EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA

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Transcrição:

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA FULANO DE TAL, brasileiro, casado, taxista, portador da Cédula de Identidade RG n. [...], devidamente inscrito no CPF/MF sob o n. [...], e-mail fulano@e-mail.com.br, residente e domiciliado na Rua [...] n. [...], no bairro de [...], CEP [...], nesta Capital, vem, mui respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fulcro nos artigos 6º, incisos VI, VII, combinado com o artigos 7º, parágrafo único, e artigo 18, todos do Código de Defesa do Consumidor, propor AÇÃO RESCISÓRIA CUMULADA COM RESTITUIÇÃO DE VALORES E DANOS MATERIAIS E MORAIS contra NOME DA FABRICANTE DO VEÍCULO, devidamente inscrita no CNPJ n. [...], e-mail desconhecido, sediada na Avenida [...] n. [...], no bairro de [...], CEP [...], nesta Capital, NOME DA CONCESSIONÁRIA DE VEÍCULOS devidamente inscrita no CNPJ n. [...], e-mail desconhecido, sediada na Avenida [...] n. [...], no bairro de [...], CEP [...], nesta Capital e a INSTITUIÇÃO FINANCEIRA, devidamente inscrita no CNPJ n. [...], e-mail desconhecido, sediada na Avenida [...] n. [...], no bairro de [...], CEP [...], nesta Capital, pelos motivos de fato e de direito abaixo aduzidos: 1. O autor é taxista e teve de substituir seu carro. Dirigiu-se até a concessionária da ré a fim de adquirir um novo automóvel para desenvolver suas atividades profissionais. Salientou que precisava de um veículo completo e compatível com supra profissão de motorista. Dessa forma, adquiriu o veículo da marca [...], ano [...], modelo [...], zero quilômetro, placa [...], chassi [...], fabricado pelo réu. Pagou pelo automóvel a quantia de R$ [...]. 2. Alienou seu veículo para o corréu no valor de R$ [...], entregando-lhe esse valor como entrada, financiando o restante do valor de R$ [...], em 48 (quarenta e oito parcelas) iguais de R$ [...].

3. Dois dias depois da aquisição do bem, o carro apresentou vários problemas de mecânica. Levou o veículo para o corréu que constatou inadequação na montagem do motor. O carro teve de ficar na concessionária do corréu para reparos mecânicos. Permaneceu ali durante 25 (vinte e cinco), período que o autor ficou sem trabalhar. 4. No décimo sétimo dia, o corréu entrou em contato com o autor, informando-o de que não haveria condições de consertar o veículo. Afirmaram ainda que não sabiam quando iriam solucionar o problema. 5. O autor está sem trabalhar e, por esse motivo, tornou-se inadimplente com a corré. Aliás, tornou-se inadimplente para com outros credores, uma vez que, repise-se, não está exercendo sua profissão. 6. Não há dúvida de que o caso sub judice caracteriza vício oculto do produto, nos termos do artigo 18 do Código de Defesa do Consumidor que afirma o seguinte: Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas. zero quilometros. Com isso, configurado o vício oculto no bem, sendo de rigor o arbitramento da indenização decorrente dos transtornos advindos de tal fato. Nesse sentido, aliás, a jurisprudência: BEM MÓVEL CONSUMIDOR AQUISIÇÃO DE VEÍCULO ZERO QUILÔMETRO AÇÃO DE RESTITUIÇÃO DE QUANTIA PAGA C.C. INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS

PROCEDÊNCIA APELOS DA FABRICANTE E DA CORRÉ CALTABIANO CAUSA FUNDADA NO ART. 18, 1, II, DO C.D.C. LEGITIMIDADE DA FABRICANTE CONFIGURADA - VÍCIO OCULTO QUE NÃO FOI SOLUCIONADO A CONTENTO EVIDENTE DEFEITO NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO CONCESSIONÁRIA RECORRENTE QUE RESPONDE OBJETIVAMENTE COM A FABRICANTE FABRICANTE QUE FORNECEU AS PEÇAS IMPORTADAS EM PRAZO RAZOÁVEL PRECEDENTE DESTA CÂMARA RESPONSABILIZAÇÃO OBJETIVA, PORÉM, QUE PERMANECE EM RAZÃO DO DEFEITO DE FABRICAÇÃO INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS FIXADA EM R$ 6.000,00 QUE É MANTIDA. Recursos improvidos. (TJSP; Apelação 1017587-87.2014.8.26.0564; Relator (a): Jayme Queiroz Lopes; Órgão Julgador: 36ª Câmara de Direito Privado; Foro de São Bernardo do Campo - 9ª Vara Cível; Data do Julgamento: 31/01/2019; Data de Registro: 31/01/2019). "Civil. Compra e venda de veículo. Ação de indenização por danos materiais e morais. Sentença de parcial procedência. Pretensão à reforma manifestada apenas pela concessionária ré. Veículo "zero quilômetro" que apresentou sucessivos defeitos logo depois de retirado da concessionária. Conjunto probatório que ampara a pretensão autoral. Razões recursais sem potência de alterar a solução dada à causa Danos morais configurados. Não se mostra razoável um veículo, adquirido "zero quilômetro", necessitar de reparos nos primeiros dias depois da compra. Aplicação da teoria do desvio produtivo do consumidor. Quantum indenizatório mantido, por isso que razoavelmente arbitrado. RECURSO DESPROVIDO". (TJSP; Apelação 1001729-45.2014.8.26.0037; Relator (a): Mourão Neto; Órgão Julgador: 27ª Câmara de Direito Privado; Foro de Araraquara - 1ª Vara Cível; Data do Julgamento: 08/01/2019; Data de Registro: 08/01/2019). Dito isso, resta devidamente demonstrada a responsabilidade das requeridas pelos danos. Isso porque o autor adquiriu o veiculo zero quilômetro e esperava que o bem funcionasse devidamente e não que passasse a apresentar diversos defeitos logo que começou a utiliza-lo. No entanto, o veiculo apresentou diversas falhas em exíguo tempo de uso. Embora tais falhas fossem confessadas pelas rés e o bem fosse aparentemente consertado, novos problemas surgiam, ocasionando em um veículo não confiável e em distúrbios além do esperado normalmente em veículos novos. Ora, não há como impor ao consumidor o ônus de suportar vícios

de fabricação, ficando sujeito a inúmeras manutenções e privações do veículo recém adquirido, sem que tivesse seu problema resolvido integralmente. Assim, demonstrada a atitude culposa das rés, passo a analisar os danos pleiteados. Conforme o contrato de compra e venda do veiculo (fls. 21), o financiamento se deu em R$ 42.546,00, sendo que o autor pagou a entrada de R$ 15.000,00, relativo ao seu antigo veiculo, bem como pagou duas prestações do financiamento, que resultam a importância de R$ 1.880,00. Deste modo, é de rigor a restituição do valor de R$ 16.880,00. Igualmente, eventuais valores em aberto decorrentes do financiamento efetivado, devem ser cancelados, sendo esta a consequência direta do pedido de restituição dos valores pagos (inexigibilidade dos valores em aberto). Do mesmo modo, o pedido de lucros cessantes procede. Ora o autor comprovou que trabalhava como taxista na data dos fatos (fls. 25/26). Ainda, é certo que em decorrência dos dias em que o veiculo estava na manutenção, ficou sem trabalhar e, consequentemente, sem auferir renda. Nesse sentido, o autor acostou declaração do valor que aufere diariamente, sendo a quantia de R$ 276,00, (fls. 27) bastante razoável e dentro do esperado para este tipo de trabalho. O autor sustenta que ficou 21 dias sem trabalhar, o que comprovou por meio dos documentos de fls. 38, 42, 46, 50 e 52 e dos depoimentos testemunhais. Desta forma, é de rigor a indenização pelos lucros cessantes na quantia de R$ 5.796,00, uma vez que em razão das inúmeras falhas do veículo, o autor deixou de auferir o referido valor. No mais, de rigor a indenização por danos morais. Ora, o autor adquiriu o bem, visando realizar o seu trabalho como taxista. No entanto, em decorrência dos problemas apresentados no veiculo, mesmo ele sendo zero quilômetro, teve que deixa-lo na concessionaria, inúmeras vezes, para efetuar os reparos. Igualmente, ficou sem trabalhar, se tornando inadimplente perante o contrato de financiamento, o que resultou na perda do bem pela busca e apreensão. Como se não bastasse com a perda do veículo parou de trabalhar de taxista, ao que consta. Tais fatos, certamente, lhe causaram vexame e humilhação passíveis de indenização por danos morais. Mesmo que assim não fosse, tratando-se de dano moral é apenas necessária à confirmação da atitude que causou o dano o que está devidamente comprovado nos autos. Assim, evidenciados os danos morais, a conduta culposa das rés e o nexo causal, a indenização é medida de rigor. Feitas tais considerações, passo à fixação do montante devido. O arbitramento da

