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Recebido em: 05/07/2017 Aprovado em: 10/07/2017 Editor Respo.: Veleida Anahi Bernard Charlort Método de Avaliação: Double Blind Review E-ISSN:1982-3657 Doi: COMPOSIÇÃO QUÍMICA E CAPACIDADE ANTIOXIDANTE DOS FRUTOS DA ESPÉCIE Syzygium malaccense L ANDERSON SOARES DE ALMEIDA MARÍLIA LAYSE ALVES DA COSTA ALDENIR FEITOSA DOS SANTOS EIXO: 23. PESQUISA FORA DO CONTEXTO EDUCACIONAL RESUMO O trabalho objetivou determinar a composição química como também avaliar a capacidade antioxidante da espécie Syzygium malaccense L. Por meio da triagem fitoquímica é possível identificar metabólitos secundários. O método de capitura do radical livre DPPH mostra o potencial antioxidante. Outro método adotado foi o de quantificação do teor de fenóis totais por meio do reagente Folin-ciocalteau. E análise do teor de flavonoides pelo método de Cloreto de Alumínio. A partir dos testes realizados foi possível identificar: flavononas, flavonóis e xantonas, e um potencial igual a 19,18%. Um teor de fenóis igual a 1640,73 mg EAGg de extrato e um teor total de flavonoides igual a 2,8207 mg EQ g de extrato. Portanto, os frutos tem capacidade de retardar a ação dos radicais livres e possível aplicação farmacológica. Palavras-chave: Radicais livres; antioxidante; flavonoides. ABSTRACT The objective of this work was to determine the chemical composition and to evaluate the antioxidant capacity of Syzygium malaccense L. By means of phytochemical screening it is possible to identify secondary metabolites. The DPPH free radical cappure method shows the antioxidant potential. Another method adopted was the quantification of the total phenol content by means of the Folin-ciocalteau reagent. And analysis of the flavonoid content by the method of Aluminum Chloride. From the tests performed it was possible to identify: flavonones, flavonols and xanthones, and a potential equal to 19.18%. A phenol content of 1640.73 mg EAGg extract and a total flavonoid content of 2.8207 mg Eqg extract. Therefore, the fruits have the capacity to delay the action of free radicals and possible pharmacological application. Keywords: Free radicals; Antioxidant; Flavonoids. INTRODUÇÃO Desde tempos remotos, a humanidade buscou o alívio de dores e doenças pela ingestão de folhas e ervas. O desenvolvimento das civilizações antigas é rico em exemplos do uso de plantas, no controle de pragas e na forma de defesa medicinal. Destacando-se a civilização Chinesa, Grego-romana e Egípcia. O uso dos produtos naturais na china desenvolveu-se com total produtividade e grandeza que até hoje várias espécies vegetais são estudadas na busca pelo isolamento de seus compostos biativos (VIEGAS et al., 2006). A química de produtos naturais Educon, Aracaju, Volume 11, n. 01, p.1-7, set/2017 www.educonse.com.br/xicoloquio

continuamente teve papel importante no desenvolvimento de cosméticos, fármacos e fragrâncias. Isto é justificada, a diversidade molecular de grupos funcionais presentes em diversas substâncias que fazem parte da biodiversidade do planeta (BOLZANI, 2016). A família Myrtaceae é pantropical, exibe cerca de 145 gêneros e 4.600 espécies. Entre as tribos da Myrtaceae encontram-se melaleuceae, Metrosidereae, Blackjousieae e Syzygium, todas encontradas na América do Sul. O jambeiro pertence ao gênero Syzygium, onde está inserida na família Myrtaceae, este gênero apresenta cerca de 1200 espécies. As principais espécies do gênero Syzygium são: Jambeiro rosa (Syzygium aqueum), Jambeiro amarelo (Syzygium jambos L) e Jambeiro vermelho (Syzygium malaccense L). Esssa três espécies tem como origem o continente Asiático, e pode ser encontrada no Brasil, nos biomas Amazônia, Cerrado, Pantanal e Mata Atlântica. Os jambeiros podem atingir 20m de altura, possuindo copa densa. Os frutos apresentam-se na forma de dupla elipse, podendo chegar a 8 cm de comprimento, com coloração roxa, amarela, vermelha e branca (NACATA, 2017). É nas plantas e frutos que se encontram substâncias capazes de retardarem os radicais livres. Os radicais livres (RL) são átomos os moléculas instáveis com deficiência em elétrons na camada de valência. Os