PROBLEMAS RELACIONADOS À FARMACOTERAPIA E INTERVENÇÕES EM CONSULTAS FARMACÊUTICAS EM UNIDADES DE SAÚDE

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1 ÁREA TEMÁTICA: ( ) COMUNICAÇÃO ( ) CULTURA ( ) DIREITOS HUMANOS E JUSTIÇA ( ) EDUCAÇÃO ( ) MEIO AMBIENTE ( X ) SAÚDE ( ) TECNOLOGIA E PRODUÇÃO ( ) TRABALHO PROBLEMAS RELACIONADOS À FARMACOTERAPIA E INTERVENÇÕES EM CONSULTAS FARMACÊUTICAS EM UNIDADES DE SAÚDE Lorena Miná Rodrigues (lo_mr@yahoo.com.br) 1 Ana Paula Veber (anapaulaveber@hotmail.com) 2 Gerusa Clazer Halila Possagno (gerusach@hotmail.com) 3 Resumo: A busca constante pela qualidade nos serviços de saúde prestados à população é fundamental para garantir uma melhor assistência com redução de riscos e aumento das chances de sucesso terapêutico. Esse projeto teve como objetivo analisar a intervenção farmacêutica em relação aos pacientes selecionados, após a consulta farmacêutica e problemas identificados na terapia. Observou-se a necessidade de acompanhamento dos pacientes das regiões pertencentes às Unidades Básicas de Saúde Adan Polan Kossobudzki, Zilda Arns e Cleon Francisco de Macedo. Isso se fez pelos pacientes possuírem doenças crônicas e utilizarem muitos medicamentos, o que pode acarretar alguns problemas em relação a estes, tanto em relação à posologia ou forma de administração. A grande maioria dos pacientes tem dificuldades em cumprir corretamente seu tratamento, pois não compreendem por completo as instruções sobre o como deve ser o cuidado consigo mesmo, como a quantidade e a forma de administração corretas do medicamento. Isso tem grande impacto nos resultados terapêuticos e na qualidade de vida desses pacientes. Palavras-chave: Farmacêutico clínico. Intervenção farmacêutica. Farmacoterapia. Consulta farmacêutica. INTRODUÇÃO A partir da década de 40, o aumento do uso de fármacos foi acarretando uma preocupação em relação à utilização de medicamentos. Em 1985, Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu o uso racional de medicamentos como sendo o emprego de medicamentos apropriados para a situação clínica, nas doses que satisfaçam as necessidades individuais, por um período adequado e ao menor custo possível (WHO, 1985). 1 Acadêmica extensionista no Projeto Educação em Saúde; Universidade Estadual de Ponta Grossa; Curso de Farmácia; lo_mr@yahoo.com.br 2 Docente supervisora extensionista no Projeto Educação em Saúde; Universidade Estadual de Ponta Grossa; Curso de Farmácia; anapaulaveber@hotmail.com 3 Docente coordenadora extensionista no Projeto Educação em Saúde; Universidade Estadual de Ponta Grossa; Curso de Farmácia; gerusach@hotmail.com

Desta forma, a prescrição de um medicamento deveria estar baseada em uma análise prévia da relação risco/benefício e também do custo do tratamento. Estudos demonstram a existência de problemas de saúde cuja origem está relacionada aos medicamentos, seja em relação ao cumprimento inadequado do tratamento, automedicação, interações medicamentosas, reações adversas, intoxicações, falhas terapêuticas e erros de medicação. Sendo assim, os problemas relacionados aos medicamentos podem fazer com que o paciente não obtenha sucesso no objetivo terapêutico ou pode gerar o aparecimento de efeitos indesejados (MANASSE JR., 1989). Sob este aspecto, é muito importante ter uma visão holística do paciente, para determinar o seu perfil, delinear as intervenções cabíveis e estabelecer prioridades na farmacoterapia. Dentro da estratégia de tratamento para um problema de saúde, deve-se analisar se ela é necessária, efetiva e segura. Nesse contexto, o farmacêutico contemporâneo possui atribuições clínicas, atuando no cuidado direto ao paciente, buscando o uso racional de medicamentos e de outras tecnologias em saúde, redefinindo sua prática a partir das necessidades dos pacientes, família, cuidadores e sociedade (CFF, 2013). De acordo com o Conselho Federal de Farmácia, em sua resolução nº 585 de 2013, uma das atribuições clínicas do farmacêutico é prover a consulta farmacêutica em consultório farmacêutico ou em outro ambiente adequado, que garanta a privacidade do atendimento, com a finalidade de obter os melhores resultados com a farmacoterapia e promover o uso racional de medicamentos. Na consulta farmacêutica, a partir do momento em que os objetivos terapêuticos são definidos, ou em caso de detecção de problemas relacionados à farmacoterapia, o farmacêutico pode realizar as intervenções que se fizerem necessárias. Algumas intervenções podem ser realizadas diretamente com o paciente ou com o seu cuidador, caso o paciente necessite de auxílio na sua rotina diária, por exemplo alterações no horário ou na forma de administração dos medicamentos. Por outro lado, as intervenções podem ser realizadas junto a outros profissionais da saúde, por exemplo, via prescritor, quando há necessidade de alteração em um medicamento de prescrição médica. Dessa maneira, o profissional farmacêutico contribui com o uso racional de medicamentos, através da otimização da farmacoterapia dos usuários. 2 OBJETIVOS Esse trabalho teve como objetivo analisar e relatar a experiência de atuação farmacêutica na prática clínica, por meio da análise dos problemas encontrados na consulta

