AVALIAÇÃO GLOBAL DO IDOSO: INDICADOR DE QUALIDADE DE VIDA Gabriella de Andrade Boska (ICV-UNICENTRO), Sara Camila Tomen (COAUTOR), Evani Marques Pereira (COAUTOR), Maria Cristina Umpierrez (COAUTOR), Maria Emilia Marcondes Barbosa (Orientador), e-mail: mariaemarcondes@ig.com.br. Universidade Estadual do Centro-Oeste, Setor de Ciências da Saúde, Departamento de Enfermagem, Guarapuava- PR. Palavras-chave: idoso; avaliação; necessidades especiais; atividades cotidianas. Resumo: Trata-se de uma revisão integrativa na qual buscou identificar evidências sobre a capacidade funcional dos idosos para a realização de Atividade de Vida Diária (AVD) e Atividade Instrumental de Vida Diária (AIVD) e as influências na qualidade de vida. Os dados mostraram que nas AIVDs houve maior índice de dependência parcial e nas AVDs de independência. Percebe-se a necessidade de mais pesquisas relacionadas ao tema. Introdução Diante do envelhecimento populacional, o objetivo no atendimento à saúde deixa de ser o de apenas prolongar a vida, mas, principalmente, manter a capacidade funcional do indivíduo idoso, de forma que esse permaneça autônomo e independente pelo maior tempo possível. Para isso existe um conjunto de dados clínicos, testes e escalas denominadas de Avaliação Funcional que podem ser aplicados (COSTA, NAKATANI, BACHION, 2009). As AVD são as tarefas que uma pessoa precisa realizar para cuidar de si, tais como: tomar banho, vestir-se, ir ao banheiro, andar, comer, passar da cama para a cadeira, mover-se na cama e ter continências urinária e fecal. As AIVD são as habilidades do idoso para administrar o ambiente em que vive e inclui as seguintes ações: preparar refeições, fazer tarefas domésticas, lavar roupas, manusear dinheiro, usar o telefone, tomar medicações, fazer compras e utilizar os meios de transporte (COSTA, NAKATANI, BACHION, 2009). A capacidade funcional é uma das formas mais adequadas para avaliar as condições dos idosos, pois traduz um conceito ampliado de saúde, entendido como a existência de habilidades físicas e mentais para a manutenção da sua autonomia e independência (SIMON, 2011). A dificuldade ou incapacidade do idoso em realizar tais atividades associa-se ao aumento do risco de mortalidade, hospitalização, necessidade de cuidados prolongados e elevado custo para os serviços de saúde. (NUNES, 2010).
As limitações nas AVD e AIVD podem ser avaliadas globalmente por meio de escalas que apresentam domínios com atividades cotidianas domésticas, físicas e de lazer (SIMON, 2011). As escalas de Katz e Lawton são ainda hoje uns dos instrumentos mais utilizados aplicados aos idosos para avaliar AVD E AIVD. Foi verificado que os mesmos são utilizados em especial no que se refere à classificação da dependência e independência das atividades envolvidas (DUARTE, ANDRADE, LEBRAO, 2007). Assim propõe-se um estudo com o intuito de identificar as evidências na literatura sobre a capacidade funcional dos idosos por meio da aplicação da AVD e AIVD. Metodologia Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, a qual permite a análise de pesquisas relevantes que dão suporte para a tomada de decisão e a melhoria da prática clínica possibilitando a síntese do estado do conhecimento de um determinado assunto. Foi realizada busca de artigos científicos nos bancos de dados da Bireme, Scielo e Lilacs. A busca nos bancos de dados foi realizada utilizando os descritores: idoso, avaliação, necessidades especiais, atividades cotidianas. Os critérios de inclusão foram estudos que abordavam o tema, publicados na língua portuguesa entre 2006 e 2011. Assim foram encontrados 7 estudos que atenderam aos critérios de inclusão. Para a análise posterior, foi utilizada uma tabela especialmente construída para esse fim, onde as publicações foram numeradas de 1 a 7 e posteriormente analisadas. A apresentação dos resultados e discussão dos dados foi feita de forma descritiva, possibilitando ao leitor a avaliação da aplicabilidade da revisão integrativa elaborada. Resultados e Discussão O envelhecimento é um processo multifatorial e ocorre de forma distinta, considerando as diferentes regiões geográficas. Nesse contexto, as habilidades do idoso para realização de AVD e AIVD podem apresentar-se de forma bastante diversificada. A dependência para essas atividades gera a necessidade de apoio por parte de cuidadores, os quais, independentemente de serem formais ou informais, precisam de preparo e suporte adequados. É importante conhecer quais são as atividades de maior dependência para a elaboração de um plano de ação (NUNES, 2010). Nome da pesquisa 1) Limitaçã o funcional e sobrevid a em idosos de Autores Intervenção estudada Resultados e discussões Álvaro Campos, Cavalcanti Maciel, Ricardo Oliveira Guerra. 