TÍTULO: OTIMIZAÇÃO DO POSICIONAMENTO DA PEÇA MEDIANTE A UTILIZAÇÃO DO TEOREMA DE ESTABILIDADE NO PROCESSO DE RETIFICAÇÃO CENTERLESS.

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Transcrição:

16 TÍTULO: OTIMIZAÇÃO DO POSICIONAMENTO DA PEÇA MEDIANTE A UTILIZAÇÃO DO TEOREMA DE ESTABILIDADE NO PROCESSO DE RETIFICAÇÃO CENTERLESS. CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: ENGENHARIAS E ARQUITETURA SUBÁREA: ENGENHARIAS INSTITUIÇÃO: FACULDADE DE ENGENHARIA DE SOROCABA AUTOR(ES): MÁRCIO FELIPE GUILLEN ORIENTADOR(ES): LUIZ MAURÍCIO GONÇALVES NETO

1. RESUMO Uma das principais características de ajustagem de uma retificadora centerless passagem, que está diretamente relacionada ao desvio de circularidade gerado na peça, compreende no posicionamento desta em relação aos rebolos. O desvio de circularidade de uma peça retificada é na maioria das vezes uma das principais limitações para as aplicações de componentes retificados e da produtividade dos processos de usinagem. Neste cenário, o trabalho descrito investiga as características geométricas do processo de retificação centerless de passagem, a fim de melhorar o desvio de circularidade da peça após retificação. Foi gerado um gráfico de estabilidade geométrica para o processo de retificação centerless para definir o posicionamento ideal da peça no vão de retificação. Além disso foi realizado experimentos ajustando o posicionamento da peça e comparado os valores obtidos com as regiões de estabilidade do gráfico. Experimentos realizados no processo e retificação centerless demonstraram que o ajuste da altura da peça influência no desvio de circularidade e como o uso do gráfico de estabilidade é possível definir as características geométrica do processo de retificação centerless para o melhor posicionamento da peça no vão de retificação, ou seja, que resulta num menor desvio de circularidade da peça após a retificação. 2. INTRODUÇÃO As principais características de qualidade controladas nos processos de retificação centerless são a cilindricidade, a rugosidade e o desvio de circularidade. A cilindricidade está relacionada com o ajuste do perfil dos rebolos de corte e arraste, já a rugosidade da peça é influenciadas principalmente com as características do rebolo e dos parâmetros de dressagem. O desvio de circularidade, está relacionado aos parâmetros geométricos de ajustagem da máquina bem como as características dinâmicas do processo. Conforme Du et al (2005) o desvio de circularidade (e MZC) de uma peça é a diferença do raio maior e menor do desvio da peça, conforme ilustrado na Figura 1. O MZC é um método para determinar um par de círculos concêntricos da região na qual contém todos os pontos de medição indicando o raio maior e menor em relação o desvio de circularidade da peça.

Figura 1 - Desvio de circularidade de uma peça pelo método MZC, (DU et al, 2005) De acordo com Gonçalves Neto et al. (2011) tanto as variáveis geométricas e dinâmicas do processo de retificação influências no desvio de circularidade. Conforme Barrenetxea et al (2014) as ferramentas de simulação computacional agregam valores aos processos de retificação em termos de melhoria da produtividade e melhor controle das características de qualidade da peça retificada. Experimentos realizados por Barrenetxea et al (2014) em uma retificadora centerless de mergulho, utilizando algoritmos para análise da estabilidade do processo de retificação, mostram resultados satisfatórios para o processo em termos do tempo de ciclo de retificação, características de rugosidade da peça e desvio de circularidade. Desta forma este trabalho propõe um estudo acerca das variáveis geométricas acerca do processo de retificação centerless e a elaboração de gráficos de estabilidade para definir o posicionamento ideal na peça no vão de retificação, com objetivo de minimizar o desvio de circularidade. Assim, proporcionando ao processo de retificação centerless uma melhor produtividade e peças com elevado grau de qualidade. 3. OBJETIVOS Otimizar o posicionamento da peça no vão de retificação em retificação centerless utilizando o mapa de estabilidade e investigar a influência do ajuste da altura da peça em relação ao centro dos rebolos no desvio de circularidade da peça retificada no processo de retificação centerless de passagem.

