BRASÍLIA URGENTE Informativo nº 05 5 de maio de 2010 Projetos de interesse do Ministério Público são discutidos em reunião do grupo de entidades representativas da instituição. Entre os assuntos debatidos, Lei Maluf, ADI 3943 e férias forenses. O Grupo Gestor do Ministério Público, formado pelas entidades representativas da instituição, reuniu-se na sede da Conamp, em Brasília, na terça-feira (4), para discutir propostas legislativas e processos em tramitação de interesse de promotores e procuradores de todo o país. Na reunião, foram discutidos os seguintes assuntos: Lei Maluf De autoria do deputado Paulo Maluf (PP-SP), o Projeto de Lei n.º 265 de 2007, conhecido como Lei Maluf, prevê a condenação de membros do MP e autores de ações civis públicas e populares, quando for reconhecida intenção de promoção pessoal, má-fé ou perseguição política. O PL está em tramitação na Câmara dos Deputados, onde
aguarda votação em plenário. O Grupo Gestor acompanha o andamento da proposta e está alerta caso o PL entre na Ordem do Dia. ADI 3943 A Ação Direta de Inconstitucionalidade ADI n.º 3943 questiona a legitimidade ativa da Defensoria Pública para ajuizamento de ações civis públicas ACP s. O presidente da Conamp comunicou ao Grupo Gestor que esteve, pessoalmente, com a relatora da ADI no Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármem Lúcia Rocha, acompanhado da vice-presidente da Associação Mineira do Ministério Público (AMMP), Regina Belgo. No encontro, a Conamp demonstrou a preocupação do Ministério Público com a insegurança jurídica instalada no país, em função da superposição das atuações do MP e da Defensoria. Segundo César, presidente da Conamp, a ministra se comprometeu a pedir a inclusão da ADI na pauta de julgamentos do STF, até o final deste ano. O Grupo Gestor decidiu elaborar um memorial com exemplos de todo o país em que a Defensoria ajuizou ações civis públicas em casos já tratados pelo MP, prejudicando assim a solução dos problemas.
"Nossa maior preocupação é que, ao atuar no ramo do Ministério Público, a Defensoria se desvia de sua função constitucional, que é o atendimento do cidadão hipossuficiente econômico, que não pode pagar por um advogado para suas ações individuais", explica César. Férias forenses De acordo com a Proposta de Emenda à Constituição n.º 48 de 2009, em tramitação no Senado, magistrados e membros do Ministério Público terão direito a férias anuais de 60 dias, divididas em dois períodos, sendo um de férias individuais e outro de férias coletivas. O Grupo Gestor vai procurar as entidades representativas da magistratura e advocacia para discutir a PEC e chegar a um consenso para articulação junto ao Congresso Nacional. O Grupo Gestor defende a proposta original de férias forenses de 60 dias, sendo o período coletivo de 2 a 31 de janeiro.
Reforma do CPC Uma comissão especial de juristas formada pelo Senado Federal elabora um projeto de Reforma do Código de Processo Civil (CPC). O conselheiro Bruno Dantas, do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), que faz parte da comissão, abriu prazo, até 12 de maio, para que sejam enviadas sugestões ao texto do projeto. O Grupo Gestor vai designar um processualista para colaborar com a comissão especial de juristas na elaboração da Reforma. Ficha Limpa O Grupo Gestor decidiu reiterar o apoio do Ministério Público ao Projeto de Lei n.º 518 de 2009, conhecido como Ficha Limpa, que impede a candidatura de políticos condenados (a partir da 1ª instância) ou que tenham processos em andamento ou, ainda, que tenham renunciado para fugir de cassações. A proposta, que é subscrita por 1,8 milhão de brasileiros, aguarda votação no plenário da Câmara. PL 5078/09 Está em tramitação na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei n.º 5078 de 2009. A proposta prevê que, das decisões dos membros do
Ministério Público na condução de inquéritos civis, caberá recurso ao órgão superior do próprio MP. O Grupo Gestor deliberou pelo posicionamento contrário ao PL, por entender que a proposta fere o princípio da autonomia funcional do Ministério Público. Atividade político-partidária Como 2010 é um ano atípico, devido às eleições majoritárias, que serão realizadas em outubro, o Grupo Gestor decidiu discutir o assunto no Congresso Nacional após o período eleitoral. A matéria é tratada na PEC 358 de 2005, a segunda parte da Reforma do Judiciário. O tema também foi abordado recentemente em decisão do STF e é objeto de resolução do CNMP. A próxima reunião do Grupo Gestor do Ministério Público ficou marcada para 19 de maio, às 10 horas, na sede da Conamp.
