DERMATITE POR MALASSEZIA SP. EM UM CÃO RELACIONADA COM O ESTRESSE: RELATO DE CASO

Documentos relacionados
HIPERPLASIA DA GLÂNDULA DA CAUDA FELINA Relato de Caso

TRATAMENTO CONVENCIONAL ASSOCIADO À SUPLEMENTAÇÃO FITOTERÁPICA NA DERMATOFITOSE CANINA RELATO DE CASO CONRADO, N.S. 1

ESTUDO RETROSPECTIVO DOS TUMORES MAMÁRIOS EM CANINOS E FELINOS ATENDIDOS NO HOSPITAL VETERINÁRIO DA FAMED ENTRE 2003 A 2007.

[DERMATOFITOSE]

DERMATOFITOSE POR MICROSPORUM GYPSEUM EM FELINO: RELATO DE CASO FELINE DERMATOPHYTOSIS BY MICROSPORUM GYPSEUM: CASE REPORT

FATORES PREDISPONENTES À OTITE EXTERNA EM CÃES ATENDIDOS NA CLÍNICA ESCOLA VETERINÁRIA (CEVET) DO DEPARTAMENTO DE MEDICINA VETERINÁRIA, DA UNICENTRO.

DIAGNÓSTICO DE MICOSES EM PEQUENOS ANIMAIS DA CIDADE DE PELOTAS-RS E REGIÃO

Ano VII Número 12 Janeiro de 2009 Periódicos Semestral OTITE EXTERNA

DIAGNÓSTICO DE Malassezia sp EM OUVIDOS DE CÃES E SUA CORRELAÇÃO CLÍNICA

Guia terapêutico. 1. Alergias. das doenças pruríticas da pele e responsivas a Omnicutis. Dermatite por Alergia à Picada da Pulga.

Colaboradores Acadêmicos Selene Círio Leite Diego Lunelli Marcelle Círio Leite

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Neoplasias de glândulas perianais em cães

DIAGNÓSTICO CLÍNICO E LABORATORIAL DE OTITE EM CÃO: METODOLOGIA DE APRENDIZAGEM

Serviço de Diagnóstico por Imagem serviço de ultrassonografia e radiologia

COMPROMETIMENTO COM OS ANIMAIS, RESPEITO POR QUEM OS AMA.

REVISTA CIENTÍFICA ELETÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA ISSN: Ano VI Número 10 Janeiro de 2008 Periódicos Semestral

INTOXICAÇÃO POR ATROPINA EM CÃO Relato de Caso

LEVANTAMENTO DOS DADOS DOS ATENDIMENTOS ULTRASSONOGRÁFICOS DO SERVIÇO DE DIAGNÓSTICO POR IMAGEM DO HV/EVZ/UFG

Padrões hematológicos de vacas leiteiras no período de transição

MATRIZ CURRICULAR DO CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA DISCIPLINAS OBRIGATÓRIAS

TUMOR VENÉREO TRANSMISSÍVEL (TVT) - REVISÃO DE LITERATURA TRANSMISSIBLE VENERAL TUMOR (TVT) REVIEW

GUIDELINES ACESSO ÀS PLATAFORMAS ORDEM DOS MÉDICOS VETERINÁRIOS

INSTITUIÇÃO: ÁREA TEMÁTICA

OTITE CRÔNICA. Margareth Balbi MV, MS

DISCOESPONDILITE EM CÃO (Canis familiaris)

DIAGNÓSTICO DE DERMATOPATIAS EM EQUINOS ATRAVÉS DO MÉTODO DE TRICOGRAMA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO VALE DO SÃO FRANCISCO HOSPITAL VETERINÁRIO

EDITAL Nº 01/COREMU/UFRA/2016 ANEXO III ROTEIRO DA PROVA PRÁTICA ESPECÍFICA POR ÁREA

Relato de caso: Hiperestrogenismo em cão decorrente de sertolioma

FERTILIDADE DE CAPRINOS MOCHOS. Prof. Adelmo Ferreira de Santana Caprinocultura e Ovinocultura

SUSCEPTIBILIDADE A ANTIMICROBIANOS DE BACTÉRIAS ISOLADAS EM CÃES COM OTITE EXTERNA

INGESTÃO DE CORPO ESTRANHO EM CÃES RELATO DE CASO FOREIGN BODY INGESTION IN DOGS CASE REPORT

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE

disponibilidade do proprietário. Em geral, a melhor forma de profilaxia consiste na escovação dentária diária em animais de pequeno porte e, três

