INSERÇÃO CLADÍSTICA DA ESPÉCIE Tatia jaracatia NO CLADOGRAMA PROPOSTO POR Soares-Porto (1998).



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Transcrição:

FACULDADE ASSIS GURGACZ FAG LADISLAO WYCHOSKI BENFATTI INSERÇÃO CLADÍSTICA DA ESPÉCIE Tatia jaracatia NO CLADOGRAMA PROPOSTO POR Soares-Porto (1998). CASCAVEL 2011

LADISLAO WYCHOSKI BENFATTI INSERÇÃO CLADÍSTICA DA ESPÉCIE Tatia jaracatia NO CLADOGRAMA PROPOSTO POR Soares-Porto (1998). Trabalho de conclusão de curso, do 7 período do curso de Ciências Biológicas Bacharelado, da Faculdade Assis Gurgacz FAG. Professora: Greicy Kiel Professora orientadora: Karin Kristina Pereira SUMÁRIO: CASCAVEL 2011

1- INTRODUÇÃO:... 4 2- MATERIAIS E MÉTODOS:... 6 3- RESULTADOS E DISCUSSÃO:... 7 4- CONCLUSÃO:... 11 5- REFERÊNCIAS:... 24

INSERÇÃO CLADÍSTICA DA ESPÉCIE Tatia jaracatia NO CLADOGRAMA PROPOSTO POR Soares-Porto (1998). RESUMO: Ladislao B. WYCHOSKI¹ Karin K. PEREIRA² O cladograma que descreve as características evolutivas dos Centromochlinae foi proposto em 1998 por Soares-Porto, nesse cladograma o gênero Tatia foi enquadrado. Porem uma nova espécie de Tatia foi descrita em 2009, por Pavanelli e Biffi, a Tatia jaracatia, um pequeno bagre endêmico da bacia do Rio Iguaçu. Esse animal possui hábitos noturnos e vive em ambientes lênticos preferindo o substrato. Possui o corpo com fundo marrom escuro e manchas claras. No presente trabalho são analisadas medidas morfométricas para estabelecimento de padrão com os demais exemplares da mesma espécie e identificação das características ósseo morfológicas que possibilitam a introdução da espécie T. jaracatia no cladograma da sub-família. Palavras-chaves: Centromochlinae, filogenia, características ósseo morfológicas. 1- INTRODUÇÃO: Os representantes da subfamília Centromochlinae (Auchenipteridae), incluem bagres de pequeno e médio porte (FERRARIS, 1988; SOARES-PORTO, 1998). Quatro gêneros são reconhecidos atualmente, Centromochlus, Tatia, Glanidium e Gelanoglanis, ultrapassando 30 espécies (FERRARIS, 2007). A maioria das espécies de Tatia, Glanidium e Centromochlus, foram enquadradas no cladograma evolutivo da subfamília Centromochlinae por Soares-Porto em 1998. Esses peixes habitam preferencialmente o substrato em ambientes lênticos, e são considerados animais de hábitos noturnos (AGOSTINHO e GOMES, 1997). Em 1911 Miranda-Ribeiro, propôs um novo gênero entre a subfamília Centromochlinae: Tatia, que enquadraria três novas espécies de Auchenipteridae T. caxiuanensis, T. meesi e T. nigra. Anos depois Soares-Porto (1998) propôs o cladograma evolutivo das espécies da subfamilia Centromochlinae. E atualmente, a espécie nativa da bacia do Iguaçu, Tatia jaracatia, foi descrita por PAVANELLI e BIFI (2009), sendo o mais novo Auchenipteridae a ser reconhecido.