Deputados aprovam o texto principal do Ficha Limpa Para concluir a votação na Câmara, será necessário analisar 12 destaques, o que deverá acontecer nesta quarta-feira. O Plenário aprovou na noite de terça-feira (4), por 388 votos, o substitutivo - espécie de emenda que altera a proposta em seu conjunto, substancial ou formalmente. Recebe esse nome porque substitui o projeto. O substitutivo é apresentado pelo relator e tem preferência na votação, mas pode ser rejeitado em favor do projeto original do deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) para o projeto da Ficha Limpa (PLPs 168/93, 518/09 e outros). Por acordo entre os líderes partidários, a votação dos 12 destaques - mecanismo pelo qual os deputados podem retirar (destacar) parte da proposição a ser votada, ou uma emenda apresentada ao texto, para ir a voto depois da aprovação do texto principal, apresentados ao texto será feita nesta quarta-feira (5). A proposta evita as candidaturas de pessoas condenadas por decisão colegiada da Justiça por crimes de maior gravidade, como corrupção, abuso de poder econômico, homicídio e tráfico de drogas. O texto aprovado amplia os casos de inelegibilidade e
unifica em oito anos o período durante o qual o candidato ficará sem poder se candidatar. Segundo o relator, a aprovação do projeto "é de vital importância para a sociedade brasileira e para o futuro do Poder Legislativo". A principal novidade em relação ao texto do grupo de trabalho que analisou o tema é a possibilidade de o candidato apresentar recurso com efeito suspensivo da decisão da Justiça. O efeito suspensivo permitirá a candidatura, mas provocará a aceleração do processo, porque o recurso deverá ser julgado com prioridade pelo colegiado que o receber. Se o recurso for negado, será cancelado o registro da candidatura ou o diploma do eleito. José Eduardo Cardozo, que relatou a matéria pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ), explicou a decisão de prever o recurso com efeito suspensivo. O objetivo, segundo ele, é conciliar dois fatores: por um lado, o desejo da sociedade de evitar que pessoas sem ficha limpa disputem cargos eletivos e, por outro lado, o direito ao contraditório e à ampla defesa.
Sempre existiu a possibilidade de decisões serem revistas por órgãos superiores, para que uma única pessoa não tenha o direito plenipotenciário de decidir a vida de quem quer que seja, lembrou. Congresso soberano De acordo com o presidente da Câmara, Michel Temer, a aprovação do projeto demonstra que "sem um Congresso forte e soberano não há democracia, principalmente quando se trata de um Congresso sensível como o atual." O texto original foi proposto pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral e recebeu mais de um milhão de assinaturas de apoio, coletadas por entidades como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Michel Temer elogiou essa iniciativa popular e agradeceu o apoio dos líderes, dos relatores e dos integrantes das comissões, sem o qual avaliou que seria impossível chegar ao resultado de terça-feira.
"A Câmara sempre foi ao encontro do povo e espero que essa futura lei e tantas outras que produzimos tenham repercussão nacional", afirmou. Temer lembrou que os parlamentares não devem se incomodar com críticas à lentidão do processo legislativo, porque ela permite o aperfeiçoamento dos projetos para viabilizar a sua aprovação. Para o deputado Indio da Costa (DEM-RJ), José Eduardo Cardozo teve o mérito de não ceder a pressões. Costa agradeceu a oportunidade de ter sido o relator pelo grupo de trabalho que analisou o tema. (Câmara dos Deputados)