RL podem ser provenientes de fonte interna, como, o metabolismo do oxigênio, e fontes externas, como, excesso de exercícios físicos, elevada exposição ao sol ou radiação, tabagismo, poluição e alimentação inadequada com muita fritura. As espécies reativas podem causar envelhecimento precoce, modificações na estrutura do DNA, doenças neurodegenerativas (Alzheimer, Parkison) e até a morte. A produção constante de radicais livres durante as atividades metabólicas levou o organismo a desenvolver diversos mecanismos de defesa antioxidante, para reduzir os níveis intracelulares e danos nas células (DE VASCONCELOS et al., 2015). A produção de radicais livres no organismo é regulada por processos e vias metabólicas. No entanto, o excesso de radicais pode ocasionar danos oxidativos. O estresse oxidativo é caracterizado pelo excesso de espécies reativas de oxigênio e nitrogênio, e geralmente ocorre nas células em decorrência de um desequilíbrio redox (SOARES et al., 2015). Os antioxidantes são moléculas orgânicas encaminhadas na redução das lesões causadas pelas espécies reativas nas células (BIANCHI e ANTUNES, 1999). De forma ampla, os antioxidantes são compostos presentes em baixas concentrações capazes de inibirem ou retardarem a oxidação de alguns substratos (BARBOSA et al., 2015). Essas substâncias protegem as células contra os efeitos dos radicais livres, e são classificados em antioxidantes enzimáticos e não-enzimáticos. Dentre, os enzimáticos temos o superóxido dismutase, catalase, NADPH-quinona oxidoredutase, glutationa peroxidase e enzimas de reparo. Já, os não-enzimáticos são representados pela vitamina E, β-caroteno, Ácido ascórbico (Vitamina C), Selênio, compostos fenólicos e flavonoides (BARREIROS et al., 2006). Pesquisas epidemológicas confirmam a eficiêcia de proteção dos flavonoides contra doenças do envelhecimento. Isso pode ser explicado devido sua ação antioxidante. A partir dos anos 80 o interesse em antioxidantes naturais para o emprego em produtos farmacêuticos e alimentícios, cresceu consideravelmente, com a finalidade de substituir os antioxidantes sintéticos, esses possuem alto grau de toxicidade e potencial carcinogênese (DEGÁSPARI e WASZCZYNSKYJ, 2004). Diante disto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a capacidade antioxidante dos frutos da Espécie Syzygium malaccense L por meio do método DPPH, como também analisar o perfil fitoquímico, por meio de métodos como prospecção fitoquímica e quantificação de compostos fenólicos e flavonóides. MATERIAL E MÉTODOS Preparo dos extratos Os frutos da Espécie (Syzygium malaccense L) foram coletados, identificados e moídos. A extração dos constituintes fixos foi realizada por maceração em etanol PA, com posterior remoção do solvente por rota-evaporação. A troca de solvente foi realizada a cada 48h durante uma semana. Captura do radical DPPH A avaliação da atividade antioxidante dos frutos do jambo vermelho foi realizada pela captura do radical sintético DPPH. Os extratos foram diluídos em concentrações que variaram de 100µg/mL a 600µg/mL. Para cada concentração o teste foi realizado em triplicata, contendo 2,5 ml da amostra (diluída em etanol) e 1 ml da solução etanólica de Educon, Aracaju, Volume 11, n. 01, p.2-7, set/2017 www.educonse.com.br/xicoloquio

DPPH e encubada durante 30 minutos ao abrigo da luz. Para cada concentração há o seu respectivo branco (em triplicata) que possui 2,5 ml da amostra vegetal e 1 ml de etanol P.A. Como controle negativo será utilizada uma alíquota de 2,5 ml de etanol e 1 ml da solução de DPPH, também em triplicata (NASCIMENTO et al., 2011). Após decorrido o tempo, as leituras das soluções foram realizadas em um espectrofotômetro UV-VIS no comprimento de onda igual 518nm. Para a avaliação da atividade de captura do radical, o percentual de inibição foi baseado na equação: % de inibição = [(absorbância do controle absorbância da amostra) /absorbância do controle] x 100 (NASCIMENTO et al., 2011). Os valores de AAO% e das concentrações foram relacionados utilizando o programa Excel for Windows, obtendo-se, para cada planta, a equação da reta. A resolução desta equação (substituindo