FMB - Unesp Botucatu

Documentos relacionados
FMB - Unesp Botucatu

Gestão da Qualidade Políticas. Elementos chaves da Qualidade 19/04/2009

ACIDENTE E INCIDENTE INVESTIGAÇÃO

Sistemas de Gestão Ambiental O QUE MUDOU COM A NOVA ISO 14001:2004

Segurança do Trabalho. Papel do Gestor Frente a Prevenção

COMO FAZER A TRANSIÇÃO

ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS

A importância da Manutenção de Máquina e Equipamentos

COMPORTAMENTO SEGURO

SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE

Curso Balanced Scorecard como ferramenta de Gestão por Indicadores

MASTER IN PROJECT MANAGEMENT

CURSO: LICENCIATURA DA MATEMÁTICA DISCIPLINA: PRÁTICA DE ENSINO 4

PROGRAMA MOSA MAINTENANCE OPERATIONS SAFETY AUDIT (PROGRAMA DE OBSERVAÇÕES DE SERVIÇOS DE MANUTENÇÃO)

Gerenciamento da Segurança Operacional GSO. Conceitos

Apresentação Plano de Integridade Institucional da Controladoria-Geral da União (PII)

Violência contra crianças e adolescentes: uma análise descritiva do fenômeno

SISTEMAS INTEGRADOS DE GESTÃO PAS 99:2006. Especificação de requisitos comuns de sistemas de gestão como estrutura para a integração

Métodos qualitativos: Pesquisa-Ação

TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO SECRETARIA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO ORDEM DE SERVIÇO Nº 1/SETIN, DE 30 DE SETEMBRO DE 2010

GESTÃO EMPRESARIAL FUNDAMENTOS DA GESTÃO ESTRATÉGICA. Profª. Danielle Valente Duarte

TPM -Total Productive Maintenance. (Gestão da Manutenção)

SISTEMA DE PRODUÇÃO DISCRETA

Segurança e Auditoria de Sistemas

LIÇÕES DE ANÁLISES DE ACIDENTES APOIADAS NO MODELO DE ANÁLISE E PREVENÇÃO DE ACIDENTES - MAPA

NR 35 - GESTÃO DA SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO (PROPOSTA DE TEXTO)

OS 10 PRINCIPAIS INSTRUMENTOS ADMINISTRATIVOS DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES PARA O SUPERVISOR/ FACILITADOR

PSICOLOGIA DO TRABALHO. Prof. Emerson Luiz Marques.

Fulano de Tal. Relatório Combinado Extended DISC : Análise Comportamental x Feedback 360 FINXS

Abordagem de Processo: conceitos e diretrizes para sua implementação

AUDITORIA DE DIAGNÓSTICO

Maurus Joenk Diretor / Consultor Técnico QUALIDADE COM PRODUTIVIDADE

Sistemas de Gestão da Qualidade. Introdução. Engenharia de Produção Gestão Estratégica da Qualidade. Tema Sistemas de Gestão da Qualidade

A Utilização de Etiquetas de Detecção de Inconveniências na Manutenção Autônoma do TPM

CULTURA ORGANIZACIONAL. Prof. Gilberto Shinyashiki FEA-RP USP

PROCESSO SELETIVO PARA PROFESSORES SUBSTITUTOS EDITAL

Estruturando o modelo de RH: da criação da estratégia de RH ao diagnóstico de sua efetividade

O que é Administração

Gerenciamento de Riscos do Projeto Eventos Adversos

INSTRUMENTOS DE PLANEJAMENTO: PLANOS, PROGRAMAS E PROJETOS

Código de Fornecimento Responsável

MERITOCRACIA E COMPETÊNCIAS Avaliando Desempenho e Construindo Resultados Sustentáveis na Administração Pública

Copyright Proibida Reprodução. Prof. Éder Clementino dos Santos

Liderança Ciclo Motivacional Clima Organizacional Cultura Organizacional

OBSERVAÇÃO DE TAREFAS BASEADA NA SEGURANÇA COMPORTAMENTAL

Aula 5 Ferramentas Estratégicas em RI. Geraldo Soares

PROJETO DE RECUPERAÇÃO EM MATEMÁTICA Manual do Professor Módulo 2 Números Racionais, Operações e Resolução de Problemas

A Segurança consiste na responsabilidade de saber e agir da maneira correta.

Barreiras. Lição 1.5. A palavra mais importante para transformar situações de risco potencial em IMPROVÁVEL.

TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO DE TALENTOS

BANCO CENTRAL DO BRASIL 2009/2010

Uma organização pode ser descrita como um arranjo sistemático, onde esforços individuais são agregados em prol de um resultado coletivo

Gestão da Informação e do Conhecimento

Gestão Laboratorial GESTÃO DE. Prof. Archangelo P. Fernandes

SISTEMA DA GESTÃO AMBIENTAL SGA MANUAL CESBE S.A. ENGENHARIA E EMPREENDIMENTOS

CAMPO DE APLICAÇÃO Esta Norma Complementar se aplica no âmbito da Administração Pública Federal, direta e indireta.

ISO 9001:2008. Alterações e Adições da nova versão

DIVISÃO DE ENSINO E PESQUISA DEP COMISSÃO DE RESIDÊNCIA MÉDICA COREME PROVA ADMINISTRAÇÃO / RELAÇÕES PÚBLICAS

COMO EXPLORAR OS BENEFÍCIOS DOS INDICADORES DE DESEMPENHO NA GESTÃO DE UM CSC. Lara Pessanha e Vanessa Saavedra

O processo de melhoria de processo

ECS -ASSESSORIA E CONSULTORIA TÉCNICA. ISO 14001:2015 Tendências da nova revisão

GERENCIAMENTO DE MODIFICAÇÕES

Pesquisa com Professores de Escolas e com Alunos da Graduação em Matemática

Visão estratégica para compras

Ser sincero em sua crença de que todos devem ir para casa todos os dias com segurança e saúde - demonstre que você se importa.

CREW RESOURCE MANAGEMENT

Características do conhecimento científico

Segurança e Higiene no Trabalho

No E-book anterior 5 PASSOS PARA MUDAR SUA HISTÓRIA, foi passado. alguns exercícios onde é realizada uma análise da sua situação atual para

Gestão Colegiada HOSPITAL DAS CLÍNICAS UNIDADE I

PODER JUDICIÁRIO. PORTARIA Nº CJF-POR-2014/00413 de 30 de setembro de 2014

TURN OVER VOLUNTÁRIO UMA BREVE ANÁLISE DOS ESTÍMULOS Eduardo Varela

Governança Corporativa

Aqui você encontra artigos que irão auxiliar seu trabalho a partir de informações relevantes sobre segurança e dicas de instalações elétricas.

SISTEMA DE GESTÃO DE SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO

Capítulo 3. Avaliação das capacidades internas de uma empresa

Utilizando tecnologias para apoio à gestão de processos

-Dominios do Exame CCSA

Melhoria Contínua PDCA/SDCA e suas ferramentas 06/04/2011

LeanFoxSoluções em Gestão e Processos Industriais Ltda. 25 de junho Mogi das Cruzes

Módulo 3 Procedimento e processo de gerenciamento de riscos, PDCA e MASP

Universidade do Estado do Rio de Janeiro Vice-Reitoria Curso de Abordagem da Violência na Atenção Domiciliar Unidade 2-Violência e criança

Extração de Requisitos

CONTROLE DA QUALIDADE EM PREMOLDADOS

Análise do Ambiente estudo aprofundado

Manutenção DSPTI II. Porque fazer Manutenção. Manutenção. Porque fazer Manutenção. Porque fazer Manutenção

Gerenciamento de Riscos em Segurança da informação.

PLANEJAMENTO OPERACIONAL - MARKETING E PRODUÇÃO MÓDULO 3 O QUE É PLANEJAMENTO DE VENDAS E OPERAÇÕES?

O uso de Objetos de Aprendizagem como recurso de apoio às dificuldades na alfabetização

IV WORKSHOP GESTÃO DA QUALIDADE COM FOCO EM CLÍNICA DE DIÁLISE

GIRH como Ferramenta de Adaptação às Mudanças Climáticas. Adaptação em Gestão das Águas

MANUAL DE CONDUTA NAS MÍDIAS SOCIAIS

AVALIAÇÃO DA MATURIDADE DE UM SISTEMA DE GESTÃO: PROPOSTA DE UM INSTRUMENTO

Indicadores de Rendimento do Voluntariado Corporativo

CRIAÇÃO DA DISCIPLINA SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL NO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

Transcrição:

FMB - Unesp Botucatu

Caso: o trabalhador que apanhou do robô Exercício: Lições do caso e Críticas à abordagem tradicional Novos conceitos para análise Abordagem organizacional x comportamental

Trabalhador entra na zona de operação de robô de solda de pallets de aço Área é cercada com cerca e portão eletrônico na entrada há cartaz Perigo - proibido o acesso à zona do robô. Ao entrar na área do robô o trabalhador não viu o óleo no chão escorrega, é atingido pelos braços do robô Quebra o braço e sofre vários ferimentos SESMT e CIPA investigam o caso Ato inseguro (desobedecer ordens de serviço), recomenda reforço no treinamento sobre regras de segurança Empresa ameaça justa causa

1. Faça uma análise do acidente, indicando as causas do evento 2. Faça perguntas pertinentes para conduzir a investigação 3. Relacione as perguntas com conceitos AB; AM; TH, conceitos -\mapa 4. Indique a metodologia (caminho a seguir) para realizar a investigação de modo a responder todas suas perguntas 5. Indique possíveis medidas de prevenção para evitar novas ocorrências

Solda dava defeito (M) Defeito na solda gerava retrabalho pois o robô além de soldar fazia também o empilhamento das peças (M) Portão aberto não parava o robô (Barreira com falha; origem?) Havia óleo no Chão (M); origem? Área era gargalo de produção (Trabalho Habitual) Os trabalhadores entravam habitualmente na zona do Robô para checar os defeitos e marcar as peças para conserto manual (Gestão de variabilidades - ergonomia) Era habitual by passar o portão chefia imediata era ciente desta situação (Trabalho habitual gestão de variabilidade/ ergo) Vários já haviam levado tapas do robô (incidentes não valorizados período de incubação)

Qual a visão de acidente vc identifica na análise da empresa? Qual a visão de segurança e de gestão? Qual a visão de trabalho está contida na conduta da empresa?

Nunca aceitar a primeira versão ela geralmente é carregada de ideologia (quer mais esconder que revelar) Os trabalhadores tiveram que se ajustar à situação precária para conseguir produzir com qualidade (estratégia operatória do grupo trabalho habitual da ergonomia) Este ajuste era feito há muito tempo com sucesso e com relativa segurança (mas era uma situação frágil, já haviam levado tapas do robô) (acidente tem história/ Llory) Este tipo de burla ou by pass era uma necessidade operacional, uma estratégia para garantir a qualidade: conceito: by pass previsível (trabalho habitual ergo)

Lições e a necessidade de outro olhar Estas estratégias de gestão das variabilidades só são conhecidas no chão de fábrica ouvir os trabalhadores (abordagem etnográfica: olhar o mundo do trabalho pelos olhos dos operadores - ergonomia) Visão restrita do trabalho: trabalhar é seguir a norma??: Ex. Operação padrão (ergonomia) Diferença entre o Trabalho prescrito e Trabalho Real (ergonomia) A Segurança de Papel (de fachada/ regras álibi) Segurança Comportamental X Organizacional (segurança em ação) (Daniellou, 2014)

Os erros dos operadores: consequências ou causas? Antes de considerar os operadores os principais causadores do acidente, é preciso compreender que eles são os herdeiros dos defeitos do sistema, criados por uma concepção ruim, uma instalação malfeita, uma manutenção deficiente, e por decisões errôneas da direção (...) A comunidade que trabalha na área da confiabilidade humana vem tomando consciência de que os esforços empreendidos para descobrir e neutralizar esses erros latentes terão resultados mais benéficos na confiabilidade dos sistemas do que as tentativas pontuais de reduzir erros ativos (dos operadores) James Reason Human Error, 1993

Acidentes não são acidentais eventos previsíveis e evitáveis Conhecer & intervir nos condicionantes e determinantes Causas das causas suas origens na história, situação atual e perspectivas p/ futuro prevenção

Risco é relação e não fator isolado ou do ambiente Fatores de risco Fatores de risco Determinant es Da análise fatorial para a análise sistêmica compreender o sistema de atividade e suas contradições

O VÍSIVEL

Você olha meu caro Watson, Mas você não vê... The Sherlock Holmes Stories

Teoria do Dominó Ambiente Social Hereditariedade Falha da pessoa Ato inseguro ou risco mecânico Acidente Lesão H.W. Heinrich, 1931

FALHA HUMANA?? FALHA TÉCNICA??

Modelo da Gravata borboleta P e r i g o Distais Proximais 2. Evento indesejado Proximais Distais 1. Antecedentes 3. Conseqüências

(Reason 2002) Modelo do queijo suíço de Reason Buracos devido a condições latentes Barreiras ou defesas Buracos devido a falhas ativas

Estágios no desenvolvimento e análise de um acidente organizacional Caminho das condições latentes Falhas ativas Causas Análise Fatores do ambiente de trabalho Fatores organizacionais

Abordagem organizacional - Llory

(Engestron 1987) O sistema de atividade e seus elementos Instrumentos Sujeito OBJETO (Resultados Regras Comunidade Divisão de trabalho

O QUE É TRABALHAR? PODER AGIR ATIVIDADE PODER PENSAR CONSTRANGIMENTO PODER DEBATER (Refletir) NOCIVIDADE (Relações sociais) (Daniellou, 98; Assumpção&Lima,2001)

Enxugamento Rotatividade Terceirização Condicionantes e Determinantes do desgaste & nocividade Fragilidade e desarticulação das Instituições públicas Estítmulo R$$ Metas & cobrança produção, h extras Rel. de Trab. autoritárias e insalubres Atividade sob constrangimento capacidade analítica (escassez de informação & abordagens ultrapassadas ex. Culpa da vítima Impunidade Dificuldades para a auto regulação Desgaste & nocividade

No plano institucional Fragmentação completa entre: Políticas Setoriais QUE GERAM agravos à Saúde do Trabalhador Políticas Setoriais QUE ATENDEM aos agravos à Saúde do Trabalhador Cons. Nacional de Saúde (2005)

MAPA: Modelo de Análise e Prevenção de Acidentes de Trabalho ROTEIRO: Descrição e análise do acidente: Análise do trabalho habitual Análise de mudanças Análise de barreiras Ampliação conceitual () Análise da gestão da produção e da segurança, manutenção etc Avaliação ou síntese das origens do acidente e indicação de medidas preventivas

Acidente Papel do trabalhador Visão sobre o trabalho Saber e protagonism o Gestão Segurança comportamental Evento simples sequencia linear; erro humano x falha material Antecipável pelo seguimento de normas (treinamento) Jurídico interfere na análise Seguidor de normas Elo fraco da confiabilidade Pode ser reduzido a ações elementares Trabalho é padronizável -Taylor Do especialista visão externa do trabalho Baseada em procedimentos (segurança de papel) top down - Pune erros, apaga incêndios - Ação sobre fatores de risco visíveis e isolados - Comando e controle externo ao trabalho Segurança organizacional Evento complexo não totalmente antecipável pelas normas Oportunidade de aprendizado organizacional Demonstra anomalias no sistema Criador de segurança mesmo em situações precárias, regulador das variabilidades do sistema. Centro da confiabilidade O trabalho é atividade complexa, Variabilidade é o centro da atividade. Trabalho prescrito x real Combina saber do especialista com saber prático (saber de prudência) segurança integrada, trabalho cooperativo Segurança integrada e democrática, Segurança em ação (ação/ antecipação antes do acidente) - retorno de experiência, -Cria espaço de controvérsia

Roteiro de análise (MAPA), casos, textos, novidades, debates... www.forumat.net.br Encontros Presenciais Periódicos Transmissão on line www.iptv.usp.br Debates, noticias, materiais didáticos, pesquisas Canal no Youtube e Facebook Cursos, oficinas e publicações