A bacia do Iguaçu se distingue pelo alto grau de endemismo na composição de sua ictiofauna, sendo estimado que 75% de sua população seja endêmica, principalmente pelo fato de sua foz ser as Cataratas do Iguaçu, barreira geográfica imponente que impede a passagem dos peixes, isolando-os geograficamente da bacia à jusante das cataratas (ZAWADZKI et al., 1999). Os representantes da família Centromichlinae, na bacia do Baixo Iguaçu são os gêneros Glanidium e Tatia, respectivamente com as espécies T. jaracatia e G. ribeiroi, ambos peixes endêmicos dessa bacia (BAUMGARTNER et al., 2006). Os indivíduos de T. jaracatia apresentam na sua coloração manchas grandes e irregulares de cor clara sobre um fundo marrom escuro, ausência de faixa longitudinal, nadadeira caudal com manchas arredondadas sob uma base clara e estrias marrons escuras nos adultos, ou com coloração completamente negra na nadadeira caudal dos mais jovens. Esses animais apresentam o processo umeral longo. Seu dimorfismo sexual é marcado pela diferença entre as aberturas genitais e urinárias, proporções de tamanho entre o lobo superior e inferior da nadadeira caudal e a presença de espinhos antrosos e retrosos nos raios da nadadeira anal (PAVANELLI e BIFI, 2009). As fêmeas e machos adultos apresentam as aberturas genitais e urinárias separadas, porém próximas, perto da nadadeira anal. O que diferencia os machos é o orifício genital que está quase encostado ao primeiro raio da nadadeira anal e a abertura urinária está paralela à linha vertical, que inicia na ponta da nadadeira pélvica, estando mais distantes um do outro nos machos, do que nas fêmeas (PAVANELLI e BIFI, 2009). Recentemente Sarmento-Soares e colaboradores (2008), distinguiram uma característica singular na estrutura ósseo entre os Centromochlinae, pois no gênero Tatia foi diagnosticada que a hyomandibula é anterodorsalmente alongada e não entra em contato com o metapterigóide e, em vez disso, está ligada ao quadrado trapezoidal.

A análise morfométrica possibilita a comparação com um padrão entre exemplares já estudados por outros pesquisadores (PAVANELLI e BIFFI, 2009), e os utilizados no presente trabalho, para que as diferenças ou semelhanças venham a ser consideradas e as estruturas importantes na classificação sejam comprovadas. Dessa forma o objetivo deste trabalho é analisar as características ósseo morfológicas de T. jaracatia, comparando-as à de outras espécies para enquadrá-la na chave cladística proposta por Soares-Porto (1998), encaixando a espécie em seu respectivo táxon evolutivo, especificando a genealogia das mesmas. E também contribuição com a produção de literaria sobre a espécie, pois esta encontra-se pouco explorada cientificamente por ter sido recentemente descrita. 2- MATERIAIS E MÉTODOS: Os materiais usados na análise serão depositados na coleção de peixes do Museu de Ictiologia do Laboratório GETECH, da Universidade do Oeste do Paraná Toledo-PR. Os exemplares de Tatia jaracatia, foram cedidos ao estudo pelo mesmo laboratório em que estão depositados. Para a realização da pesquisa, foram utilizados dois exemplares adultos, um macho (nº de registro 26445) e uma fêmea (nº de registro 26446), que foram dissecados, retirando-se as vísceras. A partir disso foram aferidas as estruturas morfométricas baseando-se nas análises de Pavanelli e Biffi (2009), excluindo as medidas que são necessárias dissecações tecnicamente especificas. Sendo as medidas aferidas o comprimento padrão, a altura do pedúnculo caudal (A), comprimento da base da nadadeira anal (B), comprimento do acúleo da nadadeira dorsal (C), comprimento da base da nadadeira dorsal (D), comprimento da cabeça (E), comprimento do acúleo da nadadeira peitoral (F), distância pré-dorsal (G), distância pré-anal (H), distância pré-peitoral (I), distância pré-pélvica (J), maior comprimento do raio da nadadeira anal (K), maior comprimento do raio da nadadeira pélvica (L), origem da nadadeira dorsal à origem da nadadeira peitoral (M), origem da nadadeira dorsal à