o valor de Y por 50) resultou no valor de CE 50, que é a concentração necessária para produzir metade (50%) de um efeito máximo estimado em 100% para o extrato da planta. Análise do teor de fenóis totais (Folin Ciocalteau) O extrato etanólico obtido foi utilizado para a determinar o teor de fenóis totais, por método espectrofotométrico UV-VIS no comprimento de onda igual a 740nm, utilizando o reagente Folin-Ciocalteau (Merck), segundo metodologia descrita e a realização da curva de calibração construída com padrões de ácido gálico (0,1 a 0,005 mg/ml) e expressos em miligramas equivalentes de ácido gálico por g de extrato seco( SCHERER e GODOY, 2014). Análise do teor de flavonoides pelo método Cloreto de Alumínio O extrato etanólico foi utilizado para determinar o teor de flavonoides, por meio do método espectrofotométrico UV-VIS no comprimento de onda igual 420nm, utilizando reagente Cloreto de Alumínio, segundo metodologia descrita na literatura e a realização de curva de calibração construída com padrões de quercentina (0,03 a 0,00125 mg ml) e expressa em miligramas equivalentes de quercentina por grama de extrato seco (Alves e KUBOTA, 2013). Triagem fitoquímica Após a obtenção dos extratos brutos foi realizado a prospecção preliminar, de acordo com a metodologia de Matos (2001) para a identificação de compostos bioativos como fenóis; taninos pirogálicos; taninos flobafênicos; antocianina e antocianidina; flavonas, flavonóis e xantonas; chalconas e auronas; flavononóis; leucoantocianididas; catequinas; flavononas; esteróidess; triterpenóides e saponinas.a identificação desses constituintes foi realizada através da mudança de coloração ou formação de precipitado na solução, através da adição de soluções de ácido clorídrico, hidróxido de sódio (ambas soluções na concentração de 0,1mol/L), ácido sulfúrico, fita de magnésio, clorofórmio, anidrido acético e sulfato de sódio. RESULTADOS E DISCUSSÃO Segundo Angelo e Jorge (2007) os compostos fenólicos são provenientes do metabolismo secundário dos vegetais, estes são importantes para o crescimento e reprodução dos vegetais, protegendo-os da radiação UV e contra o ataque de patógenos, em alimentos são responsáveis pelas colorações, aroma e fragrância. Quimicamente, os compostos fenólicos são definidos como qualquer substância que apresente grupos substituintes hidroxilas ligadas diretamente ao anel aromático. Entre os fenólicos, destacam-se os flavonoides que são os mais importantes e diversificados dos produtos naturais. Esse grupo de metabólitos secundários é amplamente distribuído em todo reino vegetal. Estão presentes em frutas, vegetais, sementes, raízes, cascas de árvores, talos e flores. Suas estruturas apresentam um núcleo C6-C3-C6, sendo derivados das vias do ácido chiquímico e ácido acético (COUTINHO et al.,2009). Através da triagem fitoquímica foi possível identificar algumas substâncias fenólicas e bioativas (tabela 1). Na tabela 2, está o comparativo das substâncias identificadas da espécie analisada com outras já citadas na literatura. Tabela 1: Constituintes identificados no extrato do fruto da espécie Syzygium malaccense L pela triagem fitoquímica. Espécie Parte estudada Constituintes Educon, Aracaju, Volume 11, n. 01, p.3-7, set/2017 www.educonse.com.br/xicoloquio

Syzygium malaccense L Fruto Flavononas, flavonóis e xantonas. Tabela 2: Comparativos dos compostos identificados com outras espécies já citadas na literatura. Espécie Parte estudada Constituintes Fonte Syzygium malaccense Flavononas, flavonóis Frutos L e xantonas Dados da pesquisa Eugenia uniflora L Folhas flavonóides e taninos AURICCHIO et al., 2007 Eugenia uniflora L Sementes fenóis LUZIA et al., 2010 Alcaloides, cumarinas, Syzygium malaccense Folhas flavonoides, triterpenóides, esteroides e saponinas XIMENES et al., 2009 Polifenóis, flavonoides, Syzygium cumini L Folhas taninos condensados e saponinas XAVIER, 2015. O CE 50 é tida como a concentração necessária para produzir metade(50%) de um efeito estimado em (100%) para o extrato vegetal. A espécie analisada apresentou um CE 50 igual a 2,094, ou seja, a concentração necessária para reduzir em 50% o radical