4. METODOLOGIA O presente projeto de pesquisa tem como finalidade estudar o processo de retificação centerless de passagem, buscando otimizar o posicionamento da peça de forma a minimizar o desvio de circularidade da peça após a retificação. Para tanto, foi estudado as variáveis geométricas de ajustagem de uma retificadora centerless de passagem e suas influências no desvio de circularidade. Buscando então, definir a posição otimizada da peça no vão de retificação de forma a minimizar os desvios de circularidade. Através de um software matemático, foi gerado para a retificadora centerless em estudo, um mapa de estabilidade geométrico para definir a melhor posição da peça em função dos ângulos da régua de apoio (β), ângulo de tangência (γ), o diâmetro da peça (Dw), o diâmetro do rebolo de arraste (Dr), o diâmetro do rebolo (Ds). A investigação do efeito do posicionamento da peça (hw) no desvio de circularidade foi realizada em uma retificadora centerless de passagem, modelo SR4 e rebolo de corte SiC liga resinoide, granulometria 100 e dimensão 450x305x250 mm. O rebolo de corte utilizado possui dimensões 300x154x250 mm. Durante a realização dos experimentos, a peça foi ajustada em 3 diferentes alturas, calculada em função dos ângulos de tangência, γ1= 2,2º, γ2=4,8º e γ3=6,5º, ou seja, hw1= 3,5 mm; hw2= 7,5 mm e hw3= 10,3 mm. Para cada experimento 10 peças com dimensão 4 mm x 12 mm foram retificadas para avaliar o desvio de circularidade. Os valores dos desvios de circularidade foram comparados com as regiões de estabilidade geométrica apresentadas no gráfico de estabilidade e demonstrados em figuras. 5. DESENVOLVIMENTO De acordo com Gallego (2007) e Ocampo et al (2012) o processo de retificação centerless é um processo de usinagem por abrasão, destinado à obtenção de tolerâncias diametrais extremamente fechadas, sob circunstância de uma produção seriada elevada. Conforme Hashimoto et al (2012) uma das vantagens da retificação centerless, comparado com a retificação cilíndrica é que a peça não é fixada entre pontas rotativas, desta forma, durante a retificação centerless a peça é apoiada sobre uma régua de apoio evitando assim, a flexão da mesma quando submetida a elevadas taxas de remoção de material.

Está representado na Figura 2 a configuração de uma retificadora centerless com as principais variáveis para ajustagem do posicionamento da peça. Conforme Hashimoto et al (2012), no vão de retificação em retificação centerless de passagem, a peça é posicionada entre os rebolos de corte e arraste apoiada sobre uma régua de apoio, conforme indicado na Figura 2. O rebolo de arraste possui a função de rotacionar a peça, já o rebolo de corte de remover o material e garantir as qualidades topográficas e geométricas da peça. A função da régua de apoio é suporta a peça durante a operação e manter o posicionamento da peça em relação ao centro dos rebolos (OCAMPO et al, 2012). w Figura 1 Configuração geométrica de uma retificadora centerless (HASHIMOTO, 2012) O posicionamento da peça (hw) no vão de retificação é definido em função das variáveis: diâmetro da peça (Dw), diâmetro do rebolo de corte (Ds), diâmetro do rebolo de arraste (Dr), e ângulo de tangência (γ). Desta forma, a altura do posicionamento da peça (hw) pode ser calculada conforme a seguinte equação: h w = γ. π 360. (D r + D w ). (D s + D w ) (D r + D s + 2. D w ) Durante a retificação a peça está simultaneamente em contado com a régua de apoio (B), o rebolo de arraste (C) e o rebolo de corte (A), conforme ilustrado na Figura 3. Sendo que somente o rebolo de corte e responsável pela remoção de material. Conforme Marinescu et al (2006), se a irregularidade da peça toca a superfície da régua de apoio (ponto B), conforme mostrado na Figura 3, o centro da peça é

