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Transcrição:

ECLI:PT:TRC:2009:2577.05.5TBPMS.CM.C1.BC http://jurisprudencia.csm.org.pt/ecli/ecli:pt:trc:2009:2577.05.5tbpms.cm.c1.bc Relator Nº do Documento Jorge Arcanjo Apenso Data do Acordão 05/05/2009 Data de decisão sumária Votação unanimidade Tribunal de recurso Processo de recurso Porto-de-mós Data Recurso Referência de processo de recurso Nivel de acesso Público Meio Processual Decisão Apelação confirmada Indicações eventuais Área Temática Referencias Internacionais Jurisprudência Nacional Legislação Comunitária Legislação Estrangeira Descritores insolvência; resolução do negócio; administrador; aplicação da lei no tempo; Página 1 / 6 15:20:10 30-03-2019

Sumário: I O CIRE criou um novo regime jurídico da resolução negocial em benefício da massa insolvente, estabelecendo novos pressupostos de facto para a constituição do direito potestativo, em confronto com a lei antiga (CPEREF). II O regime resolutivo do CIRE não se aplica aos actos celebrados antes da sua entrada em vigor, por imperativo do artº 12º, nºs 1 e 2 (1ª parte) do C. Civ.. Decisão Integral: Acordam no Tribunal da Relação de Coimbra I RELATÓRIO 1.1. - A Autora A... instaurou (1/2/2007) na Comarca de Porto de Mós acção declarativa, com forma de processo ordinário, contra a Ré MASSA INSOLVENTE DE B... (representada pelo Administrador de Insolvência). Alegou, em resumo: A Autora, por escritura pública de 28/11/2003, adquiriu a B..., pelo preço global de 1.320.000.000,00, seis prédios, identificados no documento completar de fls. 11 a 13. O Administrador de Insolvência, por carta de 31/7/2006, procedeu à resolução do negócio relativamente a quatro desses prédios, com fundamento na presunção legal do art.120 nº3 do CIRE ( fls.41 a 45). Porém, o Administrador não podia ter resolvido o negócio com base no CIRE, visto ter sido celebrado em data anterior à sua entrada em vigor e não foi conferida ao diploma eficácia retroactiva. Os arts.120 e 156 do CIRE enfermam de inconstitucionalidade orgânica, por violação dos arts.161 nº1 c) e 165 nº1 da CRP, e, quando interpretados no sentido de serem aplicáveis a negócios jurídicos praticados antes da entrada em vigor, de inconstitucionalidade material, por violação dos arts.61, 62, 17 e 18 da CRP. Por outro lado, não se verificam os pressupostos da resolução, dada a ausência do carácter prejudicial do negócio resolvido. Pediu: a) - A revogação da resolução impugnada por o CPEREF ser a lei competente para disciplinar a potencial resolubilidade do negócio em causa e não comportar a sua resolução, atenta a data em que foi celebrado com o insolvente e restantes específicos pressupostos; b) - Subsidiariamente, que seja declarado materialmente inconstitucional o art.120 do CIRE, quando interpretado no sentido de ser aplicável a negócios jurídicos celebrados e executados em data anterior à entrada em vigor do DL nº53/2004, bem como a sua inconstitucionalidade orgânica; c) A revogação da resolução do contrato de compra e venda. Contestou a Ré, defendendo-se, em síntese: O CIRE foi publicado em data anterior à celebração do negócio resolvido. A sociedade Autora constituía apenas uma forma de actividade dos interesses do insolvente, justificando-se a desconsideração da sua personalidade jurídica nas compras e vendas em causa. Página 2 / 6

