O COMBATE AO DEMÔNIO NAS FONTES NORTE-AFRICANAS DO SÉCULO IV AO V: ENTRE CONCEPÇÕES E PRÁTICAS SOCIAIS Juliana Marques Morais Orientador : Prof. Dr. Julio Cesar Magalhães de Oliveira RESUMO Essa pesquisa tem por objetivo estudar o significado e as práticas derivadas das concepções cristãs sobre o combate ao demônio, do século IV ao século V, no caso específico da África do Norte, então pertencente ao Império romano. Esta pesquisa pretende compreender como os cristãos, que vivenciaram as perseguições empreendidas pelo governo romano, conceberam o martírio como um combate contra as forças demoníacas. Mas, também, como essas concepções foram reelaboradas após a paz de Constantino, sobretudo no contexto dos conflitos religiosos. E as influências que essas concepções exerceram nas ações e práticas sociais, que trouxeram implicações mesmo depois do fim do Império Tardio. Pretende-se, a partir dos sermões de Agostinho de Hipona, compreender a diversidade de sentidos atribuídos ao combate contra o demônio pelos cristãos no final do século IV e início do século V, das tentações interiores às lutas exteriores contra os símbolos da ação demoníaca no mundo. Por fim, a partir de estudos de caso específicos de ações coletivas justificadas como um combate ao demônio, pretende-se compreender sob que condições certas concepções são ativadas e transmutadas em ação. Palavras chave: Práticas sociais, conflitos religiosos e perseguição. 771
O norte da África sofreu diversas transformações de cunho religioso desde a conquista romana no século II a.c. Essas transformações deram-se tanto a nível de adequação ao império, quanto a um nível estritamente local. A África Romana foi palco de um pluralismo religioso, o que não significou a inexistência de conflitos. Pelo contrário, as tensões religiosas estiveram presentes e foram, sobretudo, a partir da expansão do cristianismo, marcadas por ações violentas. Este trabalho tem por objetivo estudar o significado e as práticas derivadas das concepções cristãs sobre o combate ao demônio, do século IV ao século V, no caso específico da África do Norte, então pertencente ao Império romano. Esta pesquisa pretende compreender como os cristãos, que vivenciaram as perseguições empreendidas pelo governo romano, conceberam o martírio como um combate contra as forças demoníacas. Mas, também, como essas concepções foram reelaboradas após a paz de Constantino, sobretudo no contexto dos conflitos religiosos, e disputas pelo poder. E as influências que essas concepções exerceram nas ações e práticas sociais, que trouxeram implicações mesmo depois do fim do Império Tardio. Através da análise das cartas de Cipriano, e das Atas dos Mártires produzidas no período da perseguição do século III, foi possível identificar que o martírio era entendido tantos pelos mártires, como pelas autoridades eclesiásticas como um combate ao demônio. Segundo Cipriano, a perseguição era obra do diabo e representava uma grande guerra entre os soldados de cristo e os servos do diabo. Essas concepções permitiram aos cristãos que sofreram as primeiras perseguições resignificar tanto o martírio, quanto a própria perseguição. Entretanto, quando nos direcionamos para os séculos seguintes o combate ao demônio adquire um novo status. As perseguições sistematizadas promovidas por Décio, Valeriano e Diocleciano criaram grupos distintos dentro da igreja católica e discórdias que culminaram na ruptura da igreja africana. Se por um lado as perseguições trouxeram a figura dos mártires, que morreram pela fé cristã, por outro trouxe o problema dos lapsi, os 772
que fraquejaram e sacrificaram aos deuses, e os traditores, aqueles que durante as perseguições entregaram objetos sagrados. A ruptura da Igreja africana entre católicos e donatista criou duas hierarquias paralelas que não comungavam uma com a outra. Para os donatistas os traditores não poderiam ministrar sacramentos, enquanto para os católicos os sacramentos eram válidos independentes da qualidade de quem os ministrava. Essa oposição entre donatistas e católicos foi estudada por várias correntes historiografias. Peter Brown aponta que o motivo dessa divisão não era nem étnico, nem social, mais sim uma visão expansionista, amplamente defendida pelo bispo Agostinho contra uma ideia da arca de Noé, defendida pelos donatistas. Enquanto uma defendia que a Igreja era universal, devendo englobar pecadores e não pecadores, a ideia donatista era da pureza da Igreja. Após a crise do século III, o imperador Constantino empreendeu uma campanha de reestruturação do império. Essa reestruturação se estendeu a Igreja, que deveria ser regulamentada e uniformizada. Essa manifestação imperial fez com que as cidades africanas, sobretudo Cartago, se transformassem em um palco de lutas pelo poder e disputas locais. Além da ruptura da Igreja africana, o cristianismo ainda disputava terreno com o paganismo, que embora não fosse mais a religião oficial do império, ainda permanecia arraigado nas práticas e no espaço urbano. Embora a religião católica tenha sido oficializada pelo império, a controvérsia donatista e o paganismo não se renderam a ela. Os sermões de Agostinho descobertos por Dolbeau demonstram que mesmo os católicos participavam de festas e banquetes considerados pagãos, ou em outros casos da violência dos cristãos para com os pagãos, como o ataque a pessoas e estátuas pagãs praticadas pelos cristãos. Nesse o contexto o combate ao demônio adquiriu uma nova perspectiva. No século IV e V, o combate ao demônio esta associado às lutas pelo poder em meio ao espaço urbano. E como nos lembra o historiador Alfredo Oliva Seja pela demonização de adversários políticos ou pela 773
