ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SECRETARIA DA ADMINISTRAÇÃO E DOS RECURSOS HUMANOS CONSELHO ESTADUAL DE TRÂNSITO CETRAN RS



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Transcrição:

UNIFORMIZAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA ADMINISTRATIVA DE TRÂNSITO. DIVERGÊNCIA QUANTO AO ARTIGO 165 DO CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO. QUANTIDADE DE ÁLCOOL CAPAZ DE INFLUENCIAR A CONDUÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR. Quando do julgamento de recursos de infrações envolvendo o art. 165 do CTB, devem ser observados os momentos legais (Leis Federais nºs 9.503/97, 11.705/08 e 12.760/12), para verificar qual a quantidade de álcool por litro de sangue ou por litro de ar alveolar caracterizam a condução de veículo sob influência de álcool. PREENCHIMENTO DO AUTO DE INFRAÇÃO DE TRÂNSITO. Os campos de preenchimento obrigatório do auto de infração de trânsito indicados pela Portaria nº 59/07 do CONTRAN e os campos complementares quando inseridos na confecção dos autos vincularão o preenchimento, e a suas inobservâncias ensejarão a nulidade do AIT. TERMO DE PROVA TESTEMUNHAL, EXAME CLÍNICO E TERMO DE CONSTATAÇÃO DOS SINAIS DE ALTERAÇÃO DA CAPACIDADE PSICOMOTORA. O preenchimento do auto de infração de trânsito deve observar o fato gerador que ocorre quando da prova conclusiva da condução de veículo sob influência de álcool ou alteração da capacidade psicomotora. Necessidade de observância das alterações legislativas quanto ao termo testemunhal e o termo de constatação dos sinais de alteração da capacidade pscicomotora. (PARECER APROVADO POR UNANIMIDADE, Sessão Ordinária do Pleno do CETRAN/RS realizada em 28 de agosto de 2013) INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA ADMINISTRATIVA DE TRÂNSITO ASSUNTO: Art. 165 do Código de Trânsito Brasileiro. Processos: R2012/0422274-6 e PSR 2011/0491870-6 RELATÓRIO Nos termos da Instrução de Serviço nº 02/2011, o Pleno do CETRAN suscitou o pronunciamento prévio quanto a divergência interpretativa do art. 165 do Código de Trânsito Brasileiro - CTB, haja vista as inúmeras alterações legislativas e a especificidade da matéria, depois de inúmeros debates. Página 1 de 22

É o relatório. PARECER 1. O art. 165 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) atualmente dispõe: Art. 165. Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência: (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008) Infração - gravíssima; (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008) Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12 (doze) meses. (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012) Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação e retenção do veículo, observado o disposto no 4 o do art. 270 da Lei n o 9.503, de 23 de setembro de 1997 - do Código de Trânsito Brasileiro. (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012) Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em caso de reincidência no período de até 12 (doze) meses. (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012) Verificamos que a infração administrativa consiste em conduzir veículo ou sob a influência de álcool e/ou sob influência de qualquer substância psicoativa que determine a dependência, sendo ponto de grande divergência a forma com que são verificadas as referidas condutas. Atualmente, no Rio Grande do Sul, a fiscalização ocorre somente quanto a condução de veículo sob influência de álcool, pois não possui aparelho para medir a substância psicoativa que determina a dependência. Para uma melhor interpretação da tipificação do art. 165 do CTB realizaremos as resposta aos principais pontos de divergências encontradas nos autos de infrações de trânsito existentes, nos recursos protocolados no CETRAN, utilizando-se aleatoriamente como base os processos R2012/0422274-6 e PSR 2011/0491870. Página 2 de 22

I - QUANTIDADE DE ÁLCOOL CAPAZ DE INFLUENCIAR A CONDUÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR A primeira análise se refere à quantidade de álcool no sangue capaz de influenciar a condução de veículo automotor. Nesse ponto temos que analisar os quatro marcos legislativos que alteraram o art. 165 do Código de Trânsito Brasileiro e as normas complementares, quais sejam: 1) INFRAÇÕES COMETIDAS ATÉ 07/02/2006: a redação inicial do CTB determinava como infração de trânsito dirigir sob a influência de álcool, em nível superior a seis decigramas por litro de sangue, ou de qualquer substância entorpecente ou que determine dependência física ou química. Aplicava-se o art. 1º da Resolução n. 81/1998 do CONTRAN quanto a verificação de estar o condutor dirigindo sob influência de álcool: a) teste em aparelho de ar alveolar (bafômetro) com a concentração igual ou superior a 0,3mg por litro de ar expelido dos pulmões; (= < 0,30mg/l) b) exame clínico com laudo conclusivo e firmado pelo médico examinador da Polícia Judiciária; (EXAME CLÍNICO MÉDICO) c) exames realizados por laboratórios especializados indicados pelo órgão de trânsito competente ou pela Polícia Judiciária, em caso de uso da substancia entorpecente, tóxica ou de efeitos análogos, de acordo com as características técnicas científicas. (EXAME LABORATORIAL) 2) INFRAÇÕES COMETIDAS ENTRE 08/02/2006 ATÉ 19/06/2008, aplicava-se a redação determinada pela Lei n. 11.275/2006, qual seja, dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer substância entorpecente ou que determine dependência física ou química; Página 3 de 22

