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Transcrição:

Turma e Ano: Novo Código de Processo Civil Comparado e Comentado (2016) Matéria / Aula: Teoria Geral de execução de título extrajudicial Professor: Rodolfo Hartmann 1 Monitor: Cesar Lima Aula 19 1- Introdução: O código quebra o tema, termina o cumprimento de sentença e cai em procedimentos especiais e jurisdição contenciosa e voluntária. O planejamento da aula será um pouco diferente. Como se iniciou a temática da execução; é melhor concluir esta parte, deixando os procedimentos especiais para o fim do curso. Esta divisão já existia no código anterior e permaneceu desta forma. 2- Teoria Geral de execução de título extrajudicial: A nossa abordagem se iniciará no livro II, acerca do processo de execução, que se inicia a partir do artigo 771 do Novo CPC. As primeiras normas são muito parecidas com as disposições do código de 1973. Mantiveram as posturas que caracterizam atos atentatórios à dignidade da justiça, como se vê no artigo 774. Esta nomenclatura se refere aos mais variados comportamentos, tanto na fase de execução como na de conhecimento. O artigo 774 abarca a questão da cooperação entre as partes, acerca da boa-fé. Buscase punir o comportamento desleal, algumas posturas descritas. O artigo 775 manteve a disponibilidade da execução, o credor dispõe da execução, seja com relação ao meio executivo empregado, seja acerca da possibilidade do credor desistir de toda a execução. Trata-se de um quadro totalmente diferente da fase de conhecimento, não se depende da anuência da parte contrária. O artigo 776 deixa muito claro que o credor que promove uma execução, seja ela definitiva ou provisória, responde pelos prejuízos que causar. O credor executa um cheque, que configura um título executivo extrajudicial, o devedor tem uma frota de veículos para transporte de materiais para obra. A retirada de um veículo não atrapalha tanto a renda final dele, mas se trata de um prejuízo. O bem ficou em poder do credor, nesse meio tempo, durante um ano deixou de ter rendimentos oriundos daquele bem. Neste caso, se o juiz entender que o credor não tem título executivo, terá que reembolsar o devedor acerca do período que deixou de auferir lucros com o veículo. O código poderia ter seguido a jurisprudência e o meio acadêmico acerca da responsabilidade objetivo, sem analisar o dolo. Essas indenizações e as multas processuais vão ser executadas nos próprios autos, como se vê no artigo 777. O código está preocupado em esclarecer dúvidas, se a indenização vai ficar em apenso ou nos próprios autos. Neste cenário, a execução já foi extinta, o devedor executa o credor pelas multas, parece que essa preocupação com organização se mostrou positiva. Por outro lado, de acordo com o Novo CPC, não tivemos uma mudança brusca em relação a quem pode ser parte. O artigo 778 prevê que as partes podem promover a execução forçada. Não há muitas novidades. O artigo 779 também não trará inovações em relação ao polo passivo. Uma regra que se revela importante é a presente no artigo 780. Embora já existisse, sempre é bom 1 Juiz Federal.