origem da nadadeira pélvica (N), origem da nadadeira peitoral à origem da nadadeira pélvica (O), largura interorbital (P), diâmetro do olho (Q), distância entre narinas anteriores (R) e comprimento do focinho (S), como é ilustrado na figura 1. Ambos exemplares foram coletados em rios da bacia do Baixo Iguaçu, município de Boa Vista da Aparecida, PR. Para a análise ósseo morfológica os exemplares foram fixados por 24 horas em formol a 4%, transferidos para álcool a 70% para, posteriormente, iniciar o processo de diafanização usando a enzima pancreatina. A coloração óssea foi realizada com alizarina, como proposto por Taylor e Van Dyke (1985). Para nomenclatura das partes ósseas, teve-se como base o trabalho de Soares- Porto (1998). O registro fotográfico foi realizado utilizando microscópico estereoscópio equipado com uma ocular micrométrica (LAMBDA LET-3) e câmera clara acoplada (OLYMPUS SZX7). Em seguida, através das imagens, as estruturas foram analisadas morfométricamente de acordo com o trabalho de Pavanelli e Biffi (2009), utilizando-se o software DPS-BSW2.2. As estruturas ósseas, correspondentes ao cladograma, proposto por Soares- Porto (1998) (Fig. 2), possibilita a classificação cladística da espécie, comparando as estruturas responsáveis pelas ramificações no cladograma, com as estruturas das imagens registradas, excluindo as características e ramificações desnecessárias. 2- RESULTADOS E DISCUSSÃO: Os resultados aferidos nas análises morfométricas estão descriminados na tabela 1 e 2, em milímetros e proporção percentual em relação ao comprimento padrão ou comprimento da cabeça. No caso do exemplar macho 26445, foi demonstrado que apenas as características comprimento do acúleo da nadadeira dorsal (C), comprimento da cabeça (E), distância pré-pélvica (J) e origem da nadadeira dorsal à origem da

nadadeira pélvica (N), largura interorbital (P), diâmetro do olho (Q), obedeceram à porcentagem equivalente aos indivíduos descritos por Pavanelli e Biffi (2009). As outras medidas variaram, para menos ou para mais, como por exemplo, a diferença no comprimento do focinho (S) que, em T. jaracatia (26445), é 11,6% maior do que nos analisados por Pavanelli e Biffi (2009). No exemplar 26446 as respectivas medidas morfométricas, altura do pedúnculo caudal (A), comprimento do acúleo da nadadeira dorsal (C), comprimento do acúleo da nadadeira peitoral (F), distância pré-peitoral (I), diâmetro do olho (Q), distância entre narinas anteriores (R), obtiveram resultados enquadrados nos padrões descritos por Pavanelli e Biffi (2009). As medidas não relacionadas, não se encaixaram conforme o padrão como por exemplo, a distância pré-dorsal (G) que se apresenta 9,2% maior que as medidas encontradas por Pavanelli e Biffi (2009). O cladograma proposto por Soares-Porto (1998) distingue as espécies T. gyrina e T. creutzberg, das demais espécies pelo ramo 6, que é caracterizado por apresentar a margem rostral do mesentemóide achatada e em linha reta. O mesentemóide compreende cerca de 15% do comprimento da cabeça, com uma margem rostral achatada e em linha reta. A linha dos dentes do pré-maxilar é reta e sua largura é correspondente a, aproximadamente, 13% do seu comprimento e apresenta 2 3 linhas de dentes. Devido à presença do pequeno mesentemóide a mandíbula é ligeiramente protusa como mostra a figura 3-A. Essa característica não equivale à encontrada nos exemplares de T. jaracatia, deste trabalho, pois a face rostral do mesentemoide encontra-se curvada convexamente e seu tamanho, se comparado com o comprimento da cabeça, representa 15 a 18% do tamanho total (Fig. 4). Ainda no mesmo ramo taxonômico sobressaem-se as características da papila urogenital do exemplar macho adulto, que é localizada na base da nadadeira anal