O art. 1º da Resolução n. 81/1998 do CONTRAN vigorou até 09 de novembro de 2006 (vide item 1 acima), após a Resolução n. 206/2006 do CONTRAN, que dispôs em seu art. 1º que a confirmação de que o condutor se encontra dirigindo sob a influência de álcool ou de qualquer substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica, se dará por, pelo menos, um dos seguintes procedimentos: I - teste de alcoolemia com a concentração de álcool igual ou superior a seis decigramas de álcool por litro de sangue; (6dg/l sangue) II - teste em aparelho de ar alveolar pulmonar (etilômetro) que resulte na concentração de álcool igual ou superior a 0,3mg por litro de ar expelido dos pulmões; ( = < 0,30mg/l de ar) III - exame clínico com laudo conclusivo e firmado pelo médico examinador da Polícia Judiciária; (EXAME CLÍNICO MÉDICO) IV - exames realizados por laboratórios especializados, indicados pelo órgão ou entidade de trânsito competente ou pela Polícia Judiciária, em caso de uso de substância entorpecente, tóxica ou de efeitos análogos. (EXAME CLÍNICO LABORATORIAL) Assim, até 19/06/2008 o art. 276 do CTB determinava que a concentração de seis decigramas de álcool por litro de sangue comprovava que o condutor se achava impedido de dirigir veículo automotor, e o CONTRAN estipularia os índices equivalentes para os demais testes de alcoolemia. Conforme 2º do art. 277 do CTB, redação conferida pela Lei n. 11.275/2006, no caso de recusa do condutor à realização dos testes, exames e da perícia a infração poderá ser caracterizada mediante a obtenção de outras provas em direito admitidas pelo agente de trânsito acerca de notórios sinais de embriaguez, excitação ou torpor, resultantes do consumo de álcool ou entorpecentes, apresentados pelo condutor. (TERMO TESTEMUNHAL) Página 4 de 22

3) INFRAÇÕES COMETIDAS após 20/06/2008 (Lei 11.705/08) até 20/12/2012 ( Lei 12.760/12), a redação determinada pela Lei n. 11.705/2008 tipifica como infração de trânsito dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência; O art. 276 do CTB passou a considerar que qualquer concentração de álcool por litro de sangue sujeita o condutor às penalidades previstas no art. 165 do código e o órgão do Poder Executivo federal disciplinaria as margens de tolerância para casos específicos. Com isso, os 2 o e 3 o do art. 1º do Dec. Federal n. 6.488/2008, e o que não contrariar este o art. 1º da Resolução n. 206/2006, ambas do CONTRAN (citada acima) passam a ser aplicados: a) 2 o Enquanto não editado o ato de que trata o 1 o, a margem de tolerância será de duas decigramas por litro de sangue para todos os casos. (2dg/l) b) 3 o Na hipótese do 2 o, caso a aferição da quantidade de álcool no sangue seja feito por meio de teste em aparelho de ar alveolar pulmonar (etilômetro), a margem de tolerância será de um décimo de miligrama por litro de ar expelido dos pulmões. (0,10mg/l) Conforme 2º do art. 277 do CTB, redação conferida pela Lei n. 11.705/2008, a infração prevista no art. 165 deste Código poderá ser caracterizada pelo agente de trânsito mediante a obtenção de outras provas em direito admitidas, acerca dos notórios sinais de embriaguez, excitação ou torpor apresentados pelo condutor. (TERMO TESTEMUNHAL dispensando a negativa do condutor) 4) INFRAÇÕES COMETIDAS APÓS 21/12/2012 (Lei 12.760/12): o caput do art. 165 do CTB não sofreu alteração, vigorando o constante na Lei n. 11.705/2008, qual seja, dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência; Página 5 de 22

Houve a publicação da Resolução nº 432, de 29 de janeiro de 2013, do CONTRAN, tendo constado no seu art. 6º, que a infração prevista no art. 165 do CTB será caracterizada por: I exame de sangue que apresente qualquer concentração de álcool por litro de sangue; II - exames realizados por laboratórios especializados, indicados pelo órgão ou entidade de trânsito competente ou pela Polícia Judiciária, em caso de consumo de outras substâncias psicoativas que determinem dependência; III teste de etilômetro com medição realizada igual ou superior a 0,05 miligrama de álcool por litro de ar alveolar expirado (0,05 mg/l), descontado o erro máximo admissível nos termos da Tabela de Valores Referenciais para Etilômetro constante no Anexo I; IV sinais de alteração da capacidade psicomotora obtidos na forma do art. 5º (I exame clínico com laudo conclusivo e firmado por médico perito; ou V constatação, pelo agente da Autoridade de Trânsito, dos sinais de alteração da capacidade psicomotora nos termos do Anexo II). O art. 276 do CTB dispõe que qualquer concentração de álcool por litro de sangue ou por litro de ar alveolar sujeita o condutor às penalidades previstas no art. 165 do código e o CONTRAN disciplinará as margens de tolerância quando a infração for apurada por meio de aparelho de medição, observada a legislação metrológica. Depreende-se que a legislação inicial tipificava a concentração de 06 decigramas de álcool por litro de sangue, e depois passou a considerar qualquer concentração de álcool por litro de sangue, e, por fim, qualquer concentração de álcool por litro de sangue ou por litro de ar alveolar sujeitaria o condutor às penalidades previstas no art. 165 do CTB, ou seja, pela literalidade do dispositivo ocorre infração administrativa com qualquer concentração de álcool no sangue. Página 6 de 22

Contudo, o parágrafo único do artigo 276 do CTB trouxe os quatro momentos legislativos, sendo que nos dois primeiros dispôs que o CONTRAN estipularia os índices equivalentes para os demais testes de alcoolemia, no terceiro que o Poder Executivo federal disciplinaria as margens de tolerância quando em casos específicos, e no último que o CONTRAN disciplinaria as margens de tolerância quando a infração for apurada por meio de aparelho de medição. Com isso, quando a prova da condução de veículo sob influência de álcool for realizada por etilômetro, deverá ser verificada a quantidade por litro de álcool de ar alveolar e observados os seguintes índices: a) Infrações cometidas até 19/06/2008: teste em aparelho de ar alveolar (bafômetro) com a concentração igual ou superior a 0,30mg por litro de ar expelido dos pulmões; b) Infrações cometidas entre 20/06/2008 a 20/12/2012: teste em aparelho de ar alveolar pulmonar (etilômetro), com margem de tolerância de um décimo de miligrama por litro de ar expelido dos pulmões; c) Infrações cometidas após 21/12/2012: teste de etilômetro com medição realizada igual ou superior a 0,05 miligrama de álcool por litro de ar alveolar expirado. Desse modo, quando do julgamento de recursos de infrações envolvendo o art. 165 do CTB, devem ser observados os marcos legislativos acima expostos para verificar qual a quantidade de álcool por litro de ar alveolar pode caracterizar a condução de veículo sob influência de álcool, quando o teste for realizado por etilômetro. Página 7 de 22

II - PREENCHIMENTO DO AUTO DE INFRAÇÃO DE TRÂNSITO Por outro lado, outra questão que preocupa é o preenchimento do auto de infração de trânsito, e que passamos a análise dos campos constantes na Portaria nº 59/2007 do CONTRAN e estão diretamente relacionados quando da tipificação do art. 165 do CTB, e que apresentam problemas de preenchimento quando visualizados nos recursos em tramitação no CETRAN/RS: - CÓDIGO DO ÓRGÃO AUTUADOR: É um campo de preenchimento obrigatório e, sendo o art. 165 do CTB de competência do Estado/Rodoviário, o modelo de auto de infração vem com as alternativas de marcar: a) DETRAN/RS Código121100, ou b) Prefeitura Municipal de (espaço para ser inserido o nome do município e código). Nesse passo, o agente de trânsito deverá marcar a opção correta e não deixar em branco como verificamos na maioria dos autos de infrações de trânsito. Não havendo o preenchimento do órgão autuador competente o AIT é NULO. - IDENTIFICAÇÃO DO LOCAL, DATA E HORA DO COMETIMENTO DA INFRAÇÃO: Os referidos campos são de preenchimento obrigatório, e a grande preocupação nesse ponto ocorre quando da indicação da hora do cometimento da infração. Verifica-se que na maioria das vezes o horário colocado no auto de infração não expressa a realidade dos fatos, principalmente quando a hora inserida no AIT é anterior ao da realização do teste de etilômetro, exemplificando-se, teste realizado às 17h45min, e auto de infração preenchido às 17h15min. Página 8 de 22