CTENOCEPHALIDES CANIS E CTENOCEPHALIDES FELIS: REVISÃO DE LITERATURA

ESPOROTRICOSE REVISÃO DE LITERATURA Stella Fontes 1, Alessandra Sayegh Arreguy Silva 2, Clarisse Alvim Portilho 3. Introdução

UFPI PLANO DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL/

EXERCÄCIOS DE HISTOLOGIA. 1- (PUC-2006) Associe o tipo de tecido animal Å sua correlaçéo:

CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS EM PREPUCIO DE EQUINO RELATO DE CASO SQUAMOUS CELL CARCINOMA IN EQUINE FORESKINS CASE REPORT

TABELA DE EQUIVALÊNCIA Curso de Odontologia

RESPOSTA RÁPIDA /2014

REGIMENTO DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DO SISTEMA TERRESTRE

Área temática escolhida: Saúde. Introdução

Corrimento vaginal Resumo de diretriz NHG M38 (primeira revisão, agosto 2005)

Área do Candidato: DERMATOLOGIA DE ANIMAIS DE COMPANHIA Numero de Inscrição: Nome do Candidato: Assinatura do Candidato:

Ricardo Felix Lana Curriculum Vitae

PORTARIA 015/A/ 2010/DIRETORIA

DOENÇAS AUTO-IMUNES MUCOCUTÂNEAS

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ CAMPUS DE PALOTINA HOSPITAL VETERINÁRIO RELATÓRIO DE EXAME NECROSCÓPICO

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Otite externa

INTERAÇÃO HOMEM x ANIMAL SOB A PERSPECTIVA DO PRODUTOR RURAL ESTUDO PRELIMINAR. ¹ Discente de Medicina Veterinária UNICENTRO

TEGAN alfaestradiol Solução tópica (capilar) 0,25 mg/ml

FOLHETO INFORMATIVO: INFORMAÇÃO PARA O UTILIZADOR

PAPILOMATOSE BUCAL CANINA

3. Abrangência Esse serviço será prestado nas principais capitais brasileiras e em cidades da Grande São Paulo e Grande Rio de Janeiro.

EXERCÍCIO E DIABETES

Resumo. MSD Saúde Animal Serviços Técnicos Veterinários

INSTITUTO QUALITTAS DE PÓS GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA DERMATOLOGIA VETERINÁRIA DE ANIMAIS DE COMPANHIA ADRIANA RORIZ SILVA DE CASTRO

CRISLEY DUTRA MACHADO PRISCILA SOARES ATOPIA CANINA REVISÃO DE LITERATURA

Lista para os Orgãos Sociais do RCP! ( 2015 / 2016 / 2017)

Colibacilose Aviária. Disciplina de Doença das Aves Curso de Medicina Veterinária MV Leonardo Bozzi Miglino Mestrando em Cinecias Veterinarias - UFPR

Entenda o que é o câncer de mama e os métodos de prevenção. Fonte: Instituto Nacional de Câncer (Inca)

Introdução. Comum Primária ou secundária Identificar causa base

[PARVOVIROSE CANINA]

INDICAÇÕES BIOEASY. Segue em anexo algumas indicações e dicas quanto à utilização dos Kits de Diagnóstico Rápido Bioeasy Linha Veterinária

Rejeição de Transplantes Doenças Auto-Imunes

ALTERAÇÕES NO HEMOGRAMA DE CÃES CAUSADAS PELA REFRIGERAÇÃO DA AMOSTRA

ABC. Kley Hertz S/A Indústria e Comércio Creme dermatológico clotrimazol 10mg/g

MICROBIOLOGIA. Profa. Dra. Paula A. S. Bastos

FUNDAÇÃO CULTURAL E DE FOMENTO À PESQUISA, ENSINO E EXTENSÃO.

Homeopatia. Copyrights - Movimento Nacional de Valorização e Divulgação da Homeopatia mnvdh@terra.com.br 2

Aspectos Clínicos da Hemobartolenose Felina

DERMATITE ALÉRGICA A PICADA DE INSETOS EM EQUINO RELATO DE CASO

-.BORDETELOSE CANINA "TOSSE DOS CANIS"

IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO NA UFG

AUTO MUTILAÇÃO EM PSITACÍDEOS Revisão de Literatura.

VERIFICAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE OFERTA PARA FINS DE RECONHECIMENTO DE CURSOS DE GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA

Linfomas. Claudia witzel

FORM-IN - FORMULÁRIO DE INVESTIGAÇÃO DE DOENÇAS (INICIAL) Versão:jun/03

HORÁRIO DE AULA - MEDICINA VETERINÁRIA

Micoses. Cuidados e Tratamentos

Corte de uma célula em tecido vegetal (epiderme de cebola) vista ao microscópio óptico, após coloração.

Rodrigo Felix Lana Curriculum Vitae

ESTUDO RETROSPECTIVO DAS NEOPLASIAS CANINAS DIAGNOSTICADAS EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO NO PERÍODO DE 2009 A 2010

Descobrindo o valor da

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia.

PROVA ESPECÍFICA Cargo 48. Na reação de hipersensibilidade imediata do tipo I, qual dos seguintes mediadores é neoformado nos tecidos?

BOLETIM TÉCNICO IMUNOCAN VACINA. Vacina para Tratamento e Prevenção da DERMATOFITOSE em Cães e Gatos. Importador:

[VERMINOSES]

Otite externa Resumo de diretriz NHG M49 (primeira revisão, dezembro 2005)

REGIMENTO DO HOSPITAL VETERINÁRIO DA FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO. CAPÍTULO I Dos objetivos

Candidíase: Revisão de Literatura

Curso de Graduação em Medicina

Otosporin hidrocortisona sulfato de neomicina sulfato de polimixina B. Forma farmacêutica e apresentação Suspensão otológica Embalagem contendo 10 ml

Transcrição:

DERMATITE POR MALASSEZIA SP. EM UM CÃO RELACIONADA COM O ESTRESSE: RELATO DE CASO FERREIRA, Manoela Maria Gomes AVANTE, Michelle Lopes ROSA, Bruna Regina Teixeira da MARTIN, Irana Silva FILHO, Darcio Zangirolami Acadêmicos da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da FAMED Garça e-mail: manuferreira2000@yahoo.com.br LOT, Rômulo Francis Estangari Docente da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da FAMED Garça e-mail: romulovet@yahoo.com.br RESUMO A Malassezia sp. é um fungo facilmente encontrado na pele e mucosas de mamíferos e aves no orifício anal, ouvido externo, lábios e pele interdigital de cães clinicamente sadios. Este fungo apresenta características bem diferenciadas de outros fungos e as dermatites relacionadas a ele normalmente são secundárias a outras patologias. Palavra - chave: dermatites, fungo, Malassezia sp. Tema central: Medicina Veterinária. ABSTRACT The Malassezia sp is one fungo easily found in the skin and mucosae of mammals and birds in the anal orifice, external ear, lips and interdigital skin of clinicamente healthy dogs. This fungo presents characteristics differentiated of other fungos and the dermatitides well related it normally they are secondary to other patologias. Keywords: dermatitides, fungo, Malassezia sp. 1- INTRODUÇÃO

A Malassezia sp. é um fungo leveduriforme pertencente a microbiota normal, é um patógeno oportunista do meato acústico externo e tegumento de cães e gatos, podendo ser encontrado no reto, pele interdigital, sacos anais e vagina, que pode causar dermatite e otite externa (MARTINS et al., 2004). Os sinais clínicos apresentados são pruridos, alopecia, liquenificação, hiperpigmentação, eritema, podendo em alguns casos associar-se com atopia e alergia alimentar (RHODES, 2005). Localizando-se predominantemente no conduto auditivo externo, face, região ventral do pescoço, axilas, ventre, pele interdigital e áreas intertriginosas (MELO et al., 2008). Os fatores predisponentes estão associados à dermatite seborréica decorrente de distúrbios endócrinos e metabólicos, alterações cutâneas por hipersensibilidade, defeitos de queratinização, tratamentos recentes com antibióticos e determinadas características raciais (MELO et al., 2008). O diagnóstico pode ser realizado através da citologia por impressão ou de fita adesiva (imprint cutâneo) onde o crescimento excessivo do fungo é confirmado ao serem encontrados mais de dois fungos redondos e ovais por campo. No exame histopatológico da pele há dermatite perivascular superficial a intersticial linfohistocítica com fungos e ocasionalmente pseudohifas. Pode-se ainda realizar cultura fúngica (MEDLEAU & HNILICA, 2003). Culturas de 30 C a 37 C são realizadas para diferenciação de Malassezia sp. e candidíase (WILLEMSE, 1998). O tratamento sistêmico é realizado com drogas anti-fúngicas como cetoconazol ou itraconazol administradas junto com o alimento e tratamento tópico a base de xampus contendo cetoconazol 2%, miconazol 2%, gluconato de clorexidine 2% a 4% ou sulfeto de selênio 2,5% (MOÇO et al., 2007). O prognóstico é bom quando a causa é identificada e corrigida. A doença não é considerada contagiosa para outros animais ou para humanos, exceto para indivíduos imunossuprimidos (RHODES, 2005). Este trabalho tem como objetivo relatar um caso de Malasseziose em um canino imunossuprimido devido ao estresse e a eficácia do exame citológico no diagnóstico deste tipo de dermatite.

