DIREITO PROCESSUAL PENAL Nulidades Prof. Gisela Esposel
- Meras irregularidades: - A mera irregularidade é o menor de todos os vícios. - O ato existe, é válido e eficaz - São situações em que o desacordo com o modelo legal é mínimo, não descaracterizando o ato - Artigo 569 do CPP as omissões da denúncia ou da queixa, da representação, ou, nos processos das contravenções penais, da portaria ou do auto de prisão em flagrante, poderão ser supridas a todo tempo, antes da sentença final
- Cita-se como exemplo a denúncia sem o rol de testemunhas - Trata-se de um vício sem qualquer gravidade, sendo incapaz, por si só, de gerar prejuízo às partes. Não há o que sanar e não precisa ser declarado - O vício pode persistir sem que isso importe em comprometimento da validade do ato - Assim, não afeta a validade do ato processual e não impede o ato de produzir efeitos e atingir sua finalidade
- Atos inexistentes: - Planos do ato processual: existência, validade e eficácia - A existência é o primeiro plano a ser analisado, e somente se o ato existir é que os demais serão analisados - O ato existe quando reúne elementos identificadores mínimos que permitem reconhecê-lo. São considerados não atos - A inexistência se projeta sobre o próprio processo e não sobre o ato, pois não se pode anular o que não existe
- O vício é de tal gravidade que sequer poderiam ser considerados como atos processuais - O juiz simplesmente desconsidera o ato, não se exigindo provocação das partes - Cita-se como exemplo uma petição inicial não assinada, sentença sem dispositivo, audiência realizada sem a presença do juiz etc
- Controvérsia: sentença absolutória proferida por um juiz absolutamente incompetente. Essa sentença absolutória produz algum efeito? Ou poderá o Ministério Público, como titular da ação penal pública, após absolvição do réu, requerer a desconstituição dessa decisão? - Se entender que a hipótese é de nulidade absoluta e não de inexistência jurídica do processo, a sentença absolutória produzirá efeitos. - O trânsito em julgado da sentença absolutória funciona como uma espécie de sanatória geral de todas as nulidades por ventura ocorridas no curso do processo
- Nesta linha de pensamento, a declaração de incompetência absoluta do juízo se enquadra nas hipóteses de nulidade absoluta do processo - Não se deve confundir sentença nula com a sentença inexistente ( esta é um nada jurídico) - A sentença prolatada por um juiz absolutamente incompetente, embora nula, pode acarretar o efeito de tornar definitiva a absolvição do acusado, tendo como consequência a proibição da reformatio in pejus
- No Brasil inexiste revisão criminal pro societatis - Porém, se entender que esta sentença é juridicamente inexistente, não produzirá efeito algum e o Ministério Público poderá ajuizar uma nova ação em face do mesmo réu em relação aos mesmos fatos criminosos perante o juiz natural - A sentença inexistente não transitaria em julgado, sendo nenhuma sua eficácia
- Há opiniões de que a técnica do processo penal deve ser deixada de lado, em homenagem aos princípios do favor rei e favor libertatis - Assim, a sentença absolutória, ainda que prolatada por juiz absolutamente incompetente produz efeito, que é o de impedir nova ação em face do mesmo acusado