Assim, importante se faz um estudo sobre o fato gerador do auto de infração de trânsito, se ocorre no momento da abordagem ou no momento da realização do exame para verificação da condução de veículo sob influência de álcool. O art. 280 do CTB dispõe que ocorrendo infração prevista na legislação de trânsito, lavrar-se-á auto de infração de trânsito, e deverá ser comprovada pela autoridade ou agente da autoridade de trânsito através dos meios disponíveis. Diga-se que o fato gerador do auto de infração de trânsito por infração ao art. 165 do CTB ocorre com a condução de veículo sob influência de álcool que se comprova através dos testes disponíveis. Assim, verificando-se através de fiscalização de trânsito, acidentes ou abordagens de rotina que o condutor que estava conduzindo o veículo sob influência de álcool deverá abordar o condutor e realizar ao menos um dos testes, e sendo o teste de etilômetro, o fato gerador ocorre no momento expresso no tíquete do etilômetro, ocorrendo através de exame clínico, é o momento em que o médico atesta o estado de embriaguez, ocorrendo a confirmação através do termo de constatação de alteração psicomotora, no horário em que os agentes e as testemunhas certificam a alteração, o mesmo quando era possível o termo testemunhal. A Resolução nº 432/2012 do CONTRAN dispõe no 3 do art. 3º que se o condutor apresentar sinais de alteração da capacidade psicomotora na forma do art. 5º ou haja comprovação dessa situação por meio do teste de etilômetro e houver encaminhamento do condutor para a realização do exame de sangue ou exame clínico, não será necessário aguardar o resultado desses exames para fins de autuação administrativa. Ou seja, a referida resolução dispõe que para autuação administrativa não é necessário aguardar o resultado dos exames de sangue ou clínico, quando houver o Termo de Constatação da Alteração da Capacidade Psicomotora ou comprovação através de etilômetro. Presume-se, que para efeitos administrativos a prova da condução foi realizada e suficiente para lavratura do auto, sem aguardar os demais exames complementares. Página 9 de 22

Naturalmente, que para análise dos recursos existentes no presente conselho, deverá o conselheiro analisar a razoabilidade e a proporcionalidade entre o horário existente no AIT e o da realização da prova, sendo admitido o preenchimento do auto com diferença de 15min a 30min antes ou depois da realização da prova, pois até o presente estágio, o entendimento de muitos agentes de trânsito é de que a condução de veículo sob influência de álcool ocorre antes da realização da prova, e que esta apenas objetiva comprovar o verificado pelo agente. Assim, entendemos que ficam convalidados os autos preenchidos na forma do parágrafo anterior até a presente data; contudo, o CETRAN deve orientar os agentes de trânsito e a Brigada Militar, bem como o Comando Rodoviário, de que a comprovação da infração de trânsito ocorre após a abordagem, e somente com a comprovação é que se pode ser preenchido o auto de infração de trânsito. - TIPIFICAÇÃO DA INFRAÇÃO Conforme constatado pelo Grupo Especial de Trabalho do CETRAN GET, os agentes de trânsito preenchem o auto de infração e colocam a diferença entre a tolerância e o constatado, no campo destinado ao excesso de peso. Verificamos no recurso-base da presente jurisprudência, que o auto de infração de trânsito traz as seguintes informações quando verificada através de aparelho de medição, que obrigatoriamente deverá ser preenchida: 1. Equipamento/Instrumento de aferição (Marca/Mod./Nº) Nesse campo, que é obrigatório quando realizada a verificação da condução de veículo sob influência de álcool através de etilômetro, deve constar a marca do etilômetro (ex. intoximeters), modelo (ex. alco sensor IV), e número que é o de série (ex. 34093). Página 10 de 22

A maioria dos autos de infrações de trânsito limita-se a colocar somente o número do modelo, sem indicar a marca e o número de série constante na fita do teste etilométrico, ou colocam o nº do Inmetro como número do etilômetro. Assim, o auto de infração de trânsito não expressa a realidade dos fatos, pois omitem dados que são relevantes para possibilitar o direito à ampla defesa. 2. Nº do Inmetro Verificamos no processo-base que no campo que deveria constar o nº do Inmetro, que representa o registro do equipamento nesse órgão técnico, os agentes de trânsito colocam o nº da Portaria do Inmetro que regula a matéria, ou simplesmente deixam em branco. Desse modo, o não preenchimento de tal campo obrigatório, como supramencionado, enseja a nulidade do AIT, pela inobservância legal, omitindo-se dados que são relevantes para possibilitar o direito à ampla defesa. 3. Data da Verificação É a data do fato gerador. 4. Unidade: Km/h; g%; kg; mg/l; dg/l. É a unidade medida através do etilômetro, no caso da infração ao art. 165 do CTB, razão que sempre será mg/l. 5. Limite Regulamentado Página 11 de 22