Replicou a Autora. 1.2. - No saneador foi proferida sentença (fls.402 a 417) a julgar procedente a acção, declarando a ineficácia da resolução extrajudicial do contrato celebrado em 28 de Novembro de 2003 entre a A... e B... e mulher C... identificado no ponto 1) da matéria de facto assente. 1.3. Inconformada, a Ré recorreu de apelação, com as seguintes conclusões: 1º) - O regime da resolução em benefício da massa insolvente, previsto no CIRE, aplica-se aos contratos celebrados antes da sua entrada em vigor que subsistam para além dela. 2º) O CIRE, ao dispor sobre a resolução de um contrato está a reger sobre o conteúdo da relação jurídica emergente desse contrato e não sobre requisitos de validade (substancial ou formal) do mesmo. 3º) Estamos perante uma clara hipótese de aplicação da 2ª parte do nº2 do art.12 do CC, o qual estabelece uma retroactividade imprópria. 4º) A sentença violou o art.120 nº1 do CIRE e art.12 nº2, 2ª parte, do CC. Contra-alegou a Autora, preconizando a improcedência do recurso. II FUNDAMENTAÇÃO 2.1. Estão provados os seguintes factos: 1) - O Administrador da Ré remeteu à Autora carta registada com aviso de recepção datada de 31 de Julho de 2006, mas recebida pela Autora em 9 de Agosto de 2006, a declarar resolvido o negócio de compra e venda, celebrado por escritura pública de 28 de Novembro de 2003 entre a Autora (compradora) e B... e mulher C... (vendedores), nos termos do doc. de fls.41 a 45, que se dá por reproduzido. 2) - B... foi declarado insolvente em 12 de Janeiro de 2006. 3) - A insolvência de B... foi requerida em Novembro de 2005. 2.2. A sentença julgou procedente a acção com fundamento nos seguintes tópicos argumentativos: a) - O CIRE entrou em vigor em 15 de Setembro de 2004 (art.13 do DL nº53/2004 de 18/3) e as normas que regulam os efeitos da insolvência, designadamente, as que respeitam à resolução dos negócios em benefício da massa (arts.120 a 126) e actos celebrados pelo insolvente anteriores ao início do processo, são normas de direito substantivo e não processual; b) - A resolução extra-judicial feita pelo administrador judicial reporta-se a um contrato de compra e venda celebrado em 28 de Novembro de 2003 entre o insolvente e a Autora, antes da entrada em vigor do CIRE; c) - O CIRE veio estabelecer um novo regime legal de resolução dos negócios em benefício da massa, sem correspondência com o anterior CPEREF, tanto quanto aos fundamentos, como relativamente aos prazos, pelo que não é aplicável aos negócios celebrados em data anterior à sua vigência (art.12 nº1 do CC ); d) - O prazo previsto no CPEREF já se encontra esgotado; e) - A desconsideração da personalidade jurídica da Autora tem carácter subsidiário. Em contrapartida, objecta a Ré/apelante dizendo que o CIRE se aplica aos contratos celebrados entes da sua entrada em vigor, por força do art.12 nº2 (2ª parte) do CC. Página 3 / 6

Quid iuris? Para se saber se o CIRE é ou não aplicável na situação concreta, impõe-se, antes de mais, convocar o direito transitório, na medida em que com base nele se faz a delimitação entre a lei antiga e a lei nova e porque condiciona directamente as soluções, fala-se da substancialização das normas de conflito. Na sucessão de leis no tempo, o problema terá que ser resolvido, em primeiro lugar, através de normas de direito transitório especial (ou seja, normas da própria lei nova que disciplinem a sua aplicação no tempo), depois pelas normas de direito transitório sectorial (ou seja, que regulem na aplicação no tempo das leis sobre certa matéria), e finalmente por normas de direito transitório geral (ou seja, que definam o modo de aplicação no tempo da generalidade das leis, independentemente da matéria sobre que versam). Só na ausência de qualquer regime especial é que se deve indagar, sucessivamente, da existência de normas de direito transitório sectorial ou de direito transitório geral - como é o regime fixado no art.12 do CC - para, na sua falta, recorrer aos ensinamentos da doutrina e da jurisprudência. Quanto às normas de carácter adjectivo, o DL nº53/2004 de 18/3 contém norma transitória especial (arts.12), visto reportar-se ao problema da sucessão da lei processual no tempo. Relativamente às normas de natureza substantiva, das quais fazem parte as que regulam os efeitos da insolvência, designadamente as da resolução em benefício da massa insolvente (art.120 a 126 do CIRE), não se prevendo regime transitório especial, impõe-se a regra do art.12 do CC. O princípio geral do art.12 do CC é o da aplicação prospectiva da lei a lei só dispõe para o futuro ( nº1 ). Daqui resulta que a lei só se aplica a factos futuros, ou seja, os factos que se produzirem após a entrada da lei nova. Quanto às relações jurídicas duradouras, a lei nova aplicase não só às relações jurídicas constituídas na sua vigência, mas também às relações que constituídas antes protelem a sua vida para além do momento da entrada em vigor da nova regra. O princípio da aplicação prospectiva da lei assume duas faces distintas, mas complementares: salvo disposição em contrário, a lei aplica-se a factos futuros, mas quanto à relações jurídicas duradouras, a lei nova aplica-se não só às relações constituídas na sua vigência, como às constituídas antes que se mantenham na vigência da lei nova (cf., ANTUNES VARELA, RLJ ano 120, pág.151). O regime jurídico da resolução em benefício da massa insolvente está previsto nos arts.120 a 126 do CIRE, e neles se regulam os termos em que podem ser resolvidos em benefício da massa insolvente os actos praticados pelo insolvente antes da declaração de insolvência, com um alcance maior do que era previsto no CPEREF, de tal forma que o instituto da resolução passou a assumir o papel que anteriormente era atribuído à impugnação pauliana (cf. CATARINA SERRA, Novo Regime Português da Insolvência, 3ª ed., pág.71) No âmbito do CPEREF só era legalmente admissível a resolução em benefício da massa relativamente aos actos tipificados no art.156 nº1 a), b) e c), enquanto que no CIRE podem ser resolvidos quaisquer actos prejudiciais (art.120 nº1) Resumindo a comparação entre os regimes, diz GRAVATO MORAIS - Em termos genéricos, pode afirmar-se que a resolução em benefício da massa prevista no passado não encontra correspondência na realidade actual, já que somente um escasso grupo de actos encontra alguma equivalência na disciplina anterior (Resolução em Benefício da Massa Insolvente, pág.41). No caso concreto verifica-se que o Administrador de Insolvência, em 31/7/2006, procedeu à resolução extra-judicial do contrato de compra e venda de vários imóveis, celebrado em 28/11/2003, entre a aqui Autora (na qualidade de compradora) e o insolvente B... e a esposa Página 4 / 6

