Defesa do Consumidor alerta para casos práticos II PUBLICADO NA EDIÇÃO IMPRESSA TERÇA-FEIRA, 29 DE ABRIL DE 2013 POR JM As companhias aéreas não serão consideradas responsáveis se tiverem tomado todas as medidas razoáveis para evitar prejuízos ou se lhes tiver sido impossível tomar tais medidas. Pela bagagem danificada, tem de apresentar uma queixa perante a companhia aérea no prazo de 7 dias após a recepção da bagagem. O artigo de hoje corresponde à segunda parte do último texto publicado da autoria do Serviço de Defesa do Consumidor. 5- BAGAGEM DANIFICADA No regresso de uma viagem aérea, verifiquei no aeroporto que uma das minhas malas estava danificada e que a outra havia sido extraviada. Reclamei no aeroporto, nesse mesmo dia, mas já passou uma semana e a mala não foi encontrada. Gostaria de saber direitos tenho. Se a bagagem for perdida, danificada ou chegar com atraso, poderá ter direito a uma indemnização limitada até cerca de 1 220,00.
No entanto, as companhias aéreas não serão consideradas responsáveis se tiverem tomado todas as medidas razoáveis para evitar prejuízos ou se lhes tiver sido impossível tomar tais medidas. Pela bagagem danificada, tem de apresentar uma queixa perante a companhia aérea no prazo de 7 dias após a recepção da bagagem. Pela recepção atrasada da bagagem, este período tem um máximo de 21 dias. Reclame por escrito, descrevendo detalhadamente a bagagem e juntando uma lista do seu conteúdo com a especificação o valor de cada peça. Guarde uma cópia de sua reclamação e uma prova de envio. 6- CONDOMÍNIO SEGURO Vivo num prédio, cujo condomínio foi constituído há pouco tempo. Na primeira reunião, fomos informados que tínhamos de contratar um seguro de incêndio e que era obrigatório, por lei. Como já fiz um seguro contra todos os riscos quando comprei o meu apartamento, gostaria de saber se, mesmo assim, tenho de contratar o seguro contra incêndio na qualidade de condómina. Sim, é obrigatório o seguro contra o risco de incêndio do edifício, quer quanto às fracções autónomas, quer quanto às partes comuns. O seguro deve ser celebrado entre os condóminos em qualquer companhia que esteja autorizada a explorar o ramo incêndio pelo Instituto de Seguros de Portugal; e caso não o seja, o administrador deve efectuá-lo quando os condóminos o não hajam feito dentro do prazo e pelo valor que, para o efeito, tenha sido fixado em
assembleia, ficando, neste caso, com o direito de reaver o respectivo prémio. É importante referir que este seguro deve ser actualizado anualmente, competindo à assembleia de condóminos deliberar o montante de cada actualização. Caso isto não aconteça, o administrador deve actualizar o seguro de acordo com o índice publicado trimestralmente pelo Instituto de Seguros de Portugal. 7- TROCA DE PEÇA DE VESTUÁRIO Ofereceram-se uma mala no meu dia de anos e disseram-me que se não gostasse podia trocar por outra coisa. Como já tinha uma mala parecida, decidi trocar por outra de outra. Infelizmente quando fui à loja, passada uma semana, disseram-me que a empresa só efectuava trocas em caso de defeito. Acho injusto e gostava de saber se é mesmo assim. As trocas de bens de consumo só são obrigatórios se tiverem defeito. Deste modo, se o bem comprado não tem defeito, o vendedor não é obrigado à trocar, substituição ou a reembolsar (devolver o dinheiro ou conceder uma nota de crédito). No entanto, alguns agentes económicos permitem as trocas ou o reembolso, não porque sejam obrigados a tal, por apenas porque adoptam essa prática comercial, por uma questão de cortesia para com o cliente. É frequente concederem um vale com prazo de validade (por exemplo 15/30 dias). Assim, quando comprar ou quando lhe ofereceram alguma coisa, informe-se se o local onde a compra foi feita permite essa facilidade. Tal pode estar visível no talão. Se estiver, a Empresa não pode recusar.
8- ENVIO DE LIVROS DE RECEITA NÃO SOLICITADOS Recebi, por correio, umas revistas de culinária que não encomendei. Como não tinha feito qualquer contrato com aquela empresa, não as devolvi. Agora recebi uma carta a informar que tenho de pagar as revistas que recebi as as próximas que irei receber mensalmente, porque a falta de resposta implicou a aceitação do produto e do contrato. Tenho mesmo de pagar? O consumidor tem direito à protecção dos seus interesses económicos (artigo 9.º da Lei de Defesa do Consumidor). O consumidor não fica obrigado ao pagamento de bens ou serviços que não tenha prévia e expressamente encomendado ou solicitado, ou que não constitua cumprimento de contrato válido, não lhe cabendo, do mesmo modo, o encargo da sua devolução ou compensação, nem a responsabilidade pelo risco de perecimento ou deterioração da coisa. n.º 4 do artigo 9.º. Pode ser encarada como uma venda forçada. 9- PAGAMENTOS NOS ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS Após ter jantado num restaurante muito conceituado, pedi para pagar a conta com cartão de débito (cartão multibanco), pois tinha-me esquecido de levantar dinheiro. O empregado disse-me que não a empresa só aceitava numerário. Como não havia uma caixa Multibanco próxima do restaurante, fiquei numa situação delicada e fui obrigada a pedir dinheiro
emprestado para pagar a conta. Gostava de saber se os estabelecimentos comerciais não são obrigados a aceitar cartões multibanco. A resposta é não, pois apensas estão obrigados a aceitar como forma de pagamento dinheiro em numerário. O vendedor pode, por isso, recusar as modalidades de pagamento em cheque, cartão de débito (Multibanco) ou cartão de crédito, desde que tenha informação dirigida ao consumidor de modo visível. Se existir a afixação de um logótipo de cartão afixado implica que o vendedor aceita esse pagamento porque a afixação é considerada uma informação ao consumidor e o vendedor está vinculado à informação que publicita. Poderá, no entanto, aceitar essa forma de pagamento só para certos montantes, devendo essa indicação estar também afixada. 10- TRANSPORTE DE ANIMAL EM TAXI Num serviço de transporte por táxi, o taxista, alem de ter implicado com a minha bagagem era muito grande - recusou o transporte de um animal de estimação que trazia comigo. Era um gato e, ainda por cima, vinha dentro de uma caixa própria de transporte de animais. Só após insistência da minha parte é que resolveu fazer o transporte. É legal? No transporte efectuado por táxi, as bagagens podem ser transportadas desde que as características das mesmas não prejudiquem a conservação do veículo. Não pode ser recusado o transporte de animais de estimação, desde que os mesmos se encontrem acompanhados e acondicionados, salvo se estes revelarem perigosidade de saúde ou de higiene.
A título de curiosidade, é obrigatório o transporte de cães guia acompanhantes de passageiros invisuais e de cadeiras de rodas ou outros meios de marcha de pessoas com mobilidade reduzida, bem como carrinhos e acessórios para transportar crianças.