O limite regulamentado é o campo para registrar o limite legalmente permitido. Tratando-se de infração por condução de veículo sob influência de álcool, o limite permitido deve observar os três momentos já indicados acima, e que passamos a esclarecer: - Até 19/06/2008: limite permitido era de 0,29mg/l de álcool por litro de ar expelido dos pulmões; - Após 20/06/2008: limite de tolerância passa a ser de 0,10mg/l de álcool por litro de ar expelido dos pulmões; - Após 21/12/2012: limite de tolerância passa a ser de 0,04mg/l de álcool por litro de ar expelido dos pulmões. Assim, não havendo o registro do limite legal permitido no auto de infração de trânsito, sendo campo obrigatório, deverá ser anulado o AIT. 6. Med. Realizada O campo medição realizada é para registrar o índice de alcoolemia medido através do etilômetro, também constituindo campo obrigatório, e equivale ao resultado da análise do aparelho de medição, o que consta na fita magnética. 7. Tolerância Foi um campo inserido no auto de infração de trânsito que não está previsto na Portaria nº 59/2007 do DENATRAN, mas o art. 2º desta Portaria permite que os órgãos e entidades de trânsito confeccionem os autos incluindo campos e espaços para informações adicionais. A tolerância para tipificação do art. 165 do CTB consta da Tabela para Verificação do Etilômetro, que normalmente acompanham os aparelhos etilométricos e estão de acordo com as Página 12 de 22

Portarias do INMETRO, e traz visualmente a diferença entre o limite regulamentado, a medição realizada, a tolerância fixada e o valor a ser considerado. Conforme podemos visualizar abaixo, até 0,39 mg/l de álcool por litro de ar expelido e medido, a tolerância era de 0,04mg/l, com isso, descontando tal índice de tolerância se encontrava o valor considerado. Ex. Medição 0,16mg/l Tolerância 0,04mg/l = 0,12mg/l, comprovando-se que ultrapassou o limite regulamentado de 0,10mg/l, e que o condutor estava conduzindo o veículo sob influência de álcool. A partir de 0,40mg/l de álcool por litro de ar expelido e medido, a tolerância passa para 8%. Assim, exemplificando, realizando o condutor o teste do etilômetro e a medição aponta 0,40 mg/l deverá ser descontada a tolerância de 8%: 0,40 x 8/100 = 0,032, e 0.40 0,032 = 0,368, considerando-se apenas as duas casas decimais resulta em 0,36, e descontando tal índice de tolerância se encontrava o valor considerado. No primeiro momento, poderia se entender que também se aplica a tolerância de 0.04mg/l, mas na medida que vai aumentando o valor medido, por vezes medir 0,50mg/l ou 0,51mg/l representa o mesmo valor de tolerância, haja vista que se considera as duas casa decimais, não se arredondando para cima ou para baixo. para 30%. Ainda, acima de 2,00mg/l de álcool por litro de ar expelido e medido, a tolerância passa ETILÔMETRO LIMITE MEDIÇÃO TOLERÂNCIA VALOR REALIZADA CONSID mg/l mg/l mg/l mg/l 0,10 0,12 0,04 mg/l 0,10 0,13 0,04 mg/l 0,10 0,14 0,04 mg/l 0,10 0,10 0,15 0,04 mg/l 0,11 0,10 0,16 0,04 mg/l 0,12 0,10 0,17 0,04 mg/l 0,13 0,10 0,18 0,04 mg/l 0,14 0,10 0,19 0,04 mg/l 0,15 0,10 0,20 0,04 mg/l 0,16 0,10 0,21 0,04 mg/l 0,17 Página 13 de 22

0,10 0,22 0,04 mg/l 0,18 0,10 0,23 0,04 mg/l 0,19 0,10 0,24 0,04 mg/l 0,20 0,10 0,25 0,04 mg/l 0,21 0,10 0,26 0,04 mg/l 0,22 0,10 0,27 0,04 mg/l 0,23 0,10 0,28 0,04 mg/l 0,24 0,10 0,29 0,04 mg/l 0,25 0,10 0,30 0,04 mg/l 0,26 0,10 0,31 0,04 mg/l 0,27 0,10 0,32 0,04 mg/l 0,28 0,10 0,33 0,04 mg/l 0,29 0,10 0,34 0,04 mg/l 0,30 0,10 0,35 0,04 mg/l 0,31 0,10 0,36 0,04 mg/l 0,32 0,10 0,40 8% 0,36 (...) (...) (...) (...) 0,10 0,41 8% 0,37 0,10 0,42 8% 0,38 0,10 0,43 8% 0,39 (...) (...) (...) (...) 0,10 2,00 8% 1,84 0,10 2,01 30% 1,40 0,10 2,02 30% 1,41 0,10 2,03 30% 1,42 Diga-se que a Resolução nº 432/13 do CONTRAN trouxe no Anexo I a Tabela de Valores Referenciais para Etilômetro, acrescentando os valores de medição para verificação da condução de veículo sob influência de álcool acima de 0,04mg/L, que não constava na tabela anterior, mas traz apenas o valor da Medição Realizada pelo etilômetro (MR) e o Valor Considerado para autuação (VC), explicando que para definição do Valor Considerado foi deduzido da Medição Realizada o Erro Máximo Admissível (EM), assim, VC = MR EM. E para o resultado do Valor Considerado foram consideradas apenas duas casas decimais, desprezando-se as demais, sem arredondamento, observados os itens 4.1.2 e 5.3.1 do Regulamento Técnico Metrológico (Portaria nº 06/2002 do INMETRO), visto que o etilômetro apresenta MR com apenas duas casas decimais. O referido Anexo menciona que o Erro Máximo admissível (EM): a) Medição Realizada inferior a 0,40mg/l: 0,032mg/l Página 14 de 22