deslocado. Outro deslocamento também ocorre quando a peça toca o rebolo de arraste no ponto (C). Estes deslocamentos fazem com que varie a profundidade de corte a cada revolução quando a peça toca o rebolo de corte (ponto A). Este mecanismo da peça no vão de retificação centerless possui influência direta no desvio de circularidade durante a retificação. Assim, os parâmetros geométricos de ajustagem do posicionamento da peça, ou seja, ângulo de topo da régua, ângulo de tangência, e diâmetros da peça, rebolo de arraste e do rebolo de corte devem ser ajustados simultaneamente de forma a minimizar a oscilação da peça no vão de retificação e consequentemente reduzir o desvio de circularidade. Movimento normal para a superfície do rebolo de corte δ δ φ 2 γ Movimento resultante da peça (a) (b) Figura 3 (a) Relações geométricas do vão de retificação centerless e (b) movimento da peça devido a irregularidade de magnitude δ ao tocar a régua de apoio (ponto B), adaptado de (RADHAKRISHMAN et al, 2001 e MARINESCU et al, 2006). O gráfico de estabilidade na retificação centerless é gerado utilizando a seguinte equação: G = cos (β+γ s). cos (β γ r ) e izφ 2 + sen(γ) cos (β γ r ). e izφ 1 (1) Onde G, representa o coeficiente de estabilidade geométrica do processo de retificação, Z o número teórico de ondulações na peça.

Coeficiente de estabilidade 6. RESULTADOS A principal variável para definir o posicionamento da peça (altura hw) no vão de retificação em retificação centerless é o ângulo de tangência (γ). Está apresentado na Figura 4 o gráfico de estabilidade gerando em função dos diâmetros do rebolo de corte 450 mm e do rebolo de arraste de 300 mm. O gráfico representa a combinação entre ângulo de tangência com ângulo de topo da régua (β). As regiões estáveis são delimitadas para valores de G=1, ou seja, regiões verdes do gráfico. Além das regiões de estabilidade, deve ser representado no gráfico de estabilidade os valores da ondulação teórica (Z). Quanto maior o valor de Z, menor será o desvio de circularidade. Na Figura 3, está representado o número de ondulação para os valores do ângulo de tangência (γ) para cada valor de gama utilizado para ajustagem da peça, ou seja, 2,2º, 4,8º e 6,5º. Observa-se que o melhor valor do ângulo de tangência é 4,8º, pois, além de representar um ponto estável, possui um valor maior de ondulação teórica (Z). O ponto no gráfico para γ=2,2º uma região estável, porém possui baixo valor de ondulação. Z=3 Z=35 Z=25 (a) (b) Figura 4 Gráfico de estabilidade para Ds= 450mm, Dr= 300 e Dw= 4mm

Está apresentado na Figura 5, o perfil do desvio de circularidade para os testes realizados. Comparando os perfis dos desvios de circularidade das peças retificadas, observa-se que mediante o processo de retificação centerless é possível corrigir significativamente o perfil do desvio de circularidade. Além disso, observa-se que os perfis de circularidade para as peças retificadas a uma altura hw= 9 mm representam um melhor formato dos perfis comparado ao demais. Peça antes da retificação Peça retificada hw= 3,5 mm Peça retificada hw= 7,5 mm Peça retificada hw= 10,3 mm Figura 5 Perfis do desvio de circularidade Os valores dos desvios de circularidade estão apresentados na Figura 6. Observa-se que após a retificação todas as peças apresentaram menores valores do desvio de circularidade, comparados com a peça antes de retificar.

Desvio de circularidade (μm) 7 6 5 4 3 2 1 Peça antes da retificação Peça retificada Hw=3,5 mm Peça retificada Hw=7,5 mm Peça retificada Hw=10,3 mm Figura 6 Valores dos desvios de circularidade (gráfico blox plot) Os menores valores dos desvios de circularidade foram obtidos ajustando a peça a uma altura hw= 7,5 mm, ou seja, para uma valore de γ=4,8º. Comparando os valores obtidos com os resultados teóricos do mapa de estabilidade, observa-se que a combinação do ângulo da régua β= 25º e o ângulo de tangência γ=4,8º representa uma região de estabilidade e de maior número de ondulações. Além de um menor desvio de circularidade para hw= 7,5 mm, foram obtidos também uma menor dispersão dos valores do desvio de circularidade. Conforme Friedrich (2004) o valor de desvio de circularidade será menor na retificação centerless, quando as peças foram ajustadas em uma região estável, representada no gráfico de estabilidade em função de β e γ e para um maior valor de Z ondulação teórica na peça. Os baixos valores para hw= 7,5 mm é devido ao fato de que para esta ajustagem ocorrerá uma menor delocamento da peça e consequentemente menor variação da profundidade de corte na peça. 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os experimentos realizados mostraram que o processo de retificação centerless é capaz de reduzir não só os valores dos desvios de circularidade, mas também melhorar o formato do perfil de circularidade, quando comparado com as peças antes da retificação. O mapa de estabilidade representa uma poderosa ferramenta para este processo, uma vez que é possível otimizar o posicionamento da peça no vão de

retificação centerless, através da combinação entre β e γ, garantindo um menor desvio de circularidade para as peças retificadas. Este trabalho trás informações importante para o entendimento do mecanismo de formção do desvio de circularidade no processo de retificação centerless, constantando a possíbilidade de atingir a eficiència máxima de um processo, uma vez que o desvio de circularide é uma das principais caracterísitca que limita a capacidade produtiva de um processo de retificação. 8. FONTES CONSULTADAS 1- Barrenetxea, D.; Alvarez, J.; Marquinez, J. I.; Gallego, I.; Perello, I. M.; Krajnil, P. Stability analysis and optimization algorithms for the set-up of infeed centerless grinding. 2- Du, C. L; Luo, C. L.; Han, T. Z.; Zhu, Y, S. Applying particle swarm optimization algorithm to roundness error evaluation based on minimum zone circle. Measurement, 2014, Vol. 52. 3- De Souza, C. N.; Catai, R. E.; Aguiar, P. R.; Slagado, M. H.; Bianchi, E. C. Analysis of Diametrical Wear of Grinding Wheel and Roudness Errors in the Machining Steel VC 131. ABCM, 2004, Vol. XXVI, No. 2/209. 4- FRIEDRICH, D. Prozessbegleitede Beeinflussung des geometrischen Rundungseffektes bem spitzenlosen Aussenrundeinstechschleifen. Shaker Verlag, D82 (Dissertation, RWTH-Aachen), 2004. 5- GONÇALVES NETO, L. M.; FUNES JUNIOR, H.; GONÇALVES, R. M.; BIANCHI, E. C. Análise do Erro de Circularidade de Peças Submetidas a Rotações Críticas Durante o processo de Retificação Centerless. 6º Congresso brasileiro de Engenharia de Fabricação, 6º COBEF, Caxias do Sul RS Brasil, 2011. 6- Hashimoto, F.; Gallego, I.; Oliveira, J. F. G.; Barrenetxea, D.; Takahashi, M.; Sakakibara, K.; Stalfelt, H. O.; Staadt, G.; Ogawa, K. Advances in centerless grinding technology. CIRP Annals Manufacturing Technology, 2012. 7- Marinescu, I. D.; Hitchiner, M. P.; Uhlmann, E.; Rowe, W. B; Inasaki, I. Handbook of Machining with Grinding Wheels. CRP, 2006. 8- Radhakrishman, V.; Ravishankar, M.; Hari, R.S.; Ramesh Babu, N. A Study on centerless grinding with variable stiffness regulating wheel. Transactions of NAMRI/SME, volume XXIX, 2001. 9- Ocampo, J. B. R.; Correa, J. C. J.; Krajnik, P.; Camacho, P. Y. S.; Ruiz, G. H. Stability analysis and optimization algorithms for the set-up of infeed centerless grinding. International Journal of Machine Tools and Manufacture Volume 84, September 2014, Pages 17 32.