farmacêutica e as consequentes intervenções realizadas em relação aos pacientes selecionados. 3 METODOLOGIA Foi realizado estudo observacional descritivo em três Unidades Básicas de Saúde (UBS) no município de Ponta Grossa Paraná (Adan Polan Kossobudzki, Zilda Arns e Cleon Francisco de Macedo), no período de 2016 a 2017. Ao todo foram analisados os registros de atendimentos de 33 usuários, os quais foram acompanhados, no mesmo período citado acima, pelas farmacêuticas responsáveis pelas unidades e os respectivos acadêmicos e professores que estavam à sua disposição para tal tarefa. Os atendimentos farmacêuticos foram realizados utilizando-se a metodologia clínica, em visitas domiciliares ou em consultas na própria UBS. No atendimento farmacêutico diversos aspectos foram abordados com os pacientes, como: dados pessoas, grau de escolaridade, estilo de vida, sentimento do paciente em relação ao uso dos seus medicamentos, problemas relacionados à farmacoterapia, com enfoque em adesão à terapia, segurança e efetividade. Após a obtenção dos dados e fase de estudo para cada usuário que compareceu à consulta farmacêutica, classificou-se os Problemas Relacionados à Farmacoterapia, utilizando-se como base o proposto pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2014): Problemas envolvendo seleção e prescrição; Administração e adesão do paciente ao tratamento; Erro de dispensação ou manipulação; Discrepâncias entre níveis de atenção à saúde; Problemas na qualidade dos medicamentos; Monitoramento; Tratamento não efetivo; Reação adversa a medicamento; Intoxicação por medicamentos. Também foram classificadas as Intervenções Farmacêuticas realizadas nas consultas (BRASIL, 2014): Intervenção e Aconselhamento; Alteração ou Sugestão de alteração na terapia; Encaminhamento a outros Profissionais ou Serviços; Monitoramento; Previsão de Materiais. RESULTADOS Foram acompanhados 33 usuários em 3 unidades de saúde (Adan Polan Kossobudzki, Zilda Arns e Cleon Francisco de Macedo) e foram identificados 145 problemas relacionados à farmacoterapia.

Destes problemas, os mais frequentes foram: omissão de doses (subdosagem) pelo paciente (paciente deixou de utilizar o medicamento ou reduziu a posologia por decisão própria); técnica de administração do paciente incorreta (a maneira com o que o paciente administra está incoerente, seja por não realizar a homogeneização correta da insulina, tomar um medicamento após a refeição sendo que dever ser administrada em jejum, entre outros); necessidade de monitoramento laboratorial (necessidade de realização de novos exames, devido a estes estarem desatualizados); necessidade de monitoramento não laboratorial (o paciente necessita ser acompanhado pelos profissionais de saúde); necessidade de auto monitoramento (paciente precisa ser estimulado ao autocuidado, por exemplo, precisa realizar a aferição da pressão arterial). Os resultados dos problemas relacionados à farmacoterapia estão demonstrados na figura 1 abaixo. 4 Figura 1 Classificação e quantidade de problemas relacionados à farmacoterapia em usuários do SUS de três UBS no município de Ponta Grossa Legenda: A Omissão de dose pelo paciente; B Técnica de administração do paciente incorreta; C Necessidade de monitoramento laboratorial; D Necessidade de monitoramento não laboratorial; E Necessidade de auto monitoramento. Nesses mesmos casos, foram realizadas 248 atividades de intervenção farmacêutica, sendo as mais frequentes o aconselhamento ao paciente/cuidador sobre: tratamento específico (orientações relacionadas diretamente ao tratamento dos problemas de saúde apresentados pelo paciente); tratamentos de forma geral (orientações sobre medidas que mesmo não estando diretamente relacionadas com o tratamento, auxiliam na melhora do paciente, por exemplo uma alimentação balanceada); medidas não farmacológicas (medidas que auxiliem no tratamento do paciente, sem envolver o uso de medicamentos); condição de saúde específica e de forma geral (esclarecimentos sobre o funcionamento do corpo com a doença, quais funções estão debilitadas e/ou necessitam de maior atenção, condições que o indivíduo se encontra na sua doença,); aconselhamento sobre auto monitoramento (por exemplo, ensinar o paciente com diabetes a usar o glicosímetro para determinar a glicemia capilar); acesso aos medicamentos (orientar o paciente sobre como adquirir seus medicamentos); armazenamento dos medicamentos (orientar sobre a forma adequada de