reforçar, a possibilidade nesta execução deste artigo, é possível ter vários títulos executivos. Para ter vários títulos executivos, é necessário que sejam as mesmas partes, assim como o mesmo tipo de obrigação. Os procedimentos serão os mesmos se atendidos estes requisitos. Os artigos 781 e 782 tratam da competência na execução. Trata-se de um avanço enorme, pois o artigo do código anterior era extremamente vago. No código atual, se dá uma base territorial mais precisa acerca da questão da competência. Entre os requisitos para promover a execução, temos o rol dos títulos extrajudiciais, do artigo 784. Este artigo contém muitos elementos que estavam no código anterior. Na realidade, tivemos dois acréscimos, passa a ser título extrajudicial: o crédito referente a contribuição ordinária ou extraordinária de condomínio edilício, previsto na respectiva convenção ou aprovadas em assembleias gerais, desde que documentalmente comprovadas. No código anterior, se o condômino não pagava o condomínio, poderia ser objeto de ação de cobrança em rito sumário. Porém, sabemos que o rito sumário não existe mais. Para os processos antigos em rito sumário, continua se aplicando o rito, até que seja prolatada da sentença, como se vê no artigo 1.046, 1º. Nem sempre a lei processual terá aplicação imediata como se nota. É interessante a previsão de que o condomínio, para os valores que não estão sendo pagos, para os novos débitos, promoverá direito a execução, desde que atendido o artigo 784, X. Não há como cobrar os valores anteriores nesta execução, pois só passou a ser título executivo com o novo código. Os valores anteriores em que não existia processo judicial para cobrança devem ser regidos pelo rito comum. Temos o artigo 784, XI que aborda outro novo título extrajudicial: a certidão expedida por serventia notarial ou de registro relativa a valores de emolumentos e demais despesas devidas pelos atos por ela praticados, fixados nas tabelas estabelecidas em lei. Se vice vai contratar o serviço do tabelião e não paga, ele certifica e te executa. Na capital do Rio de Janeiro, se revela bastante intensa a ideia de que não vai pegar. Pode ter uma localidade diferente em que se possa pagar depois, aqui n Rio de Janeiro, os serviços nos cartórios são pagas em dinheiro e a vista. São poucos os casos em que o título será criado de maneira unilateral. De forma geral, o devedor cria o título e o credor assina, ou cria-se de maneira unilateral. De maneira, mais rara o credor cria unilateralmente, como a CDA (Certidão de Dívida Ativa) e a certidão criada pelo tabelião. O tabelião terá uma expressiva ate de serviços. O meio acadêmico insiste na ideia de negócio processual, em que as partes poderão criar título executivo, por meio de vontade. Seria mais fácil criar o contrato e assinado por duas testemunhas. É difícil entender essas divagações acadêmicas no mundo prático. Diz o artigo 785: a existência de título executivo extrajudicial não impede a parte de optar pelo processo de conhecimento, a fim de obter título executivo judicial. No mundo operacional, se você é advogado do autor e já possui um título extrajudicial, seria interessante propor uma ação? Um rito comum com três audiências, com prazos contados em dias úteis, com uma ampla gama de recursos. Não há razoabilidade em abrir mão deste cenário já conformado de execução. Parte da doutrina argumenta que se o credor pode renunciar ao crédito, ele pode o mais, assim como pode o menos. Desse modo. Pode só abrir mão da força executiva. O aspecto prático gerará uma maior lentidão no processo. O artigo 4º aborda o tempo razoável para a satisfação do processo, incluindo a atividade satisfativa. Essa norma é um retrocesso ao escopo do código. Por exemplo, você tem um contrato de locação e quer receber os alugueis atrasados. Neste caso, o contrato de locação conta como título extrajudicial. Promove-se a execução. Por outro lado, se deseja um despejo, será necessário um processo de conhecimento, mesmo que você tenha um título extrajudicial, será necessário um processo de conhecimento. Se quiser

cumular os dois pedidos, de recebimento do aluguel e de despejo, não pode ficar uma parte de conhecimento e de execução, é preciso fragmentar. A lei de locação (8.245) estabelece que se quiser a realização de ambas as medidas no mesmo processo, deve-se abrir mão da força executiva do contrato de locação, pois também se pretende obter os atrasados. Outra hipótese possível se revela nos casos em que alguns bancos exigiam que quando alguém abria contrato de crédito em conta corrente, assina-se uma nota promissória em branco. Depois o banco faz diversos cálculos, repletos de taxas abusivas, preenche o valor e promovia a execução da nota promissória, colocando valor mais alto. O banco alegava que era título de crédito abstrato e não se vincularia a causa. A jurisprudência passou a ficar na dúvida se seria titulo executivo ou não. O tema atualmente é pacífico, aborda-se que não é título executivo extrajudicial, mas sim, estaria vinculado as causas de bens. Pode usar monitória, por exemplo, diferente do tempo anterior. Se não quisesse correr riscos, já poderia escolher desde logo no processo de conhecimento. 