demonização das próprias lutas pessoais, a luta contra o diabo viria a se tornar uma prática bastante presente no cristianismo (2007, p.44). O objetivo geral desta pesquisa é estudar as concepções cristãs sobre o combate ao demônio e as práticas sociais a elas associadas, tal como se desenvolvem do século IV ao século V no caso específico da África romana. De modo específico, pretende-se, em um primeiro momento, a partir do estudo das Atas dos mártires, compreender como o martírio foi concebido como um combate ao demônio e como essa concepção permitiu aos cristãos, antes e depois da paz de Constantino, reinterpretarem tanto a perseguição, como as disputas entre grupos religiosos. Pretende-se, em seguida, a partir dos sermões de Agostinho de Hipona, compreender a diversidade de sentidos atribuídos ao combate contra o demônio pelos cristãos no final do século IV e início do século V, das tentações interiores às lutas exteriores contra os símbolos da ação demoníaca no mundo. Por fim, a partir de estudos de caso específicos de ações coletivas justificadas como um combate ao demônio pretende-se compreender sob que condições certas concepções são ativadas e transmutadas em ação. Os estudos sobre a religiosidade e a cultura, e os movimentos sociais na Antiguidade Tardia conheceram nas últimas décadas um amplo desenvolvimento ligado à revalorização geral do período. Desde os anos 1970, com efeito, os trabalhos de Peter Brown (1972) e outros têm enfatizado que as transformações religiosas do período deveriam ser vistas de um modo mais positivo e compreensivo do que supunham as antigas concepções sobre a decadência, a irracionalidade e a superstição no Império Romano Tardio. Peter Brown em seu livro O Fim do Mundo Clássico afirma que a religião na Antiguidade Tardia, ao contrário do que se pensa sobre o período, não apresenta decadência, pelo contrario vive um momento de revolução. Segundo 774
Brown, a Antiguidade Tardia seria marcada por uma dupla revolução: social e religiosa. É um momento de passagem de uma religiosidade coletiva para uma religiosidade individual, íntima, o que não significa a inexistência de ações coletivas de cunho religioso. Influenciados pelas contribuições da sociologia e da antropologia, muitos historiadores têm assim criticado a visão anterior, propugnada por E. R. Dodds e outros, segundo a qual a Antiguidade Tardia teria sido marcada por uma crescente ansiedade, credulidade e superstição das pessoas, o que explicaria de modo muito natural à crença na intervenção na vida humana de criaturas maléficas. No entanto, essas críticas não têm suscitado alternativas satisfatórias quando se trata de explicar os comportamentos e, sobretudo, a violência coletiva. Recentemente, estudos como o de Michael Gaddis, têm atentado para o modo como o discurso de demonização e de combate ao demônio foi utilizado pelos cristãos do Império Tardio para justificar a resistência ao perseguidor e os ataques a pessoas, imagens e templos. No entanto, falta ainda uma consideração adequada da relação entre concepções, discursos e práticas. Pois como David Frankfurter (2006, p. 208) tem ressaltado compreender como as pessoas são mobilizadas para lutar contra o mal em seu meio implica mais do que atentar para as imagens presentes em sua cultura: implica também compreender como essas imagens são ativadas em contextos sociais e históricos específicos. Em estudo recente sobre os conflitos urbanos nas cidades Mediterrâneas durante a Antiguidade Tardia, Julio Cesar Magalhães de Oliveira ressalta que Longe de representar um sintoma da desorganização da cidade antiga, os conflitos e violências urbanas do período nos revelam, paradoxalmente, a vitalidade da cidade como arena na qual ainda se defrontavam interesses conflitantes. Essa visão não só se distancia daquela proposta por historiadores que tendem a ver o período com decadente, e que justificam o aumento da violência coletiva como uma consequência da desestruturação política do império. Como também não partilha da ideia dos que acreditando numa Longa Antiguidade Tardia, e tendem a esvaziar os impactos das violências coletivas para o período. Muitas dessas ações violentas que se estabeleceram após a paz de Constantino, com a quebra de estátuas pagãs, por exemplo, fugiam ao controle 775
