INQUÉRITO POLICIAL. Base legal: artigo 5º do Código de Processo Penal CPP: Cabe ressaltar que:

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1 INQUÉRITO POLICIAL 1-Definição: trata-se de uma das formas de investigação preliminar, pré processual, entendida como procedimento administrativo voltado para a apuração do fato criminoso e de sua autoria. Base legal: artigo 5º do Código de Processo Penal CPP: Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado: I-de ofício II-mediante requisição da autoridade judiciaria ou do ministério publico, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo Cabe ressaltar que: O Inquérito Policial e presidido pela Autoridade Policial(Delegado de Polícia), conforme a lei /13, sendo atividade da polícia judiciaria (Estadual ou Federal), porém não impedindo quaisquer outros tipos de investigação preliminar de outros órgãos ou entidades da Administração Pública. (CPI, PAD, VPI, etc) -Procedimento inquisitório. Observação: Lei n /16: altera o Estatuto da OAB prevendo que o advogado tem o direito de assistir aos seus clientes durante as investigações. A modificação gerou certa controvérsia, pois o inquérito já não mais seria inquisitorial, conforme doutrina minoritária. No entanto, conforme doutrina majoritária, a Lei n /16 não modificou a natureza inquisitorial do inquérito. Observa-se também a súmula vinculante 14 do STF É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. - fontes de provas são todas as pessoas ou coisas que têm algum conhecimento sobre o fato delituoso. Essas fontes são anteriores ao processo e, aliás, têm sua existência independentemente do próprio processo. Exemplo: crime ocorrido na rua em que uma câmera de vigilância captou as imagens. A câmera de vigilância poderá ser uma fonte de prova; - elementos de informação. À luz do art. 155 CPP, o que é colhido, em regra, no inquérito policial, são elementos de informação. O termo prova só poderá ser utilizado, em regra, para aquilo que é produzido em juízo, sob o crivo do contraditório judicial. É a inteligência do art. 155 CPP: O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas

2 Portanto, a expressão prova refere-se àquilo produzido em contraditório judicial, ao passo que os elementos informativos, em regra, são aqueles colhidos na fase investigatória. -existe a necessidade da justa causa no Processo Penal, conforme artigo 395 inciso III do CPP, ou seja, mínimo de elementos de autoria e materialidade para iniciar uma Ação Penal. 2-Características: Nesta parte precisei mostrar um esquema interessante para não esquecer, pois é importante lembrar de todos: A-SEI DOIDO ADMINISTRATIVO SIGILOSO ESCRITO INQUISITORIAL DISPENSÁVEL OFICIOSO INDISPONÍVEL DISCRICIONÁRIO OFICIAL Administrativo-O Inquérito Policial e um Procedimento Administrativo realizado pela autoridade Policial, não faz parte de processo, por isso sua nulidade não prejudica o processo. Sigiloso O IP necessita para não prejudicar as investigações de sigilo, agindo contrariamente ao princípio da publicidade e objetivando também a proteção da integridade dos indivíduos investigados, conforme artigo 20 do CPP: A autoridade assegurara no inquérito o sigilo necessário a elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade. Escrito Todo Inquérito Policial, objetivando a legalidade e veracidade do documento publico deve ser escrito, conforme artigo 9 do CPP: Todas as peças do Inquérito Policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.

3 Inquisitorial O IP encontra-se na fase pre-processual, não permitindo desta forma o contraditório e a ampla defesa. OBS.: Inquérito para fins de expulsão de estrangeiro. Encontra-se regulamentado pelo Decreto de Regulamenta o estatuto do estrangeiro. Nesse caso, é obrigatória a observância do contraditório. Note-se que se cuida de um procedimento administrativo e não de um inquérito policial propriamente dito, até mesmo porque não visa à apuração de uma infração penal. Porém, o Decreto faz uso da terminologia inquérito. Dispensável-O IP não é obrigatório, caso já estejam presentes a autoria e materialidade do delito Oficioso ressalvada as hipóteses de Ação Penal Pública condicionada a representação e ação Penal Privada, o Inquérito Policial deve ser instaurado ex officio, independente de provocação. Indisponível Uma vez instaurado o IP, a Autoridade Policial, Delegado de Polícia, não pode arquivar autos de Inquérito, conforme artigo 17 CPP. Discricionário A autoridade Policial, delegado, possui toda a discricionariedade na fase do IP, podendo determinar todas as diligências que julgar necessário para resolução do fato. OBS.: Art. 14.CPP O ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade. Essa discricionariedade não é absoluta, pois há diligências que podem ser requeridas pelo ofendido que obrigatoriamente tem que ser realizadas (exemplo, exame de corpo de delito quando a infração deixa vestígios). Oficial A investigação deve ser realizada por Autoridades e agentes integrantes dos quadros públicos, proibida delegação 3-INÍCIO DO INQUÉRITO POLICIAL A doutrina é unânime em afirmar que o processo penal, em ação penal pública incondicionada, condicionada a representação e ação penal privada, inicia-se com a notícia de crime, ou notitia criminis, assim compreendida a notícia da infração penal levada ao conhecimento da autoridade policial, que se classifica nas seguintes espécies:

