A presente pesquisa se encontra em andamento, assim, foi analisado apenas o resultado parcial dos participantes da pesquisa ate o momento. O questionário teste sua alimentação traz em sua metodologia um somatório de pontos, onde, de acordo com as respostas do individuo sobre sua frequência alimentar será possível obter um resultado de como esta sua alimentação. Divide-se da seguinte forma; obtendo ate 28 pontos é necessário que o individuo torne sua alimentação e seus hábitos de vida mais saudável, dando mais atenção a alimentação e atividade física, verificando os 10 passos para a alimentação saudável a adotando-o no seu dia-dia, obtendo de 29 á 42 pontos é necessário que o individuo fique atento a sua alimentação e outros hábitos como atividade física e consumo de líquidos, avaliando entre os 10 passos para alimentação saudável quais não fazem parte de sua rotina e adota-los, somando 43 pontos ou mais o individuo é parabenizado, significando assim que está no caminho certo para a vida saudável. Foram analisados 35 questionários respondidos após o paciente assinar o termo de consentimento livre e esclarecido no momento da primeira consulta, obtendo peso, altura e IMC e o resultado de seu questionário. Dos 35 analisados, 5 pessoas obtiveram ate 28 pontos representando 14,28% da amostra, tendo como resultado a necessidade de tornar seus hábitos alimentares e de vida mais saudáveis,26 pessoas obtiveram de 29 á 42 pontos representando 74,28% da amostra sendo interpretado pelo questionário a necessidade de estar atento a sua alimentação e outros hábitos e 4 pessoas obtiveram 43 pontos ou mais representando 11,42% da amostra que é parabenizado pelo teste estando no caminho para o modo de vida saudável.
Gráfico 1- Distribuição dos valores encontrados segundo respostas do teste sua alimentação: Ao analisar o IMC dos 35 pacientes que responderam a pesquisa ate o presente momento pode-se verificar que 2 pessoas representando 5,7% da amostra estavam com baixo peso,13 estavam eutroficos representando 37,14%,9 sobre peso sendo 25,71% da amostra,8 apresentavam obesidade grau I e 3 com obesidade grau II representando 22,85 % e 8,57% da amostra respectivamente. Gráfico2- Classificação do índice de massa corpórea entre os 35 participantes da pesquisa:
No prazo determinado segundo a metodologia da pesquisa será reaplicado novamente o teste para analisar se ocorreu alguma mudança dos hábitos alimentares desses indivíduos e IMC. Conclusão: Pode-se verificar com o resultado parcial da pesquisa que mais da metade dos participantes necessita do acompanhamento ambulatorial como ferramenta auxiliar na mudança de hábitos alimentares e de vida, diante isso, ações para que o individuo mude seus hábitos estão sendo realizadas, desde orientações alimentares para praticas saudáveis ate elaboração de cardápio de acordo com a necessidade do paciente. Agradecimentos: Agradeço á FAPEMIG- Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de Minas Gerais, pela bolsa ofertada para que a presente pesquisa fosse possível ser executada.
7.0 Referências Bibliográficas Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008 2009 - Antropometria e Estado Nutricional de Crianças, Adolescentes e Adultos no Brasil. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/p of/2008_2009_encaa/pof_20082009_encaa.pdf Acesso em 16/09/2012. MELLO,E,D;LUFT,V,C;M,F; Atendimento ambulatorial individualizado versus programa de educação em grupo: qual oferece mais mudança de hábitos alimentares e de atividade física em crianças obesas? Jornal de Pediatria - Vol. 80, Nº6, 2004. Ministério da saúde. Guia alimentar para a população brasileira Promovendo a Alimentação Saudável. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_alimenta cao_saudavel.pdf acesso em: 18/09/2012.