2- MATERIAIS E MÉTODOS Atendido no Hospital Veterinário de Pequenos Animais da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia/ Associação Cultural e Educacional de Garça-SP FAMED/ ACEG, no dia 09 de outubro de 2007, um canino, SRD, fêmea, de 10 anos de idade, onde se observou lesões alopécicas, crostosas, pele eritematosa, hiperpigmentada e intenso prurido em região periocular, tecido cutâneo da cavidade oral e região interdigital, com evolução de aproximadamente três meses. Solicitado ao Laboratório de Patologia Veterinária da FAMED o exame citológico (fita adesiva, imprint cutâneo) das lesões dermatológicas citadas anteriormente. No laboratório as lâminas histológicas foram fixadas em álcool metílico e coradas por Giemsa. 3- RESULTADOS Segundo análise citológica em microscopia óptica pôde ser observada moderada quantidade de pêlos íntegros, células epiteliais de descamação e presença de formas leveduriformes em número de três a seis por campo num aumento de 400X, onde se conclui um quadro de Dermatite por Malassezia. Procedeu-se então o tratamento com Cetoconazol suspensão, Cefalexina 500mg administrados por via oral com alimento em intervalos de 12 a 24 horas e banhos a cada três dias com xampu antifúngico e antibactericida obtendo melhora do quadro dentro de um mês. 4- CONCLUSÃO

O presente trabalho permite concluir que a Malassezia sp apesar de ser um habitante natural da pele, pode se multiplicar quando o animal é submetido a algum tipo de estresse que o deixa imunossuprimido, causando alterações cutâneas incômodas, que podem se expandir para todo o corpo do animal. E que a eleição da citologia como método de diagnóstico mostrou ser uma técnica confiável, precisa, de baixo custo para o proprietário, menos traumática para o animal e de rápido diagnóstico. 5- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MARTINS, A. A.; ROSA, C. S.; NASCENTE, P. S.; SOUZA, L. L.; SANTOS, D. V.; FARIA, R. O.; MEIRELES, M. C. A. Utilização dos Tweens 20, 40, 60 e 80 para identificação das espécies do gênero Malassezia. <http:/www.ufpel.edu.br/cic/2004/arquivos/ca_01129.doc> Acessado dia 15 de março de 2008. MEDLEAU, Linda; HNILICA, Keith A. Dermatologia de Pequenos Animais. Editora Rocca, São Paulo, 1 ed., 2003. pg. 40 a 42. MELO, M. B.; SANTOS, D. V.; CRUZ, L. S.; HERK, A. G.; RIBEIRO, M. B.; ARAÚJO, C. B. Dermatite de localização atípica por Malassezia pachydermatis em um cão apresentando redução nos níveis de zinco. <http:/www.rbspa.ufba.br/include/getdog.php> Acessado dia 15 de março de 2008. MOÇO, Helder Filippi; DIAS, Lauriane Conceição; RAYA, Diego Abdo; WALTENPUHL, Maria Gabriela. Dermatite por Malassezia. In: ------- X Simpósio de Ciências Aplicadas da Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal (FAEF), Garça: Editora FAEF, pg. 241 a 243, 2007. RHODES, Karen Helton. Dermatologia de Pequenos Animais: consulta em 5 min. Editora Revinter, Rio de Janeiro, 1 ed., 2005, pg. 13 a 18.

WILLEMSE, Ton. Dermatologia Clínica de Cães e Gatos. Editora Manole, Barueri, 2 ed., 1998, pg. 21.