SOLIDARIEDADE PASSIVA É aquela em que há multiplicidade de devedores, sendo que cada devedor responde pela dívida toda como se fosse devedor único. Decorre da lei (art.154, 828,II) ou da vontade das partes. Posso ter solidariedade passiva numa obrigação de fazer infungível? Não faria sentido nenhum. EFEITOS 1. DIREITO DO CREDOR Na solidariedade passiva o credor tem o direito de exigir e receber a dívida toda, ou parte dela, de um ou alguns dos devedores. (art.275). Ocorrendo o pagamento integral por um dos devedores, extinguese a obrigação exonerando-se todos os codevedores. Ocorrendo o pagamento parcial, os devedores continuam solidariamente obrigados pelo resto. (art.275, 2ª.parte). Perguntas: Pode exigir de todos os devedores? Sim A propositura de ação pelo credor contra um ou alguns dos devedores solidários importa renúncia da solidariedade com relação aos demais? Não. Art.275,p.único. 1
2. MORTE DE UM DOS DEVEDORES SOLIDÁRIOS No caso de morte de um dos devedores solidários com herdeiros, cada um responderá pela quota correspondente ao seu quinhão hereditário, salvo se a obrigação for indivisível. Neste caso, todos os herdeiros reunidos serão considerados, por ficção legal, como um devedor solidário em relação aos demais devedores. (art.276). 3. RELAÇÃO ENTRE OS CODEVEDORES E O CREDOR 3.1 Pagamento parcial e remissão O pagamento parcial da dívida por um dos devedores ou a remissão por ele obtida não aproveita aos demais codevedores senão até o montante da quantia paga ou perdoada. (art.277). Vide o 388 sobre remissão da dívida. O pagamento parcial reduz o crédito sendo assim o credor só pode cobrar o saldo parcial ou remanescente senão haveria um enriquecimento indevido do credor. Na hipótese de remissão o credor só pode exigir a dívida dos demais devedores não remitidos se fizer o abatimento da parte daquele devedor que beneficiou. Neste caso ocorre o inverso do que se dá na solidariedade ativa em que qualquer um dos credores que remiti a dívida exonera o devedor. Se um dos devedores é perdoado a nada mais pode ser obrigado. Se o credor pudesse cobrar o total da dívida dos demais codevedores estes ficariam com direito de regresso contra àquele favorecido da remissão pela parte dele correspondente. 2
3.2 Cláusula, condição ou obrigação adicional A cláusula, condição ou obrigação adicional estipulada entre o credor e um dos devedores solidários não pode agravar a situação dos demais devedores sem o consentimento destes. (art.278). 3.3 Renúncia da solidariedade O credor pode exonerar da solidariedade um, alguns ou todos os devedores. Exonerando um ou alguns subsistirá a solidariedade para os demais. Art.282 e seu pg.único. Em prol de todos os devedores é chamado de renúncia absoluta. E relativa se há apenas a renúncia em relação a um ou alguns devedores. Na renúncia relativa o credor dispensa da solidariedade apenas um ou alguns devedores, conservando-a com relação aos demais. Assim procedendo, o credor divide a obrigação em duas partes: uma pela qual reponde o devedor favorecido, correspondente somente à sua quota; e a outra a que se encontram solidariamente responsáveis os outros. Não se confunde com a remissão em que libera o devedor da obrigação e na renúncia apenas da solidariedade. 3.4 Impossibilidade da prestação e juros Havendo impossibilidade da prestação por culpa de um dos devedores, todos os codevedores ficarão responsáveis solidariamente pelo valor equivalente mas só o culpado pelas perdas e danos. (art.279). 3
Todos os devedores respondem pelo juros decorrente da mora, ainda que a ação tenha sido proposta apenas contra um, mas o culpado responde aos outros pela obrigação acrescida. Art.280. 3.5 Meios de defesa Reza o artigo 281 que o devedor demandado pode opor ao credor suas defesas pessoais ou aquelas que são comuns a todos os devedores mas não poderá se valer das defesas pessoais dos outros codevedores. Exceções comuns: prescrição, extinção... 4. RELAÇÃO ENTRE OS CODEVEDORES A solidariedade existe apenas entre o credor e os codevedores. Extinta a dívida o que surge é um complexo de relações entre os próprios devedores no qual se importa o rateio da responsabilidade de cada um. Nesse sentido, temos que o devedor que paga a dívida toda tem o direito de exigir a quota parte de cada um, com o acréscimo, se for o caso, da parte dos insolventes. Neste último caso, até mesmo os exonerados da solidariedade pelo credor respondem pela parte do insolvente. Art.283 e 284. Diferente da obrigação divisível em que não acrescia aos demais lembram? Contudo, se a dívida solidária interessar apenas um dos devedores ficará este obrigado a ressarcir aquele que pagou pela dívida toda e não só sua quota. Art. 285. Ex: avalista de Nota promissória. Fiador que abre mão do benefício de ordem... 4
Dois avalistas de empréstimo de amigo. Do outro avalista só pode cobrar a quota parte. Do amigo que era o interessado no empréstimo pode cobrar tudo. OUTRAS MODALIDADES DE OBRIGAÇÕES OBRIGAÇÕES PROPTER REM Tratam-se de obrigações híbridas, ou seja, que constituem um misto de direito real e pessoal. São aquelas que recaem sobre uma pessoa por força de um determinado direito real. Só existe em razão da situação jurídica do obrigado, de titular do domínio ou de detentor de determinada coisa. Ex. cota de condomínio, art.1277 não prejudicar a saúde e o sossego dos vizinhos. Aquele que adquire um apartamento passa a ser devedor dos condomínios não pagos ainda que anteriores à data de aquisição do imóvel. Portanto, nas obrigações propter rem o titular do direito sobre determinada coisa passa a ser devedor de uma prestação sem que tenha manifestado sua vontade nesse sentido. São criadas pela lei e independem da vontade do titular de um direito. OUTRAS MODALIDADES DE OBRIGAÇÕES Quanto aos seus elementos, as obrigações podem ser: a) simples: um único sujeito ativo, passivo e um único objeto; b) Complexas ou compostas: São aquelas que um ou todos os elementos da obrigação estão no plural. Neste caso posso ter obrigações complexas, compostas, pela: b1) multiplicidade de objetos, podendo ser a obrigação: b11 cumulativa ou conjuntiva; 5
b12.alternativa ou disjuntiva; b2) multiplicidade de sujeitos: b21 divisíveis; b22 indivisíveis e b23 solidárias. Quanto à exigibilidade, as obrigações podem ser civis e naturais: Obrigação civil ou perfeita é aquela que encontra respaldo no direito positivo podendo seu cumprimento ser exigido pelo credor mediante ação judicial. Obrigação natural ou imperfeita: é aquela que seu cumprimento não pode ser exigido judicialmente pelo credor. O credor não tem o direito de exigir a prestação e o devedor não está obrigado a pagar. Em compensação se o devedor pagar voluntariamente uma obrigação natural não tem o direito de repeti-la (repetição de indébito). Dívida prescrita (882) e dívida de jogo (814). 564,III. O cumprimento parcial de uma obrigação natural autoriza o credor a exigir o restante? Não porque a obrigação natural não se transforma em civil pelo fato de ter ocorrido o pagamento parcial. Quanto ao fim a que se destinam ou ao conteúdo, as obrigações podem ser de meio, de resultado e de garantia Obrigação de meio: é aquela em que o devedor se compromete a utilizar seus conhecimentos, meios e técnicas para a obtenção de um determinado resultado sem, contudo, responsabilizar-se por ele. Ex.: advogado, médico... Só será inadimplente ser agir com negligência, sem diligência, imperícia. Obrigação de resultado: é aquela em que o devedor só se exonera quando o fim, o resultado prometido, é alcançado. Ex. transportador (levar o passageiro são e salvo ao seu destino, a 6
mercadoria ao seu destino sem avarias), cirurgião plástico quando o tratamento é de natureza estética, pois em alguns casos pode ser de meio tratamento de deformados em acidentes, queimados (fica com o aspecto pior após cirurgia). Se não alcançar o resultado prometido o devedor é inadimplente. Obrigação de garantia: é aquela que visa eliminar um risco para o credor ou suas conseqüências. Ex. seguradora, fiador...é uma subespécie da obrigação de resultado porque deve ser cumprida mesmo na hipótese de caso fortuito ou força maior. Ex. seguradora terá que indenizar credor que sofre incêndio em sua casa ainda que tenha sido praticado dolosamente por terceiro. Quanto ao momento em que devem ser cumpridas, as obrigações podem ser: Obrigação de execução instantânea: é aquela que se consuma num só ato no mesmo instante em que é contraída. Ex. Pagamento à vista, transporte no elevador, num táxi, num ônibus. Obrigação de execução diferida: é aquela que também se consuma num só ato só que em momento futuro. Ex. entrega do palio dia 30 de março. Obrigação de execução continuada, periódica ou de trato sucessivo: é aquela que se cumpre por meio de atos reiterados. Ex.compra e venda a prazo, aluguel do locatário ao locador,prestar alimentos. Aplicação prática 290 do CPC. Quanto aos elementos acidentais as obrigações podem ser pura e simples, condicionais, a termo e modais, onerosas ou com encargo. 7
Obrigações puras e simples: aquelas que não estão sujeitas a condição, termo ou encargo. Obrigação condicional: é aquela em que o efeito está subordinado a um evento futuro e incerto. 121 Obrigação a termo: é aquela em que o efeito está subordinado a um evento futuro e certo. 131 Obrigações modais ou com encargo:é aquela que impõe um ônus ao beneficiário de determinado relação jurídica. É comum nos testamentos e doações. Doação de terreno a município com obrigação de construir um hospital. Testamento cuidar de determinada pessoa. Art.136. Quanto à liquidez, as obrigações podem ser líquidas e ilíquidas. Obrigação líquida: é aquela que é certa quanto a sua existência e determinada quanto ao seu objeto. Tem valor certo e determinado. Obrigação ilíquida: é aquela que o seu objeto depende de prévia apuração., pois o valor ou montante apresenta-se incerto. Reciprocamente consideradas as obrigações podem ser principais e acessórias. Obrigação principal: é aquela que subsiste por si só, sem depender de qualquer outra obrigação. Ex. entregar a coisa no contrato de compra e venda. Obrigação acessória: é aquela que sua existência depende da existência da obrigação principal. Fiança, juros, cláusula penal. 8