3- Disposições gerais das diversas espécies de execução: O artigo 797 pontua que: ressalvado o caso de insolvência do devedor, em que tem lugar o concurso universal, realiza-se a execução no interesse do exequente que adquire, pela penhora, o direito de preferência sobre os bens penhorados. Este cenário poderia ser apontado como novidade, pois a execução sempre protegeu o devedor. Não existia o principio do menor sacrifício do executado? Este princípio se manteve, agora, no artigo 805. Contudo, não faz sentido se a Constituição Federal prevê em seu artigo 5º a questão da isonomia, se o artigo 7º do Novo CPC fala em paridade dos tratamentos das partes. Não faz sentido prever que o devedor deva sempre se dar bem na seara na execução. No modelo anterior, busca-se dar uma equilibrada, o credor tem direito de que a execução seja de acordo com seu maior interesse, podendo desempenhar um papel mais ativo na execução, por exemplo, escolhendo a base territorial; o modelo executivo. Neste cenário, tendo um título extrajudicial, é possível realizar uma execução judicial de quantia certa acerca de devedor solvente, ou pode promover uma insolvência civil nos termos do código de 1973. O reconhecimento do maior interesse do credor veio em boa hora, mas não está superior ao principio do menor sacrifício do executado, previsto no artigo 805: Quando por vários meios o exequente puder promover a execução, o juiz mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o executado. Parágrafo único. Ao executado que alegar ser a medida executiva mais gravosa incumbe indicar outros meios mais eficazes e menos onerosos, sob pena de manutenção dos atos executivos já determinados. É possível citar como exemplo, a situação em que se pode penhora um imóvel do devedor no valor de um milhão de reais. Mas este devedor possui várias salas na região central da cidade que valem cento e vinte mil reais, para pagar uma dívida de cinquenta mil reais. Neste caso, o devedor poderá questionar essa penhora, poderia penhorar um bem mais compatível com a dívida. No leilão, o valor poderá ser menor do que a avaliação, podendo fazer a execução de forma menos gravosa para o devedor. A inclusão do parágrafo único se revela uma novidade. O juiz pedirá que devedor indique o imóvel mais compatível com o valor da dívida, sob pena de manter a constrição em relação ao imóvel de maior valor. Esta parte está de acordo com a ideia de cooperação entre as partes. O artigo 798 traz algumas diretrizes no âmbito da propositura da execução, como se lê: Ao propor a execução, incumbe ao exequente: I - instruir a petição inicial com:

a) o título executivo extrajudicial; b) o demonstrativo do débito atualizado até a data de propositura da ação, quando se tratar de execução por quantia certa; O CNJ deve disponibilizar um programa para a atualização destes valores, mas alguns sites institucionais já disponibilizaram, por exemplo, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. c) a prova de que se verificou a condição ou ocorreu o termo, se for o caso; d) a prova, se for o caso, de que adimpliu a contraprestação que lhe corresponde ou que lhe assegura o cumprimento, se o executado não for obrigado a satisfazer a sua prestação senão mediante a contraprestação do exequente; Cabe ao credor fazer a indicação dos bens, como já se previu com a reforma do código em 2005/2006. Seja cumprimento de sentença ou execução por título extrajudicial, deve trazer a sua indicação dos bens a serem penhorados, na própria inicial ou na petição de início do cumprimento. O credor pensará em quais bens poderá indiciar, o artigo 835 apresenta uma ordem, uma gradação legal, mas é relativa. O primeiro da ordem é o dinheiro, sendo mais fácil de lidar, se for bem, terá que expropriar. Poderá requerer na inicial a penhora online, desde o início da execução por título extrajudicial. Se houver necessidade de alguma medida urgente, o artigo 799, VIII, permite que o credor possa pleitear na própria inicial da execução, se for o caso, medidas urgentes. Não temos mais a cautelar autônoma, mas as providências cautelares ou tutela cautelar permanecem entre nós. Poderão ser requeridas na fase de conhecimento ou de execução. Na fase de conhecimento, se chama tutela provisória de urgência cautelar e a forma de obter no processo de conhecimento é seguindo o artigo 305 a 310. Por outro lado, se quiser receber tutela de urgência na própria execução, vai ter que pedir na inicial ou por simples petição. Ao confeccionar a petição inicial, encaminhou corretamente a petição inicial, a