formando um tubo urogenital alongado e proeminente. A base da papila urogenital é mais arredondada do que normalmente se observa nos Centromochlinae. O tubo urogenital é alongado e emergente, facilmente visualiz ado externamente como é indicado na figura 5. Nos exemplares de T. jaracatia aferidos, não há existência de um tubo urogenital alongado externamente. Seu tubo urogenital é simples não sendo possível a visualização externa (Fig. 6). Portanto, exclui-se a possibilidade de que essa ramificação acomode a classificação cladística da espécie em questão. O ramo 7 do cladograma indica que os indivíduos apresentam o osso nasal parcialmente suturado com o mesentemóide, possuindo uma expansão que forma um processo lateral que se projeta do centro da ossificação. A margem lateral do osso nasal encontra-se suturada com o mesentemóide, como é mostrado na figura 7, característica facilmente visualizada nos espécimes de T. jaracatia a nalisados (Fig. 8). Posteriormente o mesmo ramo evolutivo possui a característica do lobo superior da nadadeira caudal ser de 30 a 40% maior que o lobo inferior nos machos sexualmente dimórficos (Fig. 9) e, na espécie em questão, encontrou-se um aumento de apenas 17% (Fig. 10). A linha evolutiva dessas espécies apresenta também a nadadeira anal modificada, com espículas retrosas ao longo da margem anterior do primeiro raio da nadadeira anal, como é ilustrado na figura 11. As espículas retrosas também estão presentes em T. jaracatia segundo Pavanelli e Biffi (2009), porém não puderam ser observadas no presente estudo, pois o primeiro e o segundo raio das nadadeiras se encontravam danificados, como se pode observar na figura 12. Conforme discutido acima os exemplares analisados apresentam as características que estão presentes no ramo 7 do cladograma proposto por Soares-Porto

(1998), portanto encaixam-se nesta ramificação. Seguindo por essa linha evolutiva encontra-se as ramificações que levam aos ramos 8 e 9 do cladograma. O ramo 8, aponta as características de Tatia strigata, salientando que o processo lateral da terceira placa nucal, é recurvado rostro medialmente, sendo bem desenvolvido e dorsalmente estendido, fechado na margem do supracleitrum como ilustrado, anteriormente, na figura 7. Na figura 8, pode-se observar o supracleitrum do exemplar 26445, que apresenta o processo lateral da terceira placa nucal bem desenvolvido, mas apresentando pouca curvatura rostro medialmente e maior extensão dorsal, tendo sua parte posterior finalizada em desacordo com a linha do supracleitrum. Portanto a espécie T. jaracatia, não se enquadra com os caracteres presentes em exemplares da ramificação 8 do cladograma. Na nona ramificação cladística do gênero, a característica marcante é a presença do supracleitrum bem desenvolvido, correspondendo a cerca de 40 a 50% do comprimento da cabeça. Nas demais espécies de Centromochlinae, o supracleitrum é menor do que 40% em relação ao crânio como pode ser observado na figura 6. Nos exemplares analisados no presente trabalho o supracleitrum corresponde a 40,7% do comprimento da cabeça (Fig. 13), assemelhando-se a característica anteriormente discutida. Outro fator correspondente ao nono ramo do cladograma, e que os exemplares de T. jaracatia analisados também apresentam são as espículas antrosas na margem anterior do terceiro raio da nadadeira anal (Fig. 11), como ilustrado na figura 12. Outra espécie que compartilha essa característica é a Tatia aulopygia, nativa da bacia do Rio Amazonas (KNER, 1858). O ramo 10 possui duas espécies, Tatia neivai e Tatia boemia, ambos compartilham a semelhante característica que os enquadra cladisticamente, pois não possuem costelas na décima vértebra pré-caudal, apresentando apenas um processo

