Exmo.(a). Senhor(a) Doutor(a) Juiz de Direito da Secção Cível da Instância Local do Porto J2 Processo nº 5134/14.1TBVNG Insolvência de Francisco Germano da Silva e Maria Olinda Correia Botelho da Silva Nuno Rodolfo da Nova Oliveira da Silva, Economista com escritório na Quinta do Agrelo, Rua do Agrelo, nº 236, Castelões, em Vila Nova de Famalicão, contribuinte nº 206 013 876, Administrador da Insolvência nomeado no processo à margem identificado, vem requerer a junção aos autos do relatório a que se refere o artigo 155º do C.I.R.E.. Mais informo que não foi elaborada a lista provisória de créditos prevista no artigo 154º do CIRE, uma vez que nesta data é junto aos autos a relação de credores a que alude o artigo 129º do CIRE. P.E.D. O Administrador da Insolvência (Nuno Oliveira da Silva) Castelões, 17 de março de 2015 Página 1 de 1
I Identificação dos Devedores Francisco Germano Silva, N.I.F. 180 501 224, e Maria Olinda Correia Botelho Silva, N.I.F. 130 730 700, residentes no Lar Chuva de Prata, Lda., localizado na Rua S. Roque da Lameira, nº 2311, Porto. II Situação profissional e familiar dos devedores Os devedores são casados entre si desde 11 de Maio de 1969. Ambos têm actualmente 75 anos de idade e encontram-se reformados. O devedor marido aufere uma pensão de reforma no valor mensal bruto de Euros 1.172,02, acrescido de diuturnidades no valor de Euros 285,60, o que perfaz um total mensal de Euros 1.457,62. Já a devedora esposa aufere uma pensão mensal de Euros 259,37, a que acresce um complemento de dependência no valor de Euros 99,77, o que perfaz um valor mensal de Euros 359,14. Dados os problemas de saúde e o grau de dependência que apresentam, os devedores residem actualmente numa residência para idosos designada Lar Chuva de Prata, Lda., NIPC 502 258 543. III Actividade dos devedores nos últimos três anos e os seus estabelecimentos (alínea c) do nº 1 do artigo 24º do C.I.R.E.) Há vários anos que os devedores se encontram reformados, vivendo em exclusivo das suas reformas. Considerando o valor mais elevado da pensão do devedor marido, conseguiram os mesmos aceder a alguns contratos de crédito pessoal entre os anos de 2000 e 2005, nomeadamente junto de entidades de crédito como a Cofidis e a Cetelem. Apesar dos encargos gerados por tais contratos, foram os devedores cumprindo pontualmente tais obrigações. Sucede que a saúde do devedor marido veio a Página 1 de 4
deteriorar-se substancialmente, pelo que ambos tiveram a necessidade de ir residir para o Lar Chuva de Prata, Lda., considerando a sua dependência física e necessidade de apoio constante. Nesta residência, a mensalidade de cada um dos devedores ascende a Euros 900,00. A este valor acrescem os encargos com medicamentos e diverso material geriátrico e ainda encargos com consultas médicas e deslocações. Todas estas despesas passaram a absorver a totalidade dos rendimentos mensais dos devedores, deixando os mesmos de ter capacidade de cumprir com os demais compromissos assumidos anteriormente. Assim, em meados de 2012 os devedores entraram em incumprimento com a COFIDIS, no início de 2013 com o Banco BPN Paribas Personal Finance, S.A. e em finais de 2014 com o Banco BPI, S.A.. Estes incumprimentos geraram a interposição de algumas injunções no ano de 2013 e ainda da acção executiva nº 150/14.6TBVNG já no decurso do ano de 2014. Pressionados pelos seus credores e sem rendimentos nem património capazes de responder por tais créditos, viram-se os devedores na obrigação de se apresentar a tribunal e requerer que fosse declarada a sua insolvência, tendo iniciado os procedimentos para tal necessários em Julho de 2014. IV Estado da contabilidade dos devedores (alínea b) do nº 1 do artigo 155º do C.I.R.E.) Não aplicável. V Perspectivas futuras (alínea c) do nº 1 do artigo 155º do C.I.R.E.) Os devedores apresentaram o pedido de exoneração do passivo restante, nos termos do artigo 235º e seguintes do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas. Estabelece o nº 4 do artigo 236º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas que na assembleia de apreciação do relatório é dada aos credores e ao Página 2 de 4
administrador da insolvência a possibilidade de se pronunciarem sobre o requerimento do pedido de exoneração do passivo. Por sua vez, o artigo 238º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas enumera as situações em que o pedido de exoneração do passivo é liminarmente indeferido. A aceitação do pedido de exoneração do passivo determina que durante um período de 5 anos o rendimento disponível que os devedores venham a auferir se considere cedido a um fiduciário. Integram o rendimento disponível todos os rendimentos que advenham a qualquer título aos devedores com exclusão do que seja razoavelmente necessário para o sustento minimamente digno dos devedores e do seu agregado familiar, não podendo exceder três vezes o salário mínimo nacional (subalínea i da alínea b) do nº 3 do artigo 239º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas). Actualmente o salário mínimo nacional mensal é de Euros 485,00. Conforme atrás foi referido, o devedor marido aufere actualmente um rendimento mensal bruto no valor de Euros 1.457,62, pelo que o seu rendimento disponível pode ser legalmente fixado entre os Euros 952,62 e os Euros 0,00. Já a pensão da devedora esposa ascende a um valor mensal de Euros 359,14, pelo que o seu rendimento disponível é, nesta altura, nulo. Não existem elementos, nem na minha posse, nem nos autos, que permitam concluir que o pedido de exoneração deve ser indeferido, nomeadamente por eventual violação do dever de apresentação à insolvência, conforme previsto na alínea d) do nº 1 do artigo 238º do CIRE. Nesta conformidade, sou de parecer que nada obsta a que seja deferido o pedido de exoneração do passivo apresentado pelos devedores, devendo fixar-se o rendimento disponível nos termos previsto na subalínea i da alínea b) do nº 3 do artigo 239º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas. Considerando que a massa insolvente se encontra numa situação de insuficiência patrimonial, nos termos do disposto no artigo 232º do CIRE, face à Página 3 de 4
inexistência de bens passíveis de serem apreendidos nos autos, deverão os credores deliberar no sentido do encerramento do processo nos termos da alínea e) do nº 1 do artigo 230º do CIRE, caso venha a ser proferido despacho inicial de exoneração do passivo restante, ou nos termos da alínea d) do mesmo artigo, caso venha a ser indeferido o pedido de exoneração formulado pelos devedores. Castelões, 17 de Março de 2015 O Administrador da Insolvência (Nuno Oliveira da Silva) Página 4 de 4