planilha e o título executivo. O juiz entende que há alguma coisa errada. O código não quer que o juiz fique indeferindo de imediato. Se existe a possibilidade de correção daquele vício processual, o juiz deve assim proceder, tentando corrigir, determinando a emenda, mencionada no artigo 801, que prevê: verificando que a petição inicial está incompleta ou que não está acompanhada dos documentos indispensáveis à propositura da execução, o juiz determinará que o exequente a corrija, no prazo de 15 (quinze) dias, sob pena de indeferimento. Essa norma deve ser interpretada com o artigo 321. No processo de conhecimento, o juiz deve indicar pontualmente o que precisa ser corrigido, sob pena de indeferimento da inicial. Se tudo estiver correto, o juiz promoverá a cite-se do executado, através de um despacho. Pelo Novo CPC, são geradas algumas consequências. O cite-se, no processo de conhecimento (artigo 240), interrompe a prescrição, torna a coisa litigiosa, induz litispendência e constitui em mora o devedor. Não torna mais prevento o juízo. Estas consequências também se aplicam ao processo de execução, por força do artigo 802, que se lê: na execução, o despacho que ordena a citação, desde que realizada em observância ao disposto no 2o do art. 240, interrompe a prescrição, ainda que proferido por juízo incompetente. Parágrafo único. A interrupção da prescrição retroagirá à data de propositura da ação. Outro ponto interessante é que o artigo 803 aborda os casos em que a execução é nula: É nula a execução se:

I - o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa, líquida e exigível; II - o executado não for regularmente citado; III - for instaurada antes de se verificar a condição ou de ocorrer o termo. Parágrafo único. A nulidade de que cuida este artigo será pronunciada pelo juiz, de ofício ou a requerimento da parte, independentemente de embargos à execução. Esse artigo está abordando matérias que maculam o desenvolvimento da execução, que independem do uso do meio processual denominado, embargos à execução. Informalmente, esse dispositivo, vem sendo mencionado como a exceção de préexecutividade. Esta exceção remonta ao código anterior e surgiu em vista de uma exceção que deveria ser promovida em prol de uma siderúrgica. Esta se dá quando o devedor apresenta uma matéria de ordem pública para que o juiz possa analisar. Se o juiz estivesse mais atento, poderia observar de ofício, mas no caso em análise a parte precisou peticionar. Naquele contexto histórico, em primeiro lugar era feita a penhora e somente depois que se poderia embargar. Para o devedor, era melhor ficar inerte. A exceção de pré-executividade seria uma simples peça para levar ao juiz a matéria de ordem pública. Com a reforma de 2006, este contexto sofreu modificações. A exceção de pré-executividade não gera suspensão da execução. Os casos de suspensão do processo estão no artigo 313, na fase de conhecimento, e no artigo 921, no processo de execução. As formas de suspensão do processo são interpretadas restritivamente, busca dar a resposta jurisdicional a um suposto litígio. No caso de apresentação de exceção de pré-executividade, não há forma prevista. Sendo assim, qualquer forma vale, de acordo com o artigo 188 do Novo CPC. O código prestigia o contraditório. Em alguns casos, há clareza de não ser matéria de ordem pública. Decisão interlocutória comporta agravo de instrumento, como se vê no artigo 1.015, parágrafo único. O devedor apresenta a exceção e se tiver uma decisão desfavorável, poderá agravar. Esta exceção parece ter ficado sem sentido com o Novo CPC. Afinal, se o devedor já pode apresentar a impugnação ou os embargos independentemente de garantia do juízo, por qual razão ele não vai trazer essas teses já na impugnação ou nos embargos? A exceção de pré-executividade não morreu. Apesar do tema já ser ventilado nos embargos e na impugnação, se o devedor não fizer, poderá apresentar por simples petição, não precisa sequer dar o nome de exceção de pré-executividade. A exceção de pré-executividade possui um campo muito vasto na execução fiscal. Neste contexto, temos uma lei especial (6.830/1980), esta lei prevê no artigo 8º que o réu é citado para pagar ou indicar bens a penhora. Depois que o devedor garantir o juízo, se terá 30 dias para embargar. Neste caso, lei especial prevalece sobre lei geral. A lei de Execução Fiscal apresenta prazos e procedimentos diferentes. A execução fiscal se dá por títulos extrajudiciais. Muitas vezes, o advogado do contribuinte já apresenta a exceção de préexecutividade para tentar resolver o problema, evitando penhora desnecessária. Existe jurisprudência do STJ, apenas para execução fiscal que prevê a exceção de pré-executividade pode trazer matéria fática, que, normalmente, o juiz não conhece, desde que não precise de dilação probatória. Possui, dessa forma, um escopo de aplicação ainda maior.