Pós Penal e Processo Penal Legale
Definição é o procedimento administrativo de caráter inquisitório e sigiloso, que visa buscar a materialidade e autoria acerca de uma infração penal.
Características - Procedimento É mero procedimento, simples seqüência de atos ordenados, procedimentais.
Procedimento Processo é palavra de origem do latim processus. Processo nada mais é que a somatória da relação jurídica tripartida, ou seja, entre as partes (autor e réu) e sujeito processual (juiz) + procedimento. Processo é uma reunião de atos que devem ser executados exatamente na ordem predefinida por lei, para que se investigue e se solucione a causa submetida à tutela jurídica.
Características - Procedimento Procedimento é de origem também do latim procedere prosseguir, caminhar para frente. É a ação de seguir para frente, é o movimento que se utiliza desde o começo até o fim
Características - Procedimento administrativo (CF) Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:... IV - polícias civis;... 4º - às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as militares
Características - Procedimento administrativo O art. 129, VI, da CF, a função institucional do Ministério Público é o exercício do controle externo da atividade policial, na forma das respectivas leis complementares. Logo, analisando o referido dispositivo, conclui-se que a autoridade policial preside o I.P., embora as diligências investigatórias possam ser acompanhadas pelo representante do MP, que detém o controle externo da polícia.
Características - Procedimento administrativo Súmula 234 do Superior Tribunal de Justiça A participação de membro do Ministério Público na fase investigatória criminal não acarreta o seu impedimento ou suspeição para oferecimento da denúncia
Características - caráter inquisitório não há contraditório (em regra, mas há exceção) por conta desse caráter, as diligências efetuadas no inquérito seguem os critérios estabelecidos pela autoridade policial, não sofrendo influência por parte do averiguado.
Características - caráter inquisitório Discricionariedade - Segundo o art. 14 do CPP, a autoridade policial (delegado) possui um poder/dever de agir de forma discricionária no tocante ao deferimento de diligências, ou seja, o mesmo não é obrigado a realizar as diligências que forem requeridas pelo indiciado ou pelo ofendido ou por seu representante legal. Contudo, a autoridade policial é obrigada a realizar as diligências requisitadas pelo juiz ou pelo Ministério Público conforme determina o art. 13, II, do CPP
Características - caráter inquisitório ATENÇÃO em juízo, poderá a parte produzir a prova que deseja e participar das demais, que deverão ser refeitas, para passarem pelo crivo do contraditório.
Características - caráter inquisitório Como no inquérito não tem contraditório, os eventuais vícios de procedimento não induzem nulidade e somente interferem no valor probatório da prova ou do indício colhido. Porém, como dissemos, há exceção:
Características - caráter inquisitório Exceção: Lei 13.245/16 Tal lei alterou o Estatuto da Advocacia em seu artigo 7º. Vejamos:
Características - caráter inquisitório Art. 1 o O art. 7 o da Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994 (Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil), passa a vigorar com as seguintes alterações: Art. 7 o......
Características - caráter inquisitório XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital;
Características - caráter inquisitório XXI - assistir a seus clientes investigados durante a apuração de infrações, sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatório ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatórios e probatórios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva apuração: a) apresentar razões e quesitos; b) (VETADO).
Características - caráter inquisitório 10. Nos autos sujeitos a sigilo, deve o advogado apresentar procuração para o exercício dos direitos de que trata o inciso XIV. 11. No caso previsto no inciso XIV, a autoridade competente poderá delimitar o acesso do advogado aos elementos de prova relacionados a diligências em andamento e ainda não documentados nos autos, quando houver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia ou da finalidade das diligências.
Características - caráter inquisitório 12. A inobservância aos direitos estabelecidos no inciso XIV, o fornecimento incompleto de autos ou o fornecimento de autos em que houve a retirada de peças já incluídas no caderno investigativo implicará responsabilização criminal e funcional por abuso de autoridade do responsável que impedir o acesso do advogado com o intuito de prejudicar o exercício da defesa, sem prejuízo do direito subjetivo do advogado de requerer acesso aos autos ao juiz competente.
Características - caráter inquisitório Valor probatório O conteúdo do inquérito policial é meramente informativo (possui valor probatório relativo, pois as provas não são colhidas com aplicação dos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa).
Características - caráter inquisitório O juiz não pode formar a sua convicção somente com base em provas amealhadas na fase do I.P. O art. 155 do Código de Processo Penal, alterado pela Lei n. 11.690/2008, traz o seguinte texto:
Características - caráter inquisitório Art. 155. O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas
Características - caráter inquisitório Exceção O juiz não pode formar sua convicção baseado no conjunto de provas amealhadas, exclusivamente, nos autos I.P., salvo em três situações: a) provas cautelares; b) provas irrepetíveis; c) antecipadas.
Características - caráter inquisitório Provas cautelares As provas cautelares são aquelas que, em face de urgência, são realizadas antes do momento adequado
Características - caráter inquisitório Prova não repetível Trata-se daquela que não consegue ser realizada novamente na fase judicial. Ex.: um laudo pericial realizado na fase do I.P. de um objeto que perece em um mês. Logo, na fase judicial o juiz não consegue mandar realizar um novo laudo, pois o objeto da perícia não existe mais.