b) Medição Realizada acima de 0,40mg/l até 2,00mg/l: 8% c) Medição Realizada acima de 2,00mg/l: 30% Com isso, teríamos: ETILÔMETRO LIMITE MEDIÇÃO ERRO MÁXIMO VALOR REALIZADA CONSID mg/l mg/l mg/l mg/l 0,04 0,05 0,032 mg/l 0,01 0,04 0,06 0,032 mg/l 0,02 0,04 0,07 0,032 mg/l 0,03 0,04 0,08 0,032 mg/l 0,04 0,04 0,09 0,032 mg/l 0,05 0,04 0,10 0,032 mg/l 0,06 8. Valor Considerado O valor considerado é o campo para registrar o valor considerado para autuação, representa a subtração entre a medição realizada e a tolerância permitida ou erro máximo admitido, ou seja, descontada a quantia de 0,04mg/l ou 0,032mg/l, 8% ou 30%, dependendo do valor medido. O preenchimento de tal campo é obrigatório, de forma que não estando preenchido ou não representando a realidade encontrada entre a medição realizada e a tolerância permitida, deverá ser anulado o AIT. 9. Excesso O campo xxcesso foi introduzido no Auto de Infração de Trânsito sem ser exigida pela Portaria nº 59/2007 do DENATRAN e demais alterações, mas incluído a partir da permissão expressa no art. 2º da referida portaria. Contudo, tal campo não foi incluído para as situações de verificação da condução de veículo sob influência de álcool realizada através de etilômetro, mas para tipificação das infrações por excesso de carga e que implica na marcação no campo Página 15 de 22

unidade do kilograma, não servindo para as demais unidades. O etilômetro mede mg/l de ar, não podendo-se falar em Kg ou peso. No processo paradigma (R2012/0422274-6), verificamos que foram preenchidos os campos Limite Regulamentado, Med. Realizada, Tolerância, Valor Considerado, e Excesso, para tanto constaram os seguintes valores: a) Limite Regulamentado: 0,10 (infração cometida em 06/05/2011) b) Med. Realizada: 0,081mg/l c) Tolerância: 0,04mg/l d) Valor Considerado: 0,74mg/l e) Excesso: 0,64mg/l Nesse caso, o agente cometeu alguns erros: 1º) considerou como valor de tolerância 0,04mg/l quando deveria ser o percentual de 8% de 0,81mg/l; 2º) quando descontou 0,04mg/l de 0,81mg/l apontou como valor considerado de 0,74 mg/l, quando o correto seria 0,77mg/l; 3º) utilizou para enquadrar o excesso (que seria de peso) o valor de 0,74mg/l menos o limite regulamentado de 0,10mg/l o que resultou no excesso de 0,64mg/l. Verifica-se que o agente além de descontar o valor de tolerância também descontou o valor do limite regulamentado, o que na prática, representaria o desconto de 0,14mg/l, quando o valor de tolerância é de 0,04mg/l ou 8% dependendo da medição realizada. Caso esse agente continue a utilizar tal raciocínio no preenchimento dos autos, é possível que muitos condutores que estavam conduzindo o veículo sob influência não foram penalizados, pois para o referido agente deve-se descontar a tolerância e depois o limite regulamentado para se ter um suposto excesso na ingestão de álcool. Nesse ponto, o ideal seria sugerir aos órgãos e entidades de trânsito que elaboram e confeccionam os autos de infrações de trânsito a inclusão no campo excesso as palavras carga Página 16 de 22