(vendedores). O contrato de compra e venda, sendo de execução instantânea, produziu efeitos imediatos e não duradouros, e foi outorgado em plena vigência do CPEREF, muito antes da entrada em vigor do CIRE. A nova lei (CIRE) criou um novo regime jurídico da resolução em benefício da massa insolvente, ou seja, estabeleceu novos pressupostos de facto para a constituição do direito potestativo de resolução, em confronto com a lei antiga (CPEREF). Trata-se, assim, de uma lei sobre o modo de constituição do direito potestativo de resolução (alterando e ampliando a fattispecie constitutiva), e não de uma lei sobre o modo de exercício desse direito. Ora, se o modo de exercício do direito potestativo surgido sob a lei anterior pode ser atingido pela lei nova, já o mesmo não sucede em relação ao modo de constituição, porque a lei nova que dispõe sobre os próprios pressupostos constitutivos não se aplica aos factos anteriores (cf, neste sentido, BAPTISTA MACHADO, Sobre a aplicação no tempo do novo Código Civil, pág.128). Por isso, o regime resolutivo do CIRE não se aplica aos actos celebrados antes da sua entra em vigor, por imperativo do art.12 nº1 e 2 (1ª parte) do CC (cf., neste sentido, Ac do STJ de 30/9/2008 (Cons. Cardoso de Albuquerque), proc. nº 08A1825, Ac RG de 6/11/2008 (Des. Gomes da Silva ), proc. nº 2014/08, disponíveis em www.dgsi.pt ). Com efeito, tal como se anotou na sentença, a lei nova (CIRE ) veio criar um novo regime de resolução dos contratos ou actos do insolvente, sem correspondência com o previsto na lei antiga (CPEREF), no que tange aos fundamentos e prazos para o exercício, e fê-lo sem abstrair dos factos causadores do prejuízo para a massa insolvente. Como se decidiu no Ac. do STJ de 30/9/2008, seguindo a regra do art.12 nº1 do CC, o CIRE não pode aplicar-se no que respeita ao regime de resolução, aos actos praticados pelo insolvente anteriores ao início da sua vigência, já que justamente ao determinar a sua resolubilidade enquanto forma de cessação dos mesmos, está a dispor sobre os seus efeitos, e não sobre o conteúdo da relação jurídica surgida entre as partes, com abstracção do facto que lhe deu origem. A recorrente reclama a aplicação da lei nova, com fundamento no art.12 nº2 (2ª parte) do CC, apoiando-se no Ac RE de 18/12/2007 (Des. Mário Serrano), proc. nº 2797/07, disponível em www.dgsi.pt., para quem o CIRE, ao dispor sobre a resolução de um contrato está a reger sobre o conteúdo da relação jurídica. No entanto, este acórdão da Relação de Évora foi revogado pelo citado acórdão do STJ. Também em situação similar, embora a propósito de aplicação no tempo sobre o art.186 do CIRE (incidente de qualificação), decidiu-se no Ac RC de 28/10/2008 (Des. Artur Dias), no proc. nº 2577/05 (disponível em www.dgsi.pt), não ser aplicável a factos anteriores, por força do art.12 nº1 e 2 ( 1ª parte ) do CC. 2.3. - Síntese conclusiva: 1. O CIRE criou um novo regime jurídico da resolução em benefício da massa insolvente, estabelecendo novos pressupostos de facto para a constituição do direito potestativo, em confronto com a lei antiga ( CPEREF ). 2. O regime resolutivo do CIRE não se aplica aos actos celebrados antes da sua entra em vigor, por imperativo do art.12 nº1 e 2 ( 1ª parte ) do CC. III DECISÃO Pelo exposto, decidem:1) Julgar improcedente a apelação e confirmar a sentença recorrida. Página 5 / 6

Powered by TCPDF (www.tcpdf.org) 2) Condenar a apelante nas custas. Página 6 / 6