das autoridades eclesiásticas. Eram por vezes movimentos populares independentes das autoridades eclesiásticas e, por vezes complementares as ações eclesiásticas. É a partir das disputas pelo poder num contexto local e urbano que podemos compreender as dimensões que o combate ao demônio adquire nos século IV e V. Para o estudo dos conflitos religiosos durante a Antiguidade Tardia é imprescindível o estudo da política para o período, uma vez que política e religião estão imbricadas. Não havendo como dissociar a religião da política no caso romano. Nesse trabalho política este diretamente relacionado ás disputas pelo poder em contexto específico, que tem como pano de fundo o discurso de combate ao demônio. Este trabalho inscreve-se assim tanto no contexto dos estudos recentes sobre religião e política na Antiguidade Tardia, como nos estudos mais amplos sobre os processos e mecanismos da ação coletiva. Sua relevância consiste, portanto na inter-relação entre concepções e práticas em uma perspectiva histórica e sociológica. Para a pesquisa são utilizados como fontes os textos bilíngues dos Sermões de Agostinho e das Atas dos mártires editados em Madri pela Editorial Católica, na Biblioteca de Autores Cristianos. As fontes são lidas e fichadas inicialmente na tradução espanhola e posteriormente confrontadas com o original latino. Esse confronto será particularmente importante no estudo do vocabulário utilizado nesses textos, o que nos permitirá compreender os significados específicos atribuídos pelos autores às concepções sobre o combate ao demônio. Os textos serão compreendidos como discursos estruturados com autor e públicos específicos, que devem ser identificados, para melhor compreender o sentido de sua mensagem. O confronto entre esses documentos parece ser o caminho mais viável para a análise. Lembrando que esses documentos inscrevem-se em um momento histórico específico, com objetivos e público alvo específicos. Por ser distintas entre si, cada uma das fontes requer uma abordagem específica. 776
As Atas dos Mártires são textos hagiográficos escritos a partir de processos judiciais ou de relato de testemunhas. Entretanto muito desses textos contêm em sua estrutura muitos elementos fantasiosos. O que os aproxima muitas vezes dos textos literários. O trabalho com a literatura é possível e pertinente ao oficio do historiador, como tem demonstrado diversos trabalhos após a Virada linguística. Em artigo publicado em 2008, os historiadores da antiguidade, Pedro Paulo Funari e Renata Senna Garraffoni fazem uma breve reflexão sobre a relação entre Literatura e História. Segundo os autores Os textos literários [...] apresentam novas possibilidades para abordar os aspectos culturais, sociais, políticos e econômicos vigentes no mundo romano (2008, p.105). No que se refere a esta pesquisa o diálogo com a literatura nos possibilita acessar o passado e perceber a forma como o discurso do combate ao demônio foi se estruturando a partir desses textos. A análise das Atas dos Mártires nos permite identificar como os redatores desses textos e por vezes o próprio mártir concebeu seu martírio como um combate ao demônio, ou pelos menos as concepções que estes pretendiam deixar para a posteridade. Uma grande questão que se coloca é a escassez de fontes no que se referem aqueles que participaram das disputas pelos poder nas cidades, a partir da ideia de combate ao demônio. Faltam documentos diretos que nos permitam acessar quais sentidos os cristãos da igreja africana atribuíram ao combate ao demônio. O que possuímos na verdade são fontes indiretas. Entendo como fonte indireta, a definição proposta por Carlo Ginzburg no prefácio de O Queijo e os Vermes, no qual entende as fontes indiretas como aquelas que nos possibilitam conhecer determinados grupos apenas indiretamente, através de filtros e intermediários que os deformam. Apreender as ações de disputa no espaço urbano, das comunidades cristãs, a partir do discurso de Agostinho, seja pelo simples relato de um acontecimento, ou pela repreensão de tal requer uma leitura á contra pelo. 777
Os sermões de Agostinho eram práticos, na medida em que o bispo repreende uma ação podemos inferir que esta ação era praticada por membros da comunidade. Este trabalho como bem definiu E. P. Thompson (1997, p.60), consiste em expor o documento a uma luz satânica, no qual a fonte deve ser lida ás avessas. Para esse caso, significa a partir dos sermões de Agostinho identificar com a comunidade cristã se posicionava em relação ao discurso de combate ao demônio e como ela justificava suas ações coletivas a partir desse discurso. Tendo isso em mente, os Sermões servem a dois objetivos. O primeiro entender como o bispo se posicionava em relação aos conflitos urbanos e o combate ao demônio. E segundo, serve também como uma fonte indireta das práticas e concepções da comunidade cristã africana. 778
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