ou peso entre parênteses para evitar tal conflito e a anulação do auto de infração de trânsito, isso porque tal preenchimento acaba por alterar o resultado final da medição realizada, com os descontos necessários, e confundindo o infrator que não sabe o que considerar como resultado, pois o etilômetro apresenta um valor, a tolerância indica uma margem de erro, o limite regulamentado informa o que deve ser observado e o excesso traz um valor que não deveria constar. Não se está lidando com excesso de carga, mas com excesso de ingestão de álcool nas vias alveolares. No momento em que tal campo é preenchido, um fato novo chega aos autos, e não sendo o preenchimento obrigatório, mas sendo preenchido de forma errada, sem apresentar a realidade dos fatos, provoca inevitavelmente a nulidade do auto de infração de trânsito. 10. Unidade O campo Unidade foi introduzido no Auto de Infração de Trânsito sem ser exigida pela Portaria nº 59/2007 do DENATRAN e demais alterações, mas incluído a partir da permissão expressa no art. 2º da referida portaria. Ele traz as principais unidades de medidas para facilitar o preenchimento do auto de infração, e como houve discricionariedade e conveniência para inclusão de tal campo, deverá ser devidamente preenchido, representando o que realmente se está medindo para não provocar nulidade do auto de infração. Desse modo, utilizando-se o etilômetro deverá o campo unidade ser obrigatoriamente preenchido indicando como unidade o mg/l, sob pena de nulidade do AIT. III - TERMO DE PROVA TESTEMUNHAL, EXAME CLÍNICO E TERMO DE CONSTATAÇÃO DOS SINAIS DE ALTERAÇAÕ DA CAPACIDADE PSICOMOTORA: Página 17 de 22

Analisando as situações fáticas apresentadas, como já referido em momento anterior, o horário do cometimento da infração a ser registrado no auto de infração é o ponto nodal da questão. Assim, quando a prova é realizada através de Termo Testemunhal ou Termo de Constatação o horário do preenchimento do auto de infração de trânsito está sendo lavrado com data pretérita aos referidos termos, quando o correto seria o preenchimento posterior à prova testemunhal ou de constatação dos sinais de alteração da capacidade psicomotora, ou seja, o horário é da realização do fato gerador, como já amplamente, definido, que no caso é a hora do termo. Além disso, os agentes de trânsito estão lavrando auto de infração, mesmo quando constatado no termo que o condutor não está embriagado ou com capacidade psicomotora alterada, ou seja, preenche o termo e quando da conclusão indica que está conduzindo sob influência de álcool ou com alteração da capacidade psicomotora. Assim, a prova deve ser robusta e apta a permitir a lavratura do auto de infração de trânsito, não havendo fato típico administrativo, não há que se lavrar ou concluir de forma diversa. Da mesma forma, quando o agente de trânsito assinalar nos campos específicos do termo ou teste nos sinais de incapacidade psicomotora, deverá analisar o condutor de forma ampla, com razoabilidade e proporcionalidade, visto que, na maioria das vezes, exemplificativamente, os agentes assinalam que o condutor estava com vestes compostas, sabia onde estava, tinha equilíbrio, não possuía odor de álcool, orientado espacialmente e quando na finalização do documento declara que o condutor estava sob influência de álcool. Do mesmo modo, a afirmação de que o condutor se encontrava depressivo, é um comportamento que não serve por si só a indicar que ele estava conduzindo veículo sob influência de álcool, por isso a importância da análise do conjunto sintomático encontrado quando da abordagem. Página 18 de 22

Por outro lado, o art. 277 do CTB, que dispõe que sobre os meios de provas para verificação da condução de veículo sob influência de álcool sofreu algumas alterações desde o advento da publicação do código de trânsito, o que influenciou principalmente na validade da prova testemunhal. Assim, para melhor entendimento, passamos a análise individual: DO TERMO TESTEMUNHAL 1) INFRAÇÕES COMETIDAS ATÉ 07/02/2006: não havia previsão para aplicação do termo testemunhal, nada dispondo o art. 277 do CTB. 2) INFRAÇÕES COMETIDAS ENTRE 08/02/2006 ATÉ 19/06/2008, conforme 2º do art. 277 do CTB, redação conferida pela Lei n. 11.275/2006, somente no caso de recusa do condutor à realização dos testes, exames e da perícia a infração poderá ser caracterizada mediante a obtenção de outras provas em direito admitidas pelo agente de trânsito acerca de notórios sinais de embriaguez, excitação ou torpor, resultantes do consumo de álcool ou entorpecentes, apresentados pelo condutor. A partir do advento da Lei 11.275/2006, passou-se a admitir o Termo Testemunhal para comprovar que o condutor conduzia veículo sob influência de álcool QUANDO HOUVESSE RECUSA DO CONDUTOR em realizar os testes, exames e perícias, e complementando tal alteração, o CETRAN publicou a Resolução nº 11/2006 definindo os procedimentos para verificação da embriaguez através do Termo Testemunhal. 3) INFRAÇÕES COMETIDAS após 20/06/2008 (Lei 11.705/08) até 20/12/2012 ( Lei 12.760/12), conforme 2º do art. 277 do CTB, redação conferida pela Lei n. 11.705/2008, a infração prevista no art. 165 do Código poderá ser caracterizada pelo agente de trânsito mediante a obtenção de outras provas em direito admitidas, acerca dos notórios sinais de embriaguez, excitação ou torpor apresentados pelo condutor. Página 19 de 22