2008 Analisar a limitação funcional como fator de risco para o óbito em idosos residentes na comunidade e sua relação com fatores sócio demográficos, de saúde física e neuropsiquiátricos. Um total de 60 (20,5%) idosos foi a óbito durante o seguimento. Os principais fatores de risco identificados foram o déficit cognitivo, o acidente vascular cerebral, além da dependência para atividades básicas da vida
comunid ade diária. A limitação funcional foi um fator de risco independente para o óbito. 2) Incapacidade funcional para atividades básicas e instrumentais da vida diária em idosos 3)Capacidade funcional em idosos na comunidade e propostas de intervenções pela equipe de saúde Giovâni Firpo Del DucaI, Marcelo Cozzensa da SilvaI, Pedro Curi HallalI. 2009 Adélia Yaeko Kyosen NakataniI, Luciana Barbosa da SilvaII, Maria Márcia BachionIII, Daniella Pires NunesIV. 2009 Estimar a prevalência e os fatores associados à incapacidade funcional para atividades básicas e instrumentais da vida diária em idosos. Avaliar as Atividades de Vida Diária (AVD) e Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD) de idosos cadastrados numa equipe da Estratégia de Saúde da Família de Goiânia (GO) e propor ações pertinentes para casos de dependência parcial ou total. A prevalência de incapacidade para as atividades básicas foi de 26,8%. Para as atividades instrumentais, a prevalência de incapacidade funcional foi de 28,8. Elevado percentual de idosos apresentou mais de uma atividade com incapacidade nas atividades instrumentais; já nas atividades básicas, a maior parte apresentou dependência para apenas uma atividade. 59,1% dos idosos apresentaram independência para AVD e 58,1% comprometimento de AIVD. Concluiu-se que, a maioria dos idosos consegue cuidar de si no domicílio, mas não consegue viver de forma independente com relação às AIVD. 4)Capacidade Funcional e Atividade Física de Idosos com Diabetes Tipo 2. Mônica Helena Neves Pereira Pinheiro, Alexandre Igor Araripe Medeiros, Renan Magalhães Montenegro. 2009 Avaliar a capacidade funcional de idosos diabéticos tipo 2 comparando-os com idosos não diabéticos e comparar o nível da capacidade funcional com a prática de atividade física. Na realização das AVDs, os idosos diabéticos e não diabéticos informaram realizar facilmente as tarefas. Conclui-se que os idosos eram independentes nas realizações das AVDs e AIVDs, aqueles que realizavam atividade física apresentaram um nível de capacidade funcional melhor. 5) Idosos de uma Instituição de Longa Permanência de RibeirãoPreto: níveis de capacidade funcional Andressa K.A.P. Pelegrin, Josiane A. Araújo, Luana C. Costa, Regilene M.Z. Cyrillo, Idiane Rosset. 2008 Identificar os níveis de capacidade funcional de idosos numa instituição de longa permanência; avaliar o nível de dependência para realização das Atividades da Vida Diária; bem como o perfil da Instituição de Longa Permanência de Idosos. Em uma análise geral, houve um predomínio de idosos independentes em cada atividade, Concluiu-se sobre a importância da participação de profissionais da área da saúde habilitados para o cuidado, que poderão auxiliar nas limitações da capacidade funcional do idoso institucionalizado. 6) Capacidade de idosos da comunidade para desenvolver Atividades de Vida Diária e Atividades Instrumentais de Vida Diária Efraim Carlos Costa, Adélia Yaeko Kyosen Nakatani, Maria Márcia Bachion. 2006 Identificar algumas características sociais e demográficas de idosos de uma comunidade avaliar a capacidade dos mesmos para as atividades de vida diária (AVD) e atividades instrumentais de vida (AIVD). Foram identificados independência máxima nas AVD e comprometimento nas AIVD. Os participantes apresentaram, predominantemente, independência para as atividades no domicílio e dependência para as atividades fora dele. 7) Avaliação do grau de dependência nas atividades de vida diária em idosos da cidade de Fortaleza Ceará Maria Josefina da Silva, Marcos Venicios de Oliveira Lopes, Maria Fátima Maciel Araújo, Gerídice Lorna Andrade de Moraes. 2006 Avaliar o grau de dependência de idosos de baixa renda para as Atividades de vida diária (AVDs). As atividades mais comprometidas foram "alimentação, hidratação" e "locomoção. Conclui-se que há um forte comprometimento da qualidade de vida dos idosos frente às restrições identificadas. Essa população avaliada foi classificada como sendo parcialmente dependente. No estudo de número 1 foi evidenciado um aumento do risco para o