transverso, como ilustrado na figura 14, já na 15, pode-se observar que os exemplares analisados, no presente trabalho, apresentam costelas normais na décima vértebra précaudal, portanto a T. jaracatia não é herdeira das características que enquadram as espécies no ramo 10. Os espécimes do último ramo são T. bruenea e T. intermedia. Ambas enquadram-se cladísticamente no ramo 11 e compartilham a característica do processo lateral da terceira placa nucal, recurvado rostro medialmente. Este, bem desenvolvido, curvado medialmente e dorsalmente extendido, fechado na margem do supracleitrum semelhantes ao ramo 8, mas possuem a nadadeira peitoral pigmentada, com barras transversais claras e escuras verticalmente. Como pode se observar na figura 16, os exemplares de T. jaracatia possuem a nadadeira peitoral quase que completamente despigmentados, portanto, devido diferença nas duas características encontradas no ramo 11, a espécie T. jaracatia, não possui analogia para se enquadrar nesse ramo. 4- CONCLUSÃO: A análise morfométrica dos exemplares apresentarou 33% de semelhança entre as medidas aferidas nos indivíduos 26445 e 26446, se comparados ao trabalho de Pavanelli e Biffi (2009) em que descreve a espécie. Portanto 77% das medidas não se assemelham, levando ao entendimento de que, provavelmente, as escalas do software utilizado possam ter sido aferidas erroneamente. Fato que implica na necessidade de novo levantamento morfométrico, para que o presente estudo tenha seus dados mais concretos assegurando assim os resultados obtidos. Com relação à análise cladística, pode-se assegurar que a espécie T. jaracatia, possui as características dos ramos 7 e 9 respectivamente, tendo portanto como característica, para enquadramento taxonômico no cladograma do gênero, a face rostral

do mesentemóide, curvada convexamente, com o tamanho comparado ao crânio de 15 á 18%, ausência do tubo urogenital externamente prolongado, nadadeira anal com espinhos retrosos no primeiro raio, e antrosos no terceiro raio, processo lateral da terceira placa nucal com pouca curvatura rostro medialmente, tendo maior extensão dorsal, e sua parte posterior finaliza em desacordo com a linha do supracleitrum. A décima vértebra pré-caudal possui costela normal e o acúleo da nadadeira peitoral não possui pigmentação. Tais características estão melhores ilustradas na tabela 03, e são responsáveis por enquadrar taxonomicamente a espécie Tatia jaracatia, ao lado de Tatia aulopygia. As características levantadas pelo presente trabalho definem a inserção da espécie no cladograma proposto para o gênero por Soares-Porto (1998), ilustrado na figura 17.

Tabela01) Dados morfométricos do individuo 26445 e padrão PAVANELLI e BIFFI (2009). Exemplar 26445 PAVANELLI e BIFFI (2009) Escala Mm % % Comprimento padrão 55 Medida Percentual a partir do Comprimento padrão. A 11,9 21,63 13,2-16,8 B 5,3 9,63 3,9-5,4 C 9,9 18 12,0-18,6 D 9,3 16,9 8,3-11,2 E 11,3 20,54 21,2-26,3 F 15,4 28 15,6-25,0 G 12,3 22,36 28,8-33,7 H 39,3 71,45 73,8-84,5 I 7,6 13,81 18,8-24,5 J 27,6 50,18 49,5-60,3 K 6,8 12,36 6,9-9,3 L 16,1 29,27 11,9-16,2 M 9,4 17,09 20,8-26,9 N 17,3 31,45 30,3-40,6 O 25,9 47,09 33,1-41,7 Medida Percentual a partir do Comprimento da cabeça. P 8 62,5 54,0-62,0 Q 3,2 25 18,9-25,8 R 4,7 36,71 28,9-34,2 S 2,1 18,6 30,2-36,6

Tabela02: Dados morfométricos do individuo 26446 e padrão PAVANELLI e BIFFI (2009). Exemplar 26446 PAVANELLI e BIFFI(2009) Escala Mm % % Comprimento padrão 45 Medida Percentual a partir do Comprimento padrão. A 6,4 14,22 13,2-16,8 B 7,5 16,66 3,9-5,4 C 5,6 12,44 12,0-18,6 D 6,2 13,77 8,3-11,2 E 13,1 29,11 21,2-26,3 F 10,6 23,55 15,6-25,0 G 8,8 19,55 28,8-33,7 H 30,4 67,55 69,6-74,1 I 8,8 19,55 18,8-24,5 J 31 68,88 49,5-60,3 K 6,8 15,11 6,9-9,3 L 4,5 10 11,9-16,2 M 8,1 18 20,8-26,9 N 19,6 43,55 30,3-40,6 O 23,5 52,22 33,1-41,7 Medida Percentual a partir do Comprimento da cabeça. P 6,3 66,31 54,0-62,0 Q 2 21,5 18,9-25,8 R 3,3 34,73 28,9-34,2 S 2,1 16,03 30,2-36,6