Desse modo, o termo testemunhal era admitido mesmo quando NÃO HOUVESSE RECUSA do condutor em realizar outros testes, exames ou perícias. 4) INFRAÇÕES COMETIDAS APÓS 21/12/2012 (Lei nº 12.760/12): o Termo Testemunhal foi substituído pelo Termo de Constatação de Alteração dos sinais de alteração da capacidade psicomotora nos termos do Anexo II da Resolução nº 432/2013 do CONTRAN. DO TERMO DE CONSTATAÇÃO Foi incluído a partir das alterações legislativas trazidas pela Lei nº 12.760/12, quando alterou o 2 o do art. 277 do CTB, determinando que a infração prevista no art. 165 também poderá ser caracterizada mediante constatação de sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade psicomotora ou produção de quaisquer outras provas em direito admitidas. Nesse ponto, a Resolução nº 432/2013 do CONTRAN disciplinou os procedimentos para verificação da constatação de alterações da capacidade psicomotora, bem como a Resolução nº 75/2013 do CETRAN a complementou. DO EXAME CLÍNICO MÉDICO 1) INFRAÇÕES COMETIDAS ATÉ 20/12/2012: o exame clínico com laudo conclusivo e firmado pelo médico examinador da Polícia Judiciária. Tal exame se refere ao EXAME CLÍNICO MÉDICO que somente possui validade se realizado por médico examinador da Polícia Judiciária. No Rio Grande do Sul os médicos examinadores da Polícia Judiciária exercem suas funções no Departamento Médico-Legal. Página 20 de 22

Conforme Livro de Rotinas do Departamento Médico Legal do Estado RS (os peritos oficiais são os profissionais médico-legistas aprovados em concurso público específico para a função e nomeados pelo Estado,e os peritos ad-hoc são os profissionais médicos que, em locais onde não haja peritos oficiais, são nomeados pelas autoridades para a realização de determinada perícia, sendo nomeados a cada exame realizado. Com isso, nos locais em que há médicos peritos do DML deverão esses realizar o exame clínico no condutor, e nos locais em que não há médicos peritos do DML poderão atuar os médicos peritos ad hoc, designados para o ato, nomeados pelas autoridades para realizar o exame. Isso porque, impossível a existência de médicos peritos oficiais do DML nos 496 municípios gaúchos, sendo inviável a condução do condutor até o primeiro DML mais próximo ou regional, o que demandaria tempo e prejuízo na fiscalização dos demais condutores. Além disso, há rotinas previstas para realização do exame pericial clínico, possuindo os médicos, seja perito ou ad hoc, conhecimento e competência para realização da prova. 2) INFRAÇÕES COMETIDAS APÓS 21/12/2012 (Lei 12.760/12): passou a exigir sinais de alteração da capacidade psicomotora obtidos na forma do inciso I do art. 5º da Resolução nº 432/2013, que poderá ser realizado através de exame clínico com laudo conclusivo e firmado por médico perito. Desse modo, o exame clínico médico deverá ser firmado por médico perito, deixando de limitar a realização do exame clínico por médico perito da Polícia Judiciária. Com isso, considerando que a perícia médica é o procedimento investigativo (exame clínico) realizado por profissional da área médica, com o intuito de constatar o estado físico ou mental do periciado, atualmente qualquer médico designado pela autoridade competente poderá periciar o condutor e elaborar um laudo conclusivo, primando naturalmente pelo médico perito oficial do DML, que possui maior conhecimento na matéria. Página 21 de 22

Este é o parecer que submeto à apreciação do Pleno do CETRAN para aprovação, sendo a sua Súmula publicada no site do CETRAN/RS, devendo ser observada por todas as Câmaras de Julgamento e Câmaras Especiais de Julgamento que compõe o Conselho Estadual de Trânsito. Porto Alegre, 14 de agosto de 2013. Zulmira Teresinha Terres Assessora Jurídica do CETRAN/RS PARECER APROVADO POR UNANIMIDADE NA SESSÃO ORDINÁRIA DO PLENO DO CETRAN, REALIZADA EM 28/08/2013 ATA Nº 31/2013. Jaime Lobo da Silva Pereira Presidente do CETRAN/RS Página 22 de 22