óbito naqueles idosos que apresentaram dependência para realização de AVD onde a incontinência urinária tem sido a mais prevalente e na maioria das vezes relatada pelas mulheres (NUNES, 2010). Confirmando esta afirmativa tem-se o estudo 2. Relacionado à AIVD, a dificuldade de subir e descer escadas e a de deslocamento utilizando algum meio de transporte, foram as atividades com maior grau de dependência atingindo quase que 30% da população investigada. Segundo NUNES, 2010, esse comprometimento pode ser justificado pela deterioração progressiva das cartilagens, além da perda de tamanho, força, flexibilidade e resistência dos músculos, no processo de envelhecimento podendo também ser afetado pela diminuição progressiva da acuidade visual. Nos estudos 3 e 6 os participantes apresentaram, predominantemente, independência para as atividades no domicílio (AVD) e dependência para as atividades fora dele (AIVD). Idosos portadores de doenças crônicas possuíam maiores dependências para realização de atividades específicas, porém não houve diferença significativa no grau de dependência, evidenciado claramente nos estudos 4 e 5. A classificação como dependência parcial aparece no estudo 7 onde se mostra um forte comprometimento da qualidade de vida dos idosos. Isso pode prejudicar a vida social do idoso e implica em transtornos para ele e sua família, diminuindo sua autonomia (NUNES, 2010). Os estudos descrevem muitos fatores associados à dependência para as AVD e AIVD e estes variam conforme o aumento da idade. Dessa forma, percebe-se que a aplicação do atendimento integral em saúde do idoso pode abranger grande parte das necessidades que eles apresentam, proporcionando uma evolução dos níveis de dependência e autonomia desta população, melhorando cada vez mais sua qualidade de vida (NUNES, 2010). Conclusões A avaliação da capacidade funcional é fundamental para determinar o comprometimento e a necessidade de auxílio para as atividades de manutenção e promoção da própria saúde e de gestão do ambiente domiciliar por parte dos idosos (NUNES, 2010). Através da análise dos resultados encontrados, percebe-se que com a utilização das escalas é permitido classificar o grau de dependência do idoso na execução da AVD e AIVD como ele sendo: independente, parcialmente dependente e dependente. Essa classificação se relaciona ao tipo de atividade a ser realizada. O estudo mostrou que o grau de dependência se apresenta mais elevado na execução da AIVD, em relação a AVD a maioria dos idosos aparecem classificados como independentes ou parcialmente dependentes. Diversos estudos têm projetado um grande crescimento da população idosa funcionalmente incapacitada, número que pode se tornar crescente ao longo do tempo, assim este é um tema estudado que não se esgota e
promove estímulos para mais pesquisas sobre o idoso e sua qualidade de vida. Referências SIMON, Karen M. et al. Relação entre a limitação nas atividades de vida diária (AVD) e o índice BODE em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica. Rev. bras. fisioter. [online]. 2011. NUNES, Daniella Pires et al. Capacidade funcional, condições socioeconômicas e de saúde de idosos atendidos por equipes de Saúde da Família de Goiânia (GO, Brasil). Ciênc. saúde coletiva [online]. 2010. COSTA, Efraim Carlos; NAKATANI, Adélia Yaeko Kyosen and BACHION, Maria Márcia. Capacidade de idosos da comunidade para desenvolver Atividades de Vida Diária e Atividades Instrumentais de Vida Diária. Acta paul. enferm. [online]. 2006. DUARTE, Yeda Aparecida de Oliveira; ANDRADE, Claudia Laranjeira de and LEBRAO, Maria Lúcia. O Índex de Katz na avaliação da funcionalidade dos idosos. Rev. esc. enferm. USP [online]. 2007.