Tabela03) Caracteristicas para enquadramento cladistico de T. jaracatia. RAMO Caracteristicas Tatia jaracatia Margem rostral do mesentemóide achatada e em linha reta. Não apresentam 6 15% do comprimento da cabeça. Mandibula ligeiramente protusa. Papila urogenital externamente alongada. Não apresentam Não apresentam Não apresentam Osso nasal suturado parcialmente na margem lateral do mesentemóid. Apresentam 7 8 9 Lobo superior da nadadeira caudal maior do que o inferior. Nadadeira anal com espiculas retrosas na margem anterior do primeiro raio da nadadeira anal. Processo lateral da terceira placa nucal recurvado rostro medialmente, bem desenvolvido e estendido dorsalmente. Supracleitrum com 40 50% comparado ao tamanho da cabeça. Espículas antrosas na margem anterior do terceiro raio da nadadeira anal Apresentam Apresentam Não apresentam Apresentam Apresentam 10 Ausencia de costelas na decima vertebra pré-caudal. Processo lateral da terceira placa nucal recurvado rostro medialmente, bem desenvolvido e estendido dorsalmente. Não apresentam Não apresentam 11 Nadadeira peitoral com pigmentação em barras transversais claras e escuras. Não apresentam

Figura 1) Medidas morfométricas, altura do pedúnculo caudal (A), comprimento da base da nadadeira anal (B), comprimento do acúleo da nadadeira dorsal (C), comprimento da base da nadadeira dorsal (D), comprimento da cabeça (E), comprimento do acúleo da nadadeira peitoral (F), distância pré-dorsal (G), distância pré-anal (H), distância pré-peitoral (I), distância pré-pélvica (J), maior comprimento do raio da nadadeira anal (K), maior comprimento do raio da nadadeira pélvica (L), origem da nadadeira dorsal à origem da nadadeira peitoral (M), origem da nadadeira dorsal à origem da nadadeira pélvica (N), origem da nadadeira peitoral à origem da nadadeira pélvica (O), largura interorbital (P), diâmetro do olho (Q), distância entre narinas anteriores (R) e comprimento do focinho (S).

Figura 2) Cladograma da sub-família Centromochlinae (Soares-Porto, 1998). Os ramos do cladograma utilizados no estudo são 6, 7, 8, 9, 10 e 11, referentes ao Gênero Tatia. Figura 3)Vista lateral do crânio. Diferença morfológica, e o tamanho do mesentemóide (marcado em escuro) de: A- Tatia creutzbergi; B- Tatia intermedia. Fonte: Soares- Porto (1989).

Figura 4) Visão da lateral esquerda do crânio de T. jaracatia (26445). Face rostral do mesentemóide curvada convexamente. Figura 5) Vista da lateral esquerda da nadadeira anal de um macho adulto. As letras UG representam o tubo urogenital alongado e emergente. Fonte: Soares-Porto (1998). Figura 6) Nadadeira anal de um macho adulto, T. jaracatia, (26445). Tubo urogenital simples.

Figura 7) Visão dorsal do crânio. ME- mesentemóide; N- osso nasal; SU- supracleitum; NP1,2,3- placa nucal. Fonte: Soares-Porto (1998). Figura 8) Visão dorsal do crânio.ilustrando o osso nasal fundido ao mesentemóide (em amarelo) e o processo da terceira placa nucal levemente curvado e dorsalmente estendido (em vermelho).

Figura 9). Vista da lateral esquerda da porção posterior do corpo de Tatia intermedia, dimorfismo sexual das nadadeiras anal e caudal. O tamanho do lobo superior da nadadeira caudal é de 30 a 40% maior do que o lobo inferior em machos adultos. (Amacho e B- femea). Fonte: Pavanelli e Biffi (1998). Figura 10) Nadadeira caudal de macho maduro. Pode-se visualizar o ligeiro aumento do lobo superior da nadeira. A linha acima corresponde ao lobo superior da nadadeira caudal, em quanto a linha de baixo corresponde ao lobo inferior da nadadeira caudal.

Figura 11) Vista lateral esquerda da nadadeira anal de um macho adulto, indicando as espículas antrosas e retrosas. NA- espículas antrosas. RE- espículas retrosas. Fonte: Soares-Porto (1998). Figura 12) Nadadeira anal do macho. Ausência de parte dos dois primeiros raios. E presença de espinhos antrosos no terceiro raio Fonte: Wychoski (2011).

Figura 13) A linha acima representa o tamanho do crânio, e a baixo representa o tamanho do Supracleitrum. Fonte Wychoski (2011). Figura 14) VE- vértebras; R- costelas; V- processo transverso. Fonte: Soares-Porto (1998).

Figura 15) Presença da costela na décima vértebra pré-caudal. Fonte: Wychoski (2011). Figura 16) Nadadeira peitoral do exemplar 26445. Fonte: Wychoski (2011). Figura 17) Cladograma, com inserção da espécie T. jaracatiá, sendo:a- Tatia gyrina, B- Tatia creutzbergi, C- Tatia strigata, D- Tatia jaracatia, E- Tatia aulopygia, F- Tatia neivai, G- Tatia boemia, H- Tatia brunea, I- Tatia intermedia. Fonte: Wychoski (2011).

5 REFERÊNCIAS: AGOSTINHO A. A. E GOMES L. C. 1997. Reservatório de segredo: bases ecológicas para manejo. EDUEM, Maringá 387p. BAUMGARTNER, D. et al. 2006, LISTS OF SPECIES - Fish, Salto Osório Reservoir, Iguaçu River basin, Paraná State, Brazil Check List 2(1) ISSN: 1809-127X. FERRARIS, C. J., Jr. 1988. The Auchenipteridae: Putative monophyly and systematics, with a classification of the neotropical doradoid catfishes (Ostariophysi: Siluriformes). Unpublished doctoral dissertation, The City University of New York. 229p. FERRARIS, C. J., Jr. 2007. Checklist of catfishes, recent and fossil (Osteichthyes: Siluriformes), and catalogue of siluriform primary types. Zootaxa, 1418: 1-628. KNER, R. 1858. Ichthyologische beiträge. Sitzunberische der Akademie Wissenchaften in Wien, Mathem.-Naturw. Cl., 26:373-448. MIRANDA RIBEIRO, A. 1911. Fauna brasiliense. Peixes. Tomo IV (A) [Eleutherobranchios Aspirophoros]. Arquivos do Museu Nacional do Rio de Janeiro, 16: 1-504. PAVANELLI, C. S. e BIFFI, A. G. 2009;A new Tatia (Ostariophysi: Siluriformes: Auchenipteridae) from the rio Iguaçu basin, Paraná State, Brazil; Neotropical Ichthyology, 7(2):199-204, 2009 Copyright 2009 Sociedade Brasileira de Ictiologia. SARMENTO-SOARES, L. M. e M. PORTO. 2006. Comparative anatomy of the cheek muscles within the Centromochlinae subfamily (Ostariophysi, Siluriformes, Auchenipteridae). Journal of Morphology, 267: 187-197. SOARES-PORTO, L. M. 1998. Monophyly and interrelationships of the Centromochlinae (Siluriformes, Auchenipteridae), p. 331-350, In: L. R. Malabarba, R. E. Reis, R. P. Vari, Z. M. S. Lucena & C. A. S. Lucena (eds.). Phylogeny and Classification of Neotropical fishes.edipucrs, Porto Alegre, 603p. TAYLOR, W. R. & G. C. VAN DYKE. 1985. Revised procedures for staining and clearing small fishes and other vertebrates for bone and cartilage study. Cybium, 9(2): 107-119. ZAWADZKI, C.H.; RENESTO, E.; BINI, L.M. Genetic and morphometric análisis of three species of the genus Hypostomus Lacépède, 1803 (Osteichthyes: loricariidae) from the Rio Iguaçu basin (Brazil). Revue Suisse de Zoologie, 106: 91-105. 1999.