Desempenho do Comércio Varejista Janeiro e Fevereiro de 2009 Pesquisa realizada mensalmente desde outubro de 2006 pelo Convênio entre Sindicato do Comércio Varejista e Departamento de Economia da UNESP Desempenho Setorial do Varejo. Com o aumento do número e a concentração de empresas de pequeno e médio porte em várias áreas geográficas do município a pesquisa passa a transmitir os efeitos da economia sobre as empresas locais. Em termos nominais a mudança do aumento de empresas de pequeno e médio porte significou um redimensionamento da base de dados. Com isso o valor do faturamento agregado ficou em R$ 6.294.479,00 ante aproximadamente R$ 10.000.000,00 nos períodos anteriores. No mês de janeiro o conjunto de empresas registrou aumento de vendas com relação a janeiro de 2009 em 5,47%. A variação em fevereiro de 2009 com relação ao mesmo mês do ano passado recuou em -2,06%. O setor revelou mais cautela mesmo no mês de janeiro e os novos contratos de trabalho aumentaram discretamente em 1,15% e recuaram 3,19% em fevereiro. O recuo no faturamento das empresas encontra respaldo na redução do emprego formal em Araraquara. Segundo os dados do Ministério do Trabalho ocorreu a redução de 1% do emprego em fevereiro de 2009 com relação a janeiro do mesmo ano. O recuo do emprego formal no comércio foi mais discreto e atingiu -0,3%. Essas variações são, de certa forma, pouco significantes quando observamos o emprego formal do município de Araraquara no início de 2008. O número de empregados com carteira assinada em janeiro de 2008 atingiu 63.560 e em janeiro deste ano o número foi de 64.977. Nos meses de fevereiro de 08 e 09 o emprego formal foi de 64.582 e 64.381 respectivamente. A diferença é que em fevereiro de 2008 ocorreu aumento do emprego formal com relação a janeiro enquanto em 2009 houve redução. Somente com os dados dos próximos meses é que poderemos apurar se houve alteração na tendência do comportamento do emprego. A julgar pelos demais setores da cidade de Araraquara não há ainda alterações significativas. Com exceção da agricultura os demais setores, inclusive a indústria, mantiveram estável o número de contratos de trabalho. Na cidade de São Carlos não registramos também alterações significativas no emprego formal. O volume de 62.702 em janeiro e de 63.381 pouco foi alterado em 2009 (62.734 em janeiro/09 e 62.271 em fevereiro/09).
Ribeirão Preto apresenta comportamento diferenciado e mais positivo do que as duas cidades da região central. O emprego formal se expandiu em quase todos os setores atingindo a taxa de 5,5% (de 155.387 em fevereiro de 08 contra 163.850 em fevereiro de 09). O movimento significativo está nas comparações que podem ser feitas entre os meses de outubro de 2008 com relação a informação de fevereiro de 2009. Em todos as regiões há redução expressiva do emprego. Em Araraquara o emprego formal em outubro de 2008 era de 68.084 e foi reduzido abruptamente para 64.706 em novembro do mesmo ano. Desde então tem ocorrido pequenas reduções interrompidas no mês de janeiro. O mesmo movimento foi identificado nas cidades de São Carlos e Matão nas regiões do Estado de São Paulo e no Brasil. Ribeirão Preto, pelo contrário, desde o início da crise consegui expandir as atividades. Uma das razões pode ser a transferência de gastos dos agentes econômicos de centros maiores para a localidade. O mesmo pode ter ocorrido com relação Araraquara. Para reduzir custos de transação os agentes minimizam gastos com transporte e trocam circunstancialmente os locais para aquisição de bens e serviços. Ao apurar pelos dados desde outubro de 2008 o comércio de Araraquara manteve praticamente inalterado o emprego formal. Gráfico 1 Faturamento - Comparativo 2008-2009 (em R$) 7.000.000,00 6.000.000,00 5.000.000,00 4.000.000,00 3.000.000,00 2.000.000,00 1.000.000,00 0,00 janeiro fevereiro 2008 2009 Elaboração do SCVA. Em termos setoriais, eletrodomésticos, farmácias e perfumarias e supermercados sustentaram expansão do faturamento nos dois primeiros meses do ano. Lojas de departamento e auto-peças, por outro lado, sofreram reduções nesses dois meses. As variações entre eletrodomésticos e lojas de departamento podem ser explicadas pelas oportunidades que foram ofertadas aos consumidores nesses dois
primeiros meses do ano. As concessionárias reagiram em relação a janeiro de 2008 em função das mudanças tributárias. Contudo, não sustentaram a expansão no mês seguinte. A demanda nesse setor dependerá do potencial de crescimento da economia, muito mais, do que os benefícios fiscais. Isto porque as perspectivas de renda e custo do crédito é que definirão a manutenção ou retomada das atividades econômicas. Tabela 1 Faturamento Variação % (2008-2009) Lojas Depart. Eletro Movéis/ Decor. Vestuário& Calçados Superm. Farm/ Perfum. Concess Auto Peças Mater. para Const. Janeiro - 11,94 % 36,52 % 17,81 % 4,96 % 5,23 % 27,57 % 12,25 % - 5,23 % - 11,0 % Fevereiro - 11,43 % 54,58 % - 0,87 % - 8,40 % 7,83 % 8,21 % - 8,44 % - 11,2 % 5,69 % Elaboração do SCVA. Comportamento do Crédito. O número de consultas ao SCPC de janeiro de 2009 se apresentou muito acima da média dos anos anteriores. Há simetria com relação ao crescimento de faturamento do comércio que analisamos e com o nível de prudência que o momento também requer. Em fevereiro deste ano, porém, as consultas ao SCPC recuaram significativamente com relação a fevereiro de 2008. A redução do faturamento também é o principal determinante quanto a redução do emprego. A julgar pela folha de pagamento nos dois primeiros meses segundo a pesquisa conjuntural, a redução de 3,18% e 7,58% nos dois primeiros meses do ano pode ser um indicativo do que está acontecendo com a renda no município. Enquanto o nível de emprego manteve certa estabilidade após as demissões do mês de outubro, a troca de funcionários em situações produtivas em que é possível a substituição sem muito custo pode representar uma alternativa para a manutenção do emprego com conseqüências para a redução dos rendimentos. Os novos registros de inadimplência em janeiro e fevereiro de 2009 com relação a 2008 apontam para uma tendência diferente nesse primeiro bimestre com relação a 2008 que foi comparado a 2007. A queda de cancelamentos de registros também preocupa segundo os dados da Tabela 2. A expansão dos novos registros e a queda dos cancelamentos combinado com a redução da folha de pagamento do setor do comércio são indicativos de uma aproximação de redução de atividade econômica devido ao recuo no poder de compra das famílias.
Tabela 2 - ESTATÍSTICA/SCPC Estatística Sincomércio/SCPC - Araraquara Consultas Novos registros Cancelamentos 2008 2009 % 2008 2009 % 2008 2009 % Janeiro 34.131 39.278 15,08 1.859 2.191 17,86 1.520 1.156-23,95 Fevereiro 39.475 33.515-15,10 1.866 1.976 5,89 1.093 1.105 1,10 Total 73.606 72.793-1,10 3.725 4.167 11,87 2.613 2.261-13,47 SCPC. O volume de cheques sem fundo no território brasileiro aumentou em 1,3% desde o mês de outubro de 2009. O aumento ainda é discreto. Na região sudeste o aumento foi de 0,5% até o mês de fevereiro. Em termos de confiança, segundo a pesquisa do FECOMÉRCIO, o indicador apontou para uma melhora significativa. A crise é maior em outros países e tal referência tem mostrado que os rumos podem ser diferentes para o Brasil. O índice de confiança é extremamente sensível e a continuidade de um quadro estável na economia, mesmo, com o nível de emprego abaixo do que foi alcançado em outubro passado, é uma importante condição para recuperação da economia. A pesquisa do FECOMÉRCIO com relação ao nível de endividamento mostrou queda em fevereiro e aumento no mês de março com os pagamentos típicos no primeiro trimestre. Além disso, como apontou o relatório da Federação do Comércio, a parcela de famílias com contas em atraso também apresentou alta neste mês, passando de 12% para 19%. Em relação a igual mês do ano passado (17%), o indicador registrou alta de dois pontos porcentuais. O aumento da taxa de desemprego na Região Metropolitana de São Paulo que, segundo dados do IBGE, passou de 7,1% em dezembro para 9,4% em janeiro, pode ter contribuído para o resultado deste mês. Há um conjunto de indicadores na região metropolitana de São Paulo que indicam maior cautela por parte dos consumidores. Os planos de compras e vendas devem, portanto, incorporar ajustes importantes em termos de capital de giro das empresas que devem buscar privilegiar a liquidez. Finalmente, em termos de comércio exterior é importante registrar que as exportações do município de Araraquara nos meses de janeiro e fevereiro de 2009 reduziram em 50% e 35% com relação ao primeiro bimestre de 2008. Em janeiro e fevereiro de 2008 as exportações atingiram US$ 81.858.086 e US$ 111.561.968 respectivamente. Em 2009 os números foram US$ 40.584.193 e US$ 71.954.745.
A demanda interna com crédito escasso e caro somada a redução de demanda externa são fatores que tem inibido os planos de investimento e aumento do gasto privado.