manter seus medicamentos em casa); recomendação de monitoramento laboratorial (solicitação de exames laboratoriais), recomendação de monitoramento não laboratorial (acompanhamento com os profissionais de saúde correspondentes à terapia que o paciente necessita) e recomendação de auto monitoramento (por exemplo, solicitar que o paciente verifique sua glicemia capilar em jejum por uma semana). 5 Figura 2. Classificação das 248 Intervenções Farmacêuticas realizadas em três UBS no município de Ponta Grossa Legenda: A Aconselhamento ao paciente/cuidador sobre tratamento específico; B Aconselhamento ao paciente/cuidador sobre tratamento de forma geral; C Aconselhamento ao paciente/cuidador sobre medidas não farmacológicas; D Aconselhamento ao paciente/cuidador sobre condição de saúde específica; E Aconselhamento ao paciente/cuidador sobre condições de saúde de forma geral; F Aconselhamento ao paciente/cuidador sobre auto monitoramento; G Aconselhamento ao paciente/cuidador sobre acesso aos medicamentos; H Aconselhamento ao paciente/cuidador sobre armazenamento dos medicamentos; I Recomendação de monitoramento laboratorial; J Recomendação de monitoramento não laboratorial; K Recomendação de auto monitoramento. CONSIDERAÇÕES FINAIS A consulta farmacêutica, seja em consultório ou por meio de visita domiciliar, é uma prática recente nas unidades de saúde do município. Durante o período do estudo, foi possível observar uma reorientação da prática farmacêutica nestas UBS, por meio das intervenções realizadas pelas farmacêuticas, intensificando a atuação junto à equipe multiprofissional e estabelecendo uma relação de confiança com o paciente. Ao avaliar os tipos de intervenções realizadas, observa-se maior prevalência no aconselhamento ao paciente/cuidador sobre auto monitoramento. Em alguns casos, foi preciso intervir junto ao médico e/ou outros profissionais e garantir que o plano de tratamento dos pacientes fosse cumprido. Os aspectos observados durante a consulta não eram somente em relação aos medicamentos, mas sim considerando o paciente como um todo. O aumento no número de intervenções realizadas e sua consequente aceitabilidade ao longo dos anos demonstra a importância do farmacêutico clínico, uma vez que, a atuação deste junto à equipe multidisciplinar visa promover a melhoria do estado de saúde do

paciente, através da prevenção de erros de medicação e do uso seguro e racional de medicamentos. 6 APOIO: Fundação Araucária REFERÊNCIAS BRASIL. CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA. Resolução nº 585, de 29 de agosto de 2013. Regulamenta as atribuições clínicas do farmacêutico e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 25 set. 2013. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Cuidado farmacêutico na atenção básica: Capacitação para implantação dos serviços de clínica farmacêutica / Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. 108 p.: il. (Cuidado farmacêutico na atenção básica; caderno 1). FINATTO, R. B.; CAON, S.; BUENO, D. Intervenção farmacêutica como indicador de qualidade da assistência hospitalar. Revista Brasileira de Farmácia, Rio de Janeiro, v. 93, n. 3, p. 364 370, ago. 2012. IVAMA, A. M. et al. Atenção farmacêutica no Brasil: trilhando caminhos: relatório 2001-2002. Brasília: OPAS, 2002, 46p. MACHUCA, M.; FERNÁNDEZ-LLIMÓS, F.; FAUS, M. J. Manual de acompanhamento farmacoterapêutico. 1. ed. Granada: Grupo de Investigação Farmacêutica (CTS - 131) - UGR; 2004. 45 p. MANASSE JR, H. R. Medication use in an imperfect world, I: drug misadventuring as an issue of public policy. American Journal Hospital Pharmacy. n.46, p.929-44, 1989 apud Centro de Informação Farmacêutica do Departamento de Farmacovigilância - CINFARMA, DNME/MINSA. Quais os principais problemas relacionados com os medicamentos? Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola, Luanda p. 1 12, abr./set. 2015. RIBEIRO, V. F. et al. Realização de intervenções farmacêuticas por meio de uma experiência em farmácia clínica. Revista Brasileira de Farmácia Hospitalar e Serviços de Saúde, São Paulo, v. 6, n. 4, p. 18 22, out./dez. 2015. SANTOS, H. et al. Segundo consenso de granada sobre problemas relacionados com medicamentos. Acta Médica Portuguesa, Granada, v. 17, p. 159 162, jan. 2004. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). The rational use of drugs: report of the conference of experts. Geneva: WHO; 1987.