livre DPPH. Sendo identificados valores similares ou maiores de CE50 por outras plantas já citadas na literatura. Segundo ABE et al (2014) a Campomanesia xanthocarpa Mart. Apresentou um CE 50 igual a 91,8 µg ml na fração acetato de etila, e a fração butanóica, com CE 50 de 98,16 µg ml.morais (2015) estudou a espécie Syzygium cumini (L.) e apresentou CE 50 igual a 1,12 µg ml e 8,60 µg ml das frações das folhas. Coutinho et al (2014) ao analisar P.guajava L (folha) obteve CE 50 301,61µg ml e Psidium guajava L CE 50 IGUAL 268,40 µg ml. Através do método folin-ciocalteau foi possível determinar um teor de 1640,73 mg EAGg de extrato, pela interpolação das absorbâncias da amostra com padrões de ácido gálico. O teor é significativo podendo ser comparado com outras plantas citadas na literatura (tabela 3). Tabela 3: Comparativo dos teores de fenóis de outras plantas citadas na literatura Espécie Syzygium malaccense L Anacardium nanum Eugenia punicifolia Parte usada Teores de fenóis mg EAGg de extrato Fonte Fruto 164 Dados da pesquisa Polpa 170 Polpa 327 Eugenia calcyna Polpa 225 Pouteria gardneriana Polpa 225 Plinia edulis Polpa 159 Educon, Aracaju, Volume 11, n. 01, p.4-7, set/2017 www.educonse.com.br/xicoloquio

Os flavonoides foram determinados pelo método cloreto de alumínio, através da interpolação da média das absorbâncias da amostra contra as médias das absorbâncias das soluções padrões de quercetina. Obteve-se um teor total de flavonoides igual 2,820 mg de EQ (equivalente de quercetina) por mg do extrato. O teor pode ser comparado com outros teores citados na literatura de extratos de plantas (tabela 4). Tabela 4: teores de flavonoides da espécie analisada e plantas citadas na literatura Teores de flavonóides Parte analisada mg EQg de extrato Syzygium malaccense 1. L Dados da pesquisab Euphorbia cotinifolia 1. RIBEIRO et al.,2014 Euphorbia cotinifoli 1. RIBEIRO et al.,2014 Euphorbia cotinifoli 1. RIBEIRO et al.,2014 Euphorbia cotinifoli 1. RIBEIRO et al.,2014 E. brasiliensis 1. MAGINA et al., 2010 Diante do exposto, é de total importância o estudo do perfil fitoquímico de espécies vegetais como a Syzygium malaccense L, com a análise do potencial antioxidante foi possível concluir que a espécie possui ação antioxidante inibindo os radicais livres. O trabalho estimula estudos a fim de isolar os constituintes bioativos do fruto como de outras partes do jambo vermelho, para possíveis aplicações na medicina. REFERÊNCIAS ANGELO, Priscila Milene; JORGE, Neuza. Compostos fenólicos em alimentos-uma breve revisão. Revista do Instituto Adolfo Lutz (Impresso), v. 66, n. 1, p. 01-09, 2007. ABE, Simone Yae et al. Prospecção fitoquímica, teor de flavonoides totais e capacidade antioxidante de Campomanesia xanthocarpa Mart. ex O. Berg (MYRTACEAE). Revista Eletrônica de Farmácia, v. 11, n. 2, p. 14, 2014. genia uniflora. Latin American Journal of Pharmacy, v. 26, n. 1, p. 76, 2007. AURICCHIO, Mariângela Tírico et al. Atividades antimicrobiana e antioxidante e toxicidade de Eugenia uniflora. Latin American Journal of Pharmacy, v. 26, n. 1, p. 76, 2007. Alves, E.; Kubota, E. H. Conteúdo de fenólicos, flavonoides totais e atividade antioxidante de amostras de própolis comerciais. Rev Ciênc Farm Básica Apl.,;34(1):37-41 ISSN 1808-4532. 2013. BOLZANI, Vanderlan da S. Biodiversidade, bioprospecção e inovação no Brasil. Ciência e Cultura, v. 68, n. 1, p. 04-05, 2016. BARREIROS, A. L. B. S.; DAVID, Jorge M.; DAVID, Juceni P. Estresse oxidativo: relação entre geração de espécies reativas e defesa do organismo. Química nova, v. 29, n. 1, p. 113, 2006. BIANCHI, Maria de Lourdes Pires; ANTUNES, Lusânia Maria Greggi. Radicais livres e os principais antioxidantes da dieta. Rev Nutr, v. 12, n. 2, p. 123-30, 1999. BARBOSA, Myriam Almeida et al. AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE PELA CAPTURA DE RADICAIS LIVRES 1, 1-DIFENIL-2-PICRILHIDRAZILA PELO EXTRATO ETANÓLICO E FRAÇÕES DE FOLHAS DE Smilax sp. Blucher Biochemistry Proceedings, v. 1, n. 1, p. 57-58, 2015. Educon, Aracaju, Volume 11, n. 01, p.5-7, set/2017 www.educonse.com.br/xicoloquio

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