Características - caráter inquisitório Atenção Sobre as provas periciais e documentais há o princípio do contraditório diferido ou postergado
Características - caráter inquisitório Prova antecipada É aquela que poder ser determinada antes da ação penal, de ofício pelo juiz diante da urgência e relevância da prova, conforme determina o art. 156 do CPP. Neste caso, para que o juiz possa determinar a realização de prova antes da ação penal, necessariamente deve ser considerado o binômio urgente + relevante.
Características - caráter inquisitório Urgente = provas que devem ser realizadas imediatamente. Relevante = provas importantíssimas para o processo penal.
Características - caráter sigiloso O inquérito policial deve ser sigiloso, para preservar a apuração dos fatos.
Características - caráter sigiloso Art. 20 do CPP A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.
Características - caráter sigiloso Mas não é sigiloso para o averiguado e para o seu advogado, que poderão consultar os autos e inclusive trasladar cópias.
Características - caráter sigiloso A Lei n. 8.906/94 Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil, em seu art. 7º, XIV, traz de forma incontestável e expressa o direito de os advogados examinarem em qualquer repartição policial, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de inquérito, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos.
Características - caráter sigiloso Negado o acesso, cabe mandado de segurança na esfera criminal.
Características - caráter sigiloso ATENÇÃO Súmula Vinculante 14 - STF É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.
Características - caráter sigiloso No que tange ao sigilo, este não atinge o juiz e nem o Ministério Público, que pode acompanhar os atos investigatórios (art. 26, III, da LOMP)
Características escrito ou datilografado Todas as peças do inquérito deverão ser escritas ou datilografadas, bem como devidamente rubricadas pelo delegado, de acordo com o determinado no art. 9º do Código de Processo Penal.
finalidade o inquérito tem uma dupla finalidade: 1) buscar a materialidade (certeza da infração penal);
finalidade 2) buscar a autoria (pelo menos indícios de autoria) acerca de uma infração
finalidade Observações decorrentes da finalidade Dispensável Indisponível Para qualquer infração (Pública, Privada, Contravenção, etc)
sequência de atos - Instauração O início do inquérito se dará quando chegar à autoridade policial a notitia criminis
sequência de atos - Instauração A notitia criminis será espontânea quando alcançada pela autoridade policial em suas atividades rotineiras (p. ex.: encontro de corpo de delito, notícia por meios de comunicação, comunicação por funcionários subalternos)
sequência de atos - Instauração A notitia criminis será ou será provocada quando a notícia for dada pela vítima, membro do Ministério Público, autoridade judicial ou mesmo em caso de flagrante.
sequência de atos - Instauração Quando a notitia criminis aponta o possível autor, leva o nome de delatio criminis.
sequência de atos - Instauração Há três espécies diferentes de notitia criminis: a) notitia criminis de cognição direta ou imediata é o conhecimento da infração penal pela autoridade policial no exercício de suas atividades rotineiras (através da tv, jornal, delação anônima etc.);
sequência de atos - Instauração b) notitia criminis de cognição indireta ou mediata a autoridade policial toma conhecimento por intermédio de alguém ou de alguma outra autoridade, como p. ex., a requisição do juiz, do Ministério Público, do Ministro da Justiça nos crimes de ação pública condicionada (crime contra a honra do presidente etc.), representação do ofendido, requerimento do ofendido nas ações penais privadas;
sequência de atos - Instauração c) notitia criminis de cognição coercitiva no caso de prisão em flagrante
sequência de atos - Instauração Crimes de ação pública incondicionada Nos crimes de ação pública incondicionada o inquérito policial poderá ser iniciado: a) Ofício pelo delegado de carreira (peça que instaura o I.P. portaria art. 5º, I, do CPP). b) Requisição do juiz ou do Ministério Público art. 5º, II, do CPP. c) Pela prisão em flagrante delito (peça que instaura o inquérito policial auto de prisão em flagrante). d) Requerimento do ofendido ou de seu representante legal art. 5º, II do CPP
sequência de atos - Instauração Crimes de ação pública condicionada Crimes de ação pública condicionada Nos crime de ação pública condicionada o inquérito policial poderá ser iniciado: a) Requisição do Ministro da Justiça (crimes do art. 7º, 3º, b, do CP; art. 145, parágrafo único, do CP). b) Representação do ofendido ou de seu representante legal arts. 5º, 4º, e 24, ambos do CPP)
sequência de atos - Instauração Crimes de ação privada Nos crime de ação privada o inquérito policial poderá ser iniciado a requerimento do ofendido ou de seu representante legal (arts. 5º, 5º, e 30, ambos do CPP). Na hipótese de morte ou ausência judicialmente declarada do titular, o direito de queixa passa a ser do cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (art. 31 do CPP)
sequência de atos Requerida a instauração e indeferida pela Autoridade Policial, caberá recurso administrativo ao Secretário de Segurança Pública, que em última instância é o chefe de polícia nos termos do art. 5, 2º, do CPP. Esse recurso é inominado e também a lei não menciona prazo.
sequência de atos Deverá a autoridade policial : I dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais; II - apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais; III - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias; IV - ouvir o ofendido;
sequência de atos V - ouvir o indiciado (se recusar a assinar, testemunhas instrumentárias); VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações; VII - determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras perícias;
sequência de atos VIII - ordenar a identificação do indiciado (no indiciamento vide a seguir) pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes; IX - averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter.