MÁRIO PAULO CASSIANO E PAES CURSO LIVRE DE FITOMEDICINA UBERLÂNDIA / 2004

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Transcrição:

MÁRIO PAULO CASSIANO E PAES CURSO LIVRE DE FITOMEDICINA UBERLÂNDIA / 2004 ACEITABILIDADE E USO DE PLANTAS MEDICINAIS NA POPULAÇÃO DO BAIRRO GUARANI EM UBERLÂNDIA, MINAS GERAIS, NO ANO DE 2004. UBERLÂNDIA, 2004

MÁRIO PAULO CASSIANO E PAES CURSO LIVRE DE FITOMEDICINA UBERLÂNDIA / 2004 ACEITABILIDADE E USO DE PLANTAS MEDICINAIS NA POPULAÇÃO DO BAIRRO GUARANI EM UBERLÂNDIA, MINAS GERAIS, NO ANO DE 2004. Trabalho de conclusão de Curso Livre de Fitomedicina ministrado pela Fundação Herbarium de Saúde e Pesquisa & Associación Argentina de Fitomedicina UBERLÂNDIA, 2004

DECLARAÇÃO DE AUTORIA Mário Paulo Cassiano e Paes, CRM 23974 MG, RG MG 2.241.216 SSP MG, CIC 577 917 676 00, DECLARO, para os devidos fins e sob as penas da lei, que o trabalho que versa sobre Aceitabilidade e Uso De Plantas Medicinais Na População Do Bairro Guarani em Uberlândia, Minas Gerais, no Ano De 2004 é de minha única e exclusiva autoria. Uberlândia, 09 de julho de 2004.

SUMÁRIO RESUMO... 04 I. INTRODUÇÃO... 05 A. Contexto do Problema...05 B. Hipótese...07 C. Objetivos do trabalho...07 II. DESENVOLVIMENTO...08 A. Fundamentação técnico teórica...08 B. Materiais e métodos...09 C. Apresentação dos resultados...11 D. Discussão dos resultados...16 III. IV. CONCLUSÃO...18 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...20

RESUMO O Brasil é um país de extensa área territorial, onde se encontra a mais rica flora do planeta, sendo muitas destas plantas com potencial medicinal. Associado a isto, temos grande parte da população com baixa acessibilidade aos serviços de saúde, face aos anos de descaso e falta de investimento público no setor. Esta baixa acessibilidade se estende desde ações de saneamento básico e processos educativos até intervenções propedêuticas e terapêuticas. O Brasil é dono do quinto mercado consumidor de remédios do planeta. Em termos absolutos, isso significou, no ano de 2003, US$ 5,5 bilhões para as contas bancárias da indústria farmacêutica (1). Uma montanha de dinheiro gasta para obter resultados mínimos, uma vez que, aproximadamente, 60% da população brasileira fica do lado de fora deste mercado, face a precária situação econômica da população O uso de plantas medicinais pelo povo brasileiro é tradicional, porém perdeu força durante anos de desprezo da comunidade médico-científica. Grande parte da comunidade ainda faz uso de plantas medicinais, porém, as vezes sem respaldo científico e utilizadas de maneira incorreta. Além disto, há uma perda progressiva do conhecimento popular (patrimônio cultural) do uso destas plantas. Buscando verificar a aceitabilidade e o uso corrente desta terapia, foram feitas entrevistas com a população de um bairro de população de baixa renda econômica na cidade de Uberlândia. Avaliou-se a variação em relação a idade,sexo, os principais problemas de saúde tratados por esta população, bem como a receptividade sobre o fornecimento de medicamentos fitoterápicos pela Unidade Básica de Saúde Local (UBS)

I INTRODUÇÃO A. CONTEXTO A Fitoterapia, uso de plantas para fins terapêuticos, é a modalidade de terapia das patologias humanas mais antiga. Através da experiência e da observação, o ser humano durante longos períodos da história, aprendeu a fazer uso da flora para a cura de seus males. Manuscritos como o Pen Tsao (2800 a.c ) e o Papiro de Ebers (1700 a.c) já traziam informações botânicas e uso terapêutico de inúmeras plantas. Esta cultura foi perpetuada de geração para geração, e o uso das plantas divulgado, avaliado e aplicado durante séculos, sofrendo inúmeras influências conforme o clima,a localização geográfica e a cultura da população local. Durante milhares de anos, as plantas medicinais dominavam o arsenal terapêutico. No início do século XX predominavam ainda os medicamentos originários da flora(7), porém com a evolução das ciências começou-se a isolar princípios ativos de plantas medicinais (escopolamina, atropina, digoxina,etc) e a fabricação de remédios sintéticos. A pesquisa científica em torno da síntese e uso dos agentes terapêuticos sintéticos foram enormes, trazendo grandes avanços na ciência médica e benefícios a toda população. Porém, com a utilização do principio ativo isolado ou principio ativo sintético começaram a se observar efeitos adversos, sendo que a ocorrência funesta com a talidomida nos anos 50 marcou o início de uma análise mais profunda dos riscos do uso de medicamentos.

A credibilidade da comunidade científica, e conseqüentemente da população, em plantas medicinais diminuiu durante o século XX, e a fitoterapia era encarada, dentro da maioria dos centros de formação médica, como efeito placebo. A pesquisa em fitoterápicos porém persistiu a passos lentos, ocorrendo um grande avanço nas últimas décadas do século XX, e, atualmente, a investigação de plantas medicinais, não só com o objetivo de isolar princípios ativos, mas principalmente na sua forma de fitocomplexo, faz parte de inúmeros trabalhos científicos. Com o rigor técnico de pesquisa, similar a qualquer outro fármaco (toxicologia, ensaios in vitro e in vivo, avaliação clínica, eficácia terapêutica comparada a placebo, etc) os fitofármacos ressurgem com credibilidade junto aos profissionais da saúde e à população. Fatores como a busca pelo natural, pela preservação do meio ambiente e o aculturamento sobre ecologia impulsionam ainda mais esta mudança. O Brasil é um país detentor da mais rica flora do planeta. "As plantas medicinais brasileiras não curam apenas, fazem milagres", célebre frase de Von Martius inferindo a capacidade de nossas ervas medicinais. É bem provável que das cerca de 200.000 espécies vegetais que possam existir no Brasil, metade possa apresentar potenciais terapêuticos. Temos grande parte da população com baixa acessibilidade aos serviços de saúde, desde ações de saneamento básico e processos educativos até intervenções propedêuticas e terapêuticas. A disponibilidade de medicamentos é precária, principalmente fora dos grandes centros urbanos. O Brasil é dono do quinto mercado consumidor de remédios do planeta e, em termos absolutos isso significou, no ano de 2003, US$ 5.5 bilhões para as contas bancárias da indústria farmacêutica, segundo dados disponíveis no website da Febrafarma (1). Uma montanha de

dinheiro gasta para obter resultados mínimos, uma vez que, aproximadamente, 60% da população brasileira fica do lado de fora deste mercado face a precária situação econômica. Segundo a OMS, 80% da população mundial depende das plantas medicinais para sua atenção primária a saúde. A partir destes dados,vários trabalhos comunitários e mesmo públicos tem se desenvolvido pelo Brasil, empregando os fitoterápicos em benefício da população de baixa renda, buscando menor custo e eficácia terapêutica. Objetivando investigar a credibilidade e a aceitabilidade da população às plantas medicinais atualmente,procurou-se avaliar através de entrevistas com a população de um bairro periférico e de baixa renda financeira na cidade de Uberlândia MG. A observação desta aceitabilidade e credibilidade servirá de base para o desenvolvimento de projetos sociais que atendam às necessidades de atenção primária à saúde da população de baixa renda com fitoterápicos de reconhecida eficácia terapêutica. B- HIPÓTESE A imensa maioria (80%) acredita e usa plantas medicinais dentre a população do bairro Guarani em Uberlândia MG. C- OBJETIVOS Geral Avaliar a credibilidade e a aceitabilidade das plantas medicinais em um bairro periférico de baixa renda no Município de Uberlândia MG

Específicos 1. Caracterizar os entrevistados segundo sexo e idade 2. Identificar a porcentagem da população que faz uso freqüente de plantas medicinais 3. Avaliar quais são os principais problemas de saúde tratados por esta população através das plantas medicinais. 4. Verificar a aceitação da implantação do fornecimento de fitoterápicos pela Unidade Básica de Saúde local. II DESENVOLVIMENTO A. FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICO TEORICA O interesse crescente pela fitoterapia nos últimos anos decorre de vários fatores. Nos países desenvolvidos, pelo rápido progresso da fitomedicina, trazendo credibilidade novamente aos fitofarmacos junto a comunidade cientifica e aos consumidores, a busca de terapias com menos efeitos colaterais e eficácia terapêutica, um resgate cultural e uma preocupação com a preservação do meio ambiente e a natureza. Nos países pobres soma-se a esses fatores a imensa população à margem dos avanços terapêuticos da medicina tradicional. O estudo da credibilidade e aceitabilidade do uso de plantas medicinais poderá trazer grandes benefícios através de movimentos sociais e institucionais na busca da pesquisa e emprego das plantas medicinais brasileiras, com ações em direção a produção de uma medicação de baixo custo, eficiente e de acesso a imensa maioria da população, principalmente a de baixa renda.

Haverá uma tendência ao crescimento da cultura sobre plantas medicinais entre a população com importância na preservação destas espécies, evitando-as da extinção. A identificação das patologias mais freqüentemente tratadas com fitoterápicos, poderá direcionar as pesquisas e o desenvolvimento das medicações voltadas para estas entidades nosológicas B. MATERIAIS E MÉTODOS 1. Natureza do trabalho Estudo transversal de base populacional, utilizando raciocínio indutivo, procedimentos estatísticos na análise e apresentação dos resultados obtidos 2. Fontes utilizadas A população do estudo foi composta dos moradores de um bairro periférico e de baixa renda econômica Guaraní- na cidade de Uberlândia MG, a qual está estimada em torno de 3000 moradores. Fizeram parte da amostra 200 moradores adultos na faixa etária de 20 a 79 anos. 3. Instrumentos de coleta de dados Foi elaborada uma ficha e os dados foram preenchidos através da entrevista pessoal com os moradores.

dados: Foram considerados para esta análise os seguintes Idade Sexo A entrevista avaliou as informações sobre a credibilidade desta população nas plantas medicinais; a freqüência do uso de plantas medicinais com fins terapêuticos; as principais patologias tratadas com plantas medicinais por esta população e a aceitabilidade da implantação do fornecimento de medicamentos fitoterápicos, à esta população, pela unidade básica de saúde pública local. Quanto a credibilidade e o uso freqüente de plantas medicinais foram dadas apenas a resposta afirmativa ou negativa Referente as patologias que mais eram tratadas com plantas medicinais pela população foi dado a opção de marcar uma única seleção dentre as abaixo: Gripes e problemas respiratórios Problemas digestivos Problemas nervosos Pressão arterial alta

Diabetes Outros Quanto a aceitabilidade da implantação da distribuição de fitoterápicos pela unidade de saúde pública do bairro foram colocadas as seguintes opções: Ótimo Bom Ruim Péssimo Indiferente 4. Apresentação dos resultados O resultados deste estudo são apresentados através de gráficos 5. Análise e discussão dos resultados e reflexão sobre os achados C. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS de 1 a 7. Os resultados dos dados coletados estão apresentados nos gráficos

Gráfico 1 Credibilidade global nas plantas medicinais dos moradores do bairro Guarani em Uberlândia- MG em 2004 NÃO 3% SIM 97% No gráfico 1 Observa-se que 97% da população estudada crê nos efeitos terapêuticos das plantas medicinais. Gráfico 2 Credibilidade nas plantas medicinais dos moradores do bairro Guarani em Uberlândia- MG em 2004, nas diversas faixas etárias 70-79 (2 pessoas). 60-69( 26 pessoas) 100% 100% sim não 50-59 (30 pessoas) 100% 40-49(40 pessoas) 30-39 (72 pessoas) 20-29 (30 pessoas) 3% 13% 100% 97% 87% No gráfico 2 evidencia-se que na amostra da população estudada a imensa maioria acredita em plantas medicinais, sendo que esta crença diminui na população mais jovem.

Gráfico 3 Credibilidade nas plantas medicinais dos moradores do bairro Guarani em Uberlândia- MG em 2004, conforme o sexo. 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 100% Homens 0% 96% Mulheres 4% SIM NÃO No gráfico 3 evidencia-se que na população estudada a credibilidade nas plantas medicinais é semelhante entre homens e mulheres, apresentando em pequeno percentual de mulheres que não acreditam na eficácia destas plantas, Gráfico 4 Utilização freqüente de plantas medicinais pelos moradores do bairro Guarani em Uberlândia- MG em 2004. NÃO 8% SIM 92% No gráfico 4- A imensa maioria (92%) da amostra fazem uso freqüente de alguma planta medicinal no tratamento das patologias.

Gráfico 5 Utilização freqüente de plantas medicinais pelos moradores do bairro Guarani em Uberlândia- MG em 2004 conforme faixa etária 70-79 ( 2 pessoas) 100% não 60-69 (26 pessoas) 50-59(30 pessoas) 40-49 (40 pessoas) 30-39 (72 pessoas 20-29 (30 pessoas) 7% 5% 8% 20% 100% 93% 95% 92% 80% sim No gráfico 5 - Nota-se neste gráfico que a população mais jovem tende a usar com menos freqüência plantas medicinais Gráfico 6 Patologias mais freqüentemente tratadas com plantas medicinais pelos moradores do bairro Guarani em Uberlândia- MG em 2004 11% 4% 1%7% Gripes e problemas respiratórios Problemas digestivos Problemas Nervosos 15% Pressão alta 62% Diabetes Outros No gráfico 6 - Nota-se uma predominância do tratamento das patologias respiratórias nesta população (62%). Outros problemas de saúde que não listados no questionário tiveram 15% de utilização, seguidos por problemas digestivos (11%), diabetes (7%), problemas nervosos (4%) e pressão alta (1%).

Gráfico 7 A aceitabilidade pelos moradores da implantação do fornecimento de medicamentos fitoterápicos no bairro Guarani em Uberlândia- MG, através unidade básica de saúde pública local. 27% 0% 1% Ótimo 0% Bom Ruim Péssimo 72% Indiferente No gráfico 7, evidencia-se que os moradores do bairro Guarani em Uberlândia- MG em 2004, apresentam uma aceitabilidade substancial a implantação do fornecimento de medicamentos fitoterápicos pela unidade de saúde do bairro. (72% acham ótimo e 27% acham bom)

D. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS A população estudada reside em um bairro periférico e de baixa renda econômica na cidade de Uberlândia MG e pode expressar uma enorme população que vive na periferia de grandes cidades e principalmente e a de municípios menores, escassos em recursos públicos para a saúde, sendo uma situação extremamente comum no interior do Brasil. A amostra avaliada representa cerca de 6% da população do bairro, retratando bem este tipo de comunidade. Pode-se observar que a imensa maioria da população acredita nos efeitos terapêuticos da flora medicinal, representando 97% da amostra avaliada e que esta maioria também faz o uso freqüente de plantas medicinais para o tratamento de seus males de saúde (92%) o que está de acordo com os dados da Organização Mundial da Saúde, segundo os quais, 80% ou mais da população utiliza-se de fitoterápicos na sua atenção básica à saúde (2) e supera a percentagem hipotetisada. A credibilidade nas plantas com objetivos terapêuticos, apresenta um decréscimo na população mais jovem, fato este provavelmente gerado em função destas pessoas terem vivido o auge dos medicamentos de síntese, bem como, a influência do meio médico-científico ortodoxo, que durante anos, desconsiderava os fitoterápicos, muitas vezes ironizando a utilização destes, tratando-os como placebo. Esta população mais jovem, sem dúvida, se beneficiou da evolução extraordinária dos medicamentos de síntese, perdendo parte da cultura sobre plantas medicinais, passada de geração a geração. O dados se repetem quando é questionado o uso freqüente das plantas medicinais pela população. Há um evidente decréscimo do uso desta terapia nas populações mais jovens, notando-se novamente a influencia cultural com relação a farmacoterapia.

Quanto a crença nos efeitos terapêuticos da flora medicinal em relação ao sexo, houve discreto predomínio entre a população masculina (100%) em relação a feminina (96%). Os problemas de saúde mais freqüentemente tratados através de plantas medicinais são os de atenção primária a saúde corroborando com a informação de ZHANG (3). Há um nítido predomínio(62%) do tratamentos de doenças de vias respiratórias,que poderia ser explicado dado a sua alta prevalência destas na população, estando de acordo com trabalho epidemiológico realizado em UBS de Londrina- PR (4). Em seguida, vêm os tratamentos de outros problemas não citados no questionário (15%), males digestivos (11%) e problemas nervosos(4%) a seguir, que também se justificam pela prevalência importante destas patologias. Só os distúrbios de ansiedade afetam 13,3% da população Norte Americana(5) podendo espelhar também a nossa realidade. A aceitabilidade pelos moradores da implantação do fornecimento de medicamentos fitoterápicos pela UBS local é extremamente favorável, opinando a amostra populacional por ótimo 72% e bom 27%, para este questionamento. Este resultado vem de encontro a opinião de BRANDÃO,2003 (6).

III-CONCLUSÃO Evidencia-se que realmente a população estudada acredita nos efeitos terapêuticos das plantas medicinais e que a imensa maioria ainda faz uso desta flora como recurso de tratamento de suas patologias. Apesar dos anos de descrédito desta terapia pela comunidade científica, com reflexos sobre a cultura da população, mantém-se uma forte aceitação do uso da flora medicinal, principalmente fora dos grandes centros urbanos e populações mais carentes de recursos financeiros. Evidencia-se pelos levantamentos que há uma tendência ao aumento da restrição a esta terapia na população mais jovem, provavelmente em função desta ter vivido uma fase de urbanização da sociedade e uma influencia cultural de despreso ao fitoterápicos e exaltação dos medicamentos de síntese pela comunidade científica bem como pelos laboratórios (mídia). Por volta de 1930, 90% das medicações usadas eram de origem vegetal (7) e em torno de 1950 é que ocorre um avanço da alopatia, o que justificaria também a credibilidade e aceitabilidade maior na população de faixa etária mais elevada. Existe uma expectativa bastante positiva em torno da implantação da distribuição de fitoterápicos pela UBS do bairro, associado a este fato, um levantamento feito em 1997 pela Associação Nacional de Fitoterapia em Serviço Público realizado em 206 municípios brasileiros demonstrou a existência de 100% de interesse por projetos de fitoterapia na saúde pública (3). Juntar esses interesses dos serviços públicos municipais de saúde e o interesse da população parece ser o caminho para o surgimento de movimentos sociais e políticos viabilizando em curto prazo serviços de fitoterapia públicos, para beneficiar uma imensa população que está à margem de uma saúde adequada. Muitas plantas nativas ou exóticas aclimatadas no Brasil já são validadas cientificamente para o seu uso profilático e terapêutico com

segurança, sendo que a implantação da fitoterapia no serviço público tenderá a resgatar a cultura popular e a estimular a pesquisa pública e privada no desenvolvimento de novos fitoterápicos que beneficiarão toda a humanidade.

V - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. FEBRAFARMA. Capturado em 02 julho 2004. Disponível na Internet Http: //www.febrafarma.org.br 2. OMS Organización Mundial de La Salud. Situación regulamentaria de los medicamentos: uma reseña mundial. Tradução del inglés: Organización Panamericana de la Salud. Washington: OPAS, 2000.62p. 3. MINISTÉRIO DA SAÚDE, Secretaria de Políticas de Saúde. Proposta de Política Nacional de Plantas Medicinais e Medicamentos fitoterápicos. Brasília 2001. 4. REGINA M.R.S e outros. Verificação Da Incidência De Doenças Do Aparelho Respiratório No Parque Guanabara, Londrina-PR. Revista Espaço para a Saúde, Londrina- PR v.1, n.2, p. 138-154, jun. 2000. 5. ANXIETY DISORDERS ASSOCIATION OF AMERICA. Capturado em 25 junho 2004. Disponível na Internet http://www.adaa.org 6. BRANDÃO,M.G.L. Plantas Medicinais & Fitoterapia. Gráfica O Lutador,2003. 7. CHEVALLIER,A. The Encyclopedia of Medicinal Plants. DK Publishing,1996