4 notitia criminis de cognição direta ou imediata (espontânea) A autoridade policial toma conhecimento da ocorrência de um crime de forma direta, por meio de sua atividade de rotina ex: interceptação telefônica; notitia criminis de cognição indireta ou mediata (provocada)- A autoridade policial toma conhecimento do crime através de um expediente escrito. Exemplo: uma requisição ministerial. Obs.: em regra, o delegado deve atender a requisição do juiz ou do promotor, exceção: quando for manifestamente ilegal Notitia criminis de cognição coercitiva-nesse caso a autoridade policial toma conhecimento do fato delituoso através da apresentação de indivíduo preso em flagrante. Notitia criminis inqualificada.- Também chamada de denúncia anônima ou denuncia apócrifa. Poderá ser instaurado um inquérito policial com base nessa denúncia? Sabemos que a CF veda o anonimato, porque ele inviabiliza uma futura e possível ação para reparação dos danos morais. Mas, por outro lado, em matéria criminal não se pode negar a informação. STF: ( ) Firmou-se a orientação de que a autoridade policial, ao receber uma denúncia anônima, deve antes realizar diligências preliminares para averiguar se os fatos narrados nessa denúncia são materialmente verdadeiros, para, só então, iniciar as investigações. (STF, 1a Turma, HC /PE, Rel. Min. Dias Tofolipoma, j. 23/03/2010, DJe 76 29/04/2010). 4-FORMAS DE INSTAURAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL -Ação Penal Pública Incondicionada-conforme o artigo 5º do CPP: Portaria realizada pelo Delegado de Polícia, conterá o objeto da investigação, as circunstancias conhecidas em torno do fato a ser apurado(dia, hora, local, etc) e ainda as diligências iniciais a serem realizadas. Procedimento para o delegado e não depende de provocação de interessados. Requisição da autoridade judiciaria ou do Ministério Publico-art.5º II CPP -Requerimento da vítima ou de seu representante legal Obs.: o delegado pode indeferir o requerimento do ofendido, e dessa decisão cabe recurso inominado para o chefe de polícia. -Qualquer do povo delatio criminis simples O delegado de Polícia, verificando a procedência da informação, manda instaurar o inquérito

5 -Auto de Prisão em flagrante Ação Penal Pública Condicionada-, artigo 5º parag..4º CPP Representação do ofendido e seu representante legal- Delatio criminis postulatória-a vítima ou seu representante legal autoriza o Estado a prosseguir com as investigações e apuracão judicial. -Requisição da Autoridade Judiciaria ou do Ministério Publico-condicionado a representação previa da vítima ou seu representante legal -Auto de Prisão em flagrante -Ação Penal Privada -Requerimento da vítima ou de quem legalmente a represente- -Requisição do Juiz e do Ministério Publico -Auto de Prisão em Flagrante Atenção!! No Jecrim(Juizado Especial Criminal) não há Inquérito Policial, o que existe é o termo circunstanciado. Artigo 69 da lei 9.099/95 5-PRAZOS DE CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL MODALIDADE Dias PRESO Dias SOLTO Artigo 10 CPP regra Justiça Federal 15 * 30 Inquérito policial militar Crime economia popular Lei de Drogas 30* 90* Temporária crimes hediond 30 Não se aplica

6 Obs.: os que possuem * podem ser prorrogados. 6-Incomunicabilidade do indiciado preso. Art. 21 do CPP A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de despacho nos autos e somente será permitida quando o interesse da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir. Obs. esse despacho deverá ser proferido pelo Juiz. Prevalece o entendimento de que o art. 21 do CPP não foi recepcionado pela Constituição Federal. Primeiro porque o advogado tem direito de assistir a seus clientes durante a apuração das infrações penais. Segundo porque nem mesmo no Estado de Defesa e de Sítio é possível a incomunicabilidade. 7-Identificação criminal. A identificação criminal é considerada gênero, tendo ao menos 3 espécies: a) Identificação fotográfica É um método válido, porém não é infalível, pois, com o passar dos anos, ela fica diferente, e a foto pode ser alterada. b) Identificação Datiloscópica É a colheita das impressões digitais. É um método mais seguro de identificação. c) Identificação do perfil genético Essa foi introduzida pela Lei /12. Visa trazer uma forma de identificação mais segura. Existe obrigatoriedade da identificação criminal? Vamos ver o que a CF diz: Constituição Federal Art. 5o. (...) LVIII o civilmente identificado não será submetido à identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; Se o indivíduo não se identificar civilmente poderá ser submetido à identificação criminal; Ainda que o indivíduo tenha se identificado civilmente poderá ser submetido à identificação criminal nas hipóteses previstas em lei; 7.1 Hipóteses que autorizam a identificação criminal independentemente de anterior identificação civil. Lei n /09 Art. 3o Embora apresentado documento de identificação, poderá ocorrer Identificação criminal quando:

7 I o documento apresentar rasura ou tiver indício de falsificação; II o documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado; III o indiciado portar documentos de identidade distintos, com informações conflitantes entre Si; IV a identificação criminal for essencial às investigações policiais, segundo despacho da Autoridade judiciária competente, que decidirá de ofício ou mediante representação da autoridade Policial, do Ministério Público ou da defesa; O inciso IV é o único do art. 3o que demanda prévia autorização judicial. As demais hipóteses Podem ser determinadas pela própria autoridade policial. V constar de registros policiais o uso de outros nomes ou diferentes qualificações; VI o estado de conservação ou a distância temporal ou da localidade da expedição do Documento apresentado impossibilite a completa identificação dos caracteres essenciais. 8-Indiciamento-Conceito. Consiste em atribuir a alguém a autoria de determinada infração penal. Referencia por meio da qual o delegado de policia atribui a alguém a condição de provável autor ou participe de uma infração penal devidamente materializada nos autos. Obs.: O indiciamento é exclusivo da fase inquisitorial, de investigação, não cabe indiciamento em fase processual Especies de indiciamento: Indiciamento direto ocorre quando o investigado está presentes Indiciamento indireto ocorre quando não é sabido o paradeiro do investigado -Pressupostos. Precisa de um mínimo de elementos informativos quanto à autoria e materialidade. O Indiciamento não pode ser um ato arbitrário do Delegado. Significa que para indiciar alguém deverá demonstrar elementos quanto à autoria e materialidade. Ausentes esses elementos eventual indiciamento deve ser considerado nítido constrangimento ilegal. O indiciamento é ato privativo do Delegado de Polícia conforme lei /13 ART 2º Indiciamento: Graus de culpa no processo penal. culpado réu/acusado sentença indiciado processo penal suspeito inquérito policial inquérito policial

8 9 Desindiciamento. Nada mais é do que a cassação anterior indiciamento. O indiciamento é privativo do Delgado, mas o desindiciamento pode ser feito pelo próprio Delegado, mas também poderá ser feito pelo Poder Judiciário se acaso reconhecido constrangimento ilegal no julgamento de um Habeas corpus. Sujeito passivo. Em regra qualquer pessoa pode ser indiciada, porém, como exceção, membros do judiciário e membros do Ministério Público não podem ser indiciados. Repare que existem autoridades dotadas de foro por prerrogativa de função. Elas podem ser indiciadas? Não há previsão legal disso, mas foi decidido pelo STF que autoridades dotadas de foro por prerrogativa de função só podem ser investigadas e indiciadas mediante prévia autorização do Relator (Ministro ou Desembargador). 10-Destino do Inquérito Policial Chegando a Juízo Conforme artigo 10 paragrafo 1º do CPP, o inquérito policial, uma vez concluído e relatado, devera ser encaminhado pela autoridade policial ao juiz competente. Obs.: o juiz não pode arquivar o Inquérito Policial de Officio. Sendo crime de ação penal pública, devera o magistrado determinar vista imediata ao Ministério Publico que pode: Oferecer denúncia Pedido de arquivamento Realização de diligências que se fizerem necessárias. Sendo de Ação Penal Privada, o mesmo é encaminhado ao ministério Publico e em seguida a juízo para aguardar em cartório a iniciativa do ofendido quanto ao ajuizamento da queixa-crime durante seis meses. Sob pena de decadência. Obs.: em caso de arquivamento proposto pelo MP e o juiz discorda, o caso vai para o Procurador-Geral de Justiça, que solucionara o caso. Designando outro promotor ou insistindo no arquivamento. Uma vez arquivado o Inquérito Policial, somente pode ser desarquivado se surgirem novas provas Desarquivamento feito pelo Delegado de Polícia ou MP. Arquivamento indireto discordância de julgado entre promotor e juiz Arquivamento implícito: Não é admitido no Brasil denuncia contra apenas um dos acusados. Cabe recurso para arquivamento- em regra não. Exceções Crimes contra a economia popular/saúde pública lei 1521/51

9 Contravenção de jogo do bicho e corrida de cavalos fora do hipódromo