condenação a título de dano moral deve operar-se com moderação, proporcionalmente ao grau de culpa, ao porte empresarial/pessoal das partes, suas atividades comerciais e, ainda, o valor do negócio, orientando-se o juiz pelos critérios sugeridos pela doutrina e jurisprudência, com razoabilidade, valendo-se da experiência e do bom senso, atento à realidade da vida, notadamente, à situação econômica atual e às peculiaridades do caso concreto. Considerando os elementos acima discriminados, estipulo a indenização devido pelas rés em 10 salários mínimos. A conduta lesiva das rés decorreu de suas responsabilidades, pois não tomaram todos os cuidados devidos para honrar com suas obrigações de prestadora de serviços. O Magistrado, para a avaliação do dano moral, deve ser, a um só tempo, razoável e severo, a fim de atender a finalidade de compensar e dar satisfação ao lesado, assim como desestimular a reiteração da prática abusiva das rés. A importância ora estipulada, como enfatizado, não servirá para apagar o dissabor da autora, mas para aplacar o prejuízo de ordem moral (constrangimento aborrecimento desconforto), que lhe foi imposto pelo agir irresponsável das requeridas, assim como para inibir que fatos semelhantes venham a se repetir. Feitas todas estas considerações, entendo ser justo entre as partes a fixação do dano moral sofrido pelo autor em R$ 9.980,00, equivalente a 10 salários mínimos, valor suficiente para indenizar o autor e impedir que fatos como estes venham a ocorrer. Até porque, valor superior importaria em enriquecimento ilícito do autor, o que não pode ser permitido. Outrossim, esclareço que a responsabilidade da Financeira Banco Safra restringe-se ao cancelamento do financiamento e de eventuais valores em aberto, não sendo responsável por indenizar o autor pelos danos advindos dos defeitos apresentados pelo veículo. Assim, a responsabilidade pela restituição dos valores pagos e pela indenização arbitrada restringe-se a Fabricante Renault e a Comerciante BIS DISTRIBUIDORA DE VEICULOS LTDA, esclarecendo-se que tratando-se de vício do produto ambas devem responder pelos vícios, podendo, todavia, a Concessionária ajuizar eventual ação regressiva em face da fabricante se assim o entender. Sem mais, passo ao dispositivo. Ante o exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido da presente ação para CONDENAR as requeridas Renault e BIS DISTRIBUIDORA DE VEICULOS LTDA, solidariamente, a pagarem ao autor o valor de R$ 16.880,00, a título de danos materiais, devidamente corrigidos pela Tabela Prática do Tribunal de

Justiça, desde a data do desembolso e acrescidos de juros de 12% ao ano, desde a citação. Ainda, CONDENO as requeridas Renault e BIS DISTRIBUIDORA DE VEICULOS LTDA, solidariamente, a pagar ao autor a quantia de R$ 5.796,00, a título de lucros cessantes, devidamente corrigidos pela Tabela Prática do Tribunal de Justiça, desde o ajuizamento da ação e acrescidos de juros moratórios de 12% ao ano, desde a citação. No mais, CONDENO as requeridas Renault e BIS DISTRIBUIDORA DE VEICULOS LTDA, solidariamente, a pagarem ao autor o valor de R$ 9.980,00, a título de danos morais, devidamente corrigidos pela Tabela Prática do Tribunal de Justiça e acrescidos de juros moratórios de 12% ao ano, desde a data da prolação desta sentença. CONDENO o requerido Banco Safra a cancelar eventuais valores em aberto do financiamento efetivado. Assim ponho fim ao processo com o julgamento do mérito nos termos do artigo 487, inciso I do Código de Processo Civil. Tendo o autor sucumbido em parte mínima, condeno as rés Renault e BIS DISTRIBUIDORA DE VEICULOS LTDA, solidariamente, no pagamento das despesas, custas processuais e honorários advocatícios, que fixo em 15% do valor da condenação, nos termos do artigo 85 do Código de Processo Civil. P.R.I.C. Barueri, 18 de fevereiro de 2019. DANIELA NUDELIMAN GUIGUET LEAL JUÍZA DE DIREITO DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006, CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA 2-1006009-24.2018.8.26.0068 [